sexta-feira, junho 03, 2005

ANTITABAGISMO: PARTE 3

Razão 3: Pelo Fim das Muletas Emocionais.

Quando vemos um alejado na rua de muletas, um perneta utilizando um par de muletas para se locomover, sentimos pena e desejamos que ele, um dia, consiga se livrar delas. É assim que eu me sinto quando vejo um fumante. As muletas do viciado são os cigarros que ele fuma. E tem uma diferença entre os dois casos: o perneta quer se livrar de suas muletas, o fumante não.

Cigarros são muletas emocionais, servem para dar apoio aos fumantes quando esses se sentem ansiosos, tímidos, fora do lugar, entre outras emoções. Por isso que tanto adolescente fuma: são introduzidos ao cigarro numa época da vida quando o ser humano passa pelas maiores mudanças sentimentais. O problema é que se a gente não aprender a lidar com essas emoções, nunca vamos ser seres humanos completos, sempre vamos depender de algum apoio para disfarçar sentimentos com os quais nunca aprendemos a controlar.

O adolescente tem naturalmente um complexo de inferioridade. Dizem que o cigarro, a nicotina, o ajuda a disfarçar esse sentimento. Ele vai disfarçando, disfarçando, se apoiando no cigarro, e nunca se livra. Fica emocionalmente e, depois do uso constante, físicamente viciado. Não confio muito em fumantes por esse motivo, não gosto de pessoas que utilizam supefúgios para fugir das situações complexas.

É uma covardia o que fazem com os adolescentes quando se trata de cigarros. A indústria conseguiu camuflar esse ataque covarde por meio de filmes, comerciais, anúncios esportivos, bandas, músicas, etc. E todos caem como trouxas.

quinta-feira, junho 02, 2005

ANTITABAGISMO - PARTE 2

Razão Nº 2: A Hipocrisia da Elite Dominante.

O mundo civilizado – como gostam de ser chamados os aliados americanos, incluindo a Europa e o Brasil – estão numa cruzada contra as drogas, certo? Bem, vamos analisar um pouco essa dita guerra, que já consumiu tantos bilhões de dólares e vidas.

Ano passado, 500 pessoas morreram por dia nos EUA, a razão direta sendo o álcool. Mil pessoas morreram por dia por causa direta do cigarro. A cocaína destruiu cinco vidas por dia e a maconha nenhuma. Se fosse séria essa bravata contra as drogas, analisando friamente os dados, contra quais substâncias tóxicas vocês acham que um governo sensato dirigiria suas políticas públicas?

A única razão da lei seca ser suspensa nos EUA, na década de 1930, foi porque a queda da bolsa de valores deixou o governo tão liso, com tanta necessidade de fundos extras, que foi obrigado a legalizar a bebida e, assim ter algo novo para taxar.

Não vejo helicópteros do Exército jogando veneno em cima das plantações de tabaco da Souza Cruz. Mas fazem em cima de plantações artesanais de maconha. Não vejo milhares de soldados mercenários contratados pelo George Bush invadir o Kentucky, maior plantador de tabaco do mundo, prendendo e matando agricultores inocentes e destruindo casas, igrejas e prédios públicos, como fazem na Colômbia e Bolívia.

Quando invadem um país, os Marines dão cigarros à população, que precisa de comida, água, medicamentos e condições de vida normal. Precisam de tudo menos ficar viciados em cigarros! Mas faz parte da política americana de defender a sua principal indústria. Veja os filmes de Hollywood, propagam mundialmente o quão chique é fumar. Também pudera, fazem parte de conglomerados econômicos que também fabricam cigarros.

Hoje combatemos aquelas drogas que não gostamos, e damos status às que usamos. Cigarro é o carro-chefe dos hipócritas. Quem fuma, faz parte do sistema, não da contra-revolução. Não é chique, não é moderno. É um garoto de recados.

ANTITABAGISMO - PARTE 1

Introdução ao Tema

Sou uma pessoa relativamente bem tolerante, se comparado com o homem comum. Não tenho objeções quanto ao estilo de vida que outros escolheram, nem hábitos que não combinem com os meus. No entanto, tem uma coisa que realmente piso firme e finco minha bandeira: sou um anti-tabagista confesso. Na verdade, anti-cigarrista, contra o cigarro. Aprecio um bom charuto, mas a diferença entre os dois é imensa e não vou me alongar aqui sobre esse tema.

Gostaria somente de esclarecer que o motivo pelo qual bracejo contra o cigarro não tem nada a ver com saúde. Porra, quem quiser fumar até morrer – que é o fim de todos os fumantes – que fique à vontade. Pessoas fazem outras coisas bem piores com a saúde delas e dos outros que não me oponho. Minhas razões são bem mais profundas, sérias e realistas. Durante os próximos textos deste blog, gostaria de expô-las e, possivelmente, abrir para o debate.

Razão Nº 1: O Imperialismo Americano e a Indústria de Tabaco.

Quando chegaram nas Américas, em 1492, os espanhóis ficaram admirados em descobrir que os nativos fumavam. Eles nunca tinham visto nada desse tipo antes. Curiosos, chegaram até o tabaco. Acontece que a planta era considerada sagrada pelos índios, que não tinham o hábito de fumar diariamente por prazer, mas, sim, somente durante rituais. Outra diferença, o tabaco era uma espécie mais crua, mais áspera. Nas cerimônias religiosas, eles não inalavam a fumaça, somente tragavam e deixavam-na sair pela boca e nariz. Acreditavam que, assim, a fumaça levaria suas rezas e preces aos deuses.

Os primeiros colonos dos Estados Unidos viram o grande potencial do tabaco. Conseguiram desenvolver uma espécie mais maleável, mais potente, e facilmente transformada em cigarros. Foi a primeira industria americana que deu lucro aos norte-americanos, origem do que se tornou uma indústria megabilionária, que move desde de barões da agricultura, empresários de Wall Street e os políticos de Washington. A fumaça do novo tabaco era facilmente inalado,atingindo rapidamente o cérebro, criando dependência automática à nicotina.

Cigarros são o perfeito artigo capitalista. Vicia rapidamente, é socialmente aceito, facilmente distribuído e custa relativamente pouco, se considerado isoladamente um a um. O capitalismo americano cresceu com a indústria de cigarros, se expandiu pelo mundo e, junto com a indústria petrolífera, é defendida com unhas e dentes (e bombas, tiros, corrupção, assassinatos, etc.) pelo governo ianque. Por isso fico admirado quando vejo esses anti-americanos gritando palavras de ordem em fóruns sociais segurando um cigarro na mão. São fantoches e nem sabem, já estão capturados.

Durante a colonização da China, a Inglaterra distribuiu e viciou grande parte da população em ópio. Com isso, conseguiram durante anos dominar aquele país, coisa fácil com uma população viciada. Hoje em dia, isso também está acontecendo na Ásia, mas com o cigarro. As importações da Phillip Morris para a Ásia cresceram 86% ano passado. A maioria dos novos fumantes são crianças, mulheres e adolescentes. Como o tabaco está sendo combatido no mundo ocidental, eles viciam, igual os Ingleses no século 19, os asiáticos, viciando-os, tornando-os consumidores cativos durante as próximas décadas. O lucro está garantido.

quarta-feira, junho 01, 2005

Que Pentelho!

Gérson estava se ensaboando quando viu o delito. Seu coração parece que parou instantaneamente no peito, voltando a funcionar, microssegundos depois, numa velocidade ímpar. A percepção do pentelho ruivo no sabonete o deixou um pouco tonto. A realização de que a cor daquele fio de cabelo era a mesma que o seu amigo Jorjão ostentava na sua cabeleira o deixou furioso. O flagrante só podia significar uma coisa: sua mulher o estava traindo – e justamente com o Jorgão!

Saiu puto do banho, batendo com força a porta do box. Que piranha, que vagabunda! Queria matá-la no momento em que a Marilda passou por ele no corredor, dirigindo-se ao banheiro. Vou tomar um banho para ficar bem cheirosa para meu amor, diz ela. Gérson não consegue reagir, os níveis de adrenalina e endorfina no seu sistema nervoso o deixaram paralisado de raiva. Melhor ir tomar um café na cozinha e esperar a putona sair do banheiro antes de acabar com tudo, pensa ele.

Gérson está sentado na mesinha da copa, copo de café na mão, planejando sua separação. Passa a mão na cabeça, tentando acalmar os chifres. De repente ouve um grito. Segundos depois aparece a Marilda, ensopada, embrulhada numa toalha lilás, bufando. Ela estica a mão na sua direção, quase esfregando o sabonete que segura acusadoramente em sua face.

O que significa isso, Gérson? De quem é esse pentelho?

Ele mal pode acreditar no cinismo da criatura. É do seu amante Jorjão, sua puta!

O quê?!?! Que cara-de-pau! Esse pentelho é da Joana, a empregada! Mesma cor dos cabelos. Logo com a empregada, Gérson?!!? Vou levar tudo, viu? Tudo! E sai chorando.

Duas semanas depois, estão separados, ela ficou com o apartamento, ele se mudou para um apart-hotel. Cada um ressentido com o outro. Como pode ter feito isso comigo? É o que ambos perguntam.

Meses antes, na fábrica de cosméticos do Boticário, Ximenes observa a produção de sabonetes na linha de montagem. O controle de qualidade é de sua responsabilidade. Para não contaminar o produto, está vestido como um funcionário de usina nuclear: roupão de borracha, luvas e botas de látex, e o cabelo preso numa espécie de toca. Mas algo o está incomodando, está com coceira no saco. Só pode ser daquela neguinha com a qual dormi depois do forró, pensa ele. Aproveitando que ninguém está olhando, abre o zipper do macacão, enfia a mão e dá uma coçada. Que alívio! Só que um pentelho despercebidamente flutua pelo ar e cai num sabonete recém saído do forno.

Vamos logo, ô Pomarola! É seu amigo José o chamando, avisando que o turno da tarde chegou ao fim. Ximenes, mais conhecido como Pomarola, por causa dos cabelos ruivos, desliga a máquina da linha de montagem e parte para o vestiário.

Todos sabemos onde foi parar o sabonete premiado.

segunda-feira, maio 30, 2005