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Um presentinho visual para o fim de semana: fotos da Plebe e do Capital na inauguração do Radicaos, em 1984. Fotos tiradas pelo insubstituível Ric Novaes.
Em 1984, a tchurma já era um fato cultural e antropológico em Brasília. As bandas estavam a pleno vapor, sendo o núcleo desse grupo. Fazíamos nossas próprias camisetas e roupas, cartazes e até instrumentos, no caso do Geruza. Trocávamos idéias de filmes e livros, tendo como cenário a capital federal e como trilha sonora o punk e o pós-punk.
Naquela época, tudo era novidade, as informações não vinham fáceis, mas éramos brindados por ter entre nós vários filhos de diplomatas e professores universitários que vinham de fora cheio de coisas novas. Eis que bandas que nunca nem estouraram em seus próprios países tinham hits nas festas da tchurma, como grupos da África do Sul e Iugoslávia, assim como bandas bem independente inglesas como Spizz Energi.
Éramos tachados de punks, o que causou muita confusão quando fomos para São Paulo, forçando os punks de lá a quererem competir conosco sobre quem eram os primeiros. Nunca entramos nessa, pois o que Brasília tinha era único e singular. Nos chamavam de punks por absoluta falta de outro adjetivo. Na verdade éramos a tchurma (expressão cunhada pelo Renato Russo).
E o Radicaos foi feito por gente da tchurma, para a tchurma. Lá, a gente ouvia o que gostávamos, ninguém se importava como a gente se vestia, não tinha treta, estávamos em nosso ambiente. Pena que durou tão pouco – talvez tenha a ver com o fato dos donos preferirem se divertir com os clientes (nós) ao invés de gerir o lugar, há há há.