sexta-feira, janeiro 13, 2006

Entubado na Quinta.

Passei a noite de ontem com um tubo enfiado na veia, tomando soro. Comi um negócio podre e meu intestino não aguentou. E olha que tenho estômago de ferro, como ovo amarelo em paradas de ônibus interestadual, torresminho com pentelho. Numa parada no meio de Minas, viajando com com a Plebe, pedi um pedaço de uma torta de passas. O cara mexeu a mão em cima da guloseima, fazendo uma nuvem de moscas levantar vôo, dizendo "é de maçã"! Tem um monte de histórias sobre as paradas de ônibus onde parávamos, inclusive uma do Philippe que comeu um bife de cachorro enquanto os outros animais solidários uivavam a cada mordida.
Ontem não foi muito legal. Ao meu lado, uma adolescente suicída. Sei que é bom estar entre os vivos. Bom fim de semana para todos.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

O Gosto da Banda


Vocês vão achar isso estranho, mas vou dedicar o espaço seguinte para falar um pouco de um disco do Deep Purple. Mais especificamente o considerado pela crítica o pior, o desprezado pelos fãs da banda, o que marcou a saída do guitarrista Ritchie Blackmore, mas que para mim é o melhor e – hoje – o único que ainda me dou ao trabalho de ouvir: Come Taste the Band, de meados dos anos 1970s.

Porque gosto tanto desse disco? Bom, a saída do Blackmore significa que a banda tem que trabalhar sem o mestre criador de riffs que ele era. Cá entre nós, riffs são a manifestação egocêntrica onanística de guitarristas. Musicalmente, é um engessamento para todos os outros instrumentos. Uma banda que tem guitarrista que só usa riffs é igual ao Vasco desse início de 2006, que tem ordem de deixar todos os gols para o Romário fazer. Divaguei...... sai o Blackmore e entra o Tommy Bolin, um músico muito mais afinado com outros tipos de música tirando o hard rock.

Mas o mais importante é que volta à banda o Glenn Huges, que tinha sido expulso pelo Blackmore por estar “querendo impor música negra ao Deep Purple.” O Glenn Huges, como todo baixista, se apaixonou pelos grooves vindo dos EUA naquela década: War, James Brown, Parliment, Clinton, entre outros. Quando tentou implementar isso na banda, foi despedido, pois não combinava com os riffs do Blackmore.

Em Come Taste the Band eu identifico a (talvez) única mistura de hard rock com o groove do funk. As linhas de baixo são fantásticas, se pudesse isolá-las, iria samplear todas. O Ian Paice consegue sair do arroz-com-feijão do antigo Purple e faz umas batidas que dá até para tocar em pista de dança. Não tendo que mais simular guitarra base nos seus teclados, Jon Lord se solta mais, tirando aquele som irritante de hammond distorcido do repertório, e mostrando o quão bom tecladista ele é. E tem a voz do Coverdale, o único ponto que relembra o velho Purple, mas querer mudar isso é demais.

Uma boa dica para os que garimpam o passado e querem descobrir boas novas.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Imagine se....

11 de janeiro de 2010, o dia em que o Brasil parou estarrecido. Tirando a derrota para o Uruguai, na copa de 1950, nunca o país todo tinha ficado tão chocado com um acontecimento. As notícias começaram a ser divulgadas aos poucos: senador encontrado morto na praia, deputado assassinado nas suas feiras em Nova York, outro deputado encontrado morto dentro do seu carro estacionado do lado de fora de um puteiro em Porto Alegre, corpo de senador achado sem vida no jardim de sua mansão em Manaus. Muito político morto para ser coincidência. Foi aí que algum jornalista se tocou: alguém matou todos os membros do Congresso Nacional que não compareceram à convocação extraordinária de fim-de-ano.

Como costuma fazer todo final de ano, o presidente do Senado convocou extraordinariamente os deputados federais e senadores a trabalharem durante o recesso, com um custo caríssimo para a sociedade, milhões de reais. Cada um ganharia, por dois meses de trabalho, mais de 100 mil reais. A imprensa criticou, o povo achou um absurdo, mas a convocação saiu mesmo assim. Como previsto, a maioria dos representantes não compareceu às reuniões marcadas. O plenário vazio demonstrava o gasto de dinheiro público que é uma convocação desse tipo. A imprensa criticou, o povo achou um absurdo, mais nada fazia os políticos atenderem o chamado de trabalho.

Até 11 de janeiro, quando foram encontrados mortos. Um e cada um que não compareceram ao plenário agora estavam enterrados ou cremados. Alguns comemoraram, alguns acharam um absurdo, mas o efeito foi imediato: os suplentes, no dia seguinte, lotaram o Congresso Nacional que, em um dia, conseguiu votar um monte de projetos de lei que estavam trancando a pauta.

No fim-de-semana, os principais jornais do país publicaram uma nota do grupo que se autodenominava Vigilantes da Ética Política – VEP. No texto, o grupo se dizia muito bem organizado e infiltrado em todas as instâncias do governo, exército e sociedade civil. Suas ações refletiram o anseio da sociedade de fazer com que seus representantes representassem o povo. Para tanto, tinham que tirar do cargo os políticos parasitas. Para tanto tinham três possibilidades previstas em lei: por meio da cassação, da renúncia ou da morte. Como a VEP não tinha o poder de cassar, os político não iriam por livre e espontânea vontade renunciar, só restava a terceira opção.

Ao chegar em seu gabinete, na terça-feira seguinte, o presidente da Câmara se viu na companhia de cinco homens encapuzados. Queriam falar com ele. Deram ordem para que diminuísse as regalias dos congressistas, abolisse o recesso e moralizasse a classe. Ele pegou o telefone e chamou a segurança. A voz do outro lado da linha fez sua espinha congelar: “deputado, acho melhor você ouvir o que esses senhores têm a lhe pedir.” Logo se lembrou da notinha no jornal: a VEP está infiltrada em tudo quanto é lugar.

O ano de 2010 foi considerado o mais produtivo do Congresso Nacional em toda a sua história. Os congressistas trabalharam de segunda a sexta, cortaram sua regalias, diminuíram os gastos da casa e ajudaram o Brasil a crescer votando leis e emendas importantes. No final do ano, não houve necessidade de convocação extraordinária. Também não houve recesso. Foi um bom ano.
------------------------------------------------------------------------------------

PS - O texto acima é somente uma obra de ficção. Não tenham idéias.

terça-feira, janeiro 10, 2006

O Diário da Turma


O livro “O Diário da Turma”, escrito pelo amigo Paulo Marchetti, conta, por meio de depoimentos das pessoas envolvidas, a história da formação das bandas de Brasília, do Aborto Elétrico, até os Filhos de Menguele. O autor fez um extenso trabalho de pesquisa, visitando as pessoas, deixando-as tagarelar e aproveitando as melhores partes, tentando dar um formato coeso ao texto, onde as idéias fossem concatenadas.

Hoje em dia gosto do livro, mas confesso que, quando saiu, senti muita falta de depoimentos de mais músicos, como o Jander, por exemplo. Pareceu-me que o livro era uma ode às pessoas que orbitavam em volta das bandas, tendo essas como pano de fundo. Após um tempo sem pegá-lo para ler, dei uma folhada cuidadosa e essa impressão negativa desapareceu. Sei da dificuldade em fazer os músicos falar, a maioria é bem reservada. Ao contrário dos satélites, que viam a oportunidade de seus 15 minutos de fama. Resultado, o livro reflete, por causa disso, como era ser adolescente em Brasília nos anos 80s. É até um tratado meio que antropológico da cena, onde trás as pessoas dos bastidores para frente.

Outro atrativo do livro são as fotos e o organograma das últimas páginas. Leitura recomendada, é uma visão dos 1980s diferente dessa onda comercial que está varrendo o país.

Paulo, estou esperando o próximo!

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Como sai na Bizz


Graças às taras arquivologistas do Philippe - e isso é um elogio - consegui o texto com foto que saiu na Bizz sobre o evento do trio elétrico:

A Plebe nunca foi tÃo Brasileira
Revista Bizz, 1989
A Plebe realizou o sonho de muito roqueiros tupiniquins: unir a garra do rock 'n roll com a potência e a qualidade de som de um trio elétrico. No dia 31 de janeiro a Plebe tocou em cima do trio Tiéte Vips para um público de 20 mil pessoas que se espremia no Farol da Barra, em Salvador. Buscando a rua e a imprevisibilidade dos velhos tempos de Brasí­lia, Philippe, Jander, André Gutje detonaram antigos e novos hits em uma hora de rock, suor e cerveja.


Sinceramente, vacilamos. Ficamos sem mais fotos, o evento, que foi do caralho, não foi devidamente registrado. Por isso que, hoje em dia, só viajo com minha máquina.