sexta-feira, março 10, 2006

Set List Ideal para Plebeu Xiita

Aproveitando um post do texto anterior, qual seria o set list ideal para o fã hardcore da Plebe? Tudo bem, sabemos que o fã, digamos, ocasional quer ouvir os hits, Até Quando, A Ida, Proteção, etc. Mas o que aquele plebeuzão, aquele que conhece os discos de ponta a ponta gostaria de ouvir num show? Como seria esse set list? Vale até escolher os hits, mas tenho certeza que os plebeus-roxos querem ouvir músicas mais obscuras. Regras: um set list de dez músicas, com duas de bis. Vamos ver qual vai ser o resultado.

Já que eu sou um fã especial da Plebe, vou sugerir o meu set-list:

1. R ao Contrário
2. Sem Lei Sem Deus
3. Nova Era Tecno
4. Consumo
5. Proteção-funk
6. Medo
7. Códigos
8. Aurora
9. Luzes
10. Johnny vai à Guerra

Bis:
1. Nunca Fomos
2. Até Quando

O Resultado será compilado e incluído no post da próxima quarta-feira, dia 15.

quinta-feira, março 09, 2006

Ignorem as manchetes!


Bom, a Câmara livrou o Professor Luizinho e o Roberto Brant da cassação. Em fim, vai livrar todos, pois todos estão com o rabo preso. E promulgaram o fim da verticalização, mesmo com o TSE se pronunciando contra. O Congresso acha que pode fazer o que quer. Ano de eleição, ano de vale tudo. Ronaldo, o Fenômeno, disse que Pelé é conhecido pelas besteiras que diz. Ah, bom, pensei que era pelo futebol que jogava! Lula pergunta de onde vem a gripe aviária. Respondem que é da Asia. O presidente responde: pô, justo a parte que mais gosto da galinha!

Tanta coisa para nos deixar deprimido, que achei melhor estreiar os videos-x com um besteirol: o agente 013, Chico Love. Rir ajuda a amenizar a agonia. Todos sabem que sou fã do James Bond, 007. Essa paródia está ótima.

terça-feira, março 07, 2006

O Jabá Nosso de Cada Dia.


Imaginem o seguinte cenário: gerentes de supermercados fazem uma reunião na qual decidem que somente venderão pão daquelas fábricas que pagarem uma certa quantia para que sua marca seja comercializada nas redes. Para tornar vantajoso o pagamento, os supermercados limitarão o estoque de pão a duas marcas – justamente aquelas que pagarem a tarifa imposta. Você vai ao supermercado e quer comprar pão integral marca Raiz, por exemplo. Não tem, pois quem fabrica Raiz não quis pagar a tarifa. Mas tem pão branco Pullman e Pullmenos. Pô, mas você queria integral e da Raiz! Tem que levar Pullman ou Pullmenos. Vai para outro supermercado, só tem essas duas marcas. Isso se repete em todos os supermercados de sua cidade, do seu estado, do país inteiro! As fábricas que entraram no esquema agora não se preocupam com a qualidade de seus produtos, pois o mercado é praticamente só deles. O consumidor sai perdendo, comendo pão ruim e caro.

Jabá é isso. Limita a opção do consumidor, que no caso das rádios é o ouvinte. Um leitor do blog escreveu: já reparou que quando você muda de estação está tocando a mesma música noutra estação? Estatisticamente, isso é muito fácil de acontecer, tendo em vista que as playlists das rádios, a lista das músicas que podem tocar, é de aproximadamente vinte. Ou seja, num mesmo dia, ficam rodando as mesmas vinte músicas em todas as rádios comerciais.

Rádio, no mundo todo, é concessão governamental. Só que aqui no Brasil é usado como premiação para políticos. Reparem que sempre por trás de uma estação de rádio, tem um político. Rádio também é cultura. Com o esquema do jabá rolando, que limita a opção e variedade musical transmitida, o papel cultural não está sendo representado. O que o ministro Gil está fazendo sobre isso? Nada! Não chega a ser estranho, quando se descobre que ele foi um dos beneficiados pelo filtro jabazento que ocorreu nos anos 80s. Vejam o que revela o André Midani, que deixou a indústria fonográfica há cerca de três anos e em 2003 denunciou publicamente os mecanismos do jabá, em recente entrevista ao JB:

- Eu paguei jabá para Gilberto Gil tocar nas rádios e pagaria de novo. Não me arrependo porque muitos desses artistas que hoje são os pilares da música brasileira talvez tivessem demorado muito mais para acontecer, ou talvez não tivessem acontecido com tanta luminosidade se não tivessem tido, no meio de outras opções promocionais, o jabá - afirma Midani.

Quer dizer, se as regras de mercado e gosto popular agissem, talvez Gil não seria um dos “pilares da MPB”, talvez seria o Tom Zé. Aliais, Tom Zé para ministro da cultura já!

O jabá também serviu para matar a figura do DJ de rádio. Lembram-se como era? O DJ vasculhava lojas, garimpava acervos de gravadoras e tocava no seu programa aquilo que gostava. Cada programa tinha a cara do respectivo DJ e os ouvintes se identificavam de acordo com o estilo tocado. Hoje não, o DJ é meramente um tocador de discos, de acordo com uma playlist determinada por uma diretoria que não entende nada de música, só de contabilidade. Do jeito que está estruturado, nunca mais teremos um Maurício Valadares, um Kid Vinil, um programa HellRadio ou Novas Tendências do José Roberto Marr.

Eu acho que jabá é tão sério, que fere tão gravemente as leis de mercados, que caracteriza dumping econômico, concentração de mercado e assim sendo, deveria ser caso do CADE, do ministério da Fazenda, e não da Cultura. Ainda mais quando o Ministro Gil dá uma declaração assim sobre o tema: "A criminalização dele é que eu me pergunto como será. Onde estabelecer uma dimensão claramente criminosa?"

Fácil, ministro! Veja como é feito na Europa, nos EUA, no Chile, onde um caso comprovado de jabá gera multas milionárias aos envolvidos!

As gravadoras são burras em ficar pagando jabá. Isso incentiva até a pirataria, que concentra as suas ações nas faixas executadas nas rádios. Se deixassem correr solto, a segmentação musical prevaleceria, e seria mais difícil, num mercado segmentado, saber o que piratear. Sem a camisa de força do jabá, do controle da radiodifusão pelas estações, poderiam arriscar mais.

Parece que a praga passou para o meio artístico em geral. Na Veja desta semana, denúncia do esquema do Ratinho sobre cobrar para entrevistar o Lula e falar bem dele. Quer dizer, a opinião de alguém como ele, figura pública, influente junto ao povão, está a venda. É o jabá político! Tudo por dinheiro! Todos tem seu preço!

Isso tem que acabar! Mas não vejo nada acontecendo no futuro próximo. Só a qualidade de nossa música piorando.

segunda-feira, março 06, 2006

Salve Lobão!

Tiro o meu chapéu para o Lobão! Não porque foi ele o primeiro artista – tirando os Paralamas, que são au concour! – a reconhecer a Plebe Rude, nos convidando a abrir os shows de lançamento do disco O Rock Errou pelo Rio Grande do Sul, em 1986, mas pela sua atitude e realizações extramusicais. Foi o primeiro a denunciar abertamente o esquema rádios/gravadoras, conhecido como jabá. Isso lhe rendeu uma tentativa de ostracismo, do qual conseguiu sair editando a excelente Outra Coisa, lançando discos em bancas. Mas saiu chamuscado, as rádios ignoram sua existência, assim com a MTV e gravadoras. Preferiam que estivesse morto.

Nesse último carnaval, soltou uma crítica feroz e ácida ao Ministro Gil e seu camarote nas folias em Salvador. Acertou em cheio quando diz que as pessoas que estão lá estão mais interessadas em ser vistas, do que ver e apreciar a festa popular. Acusou o ministro de praticar apartheid social com seu camarote. O que falou, foi de bem mais baixo calão, mas a mensagem era essa.

Gozado que, ao freqüentar o camarote da Brahma, quebrou uma promessa feita a anos, por ocasião de ter sido barrado no mesmo camarim em outros carnavais. Disse que só voltou por causa da esposa que queria muito ir. O amor é lindo!

Gostaria muito de, no futuro, fazer um projeto Lobão e Plebe. Força!

(Inclusive, sobre o jabá, leiam o excelente artigo: http://www.alomusica.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=393 )