quinta-feira, outubro 27, 2005

Aviso do Ministério da Saúde


COMUNICADO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE:

Cidadãos brasileiros,

As notícias que tenho a divulgar, infelizmente, não são boas. A Organização Mundial da Saúde confirmou, hoje, uma epidemia em nível global da febre aviária, transmitida pelo vírus H5N1, que é mortal para o ser humano. Como é do conhecimento de todos, devido aos hábitos migratórios das aves, a doença se espalhou rapidamente pelo mundo. As previsões não são boas, milhões serão infectados, muitos morrerão.

No entanto, o Governo Brasileiro já tomou todas as medidas preventivas para que nossa Nação possa atravessar esse momento de crise com o mínimo de sofrimento para a nossa população. Graças ao desempenho do Instituto Butantã, temos um estoque considerável da vacina que previne a infecção do vírus. No entanto, sinto dizer, não há doses suficientes para toda a população. Nesse sentido, após debater muito com os Ministros de Estado e técnicos de saúde, foi montado um esquema de racionamento que irei explicar a seguir.

Os primeiros vacinados serão o Presidente, o Vice-Presidente, os Ministros, o Presidente do Congresso, do Senado e dos Tribunais Superiores, assim como as suas famílias. Em seguida, serão vacinados os nossos congressistas, juízes e suas famílias. A vacina será aplicada, então, aos servidores públicos da administração direta federal. Primeiro do legislativo, depois do judiciário e, finalmente, do executivo. Enfatizo, não se trata de privilégio, mas sim de manter a governabilidade do país num momento tão crítico.

As vacinas serão, em seguida, encaminhadas para os Estados para que possam, também, garantir a governabilidade nas unidades da Federação. Depois, serão vacinados os membros das polícias federais e estaduais, visando unicamente a manutenção da ordem pública. Um aviso, durante esse estado de exceção e ameaça pública, eles estarão autorizados a atirar para matar caso haja algum protesto ou ânimos violentos por causas das medidas de contenção da gripe aviária em nosso território.

Sobrando doses para o restante da população, essas serão rateadas pelos Estados, conforme determinação de cada governador, que já prometeram usar métodos justos e transparentes, beneficiando todos.

Se você não for vacinado, no entanto, não há motivos para o pânico. Como sabem, nosso excelente sistema de saúde está preparado para atuar em casos de contaminação – desde que também não estejam contaminados os médicos e enfermeiros, claro. Em caso de morte na sua família, é extremamente importante, visando a saúde de todos que continuam vivos, a colocação dos cadáveres nas ruas. Esses serão recolhidos e cremados por profissionais competentes, já selecionados por este Ministério.

Não há motivo para o pânico. Estatisticamente, você não será um dos contaminados. Se for, a morte não é certa. As chances de sobrevivência, de acordo com a OMC, é de 33%.

Me alegra informar que o nosso Presidente já se encontra em abrigo hermeticamente fechado, não havendo necessidade de se preocuparem com a vida dele ou da família presidencial.

Deus esteja com vocês.

35 comentários:

Anônimo disse...

Mais uma vez...

Anônimo disse...

Não conseguimos enxergar isso, confiram!

http://www.ad-awards.com/inc/video.swf?id=104

Anônimo disse...

Mas ae, é a minoria q tem q se adaptar a maioria, nao ao contrario, mas é claro q tem q melhorar a acessibilidade do deficiente

André Mueller disse...

Adorei o filme. Muitas vezes, é necessário nos colocarmos no lugar dos outros para entender as suas necessidades. Ou, então, usar a arma do ponto-de-vista do filme Mochileiro das Galáxias, he he he.
Brasília é um inferno para quem depende de cadeira de rodas. O transporte coletivo não é amigável, há escadas por tudo quanto é lugar, as rampas ficam distantes, são muito íngremes. Sei disso por empurrar - ou tentar empurrar - um carrinho de bebê, imagine uma cadeira de rodas.

Anônimo disse...

" O poder do sim ou não, as letras em negrito, quem cala, consente isso não, proponho um plebiscito"
Pedido da plebe atendido, a cada 4 anos um plebiscito...

Anônimo disse...

hahahahahahahahahahaha Muito Boa! Pena que o povo está ficando cada vez mais burro e não sabendo votar!
" O poder do sim ou não, as letras em negrito, quem cala, consente isso sim, proponho a continuidade do militarismo"

Anônimo disse...

Não deturpem a letra de "Plebiscito". Essa música foi feita em outro contexto e tinha outros objetivos, creio eu. Não sei a verdadeira história por trás dessa letra, mas aí vai minha interpretação de fã. Afinal, era (des)governo Sarney, o país tinha lutado pra sair da ditadura e estava sem rumo, com um presidente sem legitimidade e que lutava contra os que, na Constituinte, queriam reduzir seu mandato. Ele, sem ser eleito seja pelo povo, seja pelo Congresso, tendo assumido unicamente em razão da morte do Tancredo Neves, não tinha legitimidade pra guiar o país. Leiam e cantem essa letra em outro sentido.

Anônimo disse...

Só foi uma brincadeira...

Anônimo disse...

Fluzão x Atletico PR
Philipe, jander e gutje x Andre X

CA®I0CA disse...

DESCULPE PELA SURRA DO MEU FLUZÃO ANDRÉ RSSSSS

Anônimo disse...

E o Lula já falou que devido à febre aviária ele ficará um tempo sem viajar de avião...

Anônimo disse...

André, Para você, quais são as tres maiores bandas de rock nacional de todos os tempos? sem falar Plebe Rude!

Anônimo disse...

Depois de um estudioso do punk no claro q é rock na semana passada, nessa semana, outro entusiasta do punk, o figura do supla...

Anônimo disse...

Acho q o andre vai puxar a brasa p. o pessoal de brasilia, com certeza deve entrar a legiao, e talvez o capital e a escola de escandalos.
Talvez p. equilibrar coloque os inocentes, colera ,RDP ou os Garotos podres.
Aposto q pelo menos 2 desses 7 q eu citei entram

André Mueller disse...

Minhas bandas nacionais favoritas de todos os tempos:
1. Joelho de Porco - de preferência, sem o Billy Bond. Sou fã incondicional do Tico Perkins.
2. Dash - banda liderada pela Simone, que é mais conhecida pelo baixo dos Autoramas. Adorava essa banda, as músicas, a atitude. Tive até a honra de substituir o Formigão em alguns shows quando a Plebe acabou (pela primeria vez) e ele saiu do Dash para se grupar ao Planet Hemp.
3. Second Come - se eles fossem americanos ou inglês seriam mais cultuados do que Nirvana. Legião? Esqueça amigo! Second Come canta de sofrimento e vida amarga muito melhor.

O anônimo passou longe. É diferente admiriar, como admiro Legião, Escola, Inocentes e Cólera, e ouvir, ser fã, colecionar os discos. Respondi a questão como fã.

Anônimo disse...

Eu sabia q eu ia errar, na verdade eu pensei q pelo menos 1 banda vc ia citar, capital, certeza de nao incluir, agora, queria saber uma coisa, se vcs eram tao proximos da galera da legiao, do capital, paralamas(hebert viana ate produziu seus 2 primeiros discos), pq a plebe nao ficou tao popular qto essas bandas?
Vcs q nao queriam aparecer muito? ou uns queriam tocar no chacrinha, outros nao, uns queriam fazer playback, outros nao?
Muitas brigas?,...

Anônimo disse...

por que a Plebe sempre manteu sua atitude...

Anônimo disse...

porque a plebe nao se vendeu...

André Mueller disse...

A Plebe chegou ao disco de ouro com o Concreto antes da Legião (caso não saibam, o primeiro da Legião nunca foi disco de ouro, cujo critério é vender 100 mil cópias em um ano). A gravadora estava empolgadíssima, mas a Plebe pecou muito. Primeiro, por não estar unida. Segunda, por falta de alguém que nos orientasse, falasse: olha, estão fazendo tudo errado. A gravadora, EMI, logo viu que era mais fácil fazer marketing com Legião e Paralamas, do que com a gente. Não tínhamos galãs, nem músicas de amor. No terceiro disco, nossa verba de divulgação era inexistente. Sem falar nas várias pisadas de bola que demos, o mercado não confiou mais na Plebe como um produto. Mas isso ajudou também para criarmos um núcleo mais fiéis de fãs. Vamos ver se dessa vez, a gente acerta.

Anônimo disse...

R ao contrário...

CA®I0CA disse...

A PLEBE SEMPRE MANTEVE SUA LINHA, SEUS FÃS SÃO DE ALTO NIVEL DIFERENTE DO PUBLICO BESTA QUE CULTUA BANDAS COMO CAPITAL INICIAL E OUTRAS POR AÍ ...

Anônimo disse...

Agora é a hora que precisamos dar força a banda. comparecendo a shows e não comprando cd pirata, fã mesmo não compra cd pirata nem fica baixando da net. É isso ai!!! CD PIRATA SÓ COMPRE O QUE VC NÃO GOSTA!

Anônimo disse...

Entendeu o que eu quero dizer? (SIM) se entendeu vc entendeu tudo, pq eu to dizendo tudo!

Anônimo disse...

André,
essa Simone do Dash em uma entrevista foi perguntada sobre quem mandaria para uma ilha deserta. Resposta: Philippe Seabra. Tinha dúvidas se vc tinha tocado nesse Dash, agora não há mais. Vi o show do Seconde Come aqui em Bsb, acho que em 1993. Foi bom. Tinha o disco deles, co-produzido por você, mas o disco não tinha a mesma energia do show. E o Garganta Profunda de quem você produziu o disco? Nunca ouvi uma música desses caras.

André Mueller disse...

João, a única Garganta Profunda que conheço é outra, e inclui a Linda Lovelace.... não seria Gangrena Gasosa, a primeira e única banda de Saravá Metal do mundo? Esse disco me orgulha muito, pena que a
RockIt não tinha $$ para fazer a divulgação que mereciam. Mas conseguimos até o Jô Soares! Macumba com metal e bom humor, a fórmula para o sucesso...

Mandar alguém para uma ilha deserta pode ser bom ou não.... depende da ilha.... a Simone deve ter as suas razões....

Anônimo disse...

espero q o cd nao seja mais do q R$20,00

Anônimo disse...

Caramba!! Foi mal. Viajei bem longe, lá na ilha que a Simone ia exilar o Philippe. Era Gangrena Gasosa o nome da banda que eu queria falar. Acho que Garganta Profunda foi um ato falho, provavelmente gerado pelo canal pornô da Tv a cabo.
Tem Plebe na revista Flasback desse mês. O Philippe contando sobre a geração de "Até Quando".

Anônimo disse...

esse negocio de q banda nao estourou pq a banda teve atitude, pq nao se vendeu é coisa de fã egoista, q quer q a banda seja so dele, q faça so o q ele quer e q nao faz ideia o qto é dificil viver de musica no Brasil

André Mueller disse...

Caro anônimo,
Vou falar como um conhecedor da causa, tendo conhecido um lado, por estar na Plebe, conviver com Inocentes e Cólera, e o outro lado, por ser amigo do Dado (Legião) e Fê (Capital). Tem uma diferença enorme entre o fã de uma banda que não estoura, mas mantem uma certa postura underground, e uma que atinge o gosto das massas. Depois de um show da Plebe, falar com os fãs é um papo olho a olho, de igual para igual. O fã da Legião, à época, é um deslumbrado, do Capital, um adolescente MTV típico. Não estou dizendo que não queria que a Plebe estourasse, quero muito, mas gostaria muito de manter nossa base de fãs inteligentes que temos. Claro que uma pessoa dessas, vendo o público de sua banda mudar de pessoas que pensam como ele para adolescentes histéricos que só querem ouvir os hits incomoda muito.
Pense em termos de roupa. Quando a Puma estava mal das pernas, uns caras do underground eletrônico começaram a usar umas coisas puma. De repente, tudo quanto é perua e patricinha e boyzinho tá de puma. Claro que deixam de usar. Isso chama-se identificação, e discordo de você, não tem nada de ser egoísta ou não.

Anônimo disse...

Eu sei andre o q vc quer dizer, eu msm odiaria se a plebe fizesse uma musica tipo natasha q nem o capital fez, mas a galera tem q entender q nem tudo o q se populariza um pouco mais é ruim, por exemplo cazuza, legião,...
Tenho outro exemplo q é o los hermanos q tem um publico muito grande mas nao é "popular" tipo charlie brown, e esse publico é formado por uma galera fiel q acompanhava a banda desde o primeiro cd e novos fãs q se formaram a partir do terceiro, qdo ja estavam esquecidos desde o estouro de anna julia, se a plebe conseguir metade desse publico ta otimo, por ex lotar 2 dias de canecao, por mim continuaria tocando no tetro odisseia, q eu vejo a banda de perto, so q aí eu estaria pensando so em mim, é nisso q eu falo do fã egoista, mas eu acho q o q é bom, tem q ser divulgado...

André Mueller disse...

Estamos de acordo, então. O exemplo dos Los Hermanos foi ótima. Tenho certeza que com a Plebe será assim.

Diego Guerra disse...

Olá, André ! Fiquei mto feliz por encontrar o seu blog, sou um fã d Plebe q já tinha perdido as esperanças d vê-los tocar novamente..
eis q, no dia anterior ao show de vcs no Teatro Odisséia, eu fui lá me apresentar com a minha banda pelo festival de música do meu colégio (FestCAp) e fiquei sabendo, ali, naquele momento, q vcs tinham voltado a tocar.
Uma felicidade enorme ! Infelizmente não pude ir ao show, mas espero mto ansiosamente pelo próximo. A única vez q cheguei a ve-los foi na tenda Brasil do Rock In Rio, mas cheguei atrasado, percorri aquele lugar todo correndo feito um louco pra ver o final do show de vcs.
Qdo serão os próximos aqui no Rio??
Abraços.

Anônimo disse...

André, posta ai, imagens do começo da Plebe, é sempre bom relembrar... Abraço.

Anônimo disse...

Bizz de 11/1986

PLEBE RUDE - OS FILHOS BASTARDOS DE BRASÍLIA

A turma de Brasília mudou-se quase toda para o Rio e a maioria escolheu como base o aprazível bairro da Gávea, na extrema zona sul. Já andam até dizendo que o rock de Brasília mudou de nome e virou "rock da Gávea".
Numa tarde gostosa de primavera, Tom Leão esteve reunido com a Plebe Rude, que é composta por André (baixo), Philippe (guitarra solo e voz), Jander Bilaphra (guitarra base e vocais) e Gutje (bateria e vocais), na casa do André, que fica onde? Na Gávea. Depois de um papo que girou em torno de passado, presente e futuro de uma banda em ascensão, foram todos jogar fliperama num shopping próximo, onde uma máquina de pinball chamada Atlantis cismava em não deixar Philippe marcar mais que 50 pontos.

BIZZ - Falem da proposta inicial do seu trabalho; visualizando os horizontes de Brasília na época...
Philippe - Bem, no começo nós tínhamos a proposta de nos divertir, de colocar algo pra fora, exprimir os sentimentos... mas não era algo assim sério em termos de profissão. Mas era algo legal, muito sincero, porque a gente realmente sentia aquilo, vivia aquilo. Essa era a nossa proposta.
André - O que fez tudo começar é que Brasília foi um ponto de encontro de várias pessoas com o mesmo interesse, que era o que tava acontecendo de punk na Inglaterra naquela época.

BIZZ - Quando pintou a decisão de descer para o eixo Rio-São Paulo, como foi sair de casa?
Philippe - Tudo começou com o disco, óbvio. Havia rumores, já há uns cinco anos atrás, que o Plebe iria gravar. Lembro o André um dia dizendo pra mim: "Esse ano ainda a gente vai gravar um compacto. Senão gravarmos um compacto este ano a gente vai acabar" (André ri). E isso há quatro anos atrás. Aí a gente foi levando, até as coisas ficarem mais sérias...
Jander - Quando a gente veio para gravar o disco, já veio procurando apartamento, já decididos a ficar e a trabalhar aqui.
André - Infelizmente no Brasil os únicos lugares são Rio ou São Paulo, para divulgar o trabalho...
Philippe - Mas é legal porque foi um passo super importante na nossa carreira e na vida de cada um, pois afinal não é todo dia que todo mundo sai de casa.
Gutje - Só eu já era casado e morava sozinho.
Philippe - Mas para nós três... mudar de cidade, viver de seu próprio trabalho, acho que aumenta bastante as responsabilidades e é um lance super legal. Eu e o Jander estamos morando juntos. Posso dizer que foi o passo mais importante da minha vida até agora. Uma vez que você sai de casa não volta mais. Não que seja ruim em casa, mas quando você mora sozinho é outra coisa. E teu espaço.

BIZZ - No disco, o som da Plebe Rude apresenta-se mais elaborado que nos shows. Expliquem.
André - Deixa a gente fazer um show com uma aparelhagem ótima...
Philippe - Hummm. Sabe que não tem muita diferença? A diferença é que tem alguns overdubs atrás, uns cellos em "Até Quando".
Jander - A diferença é que no disco você consegue ouvir as três vozes sem embolar, as guitarras limpas, o baixo, a bateria.
Philippe - Isso porque a gente não tá viajando com toda a aparelhagem, mas daqui a um tempinho, logo, se Deus quiser, a gente vai começar a viajar com toda a nossa aparelhagem...... Todo mundo vai poder ouvir melhor o som. A gente já está viajando com técnico. Acho o disco superfiel. Mas acho que para alguém realmente conhecer o Plebe, além de comprar o disco, tem de ir ver o show. Tudo bem, a gente não tem sax ao vivo, não vai levar um naipe de metais para o palco, rebocar a Fernandinha (da Blitz, que faz backing vocais em "Sexo & Karatê", N.R.). O André até queria rebocar a Fernandinha. O violoncelo, o André faz no baixo.

BIZZ - Vocês se consideram filhos legítimos do punk?
André - Pra mim o punk não deixou nenhum filho legítimo não, cara. São todos bastardos! (risos).
Philippe - Puuuta! Eu vou levar porrada por causa disso.
Jander - Estou quase concordando com isso. Estou pensando um pouquinho sobre essa proposta nova.
Philippe - O que é um filho legítimo? (gritando) Roar! Argh! É isso que é um filho legítimo do punk? Influenciou pacas, influenciou muito, motivou.
Jander - E a legitimidade de punk não era isso (referindo-se aos gritos). Era ser agressivo da maneira que fosse. O cara do Buzzcocks, o Pete Shelley, cantava totalmente diferente de Johnny Rotten e nem por isso era menos punk.
André - A gente não pode negar as influências, mas o importante é que a ideologia se mantenha, fique no trabalho. Isso nós sempre levaremos dentro da nossa música.

BIZZ - O mini-LP de vocês está sendo um sucesso desde o lançamento. Foi aclamado por toda a crítica. Como é sair do gueto e ir para a grande mídia? Preocupa?
André - Preocupa é entrar na grande máquina...
Philippe - Mas a grande máquina está aí para ser usada. O problema é que não está sendo muito bem usada. Ela está usando. Você tem, por exemplo, o Chacrinha. E legal porque o Brasil inteiro vê o Chacrinha e isso é uma responsabilidade muito grande. Todo mundo vê o Chacrinha. A gente vai lá e as pessoas ficam dizendo aquelas palhaçadas, "ah, vocês estão vendidos". Ser vendido é ter seu trabalho divulgado para o resto do Brasil? Então eu acho legal, ao invés do esquema te usar, você usar o esquema, usar as rádios, as televisões.
André - Mas eu acho que tem que se ter muito cuidado. De repente, você vira outro... sei lá. Você não pode sair na rua, não pode fazer nada. Teu cachê é tão alto que você não pode mais dar shows nos lugares que gostava, tem que se superproduzir. Chega um certo ponto que você não sabe se seu trabalho vai ser superior ao último. Acho que tem que se tocar para gente que quer te ouvir, que queria te ouvir naturalmente, sem imposições da mídia, sem irem a seu show só porque você é superfalado.
Philippe - Teve uma vez, quando a gente deu um show no Clube Caiçaras, que eu pensei comigo: "Cara, se eu tocar nesse show para o resto de minha vida está ótimo, porque você está tocando para pessoas interessadas no teu trabalho. E teu público. Isso é legal. Agora, para as pessoas ficarem conhecendo, é aquele lance, tem que ser pelas rádios. A partir do momento em que todo mundo te conhece, fica fiel, já conhece o trabalho, sabe quem vocês são, vão ao show não pelo balanço, pelo fato de ser uma música de rádio, vão por gostar, por se identificar, isso é legal. Acho que o caminho que os Paralamas estão seguindo é ótimo. Eles estão fazendo o que estão a fim, num esquema de shows legais para eles e estão indo super-bem. O Legião já está nessa também, de fazer o que está a fim. Não entrar no esquema de vinte shows por semana, sete shows por dia, mil shows em não sei quantos meses, aí você passa a tocar de má vontade, cansado. E melhor tocar um pouco menos, mas cheio de tesão, para pessoas que tem a ver com você. Não tocar em buracos. Eu acho que você chega a um certo ponto em que pode escolher o que vai fazer. Não tem que ficar abrindo as pernas para tudo. Isso é o que está começando a acontecer com o Plebe.

BIZZ - Vocês sentem que, à medida que a quantidade de shows vai aumentando, o som do grupo vai se renovando, a atuação do repertório varia, músicas tomam novas formas?
Philippe - Cada show nosso é totalmente diferente do outro e as interpretações das músicas também variam dependendo de muitos fatores. Pra começar temos mesmo um repertório definido. A lista é feita dez minutos antes do show, no camarim. Tem dias que não estou a fim de cantar determinada música.
André - É. Também, mudamos muito os começos e fins de músicas, dependendo do show. As vezes fazemos "Proteção" com fim funk. E bom sempre renovar para não enjoar.
Philippe - Tem uma filosofia que a gente segue de testar músicas novas com o público. Eu particularmente não acho legal fazer uma música num quarto fechado e por no disco. Acho legal sentir a troca, a reação do público, sentir o que tem mais pique ao vivo antes de registrar no disco que será uma coisa que vai ficar para sempre.
Gutje - E um saco ficar tocando exatamente as mesmas músicas na mesma ordem sempre. E bom variar.

BIZZ - Já tem alguma coisa delineada para o próximo disco?
Gutje - Estamos exatamente com a metade de um novo disco, com bastante impulso para outra metade.
Jander - Agora, temos acumulado um material que dá para uns dois Sandinista! (o álbum triplo do Clash). Temos quilos de letras antigas para serem musicadas, acabadas.
André - Possivelmente alguma coisa, fragmentos desse trabalho antigo, entre, algumas frases.
Philippe - De repente tem algumas idéias minhas, mas tem mil coisas velhas que continuam atuais..

BIZZ - A propósito, será que em quatro, cinco anos apresentando o mesmo repertório ele não caducou?
André - Pega um exemplo, a música "Censura". Viu quantas músicas já foram censuradas este ano, sem falar nos filmes? Pô, tá ultra-atual.

BIZZ - Que vocês dizem quando alguém comenta que uma música da Plebe lembra o Buzzcocks, outra o Joy Division, Gang of Four etc.?
Philippe - Isso é coisa de críticos, não? Em vez de respeitar a música no seu contexto, pegam uma partezinha parecida e pronto. Taí, parecida com Joy Division: que Joy Division o quê!
André - lsso é um escândalo. Nenhuma é parecida. Nossa consciência está limpa quanto a isso. A gente não pára e diz: "Aí, vamos fazer uma música tipo Buzzcocks". Nunca. Acho bom que se denuncie quando uma coisa for plágio descarado. Tem muita coisa por aí que é cópia mesmo.
Philippe - Digamos, uma cópia servil. Aí é foda.

BIZZ - Como uma banda de filhos de diplomatas chama-se Plebe Rude?
André - Ninguém é filho de diplomata aqui. Rumores vindos de São Paulo. Meu pai é professor, o do Gutje é professor, o de Jander, bancário e o de Philippe, tradutor.
Philippe - Teve um show que gritaram pra gente: "Voltem para casa, filhos de ministros!" E um saco.
Jander - Filhos de diplomatas e de ministros também podem se revoltar.,.
Gutje - Ser filho de diplomata é pejorativo? Você não é gente, não?

BIZZ - Vocês acham que fazem, trazem realmente algo de novo?
Jander - Eu acho novas as coisas que fazemos. Pelo menos para mim são.
Philippe - Se é novo novo, não sei. Para mim tanto faz. A gente está adorando o que está fazendo e isso é importante. Se um cara fica em casa tocando Beatles e isso é o que lhe motiva, está ótimo.

BIZZ - Qual a opinião de vocês quanto ao trabalho dos outros da turma de Brasília, como o Legião, Capital Inicial, Finis Africae?
Jander - O novo disco do Legião deve ser muito bom, mas por enquanto eu só ouvi "Eduardo & Mónica", que toca o dia todo na rádio. O Capital eu achei legal, mas o resultado final de som, mixagem, não gostei muito.
André - Eu esperava mais deles.
Philippe - O Capital fez o contrário da gente, que fez um disco super fiel. Eles botaram mil arranjos em cima.
Jander - Finis eu acho um trabalho super legal e íntegro.
André - E da turma inicial de Brasília só restam duas bandas que ainda não gravaram, Escola de Escândalo e Elite Sofisticada.
Jander - E o Arte no Escuro.

BIZZ - Há bandas que não sejam dessa turma que vocês curtem? As novíssimas de Brasília?
Jander - O Detrito Federal, hoje em dia, eu acho super legal.
Philippe - E tem mil outras que continuam surgindo, boas e ruins.

BIZZ - E do exterior, tem alguma que bata tão forte atualmente quanto aquelas de 77/78?
Jander - Estou achando tudo muito normal demais. Prefiro Ramones.
André - A única coisa que me empolgou esse ano foi o Jesus & Mary Chain. Ouvi direto várias vezes. Mas ainda espero o último disco dos Stranglers com a mesma ânsia.
Philippe - Eu vou fazer uma confissão aqui. Eu tenho um poster do Yngwie Malmsteem pendurado no meu quarto. Mas só entre nós, viu?
Gutje - Eu acho que as coisas estão ficando iguaizinhas ao tempo em que o punk teve que surgir. Todos se acham o máximo e não são.

Anônimo disse...

O melhor dessa antiga entrevista à Bizz é que no final teve uma brincadeira dos caras da banda advinharem um som que botavam. Me lembro do Jander falando de uma música que seria o que os hippies escutavam antes de ficar doidões. Era Jorge ben.