quinta-feira, fevereiro 24, 2005

AMANHÃ ME CASO!

Amanhã me caso. Com a pessoa que venho dividindo o teto a mais de cinco anos. Com alguém que entende exatamente o que eu estou pensando sem eu ter que falar uma só palavra. Com a mãe da Ana, que ainda não nasceu, mas dá chutes e socos sem parar. Ela está é comemorando! Mais do que uma mera burocratização de nossa união, é um passo a mais para cristalizar nossa cumplicidade. Nick Cave pergunta:

As you've been moving surely toward me/My soul has comforted and assured me/That in time my heart it will reward me/And that all will be revealed/So I've sat and I've watched an ice-age thaw/Are you the one that I've been waiting for?

Com certeza, Rosinha, you are the one. A espera chega ao fim.

LÁGRIMAS PARA HUNTER S. THOMPSON

Só uma notinha lamentando a morte do grande escritor Hunter S. Thompson, que meteu uma bala na cabeça no início dessa semana. Drogas, violência, sarcasmo, política, álcool, esportes e, ainda por cima, tudo verdadeiro, nada ficção? Esse é o mundo do Hunter. Brilhante escritor, pai do jornalismo "gonzo". A Editora Conrad lançou dois livros do mestre em português: Hell's Angels (história verdadeira do início dos anos 1970 quando o Hunter se infiltrou na gangue, tomando todas, inclusive porrada) e A Grande Caçada aos Tubarões. Tá com preguiça de ler, tire o DVD Medo e Delíro em Las Vegas (Fear and Loathing in Las Vegas) dirigida pelo ex-Monthy Python Terry Gillam, estrelando Johnny Depp e Benício del Touro. Um minuto de silêncio e algumas lágrimas, em respeito.

BURNING DOWN THE HOUSE!

A manchete do Estadão me animou: Incêndio em Montanha de Esterco. Imaginei logo o Congresso Nacional pegando fogo, os deputados e demais barnabés presos lá dentro, achando que a imunidade parlamentar os salvaria das chamas. Que nada! Lendo a notícia, descobri que trata-se de uma montanha de esterco de vacas nos EUA que está queimando a quatro meses.

Para o nosso azar, o esterco produzido pelos nossos congressistas não entra em auto-combustão. Se entrasse, a fogueira iria durar muito mais. Aliais, eles fazem a merda e quem se queima somos nós. Que empregão esse, heim? Onde se pode aumentar o próprio salário quando bem quiser, negociar o futuro e vida do seu povo em troca de votos, ter regalias e ainda estar protegido da lei! Até Adão deixaria o paraíso para trabalhar num lugar assim.

Aqui em Brasília tem uma propaganda do Congresso Nacional convidando pessoas a visitarem a Instituição. Nos outdoors está escrito: “Entre, a casa é sua.” Pode ser, afinal, nós é que pagamos por aquilo, pelos salários, pelas regalias, pelas férias de noventa dias, pelos barnabés que lá parasitam. A casa é nossa, mas fomos despejados a muito tempo. Até para entrar, ir visitar, temos que nos vestir bem. Meninas, querem ir de mini-saia? Não pode. O parlamentar é sem-vergonha, mas só fora do seu local de trabalho. Garotos, querem ir de bermuda? Vão ser barrados. Lá dentro, vamos manter o respeito, por favor. Nada de pernas de fora. E deixe seu voto na porta que eles vão precisar nas próximas eleições.

A casa é nossa? Como diria os Talking Heads: Burning Down the House!

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

O BRASILEIRO É LIMPO?

De acordo com vários estudos de antropólogos e sociólogos, sim, o povo brasileiro tem uma higiene corporal muito apurada. Basta comparar o hábito de nossos trabalhadores de obras com os seus equivalentes anglo-saxão. O peão brasileiro, terminando o expediente, antes de voltar para casa, toma um banho. Todo fazem isso, sem exceção. O gringo não, termina o trabalho, entra no seu ônibus/carro/metrô e vai para casa daquele jeito mesmo, sujo e fedido. Me lembro de quando estudava na Inglaterra, no segundo grau, terminava educação física e ninguém tomava banho. Simplesmente botavam o uniforme e iam assistir aula, suados. O futum não incomoda, acho.

Mas por outro lado, o brasileiro é um porco quando se trata de higiene pública. Joga lixo na rua, taca papel e lata pela janela do carro. Limpa seu lote e joga o entulho no do vizinho. Ao contrário do europeu, que tem cuidado redobrado em não sujar seu habitat. Vejam um favela, no pé do morro, pilhas de lixo. Vejam os gramados públicos, toquinhos de cigarros, copos de plásticos e papel pontilhando o verde.

Porquê isso? Imagino que seja nossa falta de interesse coletivo, a incapacidade do brasileiro de viver em comunidade, de pensar no todo. Sim, nos limpamos, mas isso é um gesto egoísta, só pensando na gente. Somos individualistas. Nossa casa está bem cuidada, que se foda a vizinhança! Falta pensar no bem geral, no global. A causa: educação precária, catolicismo fortemente embutido (a mais individualista das religiões), exemplos de políticos ao longo de toda nossa história que governam de acordo com seus interesses privados, entre várias outras.

Dêem um passeio pelo Lago Norte, aqui em Brasília. Os moradores cuidam de seus jardins, mantêm as casa pintadas e o telhado reformado. Daí, cercam o terreno com uma cerca horrorosa de zinco e se isolam da comunidade. Pelo lado de fora, um labirinto metálico que lembra Auswitch; dentro de cada lote, um lugarzinho exemplarmente cuidado. O pensamento é: o quê é meu eu cuido, o quê é de todos, eu ignoro.

Por favor, não se empolguem, continuem tomando banho, mas pensando no seu vizinho. Melhor, convide-o para um banho coletivo, e destruam os muros que te separam.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

TUDO QUE VOCÊ SEMPRE QUIS SABER SOBRE O NOVO CD DA PLEBE RUDE MAS TEVE MEDO DE PERGUNTAR.

Acho importante passar a limpo, colocar as cartas na mesa, nivelar a informação sobre o novo disco da Plebe Rude. Como todos sabem, a gente voltou com um disco ao vivo, no ano 2000, chamado Enquanto a Trégua Não Vem. A idéia foi boa, a execução ruim. Depois de dez anos de cada um cuidando de sua vida, ensaiamos por duas horas, fizemos um show no Porão do Rock, em Brasília, voamos para o Rio, ensaiamos três semanas, gravamos o disco e caímos na estrada. Não houve tempo para discutir as ansiedades de cada um, os objetivos, lavar roupa suja e fazer a conciliação com o passado. Ou seja, as mágoas cresceram, os desafetos também. Resultado: o clima piorou e o projeto desandou.

À época, no entanto, ainda não tínhamos desistido. Compusemos, não sei como, algumas músicas novas, que, junto com outras que o Philippe tinha na bagagem de Daybreak Gentlemen (sua banda solo) fariam o grosso do CD. Tudo pronto para gravar no estúdio do Philippe em Brasília, onde já encontrávamos eu e ele. Gutje e Jander de passagens em mão e viriam numa sexta-feira, isso foi em 2002, se me recordo corretamente. Horas antes de entrar para gravar, Gutje liga: vai atrasar, está em algum lugar do Nordeste andando de wind-surf. Detalhe: nosso tempo era exíguo. Essa foi a gota d’água! O caldeirão de emoções entornou, ninguém mais quis participar do processo. Novo fim para a Plebe.

Mas, assim como a árvore cortada pelos madeireiros gananciosos renasce, ainda demos uns shows, sem o Gutje, somente o Philippe, Jander e eu, sempre com um baterista convidado. Desses, o quê mais se destacou foi o Txotxa. Philippe, aproveitando que mora dentro de um estúdio, resolve pegar as músicas e gravar um disco solo, com Iuri na bateria. E faz!

Um dia, ele me chama para ouvir. Está muito bom, ele tocando tudo menos bateria. Algumas interpretações estão um pouco fracas, mas, no geral está bom. Philippe me convida para botar o nome da Plebe Rude no disco. Eu recuso, ainda estou traumatizado da última volta. Mais shows, mais oportunidades de ensaio, mais entrosamento. A semente foi plantada, volto atrás: "Sim, Philippe, vamos chamar o Jander e ir em frente." Fazemos até outra música, que fica sensacional. Decepção: Jander não topa, tá fora. O quê fazer? Como substituir o insubstituível? Chamar o Clemente, velho colega de guerra.

E assim estamos. Regravando o quê tem que ser regravado. Gravando as novas e, talvez, até um Voto em Branco, primeira música nossa, de 1981, com eu nos vocais e o Fê do Capital Inicial na batera, como um brinde aos fãs antigos. E está ficando muito bom. Está ficando ótimo! Assim que estiver pronto, vamos levar às gravadoras. Espero que esteja em suas mãos até junho.

Explicado? Então não façam mais perguntas, ok?

Notícias do Front - Clemente de Férias em Brasília

Desastre total! Aqueles maconheiros fantasiados de cientistas que apresentam no Discovery o programa Mith Busters (Caçadores de Mitos) deveriam fazer uma matéria sobre o computador Macintosh. Mito: o Mac nunca dá pau. Realidade: o Mac do Philippe, coração do seu estúdio, Daybreak Gentlemen, entupiu as coronárias e deu um pití. Justo no fim-de-semana que o Clemente veio de SP para gravar a sua participação. Ou seja, nesse último fim-de, não foi feito nada.

Nada, não! Serviu para o Philippe e o Clemente passarem a limpo as músicas, determinar quem vai cantar o quê e acertar as guitarras. Rendeu um semi-ensaio, no sábado. Mas, em termos gerais, foi uma decepção.

A boa notícia é que já está tudo consertado e o Philippe começa a colocar as vozes e guitarras esta semana. Outra: esse incidente não deve atrasar o prazo de terminar tudo em março. Oremos ao Santo Steve Jobs.