quarta-feira, abril 01, 2009

Étnica ou Ética?


Gostei muito da discussão sobre nosso sistema penitenciário. Debate de alto nível, com sugestões que fariam orgulho de qualquer congressista sério (existe?). Então lanço outro tema, que tirei de uma manchete do Estadão: a atual crise é étnica ou ética?

Pelos recentes comentários de nosso líder de Estado, Lula, não está muito claro. Primeiro, ele vem e diz que crise que nos atinge foi causada por “gente branca, de olhos azuis”. Os japoneses, árabes e negros que estão nas instituições financeiras respiram aliviados, apontando os dedos acusadores para os branquelos culpados de tudo. Muito superficial e até racista esse comentário.

Hoje sabemos que a culpa foi pura ganância, não só do mercado, mas também dos governos que mamavam nos impostos recolhidos de operações com alto grau de risco para o sistema. Porém, nenhum governo, nem o nosso, teve a coragem de secar a fonte e trazer solidez e confiança. Ninguém queria matar a galinha dos ovos de ouro e agora ficam caçando culpados.

Outra declaração do Presidente, que também envolve raça é a de que a parceria EUA/Brasil não tem como dar errado pois trata-se de um negro com um operário. Puxa, agora me sinto mais seguro, espero que o G-20 perceba isso e troque todos seus dirigentes por afro descendentes e trabalhadores vindo direto do chão de fábrica!

O que o Inácio não pescou é que o Obama tem doutorado, é escolado, filho de pobres, mas que lutaram para ter uma ascensão por meio da educação. Sim, o mais impressionante dele é que não só é o primeiro presidente estadunidense negro, como o primeiro que tem mãe e pai doutores. Também tiro o chapéu para Lula, que não é um mero operário, mas uma pessoa que passou décadas sendo forjada para chefiar a nação, que tem um enorme poder de conciliação e sabe usar sua carisma. O problema dele é tentar simplificar as coisas, jogando com a ignorância e intolerância do povão.

Finalizando, fico com vergonha quando o Lula diz que vai ao G-20 mas se sente um peixe fora da água. Não quero que meu governante, aquele eleito para ser meu representante entre num fórum tão importante se sentindo um mané, um outsider, um Forest Gump. Ou ele vai e põe o pau na mesa e exige respeito, ou põe o rabo entre as pernas e nem vai!

Foi aberto o espaço debativo!

terça-feira, março 31, 2009

Mais Abobrinhas de Março.


Sex is in the air! Calvin adolescente? O Tigre com ciúmes? Há há há ...... adoro essas versões sacanas dos quadrinhos originais. Antigamente, lá nos 80s, havia uma revista independente de quadrinhos chamada Animal (cliquem aqui para ver a galeria das capas). Naquela época, não canso de explicar, não havia internet e, para piorar o fluxo de informação underground, havia censura e reserva de mercado. Difícil demais para fãs de bandas desenhadas terem acesso ao que melhor estava sendo editado no mundo. A revista Animal, enquanto durou, saciava nossa sede todo mês com as edições normais e, ainda, esporadicamente, com as edições especiais.

O que sexo tem haver com isso? As histórias, especialmente as de origem européias, eram eroticamente perfeitas. Não iam ao pornô, não deixavam o sexo obstruir a história, mas dosavam direitinho para manter meus níveis de testosterona pós-adolescência em alta. E tinha uma tirinha – parecida com essa do Calvin – que mostrava a turma da Mônica entrando da puberdade, explorando os desejos que floriam. Obviamente não durou muito, foram censurados, carimbados e processados. (Obs.: se alguém tiver esses desenhos digitalizados, mande para mim!)


Todos sabem que está chegando às telonas um novo filme da franquia Jornada nas Estrelas, né? Quando assistia Star Trek ou Perdidos no Espaço, nunca entendi porque as raças intergalácticas só cruzavam entre si. Imagine a ampliação do teu horizonte sexual quando você está aberto a experiências com outras raças! Agora, esse filme acerta esse erro comportamental, com o Capitão Kirk transando com uma marciana muito sexy, essa da foto acima.

Ainda no assunto de quadrinhos, uma coleção que eu ando atrás faz anos – e agora chamo a ajuda de meus amigos internáuticos – é da revista Gibi, editada pela Rio Gráfica e Editora (hoje Globo) em 1974. Tinha formato grande e era recheada de maravilhosas histórias e desenhos. Lembro quando chegou ao fim, não foi nem preciso ler a capa, bastava ver o desenho. Bernardo, meu irmão, e eu estávamos em Curitiba, de férias, e não acreditamos o que estávamos vendo. Foi o ponto baixo das férias. Foram publicadas 40 edições antes do seu cancelamento. Recompenso bem quem me levar ao vendedor desses fascículos!

segunda-feira, março 30, 2009

Xilindró!

Brasil é um país surreal. Quando se trata de justiça, então estamos no liminar da imaginação do Salvador Dalí. Concordo que deva haver punição aos que cometam crimes, não importa origem, profissão, cor ou status social. No entanto, estando atrás das grades, o meliante deve ter seus direitos preservados, afinal, o ato de punir é do Estado, não dos presos.
Dois fatos noticiados na semana passada demonstram bem o que quero dizer. O Marcos Valério, único até o momento condenado pelo suposto esquema do “mensalão”, passou 98 dias na Penitenciária de Tremembé, em São Paulo. Apesar de estar recluso em cela própria, essa foi aberta por detentos que espancaram e agrediram o careca, que perdeu dentes e apresenta vária cicatrizes pelo corpo.
Ontem, o Fantástico mostrou um vídeo contendo um assassinato de um preso por seus companheiros na Penitenciária de Segurança Máxima Presidente Venceslau, interior de São Paulo. O Brasil não tem pena de morte, mas essa existe justamente em estabelecimentos estatais destinados a reformar os detentos.
Muitos vão dizer: bem feito, tem que apanhar mesmo, delinqüente tem que morrer! Pode até ser, mas quem tem que fazer isso é o sistema e não bandos organizados fora do sistema. Já que o Estado é incapaz de protegê-lo, o Marcos Valério recorre ao PCC, tem algo mais absurdo? Cadê aqueles no governo, que aproveitaram do esquema que ele montou, para proteger seu cúmplice? Nada.
Até acho que em alguns casos de crimes hediondos podemos discutir a pena de morte. Nem a velinha de Taubaté acredita que prisões podem reformar alguém, devolver à sociedade um cidadão. Nosso sistema penitenciário é um crime e ninguém faz nada.
Que tal prisões especiais para crimes contábeis e políticos? Que tal mais educação aos menos favorecidos para não serem aliciados pelo crime? Que tal dar opções de vida aos à margem da sociedade para evitar a bandidagem? Que tal o Estado começar a agir como Estado?
Querem prender a dona da Daslu. Legal, sonegou, prisão. Mas onde que vão botar essa mulher? Será que ela já está negociando proteção com o PCC?