sexta-feira, novembro 17, 2006

O Carioca é Oco.

Quando o R ao Contrário chegou à redação do Globo, no Rio de Janeiro, vários jornalistas culturais se recusaram a fazer a crítica. Acabou na mão de um lá – nem me lembro o nome – que nem de rock gosta e, obviamente, deu uma notinha qualquer. Não me incomoda a crítica contrária, gosto até de ler as opiniões de outros para ver onde erramos, onde poderíamos melhorar. O que me deixou chateado foi a recusa por parte de pessoas que conheço desde os primórdios do rock-Br renunciando o passado.

Isso é típico do jornalismo carioca, infelizmente. Estão sempre querendo estar na moda, mas estão sempre correndo atrás. Quando São Paulo, Porto Alegre e Brasília já deitavam e rolavam nas raves, o Rio, por meio de alguns jornalistas do Globo, descobriram o filão. Deve ser ruim estar sempre na traseira do que acontece no mundo. Imagino quando chegou o nosso novo cd na redação, os carinhas lendo seus NMEs, DJ Mags, e outros periódicos importados, tentando se atualizar, dizendo que não têm tempo de ouvir o rock 80s da Plebe. Coitados. Essa importância que dão ao vanguardismo sem nunca conseguir ser, leva-os a escrever textos ruins, sempre transmitindo aquela sensação de notícia regurgitada.

Impossível um jornalista carioca meter pau, digamos, num Beck. Porra, o cara é idolatrado lá fora, vamos pular nessa onda – aliais, sendo o Rio, devem usar uma expressão tipo essa, onda, surfe, bermuda, sol, etc. Assim, tecem elogios aos Mobys, Underworlds e trance de terceira. Para que ficar ouvindo as produções nacionais, rocks do século passado? Vamos limar tudo isso e nos posicionar na crista da onda mundial. Pena que já vi todos esses pogando no Circo Voador e sei que teriam capacidade de inserir o disco nos dias de hoje, mesmo sendo uma crítica negativa. Mas nem tentar eles tentam. Deve ser por isso que o caderno cultural do Globo tem mais fotos do que texto.

Chegam em casa, se olham no espelho e perguntam: espelho, espelho meu, existe algum jornalista mais atualizado do que eu? Se pudesse, o reflexo responderia que a novidade não elimina o passado. Que cultura jovem é acumulativa, se apóia no passado, olha para o futuro. Nem esperam a resposta, correm para o seu aparelho de som e colocam para tocar o novo CD que ganharam de graça de uma gravadora grande, enquanto procuram na internet como que foi recebido lá fora, para ver se deveriam gostar ou não.

Deixe pra lá! Só tenho a desejar boa sorte para eles, nunca serão um Hunter Thompson, mas se estão contentes sendo um xérox de carne e osso, que sejam felizes.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Contos Infantis

Tenho lido várias histórias infantis para a Ana ultimamente e alguma coisa nelas tem me incomodado. Nem todas têm uma lição de moral que, na primeira leitura, parecem ter.

Um exemplo disso é a lenda da corrida entre a lebre e a tartaruga. Rapidamente, o que se passa é que os dois bichos apostam uma corrida que, a primeira vista, é vitória certa da lebre. Acontece que a tartaruga tem um monte de irmãos parecidos que ficam posicionados estrategicamente no percurso e aparecem sempre à frente do coelho, que, ultimamente perde. Só que a tartaruga roubou!! Ela usou clones para estar na frente, enganando a lebre. Que lição horrível para nossos filhos! Praticamente estamos falando que é ok fazer de tudo para vencer. A lebre, coitada, se esforçou, honestamente, para ganhar. Além disso, vivia treinando e estando em forma. A tartaruga, por outro lado, era preguiçosa e sedentária, não merecia ganhar. Se fosse a vida real, estaria expulsa do time de atletismo por fraudar os resultados.

Outra história que me incomoda é a dos cabritos e o lobo. Resumindo, tem um lobo que mora num terreno, com grama cuidada e aparada, onde também tem uma fonte de água limpa. Os cabritos comem a grama e quando vão beber a água, o lobo aparece e quer comê-los. O cabrito pequeno implora para não ser devorado, justificando que é muito pequeno e que o irmão é maior. O lobo cai nessa e vai deixando todos passarem, até que o cabrito grande e forte mata o lobo. Primeiro, isso ensina que é legal entregar os irmãos. Ensina o denuncionismo. Outra coisa que acho sacanagem é que eles invadem o terreno do lobo, matam ele e se apoderam da terra. Uma ação das mais vis, típica de movimentos tipo MST.

E a história dos três porquinhos? Essa todos conhecem. Mas eu conto da forma como ela realmente aconteceu. Foi assim: os porcos não tinham onde morar, eram uns vagabundos e não trabalhavam. Então o primeiro, o mais pode-crer, maconheiro naturalista, invade a mata e constrói uma casa de palha, que ele puxou de umas árvores em extinção. O lobo, querendo o bem do meio-ambiente, não podia deixar aquilo permanecer e foi lá tirar satisfação, em nome dos outros animais que vivam naquela área de preservação. Foi mal recebido e teve que botar a construção abaixo. Então o porco saiu correndo e ser refugiou na casa do irmão, que tinha construído de madeira oriunda de um desmatamento ilegal. O lobo foi lá e fez justiça, mesmo sabendo que o madeireiros são protegidos do PT. Os dois irmãos tiveram que se acomodar na casa do mais velho, que era engenheiro e tinha construído uma mega-casa num condomínio irregular, em terras públicas. O lobo não teve opção, pegou um trator, botou a casa abaixo, obrigou o porco a pagar o IPTU atrasado e fez uma bela porção de bacon com os três porquinhos. É assim que conto para a Ana, acho mais educativo.

Acho que vou começar a ler outro tipo de coisa para ela, um conto mais lúdico e impossível, tipo o programa de governo do Lula.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Nova Semana Começa

Enquanto espero baixar o Freaks no emule, olho para o tempo londrino e penso na entrevista do Philippe na Bizz. O Freaks é para a Alice, que fez 14 anos semana passada. Ela viu uma cena do clássico de 1932 sobre uma comunidade de aberrações de um circo, no qual um pinhead falava: "we accept you, we accept you, as one of us" e se lembrou da música dos Ramones. Claro, esse filme era um favorito dos brodders. Então estamos baixando. Eu recomendo, assustador até para os padrões de hoje - sem mencionar que ele não usou efeitos especiais, as aberrações eram reais mesmo!

Voltando à entrevista, fico surpreso com a maturidade que o Philippe está demonstrando na divulgação do R ao Contrário. Acho que com a acalmada na banda, agora toda as energias sendo positivas, ele pode sair do casúlo e mostrar o verdadeiro Seabra, um cara muito inteligente, engraçado e, apesar de crítico, vê todos os lados. A lista de músicas para viagens na UOL mostra isso. Ele escolheu bem, falou bonito e deu o recado. A sua participação no Claro Que É Rock, programa do Frejah é outro exemplo. Escolheu bem a música e se saiu melhor ainda. Está no You Tube (o que não está?) para quem quer conferir.

Espero que esse tempo fique assim, adoro dias cinzas, ventosos e frios. Freaks!!!!