segunda-feira, agosto 28, 2006

The Entertainer

To punk ou not to punk? Essa é a questão apresentada por muitos ouvintes da Plebe. Nos encostam na parede e disparam: aí, vocês são punks ou não? Tem também aqueles jornalistas ou locutores de rádio que insistem em apresentar a Plebe como banda punk. Com vocês os punks da Plebe! Me arrepia toda vez que ouço isso. A necessidade de rotular gerou até debates dentro da banda, afinal, o quê somos?

Assim como o movimento hippy, o punk existiu numa determinada época e, na minha visão, está restrita aquele momento histórico. Nos meados dos anos 70s, em plena ditadura, foi muito importante para os jovens André, Philippe, Renato, Fê, Dinho, entre outros, verem que, no outro hemisfério, adolescentes estavam ocupando seu espaço com uma nova música, um novo jeito de vestir, ficando a sua bandeira e proclamando o seu espaço. Foi muito inspirador ouvir Ramones, Pistols, Clash e Dead Kennedys e ver que não precisava entrar num conservatório musical para fazer rock n roll. Inspirado neles, tomamos rumo de nossas vidas, quebramos paradigmas e criamos nossa cena. Por falta de adjetivo, éramos punks.

Não posso falar pelos punks de Sampa, mas não vejo outra forma de ser. Foi um movimento atrelado à uma época específica, inspirada no punk inglês e europeu. Foi uma forma de unir jovens que viam a sociedade de um jeito diferente, que não se sentiam confortáveis com o futuro traçado para eles.

Isso faz algum sentido em 2006, no século XXI? Se não puder responder “depende”, fico com o não. A Plebe foi inspirada pelo movimento punk? Certamente. Somos punks? Acho que não. O que somos então?

Primeiro, acho que a função de um grupo de rock é entreter por meio de sua música. Para entreter, não precisa ser acessível, de apelo juvenil ou comercial, mas, sim, conseguir se comunicar ao seu público. Quando alguém compra nossos CDs, vai aos nossos shows, ouve nossas músicas na rádio ou vê nossos clipes na TV, quero que saiam satisfeitos, que balancem a cabeça e que isso possa tornar o dia, quiçá a vida, dessa pessoa melhor. Atingindo esse objetivo, já valeu a pena.

Isso não significa que usaremos o espaço que nos é dado de forma irresponsável. Já que estamos entretendo, que uma mensagem positiva, aglutinadora seja transmitida. Mas também não fica estabelecido que somos obrigados a pregar contra instituições e governos. Para ser sincero, nossas letras favoritas são aquelas cujo sentidos não são tão diretos assim, como Bravo Mundo Novo, Sexo e Caratê, Códigos, Mentiras por Enquanto, Johnny. Gosto do sentido dúbio das letras, que podem servir a vários temas ao mesmo tempo, dependendo de quem ouça.

Um artista deve refletir a sua época, não se excluir de sua responsabilidade social. Mas para isso não precisa de rótulos, que servem tão bem à imprensa e outros com interesses de cobrar atitudes. Prefiro ser uma metamorfose ambulante, mas quem falou isso foi outro baiano. Jimmy Page, talvez?

3 comentários:

Anônimo disse...

Mas afinal...e se o "depende" for válido...

Cês são Punk ou não são?!?!?!?

André Mueller disse...

Depende.....

Anônimo disse...

são punk porra nenhuma!

são apenas uma boa banda de rock!