quarta-feira, abril 12, 2006
Sub do Txotxa
Em junho, o Txotxa revindicou merecidas férias à Paris. Tudo bem, falamos, mas se pintar algum show, teremos que ter um sub. Certo, Txotxa, achei o cara que vai ficar no seu lugar durante sua curtição no velho mundo. Saca só a habilidade, dextreza e ritmo do sujeito. Aprova?
Conheça o Brasil pela Varig.
Sabe aquela padaria perto de sua casa, que fornece pão para o bairro? Bem, imaginem o seguinte: o padeiro, dono do estabelecimento, não tem um controle muito rígido do fluxo de dinheiro. Mistura os recursos para pagar fornecedores junto com os que são para salários; não obedece a uma agenda de pagamentos; não prevê contingências para dias ruins, digamos, para quando a farinha estragar e não houver possibilidade de nova compra. Além disso, de fez em quando, mete a mão na caixa, pegando umas notas para pagar suas contas particulares. Um dia, a padaria vai à falência. O padeiro, desesperado, vai ao governo que, com dinheiro do contribuinte, estabelece um plano de socorro á padaria.
A situação da Varig é a mesma coisa, só que a dívida é um pouco maior: 7 bilhões de reais. Um dinheirão e tanto que nós, contribuintes, vamos pagar para salvar alguns empregos e uma diretoria incompetente, se o governo federal cair na cilada sendo armada pelas centrais sindicais e altos dirigentes da empresa aérea. Ouvi no rádio que dizem que o dinheiro público não será usado para esse fim. Mas e o perdão de dívidas? No Brasil, isso é muito comum. O cara fica anos sem pagar seus impostos e taxas e ainda ganha um perdão do governo se ele se “legalizar”. Assim como querem fazer com os madeireiros no Mato Grosso.
É muito incentivo para não ser honesto no Brasil. Aliais, quem anda na linha é um trouxa, pois todo o esquema está armado para burlar a lei, para ser mais esperto que os outros, para apunhalar nas costas. Vide a absolvição do João Paulo Cunha, mentiroso confesso. Mas tem uma luz no final do túnel: a Procuradoria Federal indiciou a turma do mensalão, indicando o Dirceu como chefe da quadrilha. Será que eles vão dar o exemplo que todos esperamos? Ou essa luz é um trem vindo na nossa direção?
A situação da Varig é a mesma coisa, só que a dívida é um pouco maior: 7 bilhões de reais. Um dinheirão e tanto que nós, contribuintes, vamos pagar para salvar alguns empregos e uma diretoria incompetente, se o governo federal cair na cilada sendo armada pelas centrais sindicais e altos dirigentes da empresa aérea. Ouvi no rádio que dizem que o dinheiro público não será usado para esse fim. Mas e o perdão de dívidas? No Brasil, isso é muito comum. O cara fica anos sem pagar seus impostos e taxas e ainda ganha um perdão do governo se ele se “legalizar”. Assim como querem fazer com os madeireiros no Mato Grosso.
É muito incentivo para não ser honesto no Brasil. Aliais, quem anda na linha é um trouxa, pois todo o esquema está armado para burlar a lei, para ser mais esperto que os outros, para apunhalar nas costas. Vide a absolvição do João Paulo Cunha, mentiroso confesso. Mas tem uma luz no final do túnel: a Procuradoria Federal indiciou a turma do mensalão, indicando o Dirceu como chefe da quadrilha. Será que eles vão dar o exemplo que todos esperamos? Ou essa luz é um trem vindo na nossa direção?
segunda-feira, abril 10, 2006
Cadê os Ecoterroristas Brasileiros?
Hoje, ouvindo a CBN, mais especificamente o boletim Ecopolítica, do Sérgio Abranches, fiquei chocado com a notícia transmitida. Considerando a atual crise de governabilidade, da falta de ética, do péssimo exemplo vindo dos nossos representantes, não deveria ficar surpreso, mas fiquei.
No Mato Grosso, a Secretaria de Meio Ambiente resolveu legalizar as madeireiras ilegais. Só isso já é um absurdo, pois legalizadas, poderiam transportar e comercializar toda a madeira retirada ilegalmente. O gancho é o seguinte: elas se legalizam e ainda tem um desconto de 70% das multas. É mole, ou quer mais? Daí, ficam com todo o estoque, resultado do desmatemaento. Só que nenhuma se apresentou. Detalhe, o poder público sabe exatamente quem são, onde estão, o endereço, dono e telefone. Então o que fazem? Dão mais 60 dias de prazo para se cadastrarem.
Juram que, se nenhuma se legalizar eles vão cair em cima, marcar pesado. Isso é papo para boi dormir. Esse pessoal não tem medo nenhum do Estado. Inclusive, acho eu, eles são o Estado, estão infiltrados em todos os níveis de governo, das câmaras de vereadores à polícia. O mais impressionante é que os fiscais deram uma declaração dizendo que o movimento continua, que grandes carretas ainda continuam transportando a madeira ilegal.
Pô, se os caras são fiscais e estão vendo o movimento, então porque não param a coisa? Porque não multam, prendem? Não há interesse nisso, claro. É tudo uma encenação. Enquanto isso, ninguém vai se regularizar, o governo vai continuar aumentado o prazo e aos poucos nossas florestas vão virar um deserto, a água vai acabar, a natureza vai morrer.
Acho que está na hora da sociedade civil entrar na roda. Lá na Califórnia, tem um grupo de ecoterroristas que são organizados como a Al Qaeda, em células. Você pode desmontar uma, que as outras continuam. Ninguém sabe quem é ou não do movimento. Muitos agem sozinhos. Eles fazem coisas do tipo: queimar condomínios privados que invadem florestas; sabotam as serras de madeireiras; destroem carros que consomem muita gasolina nos pátios das revendedoras. Tem até um advogado que é o porta-voz do grupo.
Pagamos nossos impostos, mas somos obrigados a pagar planos de saúde, educação privada e segurança contratada. Já que temos que fazer todo o papel do Estado, vamos começar a cuidar de nossas matas. Não deve ser difícil sabotar umas carretas, hackear contas das madeireiras, jogar ovos nos lobistas que as defendem. Mãos à obra!
No Mato Grosso, a Secretaria de Meio Ambiente resolveu legalizar as madeireiras ilegais. Só isso já é um absurdo, pois legalizadas, poderiam transportar e comercializar toda a madeira retirada ilegalmente. O gancho é o seguinte: elas se legalizam e ainda tem um desconto de 70% das multas. É mole, ou quer mais? Daí, ficam com todo o estoque, resultado do desmatemaento. Só que nenhuma se apresentou. Detalhe, o poder público sabe exatamente quem são, onde estão, o endereço, dono e telefone. Então o que fazem? Dão mais 60 dias de prazo para se cadastrarem.
Juram que, se nenhuma se legalizar eles vão cair em cima, marcar pesado. Isso é papo para boi dormir. Esse pessoal não tem medo nenhum do Estado. Inclusive, acho eu, eles são o Estado, estão infiltrados em todos os níveis de governo, das câmaras de vereadores à polícia. O mais impressionante é que os fiscais deram uma declaração dizendo que o movimento continua, que grandes carretas ainda continuam transportando a madeira ilegal.
Pô, se os caras são fiscais e estão vendo o movimento, então porque não param a coisa? Porque não multam, prendem? Não há interesse nisso, claro. É tudo uma encenação. Enquanto isso, ninguém vai se regularizar, o governo vai continuar aumentado o prazo e aos poucos nossas florestas vão virar um deserto, a água vai acabar, a natureza vai morrer.
Acho que está na hora da sociedade civil entrar na roda. Lá na Califórnia, tem um grupo de ecoterroristas que são organizados como a Al Qaeda, em células. Você pode desmontar uma, que as outras continuam. Ninguém sabe quem é ou não do movimento. Muitos agem sozinhos. Eles fazem coisas do tipo: queimar condomínios privados que invadem florestas; sabotam as serras de madeireiras; destroem carros que consomem muita gasolina nos pátios das revendedoras. Tem até um advogado que é o porta-voz do grupo.
Pagamos nossos impostos, mas somos obrigados a pagar planos de saúde, educação privada e segurança contratada. Já que temos que fazer todo o papel do Estado, vamos começar a cuidar de nossas matas. Não deve ser difícil sabotar umas carretas, hackear contas das madeireiras, jogar ovos nos lobistas que as defendem. Mãos à obra!
sexta-feira, abril 07, 2006
Shows no horizonte.
O show do dia 15 de abril, véspera de feriado, será na Festa do Caxixis, em Nazaré das Farinhas, em praça pública. Acredito que será aberta ao público. Mas uma vez, quem imprimir uma página do blog e entregar nas minhas mãos, será beneficiado com uma cerveja (ou refrigerante), enquanto os estoques durarem.
Está ficando cada vez mais interessante o Giraffestival, que acontecerá na Esplanada dos Ministérios no dia 6 de maio. Além de Capital Inicial e Plebe Rude, estão escalados o Dado Villa-Lobos e os Paralamas. Só o pessoal da tchurma das antigas. Espero que alguém esteja filmando, vai ser difícil um encontro desse tipo novamente.
E, ontem, o Philippe fez mais uma apresentação com seu Clash City Rockers, desta vez no O’Riellys Pub, aqui em Brasília. A novidade é que, no público, estavam os Paralamas do Sucesso, que participaram na jam-session final.
Como eu disse: estamos decolando novamente!
Está ficando cada vez mais interessante o Giraffestival, que acontecerá na Esplanada dos Ministérios no dia 6 de maio. Além de Capital Inicial e Plebe Rude, estão escalados o Dado Villa-Lobos e os Paralamas. Só o pessoal da tchurma das antigas. Espero que alguém esteja filmando, vai ser difícil um encontro desse tipo novamente.
E, ontem, o Philippe fez mais uma apresentação com seu Clash City Rockers, desta vez no O’Riellys Pub, aqui em Brasília. A novidade é que, no público, estavam os Paralamas do Sucesso, que participaram na jam-session final.
Como eu disse: estamos decolando novamente!
quinta-feira, abril 06, 2006
Papo Divino no Conic
Outro dia, passeando pelo Conic, vendo as vitrines das lojas de skate, um sujeito metido num terno surrado castanho e uma gravata folgada roxa se aproximou e mandou a seguinte frase: “Jesus Cristo é o Senhor!”.
Eu respondi: “Você deve estar me confundindo com outro, me chamo André e não precisa me tratar por senhor.”
Ele ficou me olhando e repetiu o bordão: “Jesus Cristo é o Senhor!”
Retruquei: “Olha, eu devo ser muito parecido com ele, mas não sou o filho de Deus, mas sim do professor Charles, da UnB. E não precisa desse formalismo todo, pode me tratar por você.”
Papo vai, papo vem, fomos tomar um pingado no pé sujo ao lado do Cine Ritz. Aproveitando estar confraternizando com um evangélico fervoroso, quis tirar uma dúvida. “É fato de que a Bíblia só ganhou um formato escrito após 500 anos de transmissão oral.”
“É a palavra de Deus!”, responde ele.
“Tudo bem, mas o ouvido é do homem. Você já brincou de telefone sem fio?” Ele balança a cabeça, afirmando que sim. “Então, se em menos de um minuto a mensagem se deteriora, imagine em 500 anos.”
Ele pensa um pouco e devolve o argumento: “Os três reis receberam Cristo, eles têm fé!”
“Quais, Elvis, Pelé e Roberto Carlos?”
“Heim?”
“Tudo bem, então vamos mudar de assunto. Sabe aqueles motoqueiros de Cristo, surfistas de Cristo? Como é que se pilota uma moto pregado numa cruz? E para surfar, deve ser muito difícil, a não ser que a cruz flutue.”
Ele não entendeu bem a piada e mandou: “Ah, mas tem os jogadores de Cristo, Kaká, Marcos, entre outros.”
“Pois é, isso me irrita no futebol. O cara marca gol, levanta a camisa do clube, revelando outra por baixo, onde está impresso EU coração JESUS, e sai correndo apontando para o céu. Queria ver um jogador maluco marcar um golaço, sair apontando para o chão e mostrando uma camisa EU coração O DEMO.”
“Jesus está acima dos homens!”
“Mas ele teve amante, a Maria Madalena.”
“Porém nunca pecou!”
“Nunca fez sexo?”
“Nunca.”
“Porque? Chegava em casa e usava a desculpa que estava pregado?”
O sujeito não gosta muito do papo, se levanta, joga uns trocados na mesa, pagando sua conta e se afasta falando: “Jesus Salva!”
E eu grito de volta: “Mas o diabo faz backup!”
Eu respondi: “Você deve estar me confundindo com outro, me chamo André e não precisa me tratar por senhor.”
Ele ficou me olhando e repetiu o bordão: “Jesus Cristo é o Senhor!”
Retruquei: “Olha, eu devo ser muito parecido com ele, mas não sou o filho de Deus, mas sim do professor Charles, da UnB. E não precisa desse formalismo todo, pode me tratar por você.”
Papo vai, papo vem, fomos tomar um pingado no pé sujo ao lado do Cine Ritz. Aproveitando estar confraternizando com um evangélico fervoroso, quis tirar uma dúvida. “É fato de que a Bíblia só ganhou um formato escrito após 500 anos de transmissão oral.”
“É a palavra de Deus!”, responde ele.
“Tudo bem, mas o ouvido é do homem. Você já brincou de telefone sem fio?” Ele balança a cabeça, afirmando que sim. “Então, se em menos de um minuto a mensagem se deteriora, imagine em 500 anos.”
Ele pensa um pouco e devolve o argumento: “Os três reis receberam Cristo, eles têm fé!”
“Quais, Elvis, Pelé e Roberto Carlos?”
“Heim?”
“Tudo bem, então vamos mudar de assunto. Sabe aqueles motoqueiros de Cristo, surfistas de Cristo? Como é que se pilota uma moto pregado numa cruz? E para surfar, deve ser muito difícil, a não ser que a cruz flutue.”
Ele não entendeu bem a piada e mandou: “Ah, mas tem os jogadores de Cristo, Kaká, Marcos, entre outros.”
“Pois é, isso me irrita no futebol. O cara marca gol, levanta a camisa do clube, revelando outra por baixo, onde está impresso EU coração JESUS, e sai correndo apontando para o céu. Queria ver um jogador maluco marcar um golaço, sair apontando para o chão e mostrando uma camisa EU coração O DEMO.”
“Jesus está acima dos homens!”
“Mas ele teve amante, a Maria Madalena.”
“Porém nunca pecou!”
“Nunca fez sexo?”
“Nunca.”
“Porque? Chegava em casa e usava a desculpa que estava pregado?”
O sujeito não gosta muito do papo, se levanta, joga uns trocados na mesa, pagando sua conta e se afasta falando: “Jesus Salva!”
E eu grito de volta: “Mas o diabo faz backup!”
terça-feira, abril 04, 2006
Covers e coveiros.
Se o Hellradio ainda estivesse no ar, eu gostaria de transmitir um programa dedicado a algumas bandas de cover que fazem umas versões, digamos, diferentes das músicas originais. Algumas, acreditem, melhores no formato readaptado.
Poderia começar com o Jah Division, banda de Brooklyn, Nova York, que toca versões reggae das músicas do Joy Division. É interessante, porém não tão efetivo quanto aos desbravadores dessa idéia, que é o Dread Zeppelin. Esses, com competência, faziam o John Bonham revirar no túmulo com excelentes versões jamaicanizadas dos hits do Jimmy Page e Cia. E o melhor, o cantor, ao invés de ser um clone do Robert Plant, era uma cópia do Elvis. Vi eles uma vez no Imperatriz, no Rio de Janeiro, no começo da década de 1990. Bizarro é um termo muito leve. Stairway to Heaven em versão reggae, com um Elvis gordo cantando foi esquisito demais.
Tem também o Hayseed Dixie que, se você pronunciar bem rápido, soa algo como AC/DC. E é isso mesmo, uma banda caipira que toca todas as músicas dos australianos em versão country. Muito comédia. É bom para fazer os metaleiros terem um infarto. Acho que já tem dois CDs gravados, e um com algumas versões de Kiss também!
Tem outras versões country que valem muito a pena cavar para ouvir. Uma é dos Kingswoods para Pretty Vacant, dos Pistols. O John Peel, quando fazia seus sets, sempre incluía essa música. Outra é dos Bad Livers para Lust for Life, do Iggy Pop. Ambas sensacionais.
A melhor faixa da fraquíssima trilha sonora do Great Rock n Roll Swindle é um pot-pourri em ritmo discoteque dos hits dos Sex Pistols, tocada pelos Black Arabs.
Minha grande frustração é que ninguém ainda fez um cover de uma música da Plebe. Mas não queria que tocassem uma versão xerox, mas sim reelaborarssem a canção para a gente ver outro lado da coisa. Talvez um dia....
Poderia começar com o Jah Division, banda de Brooklyn, Nova York, que toca versões reggae das músicas do Joy Division. É interessante, porém não tão efetivo quanto aos desbravadores dessa idéia, que é o Dread Zeppelin. Esses, com competência, faziam o John Bonham revirar no túmulo com excelentes versões jamaicanizadas dos hits do Jimmy Page e Cia. E o melhor, o cantor, ao invés de ser um clone do Robert Plant, era uma cópia do Elvis. Vi eles uma vez no Imperatriz, no Rio de Janeiro, no começo da década de 1990. Bizarro é um termo muito leve. Stairway to Heaven em versão reggae, com um Elvis gordo cantando foi esquisito demais.
Tem também o Hayseed Dixie que, se você pronunciar bem rápido, soa algo como AC/DC. E é isso mesmo, uma banda caipira que toca todas as músicas dos australianos em versão country. Muito comédia. É bom para fazer os metaleiros terem um infarto. Acho que já tem dois CDs gravados, e um com algumas versões de Kiss também!
Tem outras versões country que valem muito a pena cavar para ouvir. Uma é dos Kingswoods para Pretty Vacant, dos Pistols. O John Peel, quando fazia seus sets, sempre incluía essa música. Outra é dos Bad Livers para Lust for Life, do Iggy Pop. Ambas sensacionais.
A melhor faixa da fraquíssima trilha sonora do Great Rock n Roll Swindle é um pot-pourri em ritmo discoteque dos hits dos Sex Pistols, tocada pelos Black Arabs.
Minha grande frustração é que ninguém ainda fez um cover de uma música da Plebe. Mas não queria que tocassem uma versão xerox, mas sim reelaborarssem a canção para a gente ver outro lado da coisa. Talvez um dia....
segunda-feira, abril 03, 2006
E o show em abril será em.....
Nazaré das Farinhas, duas horas de Salvador, Bahia! Estamos realmente muito animados por tocar numa cidade fora do grande circuito SP - RJ - BSB. Não que não goste de tocar nos grandes centros, mas é legal levar o nosso som para outras praças, mais distantes e - sonhando - talvez fora das garras das grandes rádios e influência da mídia muderninha.
Outros shows em breve.
Outros shows em breve.
sexta-feira, março 31, 2006
Multshow Renato Russo.
Faço minhas as palavras dos leitores deste blog. Pelo menos no que têm em comum. Acho importante homenagens, pois registram o agradecimento de pessoas influenciadas pelo artista homenageado. É uma forma de demonstrar gratidão pela obra, do carinho pelo falecido. E o Renato tem uma obra fantástica. Morria de inveja – no bom sentido da palavra – de como pegava qualquer música medíocre e conseguia transformar numa obra prima, simplesmente cantando por cima. O cara era um gênio, e sofria como os melhores gênios.
Acho que o grande deslize foi a falta de pesquisa dos produtores. Poderiam ter escolhido bandas e músicos que realmente conviveram com o Renato ou que foram fortemente influenciados pelo cara. Cadê os Paralamas? Poderiam ter negociado uma trégua entre os ex-legionários com a família Manfredini. Só isso teria dado um salto quântico na qualidade do programa. Poderiam ter ouvido os fãs, quem que eles gostariam que tivessem lá? Mas, como sempre, foi tomado a via mais curta, a mais rápida, a mais barata. Entendo o porquê, isso não é uma crítica. O mercado vive um de seus piores momentos e isso força esse tipo de atitude.
Não que não estivesse bem organizado, estava. Mas, nos bastidores, não havia clima de homenagem, mas sim de fabricação de produto para vender às massas. No camarim, músicos que não se falavam de um lado, executivos da EMI/Multishow do outro. Não houve aquele necessário papo comunitário antes do show: gente, estamos aqui para prestar uma homenagem a um cara muito legal, então vamos despir dos estrelatos e bocas e olhares e vamos fazer o máximo para passar um recado legal para as milhares de pessoas que vão ver esse show. Acho que, na noite inteira, não ouvi ninguém falar do Renato. Nenhuma palavra póstuma, nenhuma referência ou oração. Só cifrões nos olhos de todos.
Sobre os artistas, alguns comentários. Charlie Brown Jr. até que tocou direitinho, mas é o típico artista que o Renato nunca teria nem no mesmo palco. O cara é declaradamente homofóbico, prega a violência e o desrespeito. O Russo abominava pessoas assim. O Paulo Ricardo foi o mais comédia. Tentou vir vestido com uma camisa igual a do Renato sem conseguir, acho que sua personal-styler vacilou. Aquela barba por fazer, aquela voz sussurrada, me fizeram rolar de rir. O cara tá perdido, vejo nos seus olhos. Aquela louca que não sei o nome me assusta! Caramba, é assim que os MPBistas vêem os roqueiros? Coisa doida! Um dia vamos nos vingar, vão chamar a Plebe para homenagear o Caetano ou o Milton e, daí, vou imitar um sambista – ou pelo menos o que acho que um sambista faz. Biquini foi legal, o mais peitudo, soube retrabalhar um clássico. Titãs uma bola fora, nisso discordo de vocês. Não entendo aquele Toni Belloto. Ele e a mulher fazem propaganda de tudo, de café à Sonrisal, passando por campanhas politicamente corretas e instituições financeiras. São o próprio casal-classe-média-me-dei-bem-na-vida padrão. E no show vem com aquela posse de revolucionário. Porra, já vi esse guitarrista na ilha Caras (em fotos, claro)! Eles nunca tiveram nada a ver com a Legião, sempre morreram de inveja da facilidade do Renato colocar suas emoções tão abertamente nas suas canções. Duvido que numa homenagem séria tivessem sido sequer cogitados. Cidade Negra foi a bola preta da noite, sem trocadilhos. Eles fazem qualquer e todas as homenagens possíveis. Péssima versão de uma música importantíssima. São a verdadeira banda genérica, tucana, em cima do muro. Tudo vai, tudo vale. Deviam entrar para o PT.
Se ninguém notou, e eu acho que não porque na TV eu também não consegui ler, na minha camisa, uma homenagem aos químicos. Ao contrário do Renato, eu adorava química! Foi minha segunda opção no vestibular. Quando me lembro da dificuldade que foi a gente participar, de termos da abrir mão do Txotxa, acho que a energia com que tocamos foi resultado disso. Uma pena mesmo terem cortado a reação do público quando a gente entrou. Cantaram Até Quando, pediram Plebe! Foi emocionante e eu agradeço a todos que lá estiveram presentes.
Acho que o grande deslize foi a falta de pesquisa dos produtores. Poderiam ter escolhido bandas e músicos que realmente conviveram com o Renato ou que foram fortemente influenciados pelo cara. Cadê os Paralamas? Poderiam ter negociado uma trégua entre os ex-legionários com a família Manfredini. Só isso teria dado um salto quântico na qualidade do programa. Poderiam ter ouvido os fãs, quem que eles gostariam que tivessem lá? Mas, como sempre, foi tomado a via mais curta, a mais rápida, a mais barata. Entendo o porquê, isso não é uma crítica. O mercado vive um de seus piores momentos e isso força esse tipo de atitude.
Não que não estivesse bem organizado, estava. Mas, nos bastidores, não havia clima de homenagem, mas sim de fabricação de produto para vender às massas. No camarim, músicos que não se falavam de um lado, executivos da EMI/Multishow do outro. Não houve aquele necessário papo comunitário antes do show: gente, estamos aqui para prestar uma homenagem a um cara muito legal, então vamos despir dos estrelatos e bocas e olhares e vamos fazer o máximo para passar um recado legal para as milhares de pessoas que vão ver esse show. Acho que, na noite inteira, não ouvi ninguém falar do Renato. Nenhuma palavra póstuma, nenhuma referência ou oração. Só cifrões nos olhos de todos.
Sobre os artistas, alguns comentários. Charlie Brown Jr. até que tocou direitinho, mas é o típico artista que o Renato nunca teria nem no mesmo palco. O cara é declaradamente homofóbico, prega a violência e o desrespeito. O Russo abominava pessoas assim. O Paulo Ricardo foi o mais comédia. Tentou vir vestido com uma camisa igual a do Renato sem conseguir, acho que sua personal-styler vacilou. Aquela barba por fazer, aquela voz sussurrada, me fizeram rolar de rir. O cara tá perdido, vejo nos seus olhos. Aquela louca que não sei o nome me assusta! Caramba, é assim que os MPBistas vêem os roqueiros? Coisa doida! Um dia vamos nos vingar, vão chamar a Plebe para homenagear o Caetano ou o Milton e, daí, vou imitar um sambista – ou pelo menos o que acho que um sambista faz. Biquini foi legal, o mais peitudo, soube retrabalhar um clássico. Titãs uma bola fora, nisso discordo de vocês. Não entendo aquele Toni Belloto. Ele e a mulher fazem propaganda de tudo, de café à Sonrisal, passando por campanhas politicamente corretas e instituições financeiras. São o próprio casal-classe-média-me-dei-bem-na-vida padrão. E no show vem com aquela posse de revolucionário. Porra, já vi esse guitarrista na ilha Caras (em fotos, claro)! Eles nunca tiveram nada a ver com a Legião, sempre morreram de inveja da facilidade do Renato colocar suas emoções tão abertamente nas suas canções. Duvido que numa homenagem séria tivessem sido sequer cogitados. Cidade Negra foi a bola preta da noite, sem trocadilhos. Eles fazem qualquer e todas as homenagens possíveis. Péssima versão de uma música importantíssima. São a verdadeira banda genérica, tucana, em cima do muro. Tudo vai, tudo vale. Deviam entrar para o PT.
Se ninguém notou, e eu acho que não porque na TV eu também não consegui ler, na minha camisa, uma homenagem aos químicos. Ao contrário do Renato, eu adorava química! Foi minha segunda opção no vestibular. Quando me lembro da dificuldade que foi a gente participar, de termos da abrir mão do Txotxa, acho que a energia com que tocamos foi resultado disso. Uma pena mesmo terem cortado a reação do público quando a gente entrou. Cantaram Até Quando, pediram Plebe! Foi emocionante e eu agradeço a todos que lá estiveram presentes.
O Porquê do Sumiço.
Sábado à noite, dois Smirnoffs Ice e uma Lasanha. Assisto uma cópia pirata de Sin City, imagem e som fora de sincronia – faça uma nota mental para adquirir uma original, esse filme vale à pena. Durmo. Quando estou no REM pesado, perturbado pela cena onde o Marv corta as pernas e braços do Kevin e deixa o cachorro comer ele, tecendo considerações filosóficas do que faz um Hobbit virar um bandido-canibal, a Ana começa a chorar no berço. Com o susto, pulo da cama, alcanço o bebê e o entrego para a Rosa, para mamar. Daí começo a ficar tonto, o coração batendo acelerado, e aquela cena do início do Sin City, quando o John Hartigan tem um enfarte, fica voltando, nítida em frente dos meus olhos. Traço um plano: tenho que sentar e baixar a cabeça para a pressão voltar. O lugar mais perto é o banheiro, para onde me dirijo. Consigo chegar, a tonteira aumentado, o coração batendo mais forte e o personagem do Bruce Willis na minha cabeça. Sento no vazo, vou baixar a cabeça e....... acordo no chão. Desmaiei. Com a queda, bato a boca direto no trilho da porta do box, que quebra. Levanto-me e, cambaleando, chego à cama. Gosto de sangue na boca. Galo na cabeça. Nariz pulsando de dor. Rosa chega e me obriga a ir para o pronto socorro. Carlos, meu cunhado ninja, me leva.
O resto já sabem. O médico de plantão ignora meus machucados – a razão pela qual eu fui! – e se concentra em saber o porquê do desmaio. Não aceita a explicação de que eu levantei muito rápido, faz uma série de exames e, baseado numa anomalia demonstrado no resultado do eletrocardiograma, me interna na UTI para ficar em observação, com suspeita de infarto. Me colocam numa cadeira de rodas, apesar de eu insistir estar bem, em poder andar. Digo para o técnico hospitalar que me empurra que é impossível ser um ataque cardíaco. Eu malho, corro, me alimento bem e não senti dor nenhuma no peito quando desmaiei. Sua resposta: tá vendo, por isso que não vale a pena fazer nada disso, se cuidar, seu coração pode te matar a qualquer hora.
Chego na UTI, confiscam minhas roupas, meu celular e minha carteira. Sou confinado à uma cama, com tubos entrando nos braços, medicamentos bombeados para dentro do corpo, um computador monitorando meus sinais vitais e um tubo de oxigênio no nariz, apesar de protestar, afirmando que posso respirar. Todos meus outros companheiros de quarto estão moribundos. O do meu lado, um senhor de 84, fala inconsciente com pessoas que não estão lá. Assustador. Chamo o enfermeiro e pergunto se não dá para sedar o senhor. Impossível, ele pode morrer, é a resposta. Tenho que ficar agüentando esse papo com o além. No teto, bem em cima da minha cama, um mosquito. Ele voa bem perto do meu rosto, zombando de mim, sabendo que não posso fazer movimentos bruscos para matá-lo. Juro para mim mesmo, quando sair, esmagar o máximo de seus irmãos e primos quanto puder.
E todo esse tempo, minha família fica sem notícias. Ninguém explica o que está acontencendo. Só lá pelas 16 horas do domingo é que a cunhada do meu irmão, que é cardiologista, consegue que me liberem. Levam-me para outro hospital e lá confirmam: não foi infarto coisa nenhuma! Sinto-me usado e explorado. E o pior: a conta vai ser alta!
Ainda estou com a boca arrebentada, a barba crescida, pois dói para raspar. Estou pensando num jeito de não pagar o pronto-socorro. Mais uma vez, a gente se sente abandonado pelo governo, que na hora de cobrar impostos está presente, mas é ineficiente em fornecer a contra-partida em termos de boa saúde pública, educação e segurança. Por isso o sumiço. Mas estou de volta!
O resto já sabem. O médico de plantão ignora meus machucados – a razão pela qual eu fui! – e se concentra em saber o porquê do desmaio. Não aceita a explicação de que eu levantei muito rápido, faz uma série de exames e, baseado numa anomalia demonstrado no resultado do eletrocardiograma, me interna na UTI para ficar em observação, com suspeita de infarto. Me colocam numa cadeira de rodas, apesar de eu insistir estar bem, em poder andar. Digo para o técnico hospitalar que me empurra que é impossível ser um ataque cardíaco. Eu malho, corro, me alimento bem e não senti dor nenhuma no peito quando desmaiei. Sua resposta: tá vendo, por isso que não vale a pena fazer nada disso, se cuidar, seu coração pode te matar a qualquer hora.
Chego na UTI, confiscam minhas roupas, meu celular e minha carteira. Sou confinado à uma cama, com tubos entrando nos braços, medicamentos bombeados para dentro do corpo, um computador monitorando meus sinais vitais e um tubo de oxigênio no nariz, apesar de protestar, afirmando que posso respirar. Todos meus outros companheiros de quarto estão moribundos. O do meu lado, um senhor de 84, fala inconsciente com pessoas que não estão lá. Assustador. Chamo o enfermeiro e pergunto se não dá para sedar o senhor. Impossível, ele pode morrer, é a resposta. Tenho que ficar agüentando esse papo com o além. No teto, bem em cima da minha cama, um mosquito. Ele voa bem perto do meu rosto, zombando de mim, sabendo que não posso fazer movimentos bruscos para matá-lo. Juro para mim mesmo, quando sair, esmagar o máximo de seus irmãos e primos quanto puder.
E todo esse tempo, minha família fica sem notícias. Ninguém explica o que está acontencendo. Só lá pelas 16 horas do domingo é que a cunhada do meu irmão, que é cardiologista, consegue que me liberem. Levam-me para outro hospital e lá confirmam: não foi infarto coisa nenhuma! Sinto-me usado e explorado. E o pior: a conta vai ser alta!
Ainda estou com a boca arrebentada, a barba crescida, pois dói para raspar. Estou pensando num jeito de não pagar o pronto-socorro. Mais uma vez, a gente se sente abandonado pelo governo, que na hora de cobrar impostos está presente, mas é ineficiente em fornecer a contra-partida em termos de boa saúde pública, educação e segurança. Por isso o sumiço. Mas estou de volta!
terça-feira, março 28, 2006
Estamos ainda no ar!
Gente, desculpe a desaparecida, mas fui vítima de um acontecimento kafkiano, que depois vou contar em mais detalhes. Resumindo, machuquei o rosto e me internaram na UTI, de onde minha família não conseguia me tirar. Quem leu O Processo, do Franz Kafka, sabe o que senti.
E o Multishow, ontem? Alguém viu? Vou deixar os leitores darem a opinião primeiro, antes de eu falar minhas ácidas observações. O Renato se sentiu homenageado? As bandas fizeram jus ao guru-dos-oprimidos?
E o Multishow, ontem? Alguém viu? Vou deixar os leitores darem a opinião primeiro, antes de eu falar minhas ácidas observações. O Renato se sentiu homenageado? As bandas fizeram jus ao guru-dos-oprimidos?
terça-feira, março 21, 2006
Recomeçaram os Shows!
Aos poucos, timidamente, a Plebe Rude está voltando à estrada! Foram fechados dois shows, um em abril, outro em maio. Este último, quem mora em Brasília, já deve estar ouvindo as chamadas no rádio. Trata-se da comemoração dos não-sei-quantas décadas da lanchonete Giraffa's, que alimentou grande parte do underground brasiliense. Durante um breve tempo, a "tchurma" se reunia no Giraffa's do Lago Sul nos fins de noite. Me lembro de um baculejo que levamos da polícia lá, com o Renato Russo tendo que pagar flexões sob os olhares masoquistas dos guardas! Foi lá que começou o ataque dos playboys contra os punks, covardemente pegando um punk contra quarenta boyzinhos. Durante uma época, era o melhor suco de laranja com morango da night candanga. Bom, chega de jabá, o show vai ser mega, na Esplanada dos Ministérios, junto com o Capital Inicial. Vocês estão convidados a se espremerem entre as meninas gritando "Dinho!" para verem a Plebe. Tudo bem, não somos tautuados, nem marombados, não tiramos a camisa para mostrar nossos piercings, nem usamos a gíria "cara" a cada duas palavras e também não temos um sorriso kolynos permanente, mas compensamos em outras áreas.
Já o show de abril, não será em Brasília. Detalhes nas próximas edições.
sexta-feira, março 17, 2006
Homenagem ao Postpunk.

Todos sabem do plano do Malcom McLaren de acabar com o rock n roll, criando a antítese da banda roqueira, os Sex Pistols. Todos eram monitorados e controlados pelo empresário, que criou a imagem negativa associada, à época, ao Johnny Rotten. Aproveitando uma ida do Malcom aos Estados Unidos para encontros com gravadoras, o Johnny conseguiu escapar dos olhos vigilantes do escritório e aceitou gravar um programa especial para a Capital Radio, chamado “O Punk e Sua Música”. Isso foi em meados de 1977.
O interesse da população britânica estava no pico. Ele só era conhecido por causa da entrevista do Bill Grundy, na TV, e algumas histórias inventadas pelo Malcom e vazadas para os jornais. Nem entrevistas ele tinha liberdade de fazer. Para o espanto de todos, o John Rotten que se apresentou no programa era um homem culto, com um gosto musical refinado! Não tocou os óbvios Iggy Pops e MC5s que já eram clichês em citações de outros punks. Tocou reggae, Captain Beefhart, Peter Hammil, Can e outros grupos e estilo de música que tinham como denominador comum o experimentalismo sonoro. Falou um inglês educado, refinado e deixou claro que para ser rebelde, não é necessário ser/fingir ser burro e ignorante. Pelo contrário!
Hoje esse programa de rádio é considerado a espinha dorsal do que viria a ser o post-punk, o movimento musical mais interessante da história do rock n roll, mas também o mais ignorado. Com o final dos Pistols, os punks se dividiram em duas linhas. Primeira, as bandas que colocaram uma camisa de força no estilo, ditando regras de comportamento e sonoridade. Sham 69, Cockney Rejects, Angelic Upstars, GBH, Exploited e outros. Foram caindo nas próprias armadilhas de patrulhamento ideológico e fizeram uma música repetitiva e chata.
Já a outra linha levou adiante o experimentalismo. Nada era proibido. Claro que todos abominavam o rock tradicional, odiavam o Chuck Berry, considerado o pai do rock chato (com razão!) e não queriam nada a ver com as amarras que o punk tradicional estava impondo. Foi uma época muito criativa, na qual semanalmente havia lançamentos importantíssimos e a gente não podia perder um. Au Pairs, Gang of Four, Killing Joke, Magazine, Pere Ubu, Devo, Pop Group, Slits, só para mencionar alguns.
Foi nesse clima que a Plebe Rude foi formada. Isso corre no nosso sangue até hoje. Para uma pesquisada visual desta época, veja o filme Urgh! – Music War. Não é difícil de baixar no e-mule. Quem sabe inglês, vale muito a pena a leitura do livro Rip It Up and Start Again, do Simon Reynolds (vejam o site do autor ) . O post-punk foi tudo!

quarta-feira, março 15, 2006
Resultado da Votação (Sem Urna Eletrôncia!)
Gostei muito da votação! Alguns de vocês desencavaram músicas que nem eu me lembrava mais que existiam! Vou levar o set para o Philippe para dar um jeito de incluir aquelas que ainda não estão no repertório, como Outro Lugar, Nunca Fomos, Seu Jogo e Pressão Social. Claro que, como muito de vocês sinalizaram corretamente, Seu Jogo sem o Jander fica bem diferente. Quem teve oportunidade de ver a Plebe por volta do lançamento do Mais Raiva do que Medo, já viu o Philippe cantando essa música. Fica diferente, ganha outra coloração, o resultado sendo positivo. Vamos ver se a gente consegue. Pressão e Nunca Fomos são favoritas minhas para tocar ao vivo. Quando a Plebe engatar, depois do tão esperado lançamento do R ao Contrário (em breve, amigos!), queria fazer um show fechado para o fã clube, tocando só desconhecidas e covers. Segue, abaixo, o resultado final, em ordem de votação, as 12 mais.
PROTEÇÃO
Até Quando esperar
CENSURA
BRASILIA
CÓDIGOS
Luzes
JOHNNY VAI A GUERRA
Outro Lugar
NUNCA FOMOS TÃO BRASILEIROS
SEU JOGO
BRAVO MUNDO NOVO
Pressão Social
PROTEÇÃO
Até Quando esperar
CENSURA
BRASILIA
CÓDIGOS
Luzes
JOHNNY VAI A GUERRA
Outro Lugar
NUNCA FOMOS TÃO BRASILEIROS
SEU JOGO
BRAVO MUNDO NOVO
Pressão Social
terça-feira, março 14, 2006
Comida é pasto!

Enquanto a dream-list dos plebeus está sendo compilada – resultados amanhã, votações enceram à meia-noite! – dedico o post de hoje à uma de minhas paixões: a culinária. Não qualquer uma, mas a que considero a mais rica, a mais diversificada e a mais gostosa: a brasileira (e olha que isso vindo de mim, uma pessoa avesa ao nacionalismo fervoroso, é um elogio e tanto).
Por incrível que pareça, a nossa culinária é uma das menos documentadas, em termos históricos, do mundo novo. Os espanhóis, desde o início da colonização das Américas, produziram livros e ensaios sobre a utilização dos temperos, legumes, animais e outros comestíveis encontrados nas colônias em suas receitas. Já os portugueses, bulhufas! Isso não é de espantar. Quem leu Raizes do Brasil, do Sérgio Buarque de Hollanda, foi exposto à falta de organização, também chamda prejorativamente de preguiça, dos nossos colonizadores. Isso gerou o Brasil que vemos hoje: estado ineficiente, educação relegada, economia controlada e caos urbano, só para mencionar algumas das conclusões do livro. Não é de se esperar que fossem organizados no registro culinário.
No entanto, isso ajudou em muito a formação de nossa rica culinária. As outras marinhas tinham regras rígidas sobre comida à bordo. Os mantimentos eram controlados, os pratos preparados conforme um planejamento prévio e até como e quando os marinheiros deveriam comer era sujeito a procedimento padrão. Na marinha lusitana, não. Gulosos por natureza, curiosos na matéria do estômago, os portuguêses não poupavam esforços em comer bem nas suas naus, que saiam lotadas das colônias com os mais variados temperos, carnes de caças em conservas e frescas, frutas, legumes, raízes e outros comestíveis. Adaptavam tudo à sua rica cozinha, misturando os gostos, criando pratos novos.
Chegando ao Brasil não foi diferente. Usaram a mandioca, o caju, os peixes. Trouxeram temperos da Índia, da Ásia. Com eles, vieram os escravos com suas próprias culturas. Permitiram a vinda de imigrantes, italianos, alemães, poloneses, entre outros, que também contribuiram. Em fim, uma mesclagem sem precedentes em termos de colonização.
Como não havia regras, não existia o registro, cada região desenvolveu sua própria culinária. Do norte ao sul, de estado em estado, há pratos e gostos novos para serem experimentados e saboreados. Essa é uma das coisas que mais aprecio em tocar na Plebe, a possibilidade de tocar nas mais diversas cidades e experimentar a cozinha local. Sempre me surpreende, sempre saio satisfeito. Quando a gente voltar a excursionar, vou pedir aos leitores sugestões nas cidades em que iremos tocar.
Hoje em dia, mais que uma festa, mais que um show, o que gosto é de sentar com os amigos em torno de uma refeição e jogar conversa fora. De preferência, de nossa culinária, do churrasco do Rio Grande do Sul, passando pelo barredado do Paraná, o cuzcuz paulista, a comida mineira, as muquecas baianas e capixabas, o peixe na telha goiano, o café da manhã na floresta amazônica, o tacacá, o tucupí, o acarajé..... gosto de tudo, lambo os dedos e peço mais. Com uma exceção: a pizza brasiliense. E como insistem em assá-la!
sexta-feira, março 10, 2006
Set List Ideal para Plebeu Xiita
Aproveitando um post do texto anterior, qual seria o set list ideal para o fã hardcore da Plebe? Tudo bem, sabemos que o fã, digamos, ocasional quer ouvir os hits, Até Quando, A Ida, Proteção, etc. Mas o que aquele plebeuzão, aquele que conhece os discos de ponta a ponta gostaria de ouvir num show? Como seria esse set list? Vale até escolher os hits, mas tenho certeza que os plebeus-roxos querem ouvir músicas mais obscuras. Regras: um set list de dez músicas, com duas de bis. Vamos ver qual vai ser o resultado.
Já que eu sou um fã especial da Plebe, vou sugerir o meu set-list:
1. R ao Contrário
2. Sem Lei Sem Deus
3. Nova Era Tecno
4. Consumo
5. Proteção-funk
6. Medo
7. Códigos
8. Aurora
9. Luzes
10. Johnny vai à Guerra
Bis:
1. Nunca Fomos
2. Até Quando
O Resultado será compilado e incluído no post da próxima quarta-feira, dia 15.
Já que eu sou um fã especial da Plebe, vou sugerir o meu set-list:
1. R ao Contrário
2. Sem Lei Sem Deus
3. Nova Era Tecno
4. Consumo
5. Proteção-funk
6. Medo
7. Códigos
8. Aurora
9. Luzes
10. Johnny vai à Guerra
Bis:
1. Nunca Fomos
2. Até Quando
O Resultado será compilado e incluído no post da próxima quarta-feira, dia 15.
quinta-feira, março 09, 2006
Ignorem as manchetes!
Bom, a Câmara livrou o Professor Luizinho e o Roberto Brant da cassação. Em fim, vai livrar todos, pois todos estão com o rabo preso. E promulgaram o fim da verticalização, mesmo com o TSE se pronunciando contra. O Congresso acha que pode fazer o que quer. Ano de eleição, ano de vale tudo. Ronaldo, o Fenômeno, disse que Pelé é conhecido pelas besteiras que diz. Ah, bom, pensei que era pelo futebol que jogava! Lula pergunta de onde vem a gripe aviária. Respondem que é da Asia. O presidente responde: pô, justo a parte que mais gosto da galinha!
Tanta coisa para nos deixar deprimido, que achei melhor estreiar os videos-x com um besteirol: o agente 013, Chico Love. Rir ajuda a amenizar a agonia. Todos sabem que sou fã do James Bond, 007. Essa paródia está ótima.
terça-feira, março 07, 2006
O Jabá Nosso de Cada Dia.

Imaginem o seguinte cenário: gerentes de supermercados fazem uma reunião na qual decidem que somente venderão pão daquelas fábricas que pagarem uma certa quantia para que sua marca seja comercializada nas redes. Para tornar vantajoso o pagamento, os supermercados limitarão o estoque de pão a duas marcas – justamente aquelas que pagarem a tarifa imposta. Você vai ao supermercado e quer comprar pão integral marca Raiz, por exemplo. Não tem, pois quem fabrica Raiz não quis pagar a tarifa. Mas tem pão branco Pullman e Pullmenos. Pô, mas você queria integral e da Raiz! Tem que levar Pullman ou Pullmenos. Vai para outro supermercado, só tem essas duas marcas. Isso se repete em todos os supermercados de sua cidade, do seu estado, do país inteiro! As fábricas que entraram no esquema agora não se preocupam com a qualidade de seus produtos, pois o mercado é praticamente só deles. O consumidor sai perdendo, comendo pão ruim e caro.
Jabá é isso. Limita a opção do consumidor, que no caso das rádios é o ouvinte. Um leitor do blog escreveu: já reparou que quando você muda de estação está tocando a mesma música noutra estação? Estatisticamente, isso é muito fácil de acontecer, tendo em vista que as playlists das rádios, a lista das músicas que podem tocar, é de aproximadamente vinte. Ou seja, num mesmo dia, ficam rodando as mesmas vinte músicas em todas as rádios comerciais.
Rádio, no mundo todo, é concessão governamental. Só que aqui no Brasil é usado como premiação para políticos. Reparem que sempre por trás de uma estação de rádio, tem um político. Rádio também é cultura. Com o esquema do jabá rolando, que limita a opção e variedade musical transmitida, o papel cultural não está sendo representado. O que o ministro Gil está fazendo sobre isso? Nada! Não chega a ser estranho, quando se descobre que ele foi um dos beneficiados pelo filtro jabazento que ocorreu nos anos 80s. Vejam o que revela o André Midani, que deixou a indústria fonográfica há cerca de três anos e em 2003 denunciou publicamente os mecanismos do jabá, em recente entrevista ao JB:
- Eu paguei jabá para Gilberto Gil tocar nas rádios e pagaria de novo. Não me arrependo porque muitos desses artistas que hoje são os pilares da música brasileira talvez tivessem demorado muito mais para acontecer, ou talvez não tivessem acontecido com tanta luminosidade se não tivessem tido, no meio de outras opções promocionais, o jabá - afirma Midani.
Quer dizer, se as regras de mercado e gosto popular agissem, talvez Gil não seria um dos “pilares da MPB”, talvez seria o Tom Zé. Aliais, Tom Zé para ministro da cultura já!
O jabá também serviu para matar a figura do DJ de rádio. Lembram-se como era? O DJ vasculhava lojas, garimpava acervos de gravadoras e tocava no seu programa aquilo que gostava. Cada programa tinha a cara do respectivo DJ e os ouvintes se identificavam de acordo com o estilo tocado. Hoje não, o DJ é meramente um tocador de discos, de acordo com uma playlist determinada por uma diretoria que não entende nada de música, só de contabilidade. Do jeito que está estruturado, nunca mais teremos um Maurício Valadares, um Kid Vinil, um programa HellRadio ou Novas Tendências do José Roberto Marr.
Eu acho que jabá é tão sério, que fere tão gravemente as leis de mercados, que caracteriza dumping econômico, concentração de mercado e assim sendo, deveria ser caso do CADE, do ministério da Fazenda, e não da Cultura. Ainda mais quando o Ministro Gil dá uma declaração assim sobre o tema: "A criminalização dele é que eu me pergunto como será. Onde estabelecer uma dimensão claramente criminosa?"
Fácil, ministro! Veja como é feito na Europa, nos EUA, no Chile, onde um caso comprovado de jabá gera multas milionárias aos envolvidos!
As gravadoras são burras em ficar pagando jabá. Isso incentiva até a pirataria, que concentra as suas ações nas faixas executadas nas rádios. Se deixassem correr solto, a segmentação musical prevaleceria, e seria mais difícil, num mercado segmentado, saber o que piratear. Sem a camisa de força do jabá, do controle da radiodifusão pelas estações, poderiam arriscar mais.
Parece que a praga passou para o meio artístico em geral. Na Veja desta semana, denúncia do esquema do Ratinho sobre cobrar para entrevistar o Lula e falar bem dele. Quer dizer, a opinião de alguém como ele, figura pública, influente junto ao povão, está a venda. É o jabá político! Tudo por dinheiro! Todos tem seu preço!
Isso tem que acabar! Mas não vejo nada acontecendo no futuro próximo. Só a qualidade de nossa música piorando.
segunda-feira, março 06, 2006
Salve Lobão!
Tiro o meu chapéu para o Lobão! Não porque foi ele o primeiro artista – tirando os Paralamas, que são au concour! – a reconhecer a Plebe Rude, nos convidando a abrir os shows de lançamento do disco O Rock Errou pelo Rio Grande do Sul, em 1986, mas pela sua atitude e realizações extramusicais. Foi o primeiro a denunciar abertamente o esquema rádios/gravadoras, conhecido como jabá. Isso lhe rendeu uma tentativa de ostracismo, do qual conseguiu sair editando a excelente Outra Coisa, lançando discos em bancas. Mas saiu chamuscado, as rádios ignoram sua existência, assim com a MTV e gravadoras. Preferiam que estivesse morto.
Nesse último carnaval, soltou uma crítica feroz e ácida ao Ministro Gil e seu camarote nas folias em Salvador. Acertou em cheio quando diz que as pessoas que estão lá estão mais interessadas em ser vistas, do que ver e apreciar a festa popular. Acusou o ministro de praticar apartheid social com seu camarote. O que falou, foi de bem mais baixo calão, mas a mensagem era essa.
Gozado que, ao freqüentar o camarote da Brahma, quebrou uma promessa feita a anos, por ocasião de ter sido barrado no mesmo camarim em outros carnavais. Disse que só voltou por causa da esposa que queria muito ir. O amor é lindo!
Gostaria muito de, no futuro, fazer um projeto Lobão e Plebe. Força!
(Inclusive, sobre o jabá, leiam o excelente artigo: http://www.alomusica.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=393 )
Nesse último carnaval, soltou uma crítica feroz e ácida ao Ministro Gil e seu camarote nas folias em Salvador. Acertou em cheio quando diz que as pessoas que estão lá estão mais interessadas em ser vistas, do que ver e apreciar a festa popular. Acusou o ministro de praticar apartheid social com seu camarote. O que falou, foi de bem mais baixo calão, mas a mensagem era essa.
Gozado que, ao freqüentar o camarote da Brahma, quebrou uma promessa feita a anos, por ocasião de ter sido barrado no mesmo camarim em outros carnavais. Disse que só voltou por causa da esposa que queria muito ir. O amor é lindo!
Gostaria muito de, no futuro, fazer um projeto Lobão e Plebe. Força!
(Inclusive, sobre o jabá, leiam o excelente artigo: http://www.alomusica.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=393 )
sexta-feira, março 03, 2006
Dicas sonoras para o fim-de-semana

Buzzcocks: Flat Back Philosophy
Recém lançado lá fora, o novo CD dos Buzzcocks, o oitavo de uma carreira de mais de 30 anos, impressiona. Os old-punks conseguem manter o nível de adrenalina borbulhando. Guitarras características fazem o cérebro reverberar de alegria. Pete Shelly com suas letras de amor continua imbatível.

Punk-not-punk, disco-not-disco, ska, regae, esses são os ingredientes do caldeirão musical dos Dead 60s. Tempere ainda com doses fortes de política urbana e tem-se uma das bandas mais dancantes e rebeldes dos últimos tempos. Diria, até, o Gang of Four desse início de século.

Radio 4 segue a linha dos Dead 60s, só que com um sotaque nova-iorquino. Muito bom para dançar enquato joga-se coctéis molotovs em Mc Donalds. Na terceira ouvida, a coisa fica melhor e só sai do player à força.
Decepção do ano: o Gang of Four lança um CD duplo, Return the Gift. No primeiro disco, regrava suas melhores músicas. Para quê? As originais eram excelentes e dão de dez nessas reinterpretações! No segundo, bandinhas e produtores do momento remixam clássicos do Gof4. Nenhuma acerta o taco. Fiquem longe, comprem os originais.

quinta-feira, março 02, 2006
Pistols recusam Hall of Fame!!!

Tem uma instituição americana que se chama Rock n’ Roll Hall of Fame. É um engodo, servindo para domesticar roqueiros velhos. Infelizmente todos que foram convidados a fazer parte, aceitaram. Até o Clash. Mas agora, uma voz se levanta e manda essa corporação bancada pelas gravadoras à merda! Das cinzas, surge o John Lydon e rejeita o convite da insituição para que os Sex Pistols façam parte do elenco do museu. Acima, a cartinha escrita à mão (ele nem se deu ao trabalho de digitar, excelente!) do mestre Lydon. Abaixo, uma tradução livre do texto. Sensacional! Caramuru! Caramuru!
“Comparado aos Sex Pistols, rock n’ roll e essa galeria da fama não passam de uma mancha de urina. Seu museu, urina com vinho. Não vamos comparecer. Não somos seus micos amestrados, e daí? Fama por US$ 25 mil por uma mesa (na cerimônia) ou US$ 15 mil para ficar de pé no corredor – tudo indo para organizações sem fins lucrativos vendendo um monte de velhos famosos. Congratulações. Se você votou na gente, entenda as nossas razões. Vocês são anônimos como parte do júri, mas ainda assim fazem parte da indústria da música. Não vamos comparecer. Vocês não estão prestando atenção! Fora do sistema, existem verdadeiros Sex Pistols.”
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