quarta-feira, dezembro 23, 2009

Top 10 de 2009

Chegou o final do ano e a hora das listinhas. Abaixo, os melhores discos de 2009, com modestos comentários justificando cada escolha.

Bibio – Ambivalence Avenue

Cozinha fusion é aquela na qual o chef mistura técnicas e sabores de diferentes gastronomias para criar pratos novos, modernos, tentando sair dos paradigmas da cozinha tradicional. Impossível ouvir o Ambivalence Avenue do Bibio e não fazer o paralelo com a cozinha fusion. Como um chef ousado, Bibio mistura uma guitarrinha limpa e dedilhada, um vocal que me remete à Califórnia hippy (ou folk) com modernos eletrônicos, criando algo totalmente novo. Sabe dosar as guitarras que têm um timbre que normalmente me fariam sair correndo, com as linha melódicas cantadas em falsete, que também causariam enjôos se exageradas, com os blips e as batidas eletrônicas. Se não ouvido com cuidado, pode levar o ouvinte a pensar se tratar de um disco cafona, tal as guitarras passadas pelo Jazz Chorus, os vocais em coro. No entanto, como um prato fusion, os paladares individuais devem ser relegados e o novo, emergente paladar posto sob o holofote. E tem mais, uma capa contendo uma rua cheio da Karmanguias estacionados só pode ser indício de uma pessoa de extremo bom gosto.



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The Phantom Band – Checkmate Savage

Esse disco foi lançado no início do ano. Logo quando saiu, uma critica de um site que respeito muito declarou que já era o disco do ano na opinião do autor. Achei um exagero, mas baixei o disco para saber do que se tratava. Achei tão boas as musicas desses escoceses que resolvi comprar o LP, em vinil. Se tivesse que escolher um rótulo para facilitar o entendimento, diria que é indie-inglês. No entanto, é tocado de uma maneira tão íntima, que não se compara com os outros pseudos Oasis/Blurs/Primal Screams que vivem batalhando um espaço nas páginas do NME (que, graças a Deus ignorou o Phantom Band – hoje estar no NME é igual estar nas páginas da Contigo ou da Atrevida). Os Highlands da Grã Bretanha se fazem presentes no feeling geral do disco, com letras obscuras e climas célticos, se isso é possível de se imaginar. Low key, low production, grande banda. Foi uma das minhas trilhas sonoras de 2009.



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Boys Noize – Power

Grande surpresa o Power, do produtor eletrônico alemão Alexander Ridha. Não apreciei muito o disco de estréia de 2007, Oi Oi Oi, pois não trazia nada de novo ao mundo da eletrônica. Mas esse é outra história. Soa como se o Kraft e o Justice estivessem fazendo um jam para salvar a humanidade do tédio. Experimental sem ser pedante, divertido sem ser clichê. Grande companheira sonora nas viagens feitas com a Plebe em 2009.



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Crookers - I Love Techno

Posso incluir um compilação nos melhores do ano? Sem dúvida! Ainda mais quando se trata de músicas mixadas e preparadas especialmente para esse feito. Os italianos dos Crookers não economizaram nas pesquisas e conseguiram entregar num CD uma festinha portátil. E como tem grave! Isso num sistema bom ou num bom fone de ouvidos (sugiro os do Dr. Dre) é uma experiência sensorial de outro mundo.


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LCD Soundsystem - Bye Bye Bayou

Dos Horrors ao LCD, todos adoram o Suicide. Essa música, a única do disco - um 12 polegadas de um só lado - é uma versão do Alan Vega, ex-Suicide. É pouco, mas é eficiente. O James Murphy tem um grande mérito, bebe das fontes certas e não tem medo de usar suas influências nas suas composições. Só que faz isso de forma bastante criativa. Mesmo assim, em algumas, a gente percebe bem a forma original. Nesse caso, um cover como covers deveriam ser feitos: não tentando imitar o original, mas adicionando a esse o talento do intérprete. Se o novo disco for nessa linha, vai ser uma maravilha.



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Shit Robot - Simple Things

Shit Robot lança seu segundo 12” no DFA. Não são os queridinhos da mídia, com outros artistas do selo, mas eu os coloco lá em cima. Começa com um tema que vai se repetindo, pequenos barulhos sendo acrescentados aqui e ali. Daí começa o rap/canto do xxxxxx, descrevendo como a vida da gente muda com responsabilidade, como é difícil acordar e ir para o trabalho, como até respirar se torna um fardo. Ouço indo para o Banco. Para o final da música, um groove meio disco-not-disco entra e o clima reverte para o entusiasmo. O outro lado, outra versão da mesma música. Altamente recomendada, ainda quero descobrir uma pista onde som assim é tocado.



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White Denim - Fits

Um trio de texanos loucos! Redundância? Nesse caso não, esses caras misturam Grand Funk Railroad, com Hendrix e pintadas de Motown. Resultado? Ares novos para o rock. Gravado nas coxas, mas com um impacto sonoro respeitável. Coladeiras de baixo e guitarra, viradas malucas, vocais setentistas. Um puta disco de Rock, com R maiúsculo, mostrando que há vida inteligente nesse seguimento.



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Yo La Tengo - Popular Songs

Adoro quando bandas se reinventam sem perder o estilo. Ouvi esse disco sem esperar muito, pensando ser outro low fi shoegazer americana rock. Mas a música de abertura, com orquestra simplesmente é fantástica. O resto das obras não decepcionam, tornando uma das boas surpresas de 2009.


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The Horrors - Primary Colours

A volta dos morcegos! Tanta referência óbvia aqui que é quase um pastiche: My Bloody Valentine, Jesus and Mary Chain, the Bunnymen, Cramps, e assim vai a lista. Mas os caras são autênticos e a música é viajante. Serviu como analgésico sonoro durante o ano todo. Altamente recomendado!



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Chilly Gonzales - Wake

Versão chocante de Wake, hino techno original do Erol Alkan & Boys Noize. Com pianinho e melodia. Inacreditável! E no lado B, o próprio Chilly comentando o remake.


terça-feira, dezembro 22, 2009

Back from the USA

De volta e a procura do Sr. Seabra, que, teoricamente, também retornou para o Brasil no mesmo dia que eu. Ele estava lá numa missão muito mais gloriosa: mixar o áudio de nosso DVD. Estou louco para ouvir, pois quando saiu daqui, o Philippe garantiu que seria uma porrada sonora. Ansiedade, ansiedade. Ontem, teve uma batatada na casa do Fê e do Flávio, pré-natal tradicional da tchurma. Esse ano, contamos com a presença do Pedro Hienna, ex- Arte No Escuro, que está aqui vindo de Londres (para onde retorna hoje). Porém, nada do Philippe, que não respondia nem as chamadas no celular que foram constantes durante a noite.

Scooby, temos um mistério em nossas mãos!