segunda-feira, março 17, 2008

Plebe em Palmas - pré-show





Todos acham a vida na estrada glamorosa. Se tivesse que escolher uma só palavra para descrever o que é, escolheria "espera". A gente espera para pegar o avião, para pegar o ônibus, para fazer o check-in no hotel, para ir para a entrevista na rádio local, para a TV, para passar o som, para voltar para o hotel, para jantar, para entrar no palco, para voltar para o hotel, para ir de novo para o aeroporto, para embarcar, para chegar em casa..... ufa!

Mas vale a pena! Cansa, mas é muito melhor que sentar atrás de um computador e escrever pareceres, ha ha ha. Acima, fotos de entrevistas em rádio e TV em Palmas. Reparem que até o ex-senador Siqueira Campos apareceu para pousar na foto! Reparem a cara de "animado" do Txotxa, percorrendo a maratona de entrevistas, passando mal de fome.

O show foi excelente, mais sobre isso depois.

quarta-feira, março 12, 2008

Plebe Rude - Protecao II (1987)

Naveganado pelo You Tube achei essa pérola. A gente gravou nos estúdios da EMI, com o Boninho da Globo na direção. Ficou muito foda! O gozado é que o Branco Melo dos Titãs, depois, achou ruim a gente ter inserdio Bichos Escrotos, vá entender.....

Plebe em Palmas!

Show da Plebe Rude em Palmas, nesta sexta-feira, dia 14 de março. Estaremos tocando Tendencies Rock Festival, junto com outras bandas. Confiram o line-up dos dois dias de festival:

5º Tendencies Rock Festival
Dias 14 e 15 de março de 2008

Atrações:
Sexta 14 de março 2008

PLEBE RUDE - DF
CRAZY LEGS - SP
LESTO - DF
INTRUSOS - PE
DEAD SMURFS - MG
BANG BANG BABIES - GO
LA CECÍLIA - TO
MESTRE KUCA - TO
VERTIKAL - TO

Tenda Eletrônica sexta:
4 Atrações : Lives + DJ sets + Decoração 00:30 / 06:00

Atrações:
Sábado 15 de março de 2008

VELHAS VIRGENS - SP
HARLLEQUIN - DF
PECADORES- - SP
SICK SICK SINNER - PR
D.F.C. - DF
JOHNNY SUXXX - GO
BODDAH DICIRO - TO
MATA-BURRO - TO
CLAMOR - TO

Tenda Eletrônica sábado:
4 Atrações : Lives + DJ sets + Decoração 00:30 / 06:00

terça-feira, março 11, 2008

Enquanto a Trégua Não Vem - Novo Formato




A caminho da brinquedoteca num shopping aqui em Brasília, passo por uma daquelas lojas que em fase de extinção – de CDs – e vejo, na vitrine, o disco Enquanto a Trégua Não Vem em exposição. Só que tinha algo diferente, era outra embalagem, o que o mercado chama de digipack. Deixei a Ana brincando e voltei à loja.

Não era só o nosso, a EMI reempacotou um monte de nomes de seu catálogo e colocou a venda por um preço bastante acessível, 12 reais. Além do ao vivo da Plebe, tinha também o acústico dos Paralamas, que eu me lembre. É raro uma gravadora brasileira investir no catálogo. Vide, por exemplo, que o Concreto e o Nunca Fomos estão esgotados e a EMI não faz o mínimo de esforço para recolocá-los nas lojas. Tente achar um CD do início da carreira da Gal Costa, sua melhor fase, quando ela era uma hippy movida à ácido. Impossível. Lá fora, o que está dando lucro às gravadoras são seus catálogos, aqui, preferem investir no jabá e nomes novos de talento duvidoso.

Enquanto a Trégua Não Vem em digipack ficou bem legal, melhor que o original. Uma das minhas broncas com o CD sempre foi a embalagem. Odiava aquela caixinha de plástico que vivia quebrando as bordas, deixando tudo solto. Essa solução de papelão dá um ar de dignidade ao disco, lembrando até os antigos álbuns em vinil (alguém se lembra?).

Se vocês ainda não têm, vale a pena, tá barato! Se já têm, mesmo assim é uma boa para embelezar a coleção. Eu mesmo, já comprei o meu.

segunda-feira, março 10, 2008

Mentiras por Enquanto


A música Mentiras por Enquanto tem uma história bem legal. Morávamos no Rio de Janeiro, a turnê do Concreto chegara ao fim e estava na hora de produzir material novo para o disco que viria a ser o Nunca Fomos tão Brasileiros. A Plebe já havia se estratificado, com o Jander isolado em Mendes, o Gutje a voltas com a Helena tramando alguma coisa, sobrando para o Philippe e eu tocar o barco.
Era uma noite de chuva intensa, com raios e trovões anunciando o fim do mundo. Tinha arrumado uma cópia de Rude Boy, o filme do Clash baseado num roadie da banda. O Philippe foi lá em casa e a gente assistiu o filme. Após, ficamos saudosos da nossa vida em Brasília, porém sabendo que não teria volta, agora era Plebe, Rio e disco novo. Tentamos resumir isso em nossa letra, metafórica demais, talvez, mas trata-se disso.
Por furacão e tempestade, tentamos descrever a nossa vida na Plebe e como isso nos afetou, tornando claro que se a gente não conseguisse, ficaríamos malucos. Altar = palco, sorrisos falsos=críticos, converter=se vender, fazer qualquer coisa pelo sucesso. Necessidade de fazer as pessoas entenderem = perceber que estamos dando o máximo para manter a Plebe nos trilhos. Essa troca que vale a pena = relação Plebe com os plebeus.
Em fim, explicar porquê?
Sobre a música, é o instrumental mais chato de tocar da Plebe. A linha de baixo é de dar nó nos dedos, toda a atenção é pouca para as mudanças súbitas. Devemos retornar a tocá-la nos shows?

Mentiras Por Enquanto
Música e letra: Plebe Rude
Letra
No olho do furacão esta calma
olhe em volta, veja os danos feito pelo vento
Não tente explicar a tempestade
procure abrigo ou se torne vulnerável
De cima do altar é estranho
vejo muitos sorrisos, e um é falso (...o horror)
Você sabe que não estou aqui para converter
você sabe que não estou aqui pra rezar pra infiéis
se a situação se invertesse você iria entender?
Se você falar mentiras sobre a gente
falamos a verdade sobre você
É! Não olhe para mim
não quis que fosse assim
queria que a situação se invertesse para você entender
que estamos nisso até o fim
É! Não me acuse! Não vou rezar pra infiéis
Tente perceber que as coisas não são como você vê
Inverte a situação, será que você ia entender?
Olhe em volta, veja os danos feito pelo vento
Era de se esperar mais eu não estava pronto
Não tente explicar a tempestade
procure abrigo ou se torne vulnerável
Se você quiser entender olhe em volta
é essa troca que faz valer a pena
Você sabe que não estou aqui para converter
você sabe que não estou aqui pra rezar pra infiéis
se a situação se invertesse você iria entender?
Se você falar mentiras sobre a gente
falamos a verdade sobre você

quarta-feira, março 05, 2008

Brasília em 1967 e Kraftwerk, tudo a ver.

Brasília
Música e letra: Plebe Rude

Letra

Capital da esperança
Asas e eixos do Brasil
Longe do mar, da poluição
mas um fim que ninguém previu

Carros pretos nos colégios
em tráfego linear
Servidores Públicos ali
polindo chapas oficiais
Brasília tem luz
Brasília tem carros
Brasília tem mortes
Tem até baratas

Brasília tem prédios
Brasília tem máquinas
Árvores nos eixos
a polícia montada


Brasília tem centros comerciais
Muitos porteiros e pessoas normais

As luzes iluminam
os carros só passam
A morte traz vida
e s baratas se arrastam Utopia na mente de alguns
Utopia na mente de alguns

O concreto já rachou!

Brasília, Brasília, Brasília


Os prédios se habitam
as maquinas param
as árvores enfeitam
e a polícia controla

Os comércios só vendem
os porteiros só olham

E essas pessoas
elas não fazem nada
mas essas pessoas elas não fazem nada
Nada! Nada!
Utopia na mente de alguns
Utopia na mente de alguns







Brasília, Brasília...

terça-feira, março 04, 2008

E por falar em Cubatão...

Excelente entrevista com o Edinho e Wilson Power sobre o Crepúsculo de Cubatão. Reparem quando eles mostram os discos, adivinhem o único nacional????

Os Darks Voltaram!!!



Sim, roupas pretas no calor dos tópicos, depressão como companheira no carnaval, a noite como alívio ao sol tropical, aceitar as emoções negativas num país onde todos somos "alegres por natureza" .... não é fácil ser dark no Brasil. Já tinha chegado à essa conclusão nos anos 80s, mas tinha o Nick Cave e o Bauhaus para pelo menos tornar a trilha sonora mais palpável. E não é que os dois lançam esta semana discos novos?

O do Bauhaus é bem interessante, pois foi gravado ao vivo no estúdio, sem dubs nem consertos. Pena que resultou em outra briga entre os quatro, então tchau tchau morcegos.

Dark kisses.

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

1988: Mico em Rezende

Essa é a última estória de micos. Não quero parecer nenhuma banda que promove o uso do álcool, como existem várias por aí. A Plebe sempre teve a postura de rejeitar essas fugas fáceis. Como disse, Keith Richards só existe um – graças a Deus! – e não precisamos de seus clones em nossos palcos tupiniquins.

Mas a carne é fraca e o álcool forte. Essa vez foi em Rezende, interior do Rio de Janeiro. Estávamos lá tocando no que seria uma comemoração da inauguração de uma fábrica, talvez da Coca-Cola, talvez da Heineken, não me recordo. Por alguma razão, a prefeitura estava envolvida, tipo mais arrecadação de impostos, então vamos comemorar.

Só sei que o mé corria solto e, não tendo mais nada para fazer, comecei a secar os copos. Multidão lá fora e a bebida descendo goela abaixo. O prefeito – ou dono da fábrica, não me recordo – estava me acompanhando passo-a-passo, ou melhor, gole-a-gole. A conversa foi ficando animada, a vontade de tocar aumentando e de repente viro para o colega e falo: “vamos começar essa merda!”.

Os dois, bêbados como gambás, subimos no palco, ele pega o microfone, faz um discurso e anuncia a Plebe. O público todo lá, na expectativa, só que não era hora do show, cabos ainda estavam sendo conectados, luzes sendo afinadas, em fim, a gente estava programado para subir uma hora mais tarde. Claro que o empresário, Pedro Ribeiro, irmão do Bi, saiu feito um louco a cata do restante da Plebe, que estavam curtindo o evento, tranqüilos, sabendo que o show seria bem mais tarde. E o bebum aqui no palco com o baixo esperando meus companheiros de banda.

De repente vejo o Pedro voar no palco, me agarrar, puxar para o camarim e pagar um sapo pelo acontecimento. Durante o show, não melhorou muito. Teve uma hora que queria aumentar o som do baixo. Tinha uma coluna que eu crente que era a caixa de som. Colo meu ouvido na coluna e começo a subir o volume – sem notar diferença nenhuma. Claro que o som grave aumentou à quinta potência, atrapalhando todos os outros. Só eu que não notava!

Dito tudo isso, hoje só toco sóbrio. A adrenalina e endorfina gerada naturalmente pelo corpo é suficiente para me deixar em estado de euforia durante um show. Tem também o lado de respeito pelo público, que não está lá, pagando seu dinheiro suado, para ver músicos bêbados e/ou drogados fazer palhaçadas. Eu respeito os plebeus que vêm aos shows e quero que tudo seja perfeito para eles.

terça-feira, fevereiro 26, 2008

1986: Mico em Santos


Longe de mim promover ou incentivar o uso do álcool ou outros entorpecentes. Acho deplorável bandas que fazem uma bandeira do quão “loucos” são. O rock não precisa de clones de Keith Richards. A idéia aqui é contar alguns “causos” da Plebe on the road. Não tentem fazer nada disso em casa!

Em 1986, Siouxsie & the Banshees tocou no Brasil. Naquela época, nem mosquito estrangeiro se apresentava em terras tupiniquins, quanto mais uma banda que admirávamos. Nos convidaram para abrir os shows em Sampa e o Ira! os no Rio de Janeiro. Pegamos o filé, seriam duas apresentações em São Paulo e uma em Santos. Até hoje me lembro da frustração do Dado, querendo muito que a Legião tivesse sido convidada, mas sabendo que o Renato não queria dar shows....

Bom, lá fomos nós, esquema Vip e realizando um sonho. Particularmente para mim, que era seguidor assíduo da banda inglesa, conhecendo todas suas músicas, lados-bs e sessions do John Peel. Primeiro foi muito frustrante, pois os Banhsees não queriam papo nem contato com a Plebe. Quando eles transitavam back-stage, a gente tinha que ficar trancado no camarim. Os dois shows em SP correram assim, sem nem contato visual, a não ser deles no palco.

Logo de cara, nossa equipe se desentendeu com a deles. Coisa de roadie, de querer marcar território e, claro, tirar vantagem para a banda que representavam. Então, um empurrãozinho no amplificador alheio já é motivo de porrada. Tinha um roadie deles que vestia uma camisa listrada, um gorro e calças muito apertadas. Foi logo apelidado de Querele e o Fred quase saiu no tapa com ele. No entanto, era muito profissional.

Em Santos, o jogo se reverteu. A cidade era nossa praça favorita nos anos 80s. Quando a gente subiu no palco, o público veio abaixo. Foi uma de nossas melhores apresentações de todos os tempos. Tão boa que, quando os Banshees tocavam, o público continuava a gritar Plebe! Plebe! Isso impressionou os gringos, rendendo um convite para vê-los depois do show.

Eu estava com a adrenalina toda, conhecer seus ídolos já deixa uma pessoa numa espécie de “alto” natural. Ainda mais, no camarim, tinha duas garrafas de conhaque de champanhe, que eu e o Serverin cuidamos de secar. Esse mistura – excitação, adrenalina, endorfina e álcool – subiu que é uma beleza!

Chegando no hotel, de madrugada, não parava de importunar os hóspedes que fugiam de medo do músico doidão no saguão. Quando a equipe dos Banhees chegaram, contratei verbalmente o Querele para trabalhar para a gente, deixando os nossos roadies indignados. Lentamente, minha namorada, que acompanhava todo o mico morrendo de vergonha, conseguiu me enfiar no elevador.

O Nicolau, nosso fotógrafo número uno, fotografou tudo. Se ele estiver lendo e tiver uma foto desse vexame digitalizada, posta aqui. Se não, fica na imaginação de vocês.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

1986: Mico em Lins

O show era em Lins, interior de São Paulo. Fazia parte da turnê roubada do Nunca Fomos tão Brasileiros. Acho que já contei isso aqui, quando lançamos o segundo disco, um empresário picareta propôs uma turnê por todo interior do estado. Assim que chegou às lojas, já saímos de ônibus fretado para Piracicaba. O negócio dele não era promover a banda, mas sim lavar dinheiro. Não vimos praticamente nada, após 28 shows! Tentamos processar o cara, mas, como todo pilantra nesse país de tolos, não tinha nada no nome dele.

Mas a história não é sobre isso, mas sim sobre bebedeiras. Lendo o Hammer of the Gods, que conta a trajetória do Led Zeppelin, cheguei à conclusão que algumas baixarias da estrada devem vir à tona. Quem melhor que contar isso do que os envolvidos? Então vou divulgar algumas da qual participei, preservando o nome dos inocentes e culpados.

Voltando à Lins, show num clube, piso de madeira, palco baixo. Último show da turnê. Antes de entrar no palco, o Jander e eu dividimos uma garrafa de Johnny Walker Red, enchendo os respectivos copos até a borda. O desafio era: quem beberia o conteúdo primeiro. E assim entramos no palco, cada um com seu copo na mão, que depositamos em cima dos respectivos amplificadores.

O show foi correndo e, lá pela metade, o Jander aponta para um copo quase vazio em cima do seu amp. Crente que era o copo dele, olhando para o meu quase cheio, empolgado pela música e pelo público, viro tudo de uma vez, segurando para não vomitar. Pronto, tinha ganho do Jander! Virando para curtir da cara dele, vejo que tinha sido enganado! O verdadeiro copo do Jander estava escondido atrás do amp, aquele lá em cima sendo o de água. Agora já era, os efeitos começaram a surgir.

Lá pelo fim do show, pego meu baixo e dou de presente para um sujeito na primeira fila. O Fred, nosso roadie, quase tem que brigar com uma dúzia de pessoas para pegar o instrumento de volta. Partimos direto para uma churrascaria para comemorar o final da turnê e o Johnny correndo meu senso de ridículo. Quando chegamos no restaurante já estou mais para Mr. Hyde do que o Dr. Jeckle. Pego uns tomates inteiros e começo a atirar nas outras mesas, entre outras idiotices da qual me envergonho até hoje.

Como após a euforia vem a depressão, depois do jantar, todos vão comemorar em outro lugar. Sigo junto, mas para minha surpresa, o pessoal me joga no porta malas de um Corcel II. Deitado junto com o pneu estepe, o cérebro pedindo arrego, no escurinho, acabo dormindo.

De repente acordo com a maior música! É que ligaram o som do carro. Com os auto-falantes à centímetros de minha cabeça, parece que estou no inferno sonoro. Sem pensar, começo a puxar tudo quanto é fio e furar tudo quanto é papelão. Surgiu efeito, o silêncio prevaleceu.

Tem uma hora que me tiraram do meu leito, me enfiaram no ônibus, e quando acordo, já estamos chegando em Congonhas. Estou todo sujo, camisa amassada com um telefone escrito à caneta (para o qual eu nunca liguei, nem sei como foi para lá) e a cabeça pulsando mais que a Timabalada em um dia de sol em Salvador.

Nunca mais vou beber!, prometi, esquecendo logo em seguida.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Hitler da Silva

Muito bem bolado!

Minha mãe sempre dizia: por trás de cada brincadeira há uma verdade...

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Doa-se Cachorro com a Pata Fodida.

Um blog, vários contribuidores!


Ressaca da renúncia faz o povo cubando chamar o Raul! (Tutty Vasques, hoje no Estadão).

Há esperança na terra! Pelo menos, entre os leitores desse blog. Fiquei muito feliz e orgulhoso com o debate saudável, amigável e inteligente do último post. Tudo bem, tem gente que não gosta de política, mas leiam lá em cima: “blog do André X”, e eu gosto do debate. Vocês foram dez, espero mesmo encontrá-los após shows, tomarmos umas e continuar nesse nível de conversa – com pintadas de humor e sacanagem, claro!

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Deus é Fidel


Gosto muito de história. Principalmente depois que entendi que ela não é estanque, que pode ser interpretada conforme o observador. Já li trabalhos sobre o mesmo fato histórico completamente antagônicos. Como o Philippe diz, hoje não vê as coisas totalmente pretas ou brancas, mas sim em tons de cinza, acho que na história não existe o certo ou o errado. Dependendo o foco dado, a interpretação muda.

Assim introduzimos nosso assunto de hoje: a renúncia de Fidel Castro, após 49 anos à frente do governo de Cuba. Não fazem nem 24 horas que o “comandante” saiu de cena, já têm historiadores e cientista políticos enaltecendo-o ou o desprezando.

Referimo-nos ao último símbolo da guerra fria, de um momento histórico no qual o mundo se dividia entre esquerda e direita, o globo dividido entre as possessões americanas ou soviéticas. Fidel fez a revolução socialista, tirando Batista do poder, fez a reforma agrária, expulsou os investidores estrangeiros, governando todo esse tempo com mão de ferro.

Não vou entrar em julgar o mérito ou demérito de seu longo tempo como chefe de Estado de Cuba. Trouxe muitas coisas boas para os cubanos, que têm um sistema de saúde de dar inveja a muitos países desenvolvidos, uma escolaridade acima da média mundial, com quase todos os jovens com ensino superior, as melhores arcadas dentárias do mundo (que os cubanos brincam terem dentes bons por falta de comida, mas isso é outra história..), avanços no desenvolvimento da vacina, erradicação de doenças populares no Brasil, como febre amarela e chagas.

Contudo, a mão que agrada é a mesma que pune. Liberdade de expressão é inexistente, o paredão ainda elimina os insatisfeitos, não há comida (também devido ao injusto embargo americano que data de 1963), não há bens de consumo. Mulheres (e homens) com empregos com advogadas, médicas, dentistas, se prostituem à noite aos turistas para completar o orçamento familiar, há praias destinadas somente à cúpula do partido e aos turistas, há censura, entre outros males típicos de uma ditadura (aliais, a mais longa desde de Franco, que durou 36 anos).

É uma escolha difícil, ter educação, saúde e segurança a troco de opressão e massificação cultural, ou vice-versa? Esse será o grande desafio cubano, como se inserir no contexto global do século XXI (e todos sabemos que isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde) se livrando dos males da revolução cubana, sem perder os benefícios. Um grande problema é que Cuba sempre viveu de esmola. Primeiro, recebia mesada da União Soviética, depois de Hugo Chaves. Para ser um país, vão ter que aprender a gerar e administrar suas próprias riquezas.

Finalizando, a história só pode realmente ser analisada e julgada à distância. O fato da renúncia (talvez um primeiro passo de várias mudanças para o povo da ilha) é muito recente. Vamos deixar as emoções de lado e observar – e talvez aprender.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Atlético Paranaense de '42 até hoje, um força no futebol!

Vamos falar de futebol e isso significa destacar a excepcional atuação do Atlético no Campeonato Paranaense. Aliáis, no Brasil todo, pois nenhum outro time este ano está a 11 partidas só com vitórias. O récorde foi igualado ao de 1942 e será quebrado na quarta feira contra o Cianorte. Nesse dia, o Furacão entrará em campo com uniforme réplica de 1940. Alguém me mande uma passagem para Curitiba!!! No vídeo, a maior goleada de 2008.

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

R ao contrário

Esse é o terceiro clipe a ser feito para o CD R ao Contrário, a música título. Acho que os produtores pegaram bem o espírito da música. Eu me arrepio muito vendo esse filminho, talvez por esperar que um dia realmente haja uma indignação popular desse tipo. Lo-fi total.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Plebê en TV

Tem uma equipe francesa aqui em Brasília fazendo um documentário sobre os moradores da cidade. O resultado final vai passar na TV, lá na França. O trabalho dos caras é bem bacana, não querem trilhar o caminho já percorrido por outros documentários sobre Brasília. O foco do seu esforço é saber como vivem as pessoas e como a cidade influenciou o jeito deles serem.

Partem de uma tese até mencionada num dos comentários do último post, ou seja, Brasília foi uma experiência modernista que, pelo modo que foi construída e habitada, mexe muito com as pessoas. Daí tentam partir para a produção cultural da cidade, os relacionamentos, o jeito de pensar, etc.

No domingo, fizeram um churrasco para os músicos da cidade comentarem sobre o acima. Philippe e eu fomos e fomos os que mais contribuíram para o debate. Acho que viver aqui durante a ditadura, mercado fechado, falta de informação e distante de todas as capitais forjou nosso jeito de ser. O pessoal dos anos 90s e além, apesar de também serem afetados pela cidade, não foram de forma tão significativa quanto nós.

Fiquei feliz em saber que o Zeca, baixista do Suculent Fly (ou será que já está noutra banda?) tem uma tese de mestrado sobre o mesmo assunto e o título é “Muitos Porteiros e Pessoas Normais”, que sintetiza bem a cidade.

Foi bacana o domingão, churrasco, músicos, discussão e diversão. E a equipe ainda vai filmar um ensaio da Plebe em breve. Quando estrear na TV, consigo uma cópia e posto aqui.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Moro em Brasília, também o Presidente....


Morar em Brasília é:
• Ter o álcool mais caro do País. Não me refiro ao consumido nas cervas e outras pingas destiladas, mas sim aquele vendido nos postos. Um excesso de produção fez com que a oferta ficasse maior que a demanda e o preço desabasse em todos os Estados, mas não do Distrito Federal. Aqui temos um ICMS de 25% (isso mesmo!, a média nacional é de 15%!) em cima do etanol e, por alguma estranha razão, a lei do mercado não funciona nesse quadradinho mágico fincado no centro do Brasil. Aliais, aqui nenhuma lei funciona.
• Ver o PT cancelar as eleições internas, com suspeitas de fraude. O atual presidente do Diretório Regional, Chico Vigilante não quer largar o osso. Perdeu as eleições e, como todo caudilho que preste, gritou “Fraude!”. Teve o maior tumulto provocado pelos militantes. E ainda dizem que o poder não altera a pessoa......
• Ter um espaço incrivelmente ideal para andar de bicicleta, mas nenhuma infra. Não existem ciclovias, os carros disputam cada espaço e o ciclista sempre perde. Que tipo de urbanista era Lúcio Costa? Acho que Brasília foi patrocinada pela indústria automobilística.
• Conviver de perto com um governo oportunista e corrupto, assim como uma oposição que só sabe denunciar e não apresenta solução nenhuma. Estamos entre o diabo e a espada. Veja, por exemplo, esse rolo do cartão corporativo. Na teoria, seria a melhor forma de controlar gastos governamentais, mas ninguém se importa em aperfeiçoar a fiscalização, querem é apontar dedos e humilhar. CPI prá quê? Quer pizza de que sabor?

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

King of Kong: A Fistful of Quarters - Movie Trailer

Enquanto estamos a espera de notícias da Plebe, para enterrar os ossos de seu carnaval, recomendo esse filme. Um documentário, mas muito melhor que muita ficção. Não deixem escapar!

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Carnaval 2008: PMs Afogam o Galinho

Uns afogam o ganso no carnaval, a PM de Brasília não. Preferem acabar com o Galinho de Brasília, bloco tradicional desta capital. Porrada nos foliões, hipy-hippy surra! Lamentável.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Carnaval Chegou!


Começou o carnaval! Esquentem os tamborins e façam o povo esquecer esse péssimo começo de ano. Acho que a pior notícia é o desmatamento incontrolado da Amazônia. O governo possa de bonzinho, mas todos sabem que estão nem aí. O interesse do executivo é arrecadar cada vez mais. Se um fazendeiro preservar os 80% do seu terreno, conforme estipulado em lei, planta menos. Se planta menos, vende menos. Se vende menos, paga menos impostos. Daí a farra dos cartões corporativos – entre outros gastos sem sentido do dinheiro público – não pode ser financiado.

E o Lula vem e diz que o desmatamento não é uma doença, mas sim uma coceira! Uma coceira na carteira dele, isso sim. É fato que os bancos estaduais, como BASA e BB, financiam o desmatamento por meio do crédito rural cedido aos fazendeiros. Os mesmos que fazem grilagem, desmatam, expulsam as populações nativas e exploram os trabalhadores locais.

A solução seria dar um cartão corporativo a cada cidadão brasileiro. Assim, a gente também poderia sair por aí gastando feito louco e o estado bancaria tudo!

A sede por arrecadação não é só do executivo. Aqui no DF, foi sancionada o tal do imposto da varanda. Funciona assim: se você tem um prédio com varanda, escada de incêndio, antena ou qualquer outra projeção que ultrapasse o volume da edificação, tem que pagar imposto. Coisa de louco! Nem no auge do feudalismo, quando o rei inventava impostos malucos para financiar seus gastos na corte, alguém bolou algo tão perverso!

Tenho certeza que no estados de vocês têm histórias semelhantes. O gozado é que imaginação para cobrar mais é farta, o que falta é imaginação para gastar menos, cortar a farra pública.

Samba, suor e ouriço! Adoro essa frase. Bom carnaval.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Bandas Desenhadas


De vez em quando tenho uma recaída por uma paixão antiga: histórias em quadrinhos. Curto tanto os europeus, como Jano, Alejandro Jodorowsky, Moebius, que fazem um estilo mais “intelectual”, até o comercialzão mundo Marvel.

Por falar em mundo Marvel, esse está em mutação total, com o final da guerra civil, que dividiu os heróis em pró-governo e aqueles que preferiram ficar no underground. A saga, que durou meses nos EUA, saiu aqui publicado pela Panini e está nos últimos números.

O que está pegando mesmo na Marvel é que eles contrataram um desenhista chamado Frank Cho (veja seu site aqui) que tem um mania de erotizar seus traços. Cada vez que entrega uma capa para a editora, é censurado. Consegui a última capa rejeitada pela Marvel, que mostra a Feiticeira Escarlate e o Wolverine (não, não é o Nasi, há há há) em momento íntimo. Quero ver quanto tempo o Cho vai manter o seu emprego.

Finalizando, começaram ontem os testes para escolha dos figurantes para o filme do Thor, novo empreendimento da Marvel. Eu tenho algumas reservas, pois pode ficar muito legal se o diretor e roteiristas escolherem uma história com violência nórdica, mas muito gay se mostrar um Thor loirinho voando com seu martelinho por Nova York. Vejamos...

Em 2008 saem filmes do Homem de Ferro (que promete) e o segundo Hulk.

terça-feira, janeiro 29, 2008

Dica Alternativa da Semana

Uma banda francesa que canta um refrão "I fucked my american cunt/i loved my english romance" não pode ser levada a sério. Ou pode? Bem, a dica não é bem de 2008, mas o disco sai agora nos EUA, onde os Teenagers (nome da banda) vão estar tocando em NY no dia 2 de fevereiro com os carinhas do Hot Chip atuando como DJs. Que carnaval perfeito seria esse......

Primeira Dica de 2008

O You Tube tá me sacaneando! Já bloguei esse duas vezes e não aparece. Mais uma tentativa, pois essa é "A" dica desse início do ano. Banda escocesa Sons and Daughters e uma prévia do novo disco The Gift.

Terceira Dica de 2008

Essa tem muito leitor que vai esnobar, mas não deixem o electropop do Hot Chip te afastar desse excelente grupo. Considerado o Depeche Mode deste século. Tem gente que viu no Tim Festival e não entendeu, preferindo o fácil The Killers.

Segunda Dica de 2008

Essa é barbada, consigam antes que os moderninhos descubram e estragem a festa! Banda francesa Steeple Remove e o disco Radio Silence.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Niguém Quer Comer o Bacalhau da Galisteu!!!


Se tem alguém que acho que representa todo o podre de nossa sociedade é a Adriane Galisteu. Num país onde a educação é tratada como moeda de troca orçamentária ente nossos congressistas e o executivo, o jovem brasileiro tem que rebolar para subir na vida. Uns rebolam usando a criatividade, o esforço, se mantendo dentro da ética e demonstrando cidadania. Outros, rebolam literalmente.

A carreira de Adriane todos conhecemos, do início junto ao grupo onde a Meia era Soquete, porém o boquete era inteiro, passando pelos vários “noivos” que deixavam gordos cheques a cada fim de “relacionamento”, até sua atual fase de madrinha da Portela. Dando um banho no Gérson, a “apresentadora” deu um novo sentido à cunha “jeitinho brasileiro”.

Não admira que recentemente, Adriana deu uma bacalhoada pré-carvavalesca para unir as várias madrinhas de bateria. Só que de todas as convidadas, só três foram. Deve ser por precaução, qualquer contato com ela sempre termina em indenizações a favor da anfitriã. Pergunte à família Senna.

Eu não compro nada que ela anuncia. Galisteu faz propaganda de cerveja, não bebo mais aquela marca. Meu protesto funciona assim.

Para os que quiserem saber mais, leiam a excelente crônica do Arnaldo Jabor comparando o estilo Galisteu ao estilo Dra. Rosa Célia. Cada um escolhe como tocar sua vida....

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Créu e Suassuna!


Zapeando no domingo a noite, invariavelmente, a gente cai no Fantástico. Foi exatamente na reportagem sobre a moda verão, um tal de Créu, funk de segunda. Fico pasmo como o povo caí numa roubada dessas. É muito ruim. Teve uma parte que botaram um banhista, na praia, discutindo com o “autor” da “música”, perguntando para ele qual era a mensagem. Resposta: não tem mensagem, é só diversão.

Impressionante como a desculpa para qualquer lixo cultural produzido é a diversão. Esse filme é muito ruim. Resposta: mas foi feito para divertir. Esse livro é mal escrito, não contém valor literário nenhum! Mas a proposta não era essa, foi feito para divertir. Acho que nesse país, diversão e educação não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo.

Fico feliz e acho que fui sortudo, pois em Pernambuco a trilha sonora ficou restrita à Ivete!

Resumindo, acho oportuno o funk do Suassuna, acima. Diz tudo.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

200 Anos de Portos Abertos

O Brasil comemora, este ano, 200 anos de abertura de seus portos. Dois séculos atrás, Dom João VI permitiu que a colônia Brasil interagisse economicamente com o restante do mundo. Já era tarde, tínhamos perdido toda e evolução da prática de comércio exterior e me pergunto se hoje somos um participante ativo ou rastejamos atrás do prejuízo.

Estar a duzentos anos no jogo do comércio mundial é muito pouco. Nações muito mais retrógadas que a gente já estão nessa a mais de mil. Eu considero a interação entre povos, raça e culturas como um dos fatores de maior benéfico para a humanidade. Quando um vende, outro compra, outro se especializa, outro atualiza, outro aperfeiçoa – o dinheiro roda, pessoas interagem, se conhecem e todos saem ganhando.

Tudo bem, alguém vai me falar de barreiras de entrada, de proteção governamental, de subsídios. Repudio tudo isso. Quero permitir, não proibir. Chega de regras e impedimentos, que todos troquem com todos. Que as raças se misturem numa grande orgia, que as culturas colidam, gerando mais “sambas”, “bossanovas” e rock n roll.

Quando era adolescente, em Brasília, graças a uma política restritiva do governo ditatorial, não tínhamos acesso a nada do exterior. Muitos empresários, basicamente aqueles ligados ao regime de exceção, faturaram muito. Calça Levis, Lee ou brim de boa qualidade era um absurdo de caro. Camisa Hang Ten era vendida no mercado negro. Discos importados eram guardados como tesouros. Fora livros, filmes e músicas que nos eram proibidos. Ficamos décadas isolados culturalmente do restante do mundo, tendo que agüentar Rita Lee e Raul Seixas.

Quem se lembra da lei que proibia a importação do computador. Justificada com uma força à indústria nacional, nos deixou para trás na revolução tecnológica, e só beneficiou uns empresários que se vinham diante de um mercado dominado só por eles, sem incentivo nenhum de fazer melhor, pois não havia competição.

Ou aquela lei que exigia que na programação das rádios houvesse 50% de músicas nacionais. Era um merda! O gozado é que hoje, sem uma lei dessas, o percentual é bem maior. Na minha opinião, se um mercado precisa ser protegido, não deveria existir.

Alguém certamente vai te parar na rua e falar: fazem 200 anos que abriram os portos. Responda: isso é motivo de comemorar? Tudo bem, antes tarde do que nunca. E abrir a cabeça? Derrubar as barreiras e mitos que nos impedem de voar em novas idéias e pensamentos? Preconceitos que são tidos como verdades e o povo baixa a cabeça e diz béééééééééééé!

Temos que colorir fora da linha, seguir caminhos diferentes. Valeu Dom João!!! Open Up!!! Open Up!!!

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Plebe: Metas para 2008

Bom, vamos ao assunto: o que a Plebe Rude quer de 2008? Como todos sabem, está em nossos planos o lançamento de um DVD. Não rolou em 2007 por várias razões, sendo a mais impactante as propostas ambíguas em termos de divulgação e distribuição. Então isso ficou para 2008. Show são sempre o objetivo principal, tocar mais e em mais lugares. Não tão fácil como parece, não basta pegar um ônibus e ir ao Maranhão, terra de Dunha, por exemplo, e tocar. Tem toda um infra local necessária da qual não temos controle. Compor novas músicas!!! Isso sim mantém uma banda viva. Não entendo como 2007 inteiro passou e nenhum riff se quer foi inventado pelos Plebeus (minto, um riff foi aperfeiçoado pelo Philippe para uma música antiga.....). Temos que trabalhar mais em 2008, se até o Ednaldo consegue (vejam os "melhores momentos" da turnê), a Plebe vai arregaçar as mangas.

Ednaldo Pereira - What is the brother

Quer saber, cansei de Ivete, Asa e Chiclete (epa, até rimou!). A realidade da música popular brasileira é bem outra. Veja o Ednaldo Pereira, vai dizer que esse aí não merece um lugar ao sol?

Estou de volta à mesa de trabalho, postando regularmente.

Que venha o Carnaval! (arhg!)

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Tirem a Ivete Daqui!!!

Férias no Nordeste. Longe de tudo, inclusive da internet, sem possibilidade nenhuma de atualizar o blog. Mar, sol, areia e muito Ivete Sangalo. Sim, isso mesmo. Descobri que o mercado não fica parado no verão, pelo contrário, trabalham dobrado. Tem uma nova música dessa infeliz que toca a cada meia hora em todas as praias, tipo lavagem celebral mesmo. Nada me tira da cabeça que não se trata de um esquemão promovido pela gravadora para empurrar esse troço para cima da gente.

Ivete Sangalo é anti-música. Não só porque é ruim, muitas músicas ruins são, isso mesmo, músicas. Mas o jeito que é tratado, massificado, empurrado guela abaixo dos despercebidos, me soa mais como operação de traficantes do que arte. E é isso mesmo, pois é uma droga. Sem perceber, você está fisgado, cantarolando aquele refrão que não diz nada e, como todo ano, usa as palavras “fevereiro”, “galera”, “carnaval” e “diversão”.

Até aí, tudo bem. Mas esse processo todo, essa logística de dominar a cabeça dos veranistas, está nos tornando um país culturalmente míope. Um povo que, de norte a sul, canta as mesmas músicas, facilmente manipulado por um esquema criminoso (na minha opinião) que pretende afastar novos talentos e arrebanhar milhares de pessoas desavisadas, que se divertiriam muito mais havendo um leque de opções para ouvirem e dançarem em suas férias.

Pois, estou de volta e não consigo tirar essa porcaria da minha cabeça!!!

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Engarrafados pela Expansão Econômica!

A notícia não poderia ser pior: as festas natalinas de 2007 foram registrados o maior número de mortes nas estradas nos últimos dez anos. Aqui em Brasília, alguns acidentes também marcaram o fim do ano, com mortes cinematográficas de inocentes. Aliais, são sempre os inocentes que morrem, nunca o motorista que vinha chutado, desrespeitando tudo e todos. Não conheço um motorista preso por dirigir embriagado, mas, sim, várias pessoas enterradas, vítimas de tal ato.

Com a tal “expansão da Classe C” propagada pelo governo, pela primeira vez um monte de pessoas tiveram acesso ao carro próprio. Todos comemoram, principalmente o governo, que arrecada um quinhão de impostos a cada veículo vendido. Eu acho triste. Mais carros nas ruas, dirigidos por pessoas não acostumadas a dirigir, somando a todos os egoístas das classes A e B, ilhados dentro de suas máquinas, isolados um dos outros, queimando combustível fóssil – some tudo isso e veja que não vai dar certo.

Porque não antecipar a tal da ampliação do poder de compra e prover as cidades de transporte público de qualidade? Já que podem comprar um carro, podem pagar um pouco mais nas passagens. Assim, para incentivar o uso do transporte público, poderiam instalar vias exclusivas, implantar novos metrôs, colocar para circular ônibus confortáveis, fazer de tudo para que a pessoa pense: “para que pegar um carro se posso chegar lá com mais conforto, menos stress?”

Mas o pensamento é sempre o contrário: vamos incentivar a compra de carros, a ampliação de nossa malha rodoviária, causando mais engarrafamentos, mais mortes, mais frustrações.

Um estatístico especializado em trânsito deu uma entrevista outro dia dizendo que, pelos seus cálculos, no feriado de 15 de novembro de 2014, São Paulo viverá um engarrafamento tão grande que durará dias. Pessoas irão abandonar os carros. Veículos terão que ser guinchados por helicópteros. Ainda há tempo, ainda há tempo.....

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Nick Cave and the Bad Seeds DIG, LAZARUS, DIG!!!

Vejam só que legal. Nick Cave vai lançar novo disco no ano que vem, chamado Dig, Lazarus, Dig. Fez um comercialzinho, lançou no You Tube. Genial, nada que qualquer bandinha de garagem não possa fazer. Sempre advogei que a internet nos dá acesso a tudo. Não esperem que gravadora entrem e façam de você uma celebridade, começe em casa!

E nada melhor que terminar o ano com a expectativa de um novo N.C. no próximo ano.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Boas Festas para Todos!


Boas festas, alegria e muito rock n roll! Bom natal, galera!

quinta-feira, dezembro 20, 2007

2007 quase já era! Que venha 2008!

Fiz os cálculos ontem à noite: estou “no rock” a 33 anos! O início foi em 1974, quando um tio me presenteou o Viagem ao Centro da Terra, do Rick Wakeman. Depois, ouvia o 10 Years After do triplo LP do Woodstock. Led Zeppelin me fez esquecer tudo isso e 1977, com o advento do punk, me orientou para o underground. O pós-punk me converteu e, em 1995, eu vi a luz. E ela era estroboscópica. Alguns anos curtindo o house me fizeram chegar a outros sons, como bossa-nova, jazz e muito experimentalismo. Tudo isso para ser sugado de volta ao rock em 2000, com a volta da Plebe por ocasião do Porão do Rock.

2007 cristalizou bem a força do rock, pois esse voltou todo temperado de influência provindas da pista de dança. Não sou um purista, muito pelo contrário, admiro a música mestiça. Que o caldeirão seja entornado e a mistura despejada em nossos ouvidos!

Todo esse blá-blá-blá só para justificar a cada fim de ano postar aqui o que, na minha opinião, são os melhores sons dos últimos doze meses. Acho que daqui para o final do ano não serão lançados mais discos, então é seguro finalizar a minha avaliação. Além dos mencionados nos posts abaixo, quero colocar o holofote em cima do Prinzhorn Dance School, com sua simplicidade, sua música bastante básica e a baixista mais bonita de todos os tempos. Também, uma rodada de aplausos para os crossovers Digitalism e Simian Mobile Disco, diversão pura para mentes não contaminadas.

Melhor show da Plebe em 2007: difícil escolher, provavelmente esse último em SP, no Belfiori.

Melhor pizza: a Arabesque, do Dona Lenha, com queijo árabe ao invés da tradicional mozarela, que me dá dor de barriga.

Melhor programa de TV: Sopranos.

Melhor livro: Londres, de Edward Rutherfurd.

Melhor compra: uma caneca com a estampa de um Moog.

Feliz Festas para Todos!!!

terça-feira, dezembro 18, 2007

Melhores de 2007 - Panda Bear

O Animal Collective lançou o excelente Stawberry Jam em 2007, mas quem chega a nossa lista é o trabalho solo do seu baterista na forma de Panda Bear. Disco mais bonito de 2007. Uma pérola.

Melhores de 2007 - Grinderman

Depois de uma pequena pausa, continuamos com os melhores do ano. Nick Cave, ao contrário de nós, fica melhor a cada ano que passa. O envelhecer faz bem para o velho morcego. Grinderman, seu novo projeto, trás um pouco de indisciplina ao rock. Coisa para ser ouvida numa tempestade de areia.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Melhores de 2007:!!! (Chk Chk Chk)

E tem essa banda que se chama !!! e o pessoal pronuncia chk chk chk, com o excelente Myth Takes. Essa música é ideal para a pista de dança lá pelas 2 da madruga.

Melhores de 2007: Of Montreal

Of Montreal lançou Hissing Fauna, Are You the Destoyer? em 2007, mas não tem nenhum clipe de músicas do disco (pelo menos, eu não achei). Então vai aí um cover de Bat Macumba dos Mutantes (que não está no disco, he he he). Outra bandinha que o prazer de ouvir compensa o esforço.

Melhores de 2007: Justice

Justice! Justice! Justice! Teve um mês este ano que eu pirei nesse disco, que não tem nome, mas sim um símbolo, uma cruz. Se esse é o futuro, não sei, mas é divertido pra caralho!

Melhores de 2007: PJ Harvey

PJ Harvey confundiu todo mundo com o lançamento de White Chalk. Os fãs acham que vinha porrada, veio sutileza. O mercado queria hits palpáveis, veio vocal com pianinho. É o tipo do disco que eu gosto: difícil de gostar, o ouvinte tem que querer apreciar. Mas o esforço vale a pena.

Melhores de 2007: LCD Soundsystem

Sound of Silver não foi tão bom quanto eu achei que seria (ou deveria), mas mesmo assim é o bom o suficiente para entrar na lista do X. James Murphy é um ídolo recente, pela produção, pelo conhecimento musical, pela atitude.

Melhores de 2007: Force of Nature

Banda Japa muito legal. Vídeo meio idiota, mas a música é muito emplogante. Guitarra + Tecnologia = André Feliz.

Melhores de 2007: Greenskeepers

Tudo bem, não julgue o disco pelo vídeo. Na verdade, a música é tão boa que um biruta postou no You Tube só a imagem da capa do disco com ela rolando ao fundo. Greenskeepers lançou o Polo Club e ele não sai do meu iPod.

Melhores de 2007: The Horrors

Começa aqui a lista dos melhores de 2007. Como ponta-pé inicial, os Horrors, que lançaram o fantástico disco Strange House. Finalmente, alguém consegue reviver o clima "dark" (nada a ver com o deturpado gótico).

terça-feira, dezembro 11, 2007

Aguaceira no Dia do Judiciário!







O evento era bacana, patrocinado pelo Poder Judiciário com o objetivo de trazer a justiça mais próxima do povo. Várias atividades programadas: distribuição de Constituições, barracas do SESI com atendimento à população, maracatu, reagge e com o fechamento da Plebe Rude. Só o fato deles chamarem a gente já demonstra que estão querendo sair de cima do monte sagrado do judiciário e se integrar com o resto do Brasil (será?).

Na van, a caminho do local, uma parede negra moldava o horizonte. Quando chegamos no local, parecia o céu de Twister, aquele filmeco meia-boca, assustador. Fomos empurrados ao palco, com a esperança que daria para fazer o show antes do mundo desabar. Que nada, ninguém derrota a natureza, a chuva caiu com tudo. Muito vento, tão forte que fez os estandes de microfone caírem. Conseguimos tocar 2 músicas e meia! Depois, o aguaréu tomou conta.

Fomo para o camarim, onde, lá dentro, guarda-chuvas eram abertos para proteger as luzes das goteiras. Agradeço muito aos que tiveram coragem de aparecer e, ainda, ficar na chuva para ver essa apresentação relâmpago. E relâmpago foi o que viram mesmo! Com raios e trovoadas.

Na saída, a van atolou! Como podem ver na foto, músicos e equipe juntam forças para empurrar o veículo.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

CB - Mais Fotos e Link para Resenha




Tá aí, mais três fotos (que continuam chegando! viva a tecnologia digital!!) e se quiserem ler uma resenha legal do show, leiam aqui.

Amanhã, shou em Brasília, de grátis!!! No Museu da República, também conhecido como Casa dos Teletubbies.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Fotos do show no CB






Ricardo, Silmara e Elizabete me mandaram fotosdo show realizado no último sábado, dia 1º de dezembro, no Belfiori, em SP. Joguei tudo num só arquivo, portanto não sei quem tirou qual foto. Agradeço a todos e irei publicando mais durante o dia. Se algum fotógrafo quiser gritar a autoria, façam nos posts. Foi realmente um excelente show, excelente público. Mais tarde, blogueio uma crítica do Ricardo sobre o evento.

sexta-feira, novembro 30, 2007

Novo Link

Anote o novo link para acassar o site da Plebe: www.pleberude.art.br. Por motivostecnicos alheio as nossas vontades, esse sera a entrada provisoria para a nossa pagina. Ehoje tem show em SP!

quarta-feira, novembro 28, 2007

Fuera!!!


Podem me chamar de um anarquista-romântico, mas estou adorando observar o que está acontecendo na Bolívia. O levante popular contra a pseudo-constituição do Evo Morales é de fazer qualquer velho revolucionário derramar uma lágrima.

Para quem não está acompanhando, o ladrão Boliviano propôs uma mudança constitucional para o país que abole e/ou muda uma série de leis julgadas importantes. A intenção, claro, é trazer mais poder ao partido governista. Lembro que o Evo Morales foi eleito com somente 50,7% dos votos populares, mostrando que não representa a totalização de seus patrícios, muito pelo contrário.

Ao contrário de Chaves, que é louco, faz marketing em causa própria, impersonificou o Estado Venezuelano, é um caudilho de marca maior, mas trás algum progresso (mesmo que seja temporário) ao país, Evo Desmorales só tem afundado mais a Bolívia com suas ações populistas (mas que não agradam nem o pop, nem os listas).

Para vocês terem uma idéia, as mudanças à Carta Magna foram aprovadas após o camponeses partidários do governo impedirem a entrada dos opositores no Parlamento. Assim é fácil, só deixa entrar quem vai votar a favor!

Um levante popular, aos moldes do que está acontecendo e contra quem estão rebelando é muito salutar para quem acreditava que a América Latina estava anestesiada, aberta aos aventureiros políticos. Tem cidades na Bolívia onde o governo literalmente fugiu e que estão sendo administradas por juntas civis – lembrando um pouco as tomadas de bairros em Paris, em 1968.

Sei que não vai durar, que a política moderna tende a nivelar tudo, mas 2/3 do país estar paralisado é muito legal. Força, povo boliviano!!!

terça-feira, novembro 27, 2007

iDiscurso do iJobs.


Acho inspirador o discurso de Steve Jobs, o criador da Apple, para os formandos de Stanford. Tem muitas vezes que quando que preciso de um gás à mais, releio para me dar forças. Observe como é importante pensar fora da caixa.

Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira história é sobre ligar os pontos

Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais dezoito meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei?
Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina. Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: "Apareceu um garoto. Vocês o querem?" Eles disseram: "É claro." Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade.
E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de 6 meses, eu não podia ver valor naquilo. Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria OK. Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes.
Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo. Muito do que descobri naquele época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço.
Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.
Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse. Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para a frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.
De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa - sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.

Minha segunda história é sobre amor e perda

Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação - o Macintosh - e eu tinha 30 anos. E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses. Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício]. Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo.
Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa. Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple. E Lorene e eu temos uma família maravilhosa.
Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple. Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama. Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.

Minha terceira história é sobre morte

Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: "Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último". Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: "Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?" E se a resposta é "não" por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.

Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.
Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de 3 a 6 semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas - que é o código dos médicos para "preparar para morrer". Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus. Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem. Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.
O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário. Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes do Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de The Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras: "Continue com fome, continue bobo". Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos.
Obrigado.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Plebe em Sampa - Sexta, dia 30!


A Plebe Rude estará tocando em São Paulo, o primeiro de uma série de shows pelo Brasil até o final do ano. Seguem os detalhes:
Local : Club Belfiori Bar
Rua Brigadeiro Galvão, 871 - Barra Funda
Data: 30/11
Horário à partir das 22h.
DJS RESIDENTES:JOÃO GORDO, LU RIOT e TCHELO

quarta-feira, novembro 21, 2007

Mulheres e Investimentos.

DICAS DE INVESTIMENTO

Segundo este site, uma mulher apelou e colocou um anúncio no Craigslist pedindo ajuda para um problema... diferente:

"Eu sou uma garota linda (maravilhosamente linda) de 25 anos. Sou bem articulada e tenho classe. (...) estou querendo me casar com alguém que ganhe no mínimo meio milhão de dólares por ano. Tem algum homem que ganhe 500 mil ou mais neste site? Ou esposas de gente que ganhe isso? Vocês poderiam me mandar algumas dicas? Eu namorei um homem de negócios que ganha por volta de 200 a 250 mil. Mas eu não consigo passar disso. 250 mil não vão me fazer morar em Central Park West. Eu conheço uma mulher da minha aula de ioga que casou com um banqueiro e vive em Tribeca, e ela não é tão bonita quanto eu, nem é inteligente. Então, o que ela fez de certo que eu não fiz? Como eu chego no nível dela?"
Sim, a garota estava pedindo dicas sobre como arrumar marido rico. Mas isso não é o mais legal, o melhor da história é que um cara, possivelmente um economista ou investidor, deu a ela uma resposta tão bem articulada e fundamentada que eu não resisti e tive que traduzir tudo pra postar aqui (os negritos são meus, pra mostrar as melhores partes):

"Eu li seu anúncio com grande interesse e pensei com cuidado sobre seu dilema. Fiz a seguinte análise da situação.
Primeiramente, não estou gastando seu tempo, pois me qualifico como um homem que atende seu orçamento; ou seja, eu ganho mais de 500 mil por ano. Isto posto, eu considero os fatos da seguinte forma:
Sua oferta, quando vista da perspectiva de um homem como eu, é simplesmente um péssimo negócio. Eis o porquê: deixando as firulas de lado, o que você sugere é uma negociação simples. Você entra com sua beleza física e eu entro com o dinheiro. Ótimo, fácil. Mas tem um problema. Sua aparência vai se acabar e meu dinheiro vai continuar existindo, perpetuamente... de fato, é bem possível que meus rendimentos aumentem, mas é certeza absoluta o fato que você não vai ficar nem um pouco mais bonita!
Assim, em termos econômicos, você é um ativo sofrendo depreciação e eu sou um ativo rendendo dividendos. Você não somente sofre depreciação como esta depreciação sempre aumenta! Explicando, você tem 25 anos hoje e deve continuar gostosa pelos próximos 5 anos, mas sempre um pouco menos a cada ano. Então o fim de sua aparência começa cedo. Aos 35 anos você já estará acabada!
Então, usando o linguajar de Wall Street, nós a chamaríamos de "trading position" (posição para comercializar), e não de "buy and hold" (compre e retenha) - que é o que você deseja ... daí o problema... casamento. Não faz sentido, do ponto de vista de negócios, "comprar" você (que é o que você quer), portanto prefiro alugá-la. Se você estiver pensando que estou sendo cruel, eu tenho a dizer o seguinte: Se meu dinheiro vai se acabar, você também vai. Então, quando sua beleza se esvair eu tenho que ter uma opção de saída. É simples assim. Um negócio razoável, portanto, é um namoro, e não casamento.
Paralelamente a isso, bem no início da minha carreira me ensinaram sobre mercados eficientes. Assim, eu me pergunto com uma garota "articulada, com classe e maravilhosamente linda" como você ainda não achou seu tio Sukita. Acho difícil acreditar que você é tão bonita quanto diz e os 500 mil dólares ainda não te encontraram, nem que fosse pra um "test drive".
Por sinal, sempre há um jeito de você descobrir como ganhar dinheiro por conta própria, para que não precisemos ter essas conversas difíceis.
Com tudo isso dito, devo dizer que você está tentando da maneira certa. É a clássica "capitalização via golpe do baú". Espero que tenha sido útil e, se quiser negociar um contrato de aluguel, fale comigo ."

terça-feira, novembro 20, 2007

Horror Friends

Acho que estou uma semana distante desse blog - um pecado na bíblia dos blogeiros. Tenho desculpa? Sim, estava fazendo mudança, computador desligado, sem banda larga, etc. etc. Como forma de redenção, um videozinho que me deu caimbra de tanto rir.

sexta-feira, novembro 09, 2007

the stranglers-strange little girl

a mensagem é simples: não tente se adaptar, crie uma sociedade paralela, com valores próprios que todos consigam se identificar. Se não pode vencê-los, ignore-os!

Joe Strummer - The Future Is Unwritten Trailer

Sem comentários. Arrepiódrometro a mil!

quarta-feira, novembro 07, 2007

Spirit, o Filme - Contagem Regressiva.


Quando tinha uns doze anos, saiu uma série de revistas em quadrinhos entitulada Gibi. Comprava semanalmente, antecipando ler as histórias de Modesy Blaze, Al Capp e, especialmente, the Spirit, do Will Eisner. Depois, segui lendo os livros do Eisner, grande figura, conhecedora do mundo, discute os problemas com uma visão muito particular. Outro herói de quadrinhos meu é o Frank Miller, que reviveu o Batman, o Demolidor e fez fama com Sin City. Pois bem, os dois agora se unem, pois o Miller vai ser o diretor e roteirista do filme sobre o Spirit. Vejam o site que entrou no ar hoje. Entra em cartaz no dia 16 de janeiro de 2009. Contagem regressiva!

PS - Se alguém souber onde posso comprar a coleção inteira do GIBI, me avisem, ficarei muito grato!

Miss Teen USA - comédia ou tragédia?




Sensação na internet, a loira (com todas as implicações que essa palavra carrega)candidata a Miss Teen USA se enrola toda para responder uma pergunta simples: porque, na opinião dela, um quinto dos americanos tem dificuldade em apontar os EUA num mapa? A resposta: porque muitos não tem mapas! ha ha ha..... muito bom, deveria fazer parte do gabinete do Lula, tomar o lugar da Marta Suplicy!!! No final, o Bush tenta responder a mesma questão.

terça-feira, novembro 06, 2007

Inside Deep Throat Trailer (Documentary)

Estou fascinado pelo documentário do Adam Curtis, mencionado no post de ontem. Descobri mais uma série dele que foi ao ar na BBC2 em 2006 chamado The Power Of Nightmare, que conta como a nova direita e o islamismo radical, hoje em lados diferentes da batalha pelo globo, tem origens similares. Outro, que também trata de liberdade e expressão, é esse de 2005, chamado Inside Deep Throat e conta como a administração Nixon foi atrás do filme. É assustador um governo escolher um alvo, como pornografia ou drogas, e usá-lo como justificativa para tentar nos coibir. Procurem na internet, achem esses documentários. E, por favor, vejam como olhar crítico, pois lembrem que a pessoa que fez cada um também defende interesses. A verdade é uma falácia!

segunda-feira, novembro 05, 2007

De volta aos Trópicos


Voar não é mais a mesma coisa. As empresas aéreas e suas reguladoras se afundam em números e estatísticas, esquecendo que nós humanos temos emoções e sentimentos. Deveria começar a olhar para o passageiro como algo mais que litros por assento, tempo de consumo e preço por vôo. Uma viagem não é mais aquela coisa agradável que uma vez foi. Hoje é preferível passar pelos portões do inferno do que pelo portão de embarque. Acho que os responsáveis deveriam se perguntar: esse é o tipo de serviço que queremos oferecer? Essa é a experiência que queremos proporcionar aos nossos clientes?

A volta de NY ao Brasil foi um inferno! Mudaram meu destino de entrada no país do Rio para Guarulhos. Nisso, perdi minha conexão para Brasília, além de ter minhas malas extraviadas. Sobre o atraso de 8 horas, nem vou mencionar.

Contudo, esse tempo todo a bordo de um avião cheio até o talo me deu a chance de assistir um documentário da BBC chamado The Trap: What Ever Happened to Our Dreams of Freedom. Se você acha que vive num mundo livre, onde há liberdade, assista e mude seu ponto de vista. Com fruto na Guerra Fria, estatísticos, psicólogos, economistas e políticos criaram uma falsa sensação de liberdade na qual vivemos hoje. Recomendo e muito. Vou mostrar para o Philippe, será inspirador para novas letras.

Chegando, abri a nova Rolling Stones e vi que tinha uma lista dos 100 discos mais importantes para a música brasileira. Feita, obviamente, por paulistas, pois incluiu, em sua maioria, discos de baianos (todo paulista adora citar a Bahia para mostrar que não tem preconceito) e de paulistas. Nada contra o Ira!, mas o proto-Jam entra com dois discos, o RPM com um (!!!) e a Legião (que é muuuuiitto mais importante que os dois juntos) com um só (acho), e mesmo assim, lá no fundo da lista. O Concreto Já Rachou, Paralamas, Joelho de Porco, Casa das Máquinas – nada.

Em fim, nunca fizemos parte da panelinha. Mas temos vocês...... ahhhhhhh!