O post passado gerou uma série de comentários que, se não diretamente, pelo menos subliminarmente, tratam da imparcialidade da imprensa. Não tenho ilusão nenhuma quanto a isso, não existe imprensa imparcial. Também acho que não deva existir.
Lidar com informações, criar um texto, reportar um acontecimento, sempre deve, na minha opinião conter um viés subjetivo. Primeiro, porque, é impossível comunicar se distanciando do fato. Segundo, porque se fosse possível, seria o texto jornalístico mais chato do mundo. Até em nossa escolha musical, que não é de forro íntimo pois a impomos nos outros, escolhemos favorecer um estilo ou segmento, porque achar que na mídia seria diferente?
O problema não é o fato de um veículo de comunicação ser parcial ou não, o que acho horrível mesmo é quando fingem ser. Assim, o jornal publica um monte de informação disfarçada de isenta, mas contém em suas entrelinhas um direcionamento político, religiosos, econômico ou de algum outro grupo de interesse. Gosto das coisas às claras: “sou marxista e assim minhas reportagens são dadas sob essa ótica”; “sou patrocinado pela indústria do fumo e defendo sempre esse setor”; “tenho interesse no PMDB no poder, portanto apoio suas decisões”.
Informação é poder e ficar em cima do muro, indefinido, sem comprometimento dá mais poder ainda. Claro, também permite mais manipulação.
Ainda vai chegar um dia que um Jô Soares exponha no seu programa seu apoio ou rejeição a algum político como faz o David Letterman, que sempre deixou claro ser anti-Bush. Quando um Jornal Nacional fizer um editorial posicionando a Globo em favor ou contra algum fato político, como faz a BBC. Sim, todos servem seus mestres, o nosso desafio é descobrir quem são eles.