quarta-feira, janeiro 21, 2009

Preparem-se para a Praça do Espanto!


Brasília caminha para completar metade de um século. Nessas cinco décadas, a realidade brasileira mudou muito, mas parece que a jovem capital não acompanhou a evolução nacional. Esse fato aparece nitidamente na forma como ainda tratam a construção de novos prédios oficiais no Plano Piloto.

Em qualquer país do mundo moderno, quando uma obra de grande vulto e importância estatal vai ser construída, é realizado um concurso, muitas vezes de âmbito internacional. Essa ação garante que a obra seja contemporânea, utilize os métodos mais modernos de construção, forneça uma gama de escolha do que será construído, trazendo mais visibilidade ao processo. Foi assim para a construção do anexo do Louvre, do Centre George Pompidou, em Paris, do Gugenheim, em Bilbao, do Teatro de Sidnei, entre outros. O mais interessante é que geralmente o arquiteto vencedor nem é do país, promovendo um saudável intercâmbio cultural.

Só em Brasília que não é assim. Aqui, qualquer nova construção tem endereço certo: Oscar Niemeyer, que no auge dos seus 101 anos, ainda projeta edifícios com cara, solução de engenharia e tecnologia dos anos 60s. Se ainda fossem bonitos e/ou funcionais, vá lá, mas vejam o Museu da República, que parece a casa dos Teletubbies, ou a Biblioteca Nacional, um caixote que não consegue abrigar nenhuma coleção, muito menos servir para o propósito para a qual foi construída. Mas, como o homem é um “gênio”, ninguém ousa abrir a boca.

Já está na hora do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) dar um basta! Chega dessa reserva de mercado, dessa incumbência de “proteger o desenho original”. Brasília, assim como outras cidades, são orgânicas, mudam de acordo com os tempos, não são engessadas.

A última que pretendem que a gente engula são os projetos divulgados para as chamadas Praça da Soberania e a Praça de Eventos, encomendadas pelo Governador Arruda ao arroz-de-festa Niemeyer e cuja maquetes foram entregues dois dias depois! Vejam bem, esse tempo não permite nenhum estudo do local, das necessidades, da viabilidade técnica. Você confiaria num laudo médico sem exames? Pois não confiem num projeto sem estudos prévios.

Tipicamente obras saídas de esboços antiquados, a Praça da Soberania tem um monumento fálico de 100 metros de altura. Isso em pleno Eixo Monumental! Maquetes que contêm um certo ar nostálgico, provocam uma sensação de déja vu, por serem muito semelhantes a todas as outras edificadas na trajetória gloriosa do arquiteto. Ainda previsto no subsolo, um estacionamento para mais de 3 mil carros! Diga tchau para qualquer ação governamental visando melhorar o transporte público, o negócio em Brasília é ter carro mesmo.

“Toda capital tem que ter uma praça onde o povo chega e se espanta”, diz Niemeyer, justificando a sua criação. Permite discordar, conheço dezenas de capitais e isso não é verdade. Pelo contrário, os edifício públicos nos países sérios são discretos e reservados, mostrando respeito ao uso de dinheiro público. Agora, numa coisa você está certo, que vai espantar, vai. Podemos até rebatizar o espaço como Praça do Espanto ou Cantinho do Freddy Krugger.

Oscar Niemeyer contribuiu muito para a arquitetura moderna porque teve a oportunidade. Está na hora de ele ser mais humilde e dar essa mesma oportunidade a outros arquitetos. Por favor, Governador Arruda, pense bem, ouse, seja criativo. Brasília agradece.

terça-feira, janeiro 20, 2009

2009 - Hey Ho Let´s Go-Go!

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Quando era pequeno, os anos 2000 pareciam morar num futuro distante onde todos nosso problemas estariam resolvidos e a tecnologia facilitaria nossa vida. Bem, vendo esses primeiros nove anos do século, quase.....

Estive de férias, desligado de tudo a não ser sol, praia e dois excelentes livros que faço questão de sugerir a leitura. O primeiro é o Devil May Care, do Sebastian Faulks escrevendo como o Ian Fleming, criador original do James Bond, que, em 2008, faria 100 anos. Sou vidrado nos livros do 007 do Ian Fleming, todos se passando nos anos 60s, durante a guerra fria. Nada se assemelham aos filmes. Já li e reli todos. O Sebastian Faulks faz um belíssimo trabalho, emulando direitinho o estilo do Fleming. O livro se passa em 1967 e leva o Bond pela primeira vez ao Oriente Médio, à Pérsia, hoje conhecida como Irã, à época governada pelo Xá Reza Pahlavi.

A outra dica é em forma de quadrinhos, o Y: The Last Man, de Brian K. Vaughan e Pia Guerra. Imaginem uma epidemia onde todos os detentores do cromossomo Y morressem, ou seja, todos os machos de todas as espécies. Todos, menos um cara e seu macaco. Num mundo infestado de mulheres, algumas bastante agressivas, sua única preocupação é cruzar o globo, dos EUA até a Austrália, para encontrar a sua namorada. Muito bem bolada a saga, que pode ser comprada em dez volumes. O mais legal é que pretendem fazer o filme!

Muita coisa rolando no front da Plebe Rude também! DVD sendo negociado, mas não darei os detalhes nesse momento. Quero deixar cristalizar as informações.

Feliz 2009!