quinta-feira, maio 04, 2006

Os Quatro Mosquiteiros


O diabo não é mais inteligente, é mais velho. Com a idade avançada, olhamos para os acontecimentos sob uma perspectiva menos emocional, mais racional. Com a experiência, sabemos que soluções radicais sempre prejudicam alguns que, mais cedo ou mais tarde, irão demandar reparos – talvez utilizando meios mais radicais ainda. Como o Philippe tão inteligentemente colocou na entrevista dada pela Plebe após o Porão do Rock 2005, hoje sabemos que o mundo não é preto, nem branco, é cinza. Sabemos que o imediatismo leva á soluções precárias. Principalmente sabemos que a negociação pode ser difícil, parecer impossível, mas sem ela, não haverá um mundo decente.

Vejo a foto, acima, e fico com medo de encontrar esse bando numa rua escura, à noite. De diabo do ditado popular não têm nada – nem inteligência, nem experiência – a não ser a ambição que deve ser resolvida a curto prazo. Custe o que custar. Vejamos o caso da Bolívia. Veja o que a Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa escreveu em sua coluna, que concordo inteiramente:

“O governo brasileiro, embalado pelo sonho distante de liderar a América Latina, afastando-se o mais possível do imperialismo americano, caiu nas artimanhas do crescente imperialismo venezuelano. Hugo Chávez dá as cartas e isso ficou extremamente nítido nesse último fim de semana, véspera do Primeiro de Maio em que Evo Morales resolveu cumprir aquilo que prometera ao seu eleitorado. No dia 1º de maio não ‘nacionalizou’ o que sempre foi boliviano, os recursos minerais. O que fez foi expropriar bens brasileiros e ocupar instalações da Petrobras com seu exército.

A Bolívia, para usar uma metáfora que não é futebolística, mas que estaria ao alcance do presidente-candidato, se ele porventura viesse a ler este texto, saiu do colo da mamãe e caiu nos braços de uma amante instável, mais velha e muito ambiciosa. Será que o povo boliviano, além de poder gritar a plenos pulmões: “É tudo nosso!”, vai poder usufruir de suas riquezas, com mais escolas, hospitais, estradas, saneamento básico e tudo o mais que torna um país civilizado?”


Nada mais fácil do que carimbar o bem de outros com o nosso nome. E o Chaves, espertalhão, já mandou técnicos da estatal venezuelana para substituir os técnicos da Petrobrás (não há técnicos bolivianos capazes de operar os bens desapropriados da empresa brasileira). Valeu, Morales, agora não é mais dependente dos brasileiros, mas sim dos venezuelanos – qual a diferença? É dependente do mesmo jeito.

Será que nunca passou pela cabeça dele uma negociação do tipo: ok, Petrobrás, vocês ficam aqui, mas treinam meus técnicos, que deverão fazer parte chave (não Chaves) da sua equipe? Algo que a longo prazo traga benefício para os dois lados? Mas para que negociar? Não cria alarde, não dá manchetes e, por isso mesmo, não dá votos. Acontece que quando o Morales terminar seu mandato, viajará o mundo cobrando caríssimo por palestras em universidades européias e americanas. Em dólares, claro. Enquanto o povo boliviano continuará sem escolas, saúde e pobre.

Olha o aviãozinho.....


Do jeito que a informação voa pela rede virtual, tenho certeza que todos já viram a charge, acima. Mas decidi publicar aqui, mesmo arriscando ser uma “piada datada” para frisar o descontentamento com políticos da laia do Garotinho.

A gota d’água que fez com que sua candidatura fosse inviabilizada foi a descoberta do repasse de dinheiro público a ONGs criadas por empresas que doaram dinheiro a campanha do pequeno Garoto. De acordo com a lei, não é necessário fazer licitação quando ONGs estão envolvidas. Como o carioca é criativo, heim? Criaram ONGs só para receber grana do governo fluminense (e tenho certeza que não é exclusivo do Rio esse golpe).

O que me impressiona é a quantidade de dinheiro repassado, mais de 300 milhões de reais. Imagine o impacto disso na rede educacional do estado. Ou na saúde? Eu sou totalmente favorável a acusar corruptos de assassinato em massa. Bastaria provar que o dinheiro desviado causou danos à população, resultando em morte de crianças. Indo mais longe, poder-se-ia traçar uma linha de causa-consequência mostrando que a falta de educação pública levou a população a ter subempregos, que pagam mal, que obrigam o trabalhador a morar em condições subumanas que geram mortes. Roubou dos cofres públicos? Crime hediondo! Paredão!

O Garotinho se meteu numa sinuca de bico. A saída mais honrosa seria morrer de desnutrição. Qualquer outra, ele vai sair humilhado. E ninguém leva a sério essa greve de fome. Sentir fome no aconchego de um prédio de luxo é moleza! Quero o ver fazer essa greve na caatinga. Feche a boca, Garotinho, o Brasil tem a ganhar.

quarta-feira, maio 03, 2006

Giratock ou Woodraffa?

O Giraffestival que acontecerá no próximo dia 6 de maio (sábado, agora!) será uma homenagem e tanta ao rock de Brasília. Acho que é a primeira vez que músicos da tchurma se reúnem depois de estourar nacionalmente. Paralamas – os responsáveis pela contratação da Legião e da Plebe Rude – são os “padrinhos” da turma. Capital e Plebe, bandas irmãs, naquilo que diferem e naquilo que são iguais. E o Dado representando a Legião. Grande sacada! Vai ser interessante a química dessa junção de egos, amizades e camaradagem.

Parece que estão estimando 60 mil pessoas – ou mais, pois são 80 mil ingressos à disposição. Para pagar, basta levar um quilo de alimento não perecível ao Giraffas. O Clemente está chegando amanhã, quando os ensaios serão intensificados. Adrenalina já corre na veia, véio!

terça-feira, maio 02, 2006

X in Sampa

Passei esse último fim-de-semana em São Paulo, passeando com a Rosa. No sábado à noite, fomos assistir o Echo & the Bunnymen no Credicard Hall. É a quarta vez que vejo os coelhinhos de Liverpool – e uma das melhores! O Echo faz uma coisa que é muito Plebe (ou será que é vice-versa?) de dar ênfase à cozinha. O baixo e a bateria ganham importância fundamental na construção das músicas. As guitarras “respiram” bastante, deixando lacunas para os outros instrumentos aparecerem. É uma técnica muito usada pelo Philippe, que admiro muito. Como baixista e, também, como apreciador de música.

Pontos altos do show: tocarem músicas antigas “não-hits”, como The Disease; qualidade do som; a guitarra do Will Sergeant; a luz, simples, bonita e eficaz.

Pontos baixos do show: o McCullock exigindo mais animação do público. Porra meu, vocês tocam música melódica, tingida por traços depressivos, levando o ouvinte à introspecção. Não é axé não, ninguém tem que ficar pulando e gritando com seu som, mas sim meditando e curtindo.

Evento ridículo: um baixinho do meu lado, querendo mostrar empolgação e seu conhecimento de inglês, só que gritava tudo errado. Querendo xingar o Ian, ao invés do “fuck you” mandava o “fuck me”! Isso no intervalo de todas as músicas! Querendo que voltassem depois do bis, ao invés do “come back” gritou “go back”, que é exatamente o contrário. Intencionava gritar "mais um" e soltou o "again". Se o Echo fosse atender, teria que tocar a mesma música novamente. Teve um monte de pérolas desse tipo saindo de sua boca. Que falta um bom skinhead não faz numa hora dessas!