segunda-feira, maio 15, 2006

Plebe em clipe do Capital!


A Plebe Rude, em sua formação original, estará no próximo clipe do Capital Inicial, da música Anúncio de Refrigerante. Fizemos as pazes com o Gutje? O Jander mudou de idéia? Nada disso, trata-se de clipe animado pelo mestre Didiu. Aqueles ligados nos Ratos do Porão devem se lembrar de um clipe que ele desenhou para a banda dois anos atrás (ou mais?). Vejam a cena, acima. Trata-se de um resgate dos shows que ocorriam no Foods, uma lanchonete na Asa Sul. Vejam o Jander, com seu colete de brim. O Philippe com seu topete exagerado. E esse que lhes escreve com a camisa com o A da anarquia. Didiu, faltou o detalhe, que abaixo do A tinha a frase: "enforquem o Fábio Jr."

MTV - seu passado, seu presente.

Clipes promocionais de músicas de artistas surgiram nos meados da década de 1960, quando mega-bandas como os Rolling Stones e os Beatles se tornaram tão grandes que era impossível atenderem toda a demanda de aparição em TVs pelo mundo todo. A solução foi filmá-los fazendo mímica para seus últimos sucessos e mandar o clipe para àquelas estações que quisessem exibi-los. No seu formato inicial, eram bem toscos e ingênuos. No entanto, as raízes dos vídeos que conhecemos hoje podem ser traçadas para as seqüências musicais de filmes como Help! e Hard Days Night.

Mas foram os Monkees, aquela banda sempre acusada de copiar os Beatles, que, no seu programa televiso semanal, que cunharam o que viria a ser a programação de vídeos. No programa, sempre havia clipe para uma música da banda, mostrando, além dos músicos tocando (fazendo mímica) seus instrumentos, uma história que tinha a ver com as letras (ou não – o programa, um favorito deste que lhes escreve, era muito doido).

Não é a toa que a idéia da MTV surgiu da cabeça de um ex-Monkee, o Michael Nesmith, o mais sério do quarteto trapalhão. Quando deixou a banda, nos anos 1907s, ele começou a criar um monte de clipes para promover a sua carreira solo. Daí, para a criação de uma estação de TV que passasse exclusivamente vídeos musicais, foi um pulo.

Mas no começo, acreditem se puderem, a MTV não tinha acesso a grande número de clipes. Tinham que mendigar nas gravadoras para que liberassem os vídeos promocionais de graça, sem cobrar pela exibição. Não havia caído na cabeça obtusa dos executivos fonográficos (assim como hoje, são lentos para ver oportunidades) a força que isso teria nas vendagens de seus produtos.

À época, vendas de discos estavam em livre queda. As grandes rádios americanas baseavam os seus playlists em consultorias contratadas para planejar a sobrevivência das mesmas. Para tanto, aconselhavam, e elas idiotamente aceitavam, só tocar rock tradicional, antigo. Bem, se é antigo, é bem provável que o ouvinte já tenha o disco, então não comprava nada de novo. Acontece que essas bandas tradicionais, Lynard Skynard (eca!), REO Speedwagon (Deus nos livre!), Deep Purple, Sabath e outras dessa laia não tinham vídeos promocionais. Quem tinha eram as chamadas bandas New Wave – Elvis Costelo, Talking Heads, Thomas Dolby, Thompson Twins – que tinham uma base artística bem mais abrangente que a musical. Então, a MTV passou a tocar esses, por falta de outros clipes.

Foi a salvação da indústria! Onde tinha MTV, vendas de novos artistas começaram a subir, e muito. De uma hora para a outra, o canal parou de solicitar os clipes e passou a negociar com as gravadoras para tocá-los, com vantagens para o canal, claro. Foi o fim da novidade, da chance de mostrar novos artistas. Claro que as empresas fonográficas investiam naqueles que dariam o maior retorno, os velhos artistas, as Madonnas da vida, os mais maleáveis e vendáveis.

Uma história bacana – e triste ao mesmo tempo – é a relação do Devo com a MTV. Dois integrantes do Devo sempre foram defensores do vídeo clipe. O Casale e/ou Statler dirigiam todos os clipes da banda, tinham um acervo imenso dos hits devianos. A MTV chamou eles para uma reunião e literalmente implorou que deixassem exibir os vídeos de graça. Eles aceitaram, crente que seria para sempre um canal que apoiaria os novos diretores, novos conceitos e novas bandas, sem preconceito, sem jabá. Quando a MTV estourou, o Devo encaminhou o seu novo clipe, da música That’s Good. Qual a surpresa dos caras quando os executivos da MTV quiseram censurar a cena de uma batata frita passando por dentro de um donut – desculpa fiada para não tocarem o clipe. Como o Devo não tinha cacife para negociar, nunca tocou.

Achei interessante todos conhecer como funciona o mundo executivo-musical. Ninguém é inocente (talvez somente o Devo), não há almoço grátis. Fico imaginando o que poderia ser uma MTV vibrante, inovadora, independente. A brasileira dá de dez na americana, que é totalmente controlada pelas megas corporações. Ainda consigo assistir a nacional. E nossas VJs dão de dez nas gringas, he he he.

(Fonte da informação: MTV and the Second British Invasion, artigo escrito pelo Simon Reynolds).

sexta-feira, maio 12, 2006

Giraffest - fotos de Guilherme Fontes






Como havia dito: o fluxo de informações no meio digital é muito legal. Vejam as fotos, acima, tiradas pelo Guilherme Fontes. Gostei principalmente da camisa que ele pintou com os 25 anos da Plebe, devidamente autografada.

Blog, blog, blog.


Lembram do Lula, Paz e Amor?

É interessante ele lembrar do ditado popular: “O Amor é como capim. Você planta, ele cresce...Aí vem uma vaca e acaba com tudo!”

Por falar em amor, acordei entusiasmado com blogs. Acho que são o futuro da literatura cotidiana, da notícia independente, da informação sem filtros. Prova disso são os inúmeros jornalistas que têm blogs dentro dos sites dos grandes jornais. Tudo bem, na verdade não são blogs, pois se sujeitam às regras editoriais dos jornais, mas muitos começaram com blogs.

Sei que têm dois leitores do blog que mantêm blogs, a Pamela e o Black. Inclusive, no blog desse útlimo, tem entrevista minha, do Clemente, do Dado e outras figuras. O cara é um entusiasmado pela night, valendo a pena entrar no seu submundo. Acessem www.brblack.com. O da Pamela, não me lembro, mas é legal e ela pode postar aqui o endereço.

Aliais, vamos postar blogs pessoais ou indicações de blogs legais. Pra que quero jornais???

A resposta que estou tendo com o X da Questão me anima muito. Vou para Nazaré das Farinhas e encontro leitores. Daí, a gente continua um papo que rolou no blog, como se estivéssemos conversando a tempos. Dá uma intimidade maior, diminuindo o maldito fosso artista-fã que alguns metidos a pop-star insistem em manter. Fazemos um show e o pessoal manda fotos, dizem o que acharam. Temos uma resposta instantânea, de pessoas interessadas – não jornalistas tentando fazer um texto bonitinho para seus jornais.

Estamos todos de parabéns.

quinta-feira, maio 11, 2006

Girrafest - Deu no Correio Braziliense



Girrafest - Fotos do Jr.




Giraffest - Passagem de Som




Eu adoro o mundo digital! Fotos, textos e músicas fluem muito naturalmente. Não há espaço para a privação de dados.

As fotos acima foram tiradas na passagem de som. Postei uma do Clemente instruíndo a equipe técnica sobre o que quer no palco (muuiiita guitarra!). O cara que parece o Bel do Chiclete com Banana é o nosso técnico de som, o Conde Vlad. E um excelente técnico por falar nisso, com um conhecimento profundo em rock ao vivo. O carinha afinando o violão, lá trás, é o Júnior. Competentíssimo e confiável. Faltam o Carlinhos, da luz, que vcs conhecem das fotos de Farinha e o Felipão, que ainda estava no avião. Ah, e o loirinho sentado ao lado do Clemente é o Gustavo Conhaque Dreher, que fez o som do palco.

terça-feira, maio 09, 2006

Giraffest - primeiras fotos.




Fotos tiradas pelo colega baceninao Emílio Carlo, utilizando um celular.

segunda-feira, maio 08, 2006

Giraffest - considerações póstumas.

Certamente foi o maior público que já pegamos pela frente. Bateu o recorde do aniversário de Brasília de 1987 (ou foi 88?) quando tocamos para mais de 50 mil pessoas. Na ocasião o Kid Abelha esnobou a gente no hotel e, enquanto eles tocavam, o público demandava: Plebe! Plebe! Foi uma vingança legal.

Mas voltando à girafa fria, ops, vaca fria: muita gente! Uns diziam 180 mil. Eu chuto lá pelos 100 mil. Mas, por incrível que pareça, não houve aquela ligação energética com o povo. Tocamos maravilhosamente bem. Mas a faísca não voou. Acho eu. O Clemente adorou. O Philippe mais ou menos. O Txotxa gostou. Gostaria de ouvir opinião dos presentes.

A interação entre as bandas não rolou como imaginava. Ficou cada um meio que confinado nos seus respectivos camarins. Tirando o Fê e o Flávio do Capital que circulavam entre a galera. E a Plebe, claro, parece que nós quatro temos fobia de camarim! Mas deu para dar um oi no Dado, Bi, Barone e Hebert. Dinho ficou ouvindo AC/DC a todo volume trancado no seu camarim. Mas tenho que tirar o chapéu para ele, puta showman, segurou como nenhum outro, naquela noite, o público. Ficou com eles na palma da mão. Melhor show do festival, certamente, o Capital saiu com a medalha de ouro. E a de prata, quem leva?

Estou à cata das fotos para postar aqui. Mandem!

quinta-feira, maio 04, 2006

Os Quatro Mosquiteiros


O diabo não é mais inteligente, é mais velho. Com a idade avançada, olhamos para os acontecimentos sob uma perspectiva menos emocional, mais racional. Com a experiência, sabemos que soluções radicais sempre prejudicam alguns que, mais cedo ou mais tarde, irão demandar reparos – talvez utilizando meios mais radicais ainda. Como o Philippe tão inteligentemente colocou na entrevista dada pela Plebe após o Porão do Rock 2005, hoje sabemos que o mundo não é preto, nem branco, é cinza. Sabemos que o imediatismo leva á soluções precárias. Principalmente sabemos que a negociação pode ser difícil, parecer impossível, mas sem ela, não haverá um mundo decente.

Vejo a foto, acima, e fico com medo de encontrar esse bando numa rua escura, à noite. De diabo do ditado popular não têm nada – nem inteligência, nem experiência – a não ser a ambição que deve ser resolvida a curto prazo. Custe o que custar. Vejamos o caso da Bolívia. Veja o que a Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa escreveu em sua coluna, que concordo inteiramente:

“O governo brasileiro, embalado pelo sonho distante de liderar a América Latina, afastando-se o mais possível do imperialismo americano, caiu nas artimanhas do crescente imperialismo venezuelano. Hugo Chávez dá as cartas e isso ficou extremamente nítido nesse último fim de semana, véspera do Primeiro de Maio em que Evo Morales resolveu cumprir aquilo que prometera ao seu eleitorado. No dia 1º de maio não ‘nacionalizou’ o que sempre foi boliviano, os recursos minerais. O que fez foi expropriar bens brasileiros e ocupar instalações da Petrobras com seu exército.

A Bolívia, para usar uma metáfora que não é futebolística, mas que estaria ao alcance do presidente-candidato, se ele porventura viesse a ler este texto, saiu do colo da mamãe e caiu nos braços de uma amante instável, mais velha e muito ambiciosa. Será que o povo boliviano, além de poder gritar a plenos pulmões: “É tudo nosso!”, vai poder usufruir de suas riquezas, com mais escolas, hospitais, estradas, saneamento básico e tudo o mais que torna um país civilizado?”


Nada mais fácil do que carimbar o bem de outros com o nosso nome. E o Chaves, espertalhão, já mandou técnicos da estatal venezuelana para substituir os técnicos da Petrobrás (não há técnicos bolivianos capazes de operar os bens desapropriados da empresa brasileira). Valeu, Morales, agora não é mais dependente dos brasileiros, mas sim dos venezuelanos – qual a diferença? É dependente do mesmo jeito.

Será que nunca passou pela cabeça dele uma negociação do tipo: ok, Petrobrás, vocês ficam aqui, mas treinam meus técnicos, que deverão fazer parte chave (não Chaves) da sua equipe? Algo que a longo prazo traga benefício para os dois lados? Mas para que negociar? Não cria alarde, não dá manchetes e, por isso mesmo, não dá votos. Acontece que quando o Morales terminar seu mandato, viajará o mundo cobrando caríssimo por palestras em universidades européias e americanas. Em dólares, claro. Enquanto o povo boliviano continuará sem escolas, saúde e pobre.

Olha o aviãozinho.....


Do jeito que a informação voa pela rede virtual, tenho certeza que todos já viram a charge, acima. Mas decidi publicar aqui, mesmo arriscando ser uma “piada datada” para frisar o descontentamento com políticos da laia do Garotinho.

A gota d’água que fez com que sua candidatura fosse inviabilizada foi a descoberta do repasse de dinheiro público a ONGs criadas por empresas que doaram dinheiro a campanha do pequeno Garoto. De acordo com a lei, não é necessário fazer licitação quando ONGs estão envolvidas. Como o carioca é criativo, heim? Criaram ONGs só para receber grana do governo fluminense (e tenho certeza que não é exclusivo do Rio esse golpe).

O que me impressiona é a quantidade de dinheiro repassado, mais de 300 milhões de reais. Imagine o impacto disso na rede educacional do estado. Ou na saúde? Eu sou totalmente favorável a acusar corruptos de assassinato em massa. Bastaria provar que o dinheiro desviado causou danos à população, resultando em morte de crianças. Indo mais longe, poder-se-ia traçar uma linha de causa-consequência mostrando que a falta de educação pública levou a população a ter subempregos, que pagam mal, que obrigam o trabalhador a morar em condições subumanas que geram mortes. Roubou dos cofres públicos? Crime hediondo! Paredão!

O Garotinho se meteu numa sinuca de bico. A saída mais honrosa seria morrer de desnutrição. Qualquer outra, ele vai sair humilhado. E ninguém leva a sério essa greve de fome. Sentir fome no aconchego de um prédio de luxo é moleza! Quero o ver fazer essa greve na caatinga. Feche a boca, Garotinho, o Brasil tem a ganhar.

quarta-feira, maio 03, 2006

Giratock ou Woodraffa?

O Giraffestival que acontecerá no próximo dia 6 de maio (sábado, agora!) será uma homenagem e tanta ao rock de Brasília. Acho que é a primeira vez que músicos da tchurma se reúnem depois de estourar nacionalmente. Paralamas – os responsáveis pela contratação da Legião e da Plebe Rude – são os “padrinhos” da turma. Capital e Plebe, bandas irmãs, naquilo que diferem e naquilo que são iguais. E o Dado representando a Legião. Grande sacada! Vai ser interessante a química dessa junção de egos, amizades e camaradagem.

Parece que estão estimando 60 mil pessoas – ou mais, pois são 80 mil ingressos à disposição. Para pagar, basta levar um quilo de alimento não perecível ao Giraffas. O Clemente está chegando amanhã, quando os ensaios serão intensificados. Adrenalina já corre na veia, véio!

terça-feira, maio 02, 2006

X in Sampa

Passei esse último fim-de-semana em São Paulo, passeando com a Rosa. No sábado à noite, fomos assistir o Echo & the Bunnymen no Credicard Hall. É a quarta vez que vejo os coelhinhos de Liverpool – e uma das melhores! O Echo faz uma coisa que é muito Plebe (ou será que é vice-versa?) de dar ênfase à cozinha. O baixo e a bateria ganham importância fundamental na construção das músicas. As guitarras “respiram” bastante, deixando lacunas para os outros instrumentos aparecerem. É uma técnica muito usada pelo Philippe, que admiro muito. Como baixista e, também, como apreciador de música.

Pontos altos do show: tocarem músicas antigas “não-hits”, como The Disease; qualidade do som; a guitarra do Will Sergeant; a luz, simples, bonita e eficaz.

Pontos baixos do show: o McCullock exigindo mais animação do público. Porra meu, vocês tocam música melódica, tingida por traços depressivos, levando o ouvinte à introspecção. Não é axé não, ninguém tem que ficar pulando e gritando com seu som, mas sim meditando e curtindo.

Evento ridículo: um baixinho do meu lado, querendo mostrar empolgação e seu conhecimento de inglês, só que gritava tudo errado. Querendo xingar o Ian, ao invés do “fuck you” mandava o “fuck me”! Isso no intervalo de todas as músicas! Querendo que voltassem depois do bis, ao invés do “come back” gritou “go back”, que é exatamente o contrário. Intencionava gritar "mais um" e soltou o "again". Se o Echo fosse atender, teria que tocar a mesma música novamente. Teve um monte de pérolas desse tipo saindo de sua boca. Que falta um bom skinhead não faz numa hora dessas!

sexta-feira, abril 28, 2006

Dia Internacional da Educação

Fiquei muito feliz quando liguei a TV, ontem, e vi o MV Bill fazendo propaganda do Dia Internacional da Educação. É hoje, minha gente, 28 de abril! Fiquei frustrando quando o comercial chegou ao fim e não era patrocinado pelo Governo, mas sim pela Unicef. Ingenuidade de minha parte pensar que alguém no nosso governo está preocupado com a educação.

Estudos mostram que a falta de educação formal é responsável pela violência, desemprego, pouca produtividade dos trabalhadores, falta de saúde e até a corrupção. Epa, acabei de descrever o Brasil!

Sempre achei que era teoria da conspiração, mas começo a acreditar quando dizem que os oligarcas nordestinos freiam avanços na educação para não perder o voto de seus rebanhos. Hoje começo a achar que é verdade.

Já imaginaram um Maranhão educado? Iriam derrubar o Sarney e promover queima do livro Marimbondos de Fogo. Uma Alagoas letrada? Tchau Renan. Até nunca mais Collor!

É significativo que o Dia Internacional do Trabalho seja dois dias após o da Educação, pois esta precede aquele. Educação é fundamental para se ter um bom emprego. Mas estamos longe de atingir esse sonho. Vamos continuar disfarçando nossa incompetência em ser um país do futuro com futebol, carnaval e pagode. Que disperdício.

segunda-feira, abril 24, 2006

Pop subversivo.


Muitos vão tentar me internar, outros vão achar que perdi a noção do ridículo, portanto acho bom sentarem antes de ler, porque vou falar bem de quatro conjuntos assumidamente pop dos anos 80s. Na verdade, à época, eu achava-os insuportáveis, escapismo barato, ópio para o povo. Gozado como as aparências enganam. Por trás das músiquinhas açucaradas e fáceis de assimilar desses conjuntos, rolava muito mais que aparentava.

Contextualizando, no início da década de 1980, o post-punk era a coisa mais excitante em termos musicais que havia. Conjuntos como o Pop Group, Slits, PiL, Magazine, só para mencionar alguns, debatiam e colocavam em prática a subversão do rock, tentando torná-lo mais político, sem ser dogmático; trazê-lo ao povo, sem ser popular; expurgá-lo dos clichês, sem deixar de ser divertido. Esses objetivos eram muito debatidos entre os músicos e na imprensa especializada. Mas falharam numa coisa: tornar o rock digerível e popular às massas.

ABC, Heaven 17, Associates e Scritti Polliti cresceram ouvindo o som do post-punk (e do punk também) e sendo bombardeado por essa retórica que era debatida nos bastidores. Quando chegou a vez deles tomarem as rédeas de suas composições, tentaram um caminho diferente. Ao invés enfiar goela abaixo um som difícil de assimilar, optaram por deixá-lo o mais doce e tragável possível, de criar um pop que todos assimilariam bem, mas que traria no seu coração as mensagens e subversão do post-punk. Para tanto, optaram pelo computador, pelo sintetizador, algo definitivamente post-punk, no sentido de exorcizar o “Chuck Berry” do rock n’ roll. Optaram por produções primorosas, disfarçando um conteúdo politicamente volátil como música descartável.

O ABC, vindo de Sheffield, a cidade industrial mais socialista da Inglaterra, adoravam as letras do Gang of Four, que conseguiam politizar até uma transa, como na música Natural Is Not In It. Muito letrados, fizeram uma série de letras no mesmo veio, falando de oferta e demanda, de contratos subliminares e da socialização dos papéis dos sexos. Só que na hora da música, pegaram o Trevor Horn, conceituadíssimo produtor, e falaram: torne nosso som tragável para as massas. Resultado: o primeiro disco, Lexicon of Love, se torna sucesso mundial. Só que ninguém tinha idéia do que estavam ouvindo.

O Heaven 17 começou com a separação do Human League em dois times. Quando o Martyn Ware e o Ian Craig Marsh deixaram a banda, formaram primeiro o British Electronic Foundation – BEF, que não era uma banda, mas sim uma corporação musical, que geraria uma série de afirmações musicais importantes. Conseguiram algo imaginável: assinar com a Virgin, uma mega-gravadora. Pelo contrato, tudo que produzissem teria que ser lançado, e o que estourasse teria que ser repetido. Primeiro, para não assustar os executivos, lançaram o Heaven 17, que foi um estouro. Tudo bem, você torce o nariz, mas veja o primeiro compacto: (We don't need this) Fascist Groove Thang, uma música alertando o mundo sobre as eleições simultâneas do Reagan, nos EUA, e a Thatcher, na Grã Bretanha. Um pop dos mais pops, tinha tudo para chegar no top dez, mas foi banido pela BBC, por ser político demais. Com o sucesso do Heaven 17, Martyn e Ian financiaram um monte de outros projetos, não tão pop assim.

Saca só a capa do primeiro disco. Para mim, estão tentando avisar que estão nessa como infiltrados no sistema, pegando o dinheiro e usando para algo mais nobre. Talvez os “robin hoods” do pop?

O Scritti Polliti e os Associates seguiram a mesma trilha, conseguiram colocar nas paradas músicas acessíveis, porém examinando mais de perto, altamente inflamáveis. O problema todo é que a fórmula pop que inventaram – sim, ainda por cima tinham um som característico – foi imitada por vários outros, a maioria manés, sem uma base conceitual, que faziam pop por fazer pop e levar a vida de pop-stars. Tudo que o punk e o post-punk lutaram tantos anos contra. Muito desses vocês conhecem: Duran Duran, Eurorythimcs, Culture Club, Simple Mindes, etc.

O ABC e o Human League se revoltaram contra isso e substituíram seus teclados por guitarras, suas baterias eletrônicas por bateristas de carne e osso. Eles perceberam que geraram uma geração sem conceito, nem base. Sendo antenados, previram que o pop voltaria para as guitarras, para as raízes. Mas seus fãs não acompanharam a mudança, preferindo ficar com os falsos profetas do novo pop, mencionados acima.

O lado ruim disso é que, para mim, pelo menos, a música continua sendo difícil de ouvir. Muito pop. Mas tiro o meu chapéu pelo maquiavelismo do esforço.

quarta-feira, abril 19, 2006

Pose na ponte.


Óia nóis na ponte! Fazendo pose de roquenroul! Esse rio é aquele que serve de depósito de lixo para a cidade.

terça-feira, abril 18, 2006

Fazendo sala com Dona Lurdes


Saca só a sala da sede da fazenda da Dona Lurdes! Foi bem bacana ficar hospedado lá, diferente da frieza habitual dos hotéis.

Cinema do Vampeta


Em Nazaré das Farinhas funciona o cinema mais antigo em funcionamento da América Latina, cujo propretário é o Vampeta. Olha nós lá! O cara que parece o Sideshow Bob, dos Simpsons, é o nosso iluminador, o iluminado Carlinhos. Os outros dois são plebeus que vieram especialmente para ver a Plebe, abraços! O Txotxa não aparece porque está tirando a foto.

Jorge e eu.



Atravessando a baía de Todos os Santos, pela barca, rumo à ilha de Itaparica, encontrei o Jorge Amado à bordo!

segunda-feira, abril 17, 2006

Nazaré das Farinhas

Quando Txotxa, Philippe e eu chegamos no aeroporto Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, a equipe do Rio já estava lá nos esperando. Uma notinha sobre o nome desse aeroporto: tenho certeza que, quando o ACM falecer, os soteropolitanos irão tirar essa homenagem ao filho do cacique e reverter para o nome antigo: 2 de julho. Dois acarajés depois, chega o Clemente, vindo de SP, e partimos de van para Nazaré das Farinhas. O motorista nos informa que a cidade fica a duas horas, se formos de balsa, e três, se pela rodovia. Decidimos pela primeira.

A balsa que atravessa a Baia de Todos os Santos é um espetáculo à parte. Não só pela vista que proporciona ao viajante, mas também pelas figuras que estão a bordo. Do andar que fica no nível do mar, são mais três para cima, e um para baixo. Esse que fica abaixo, nem nos arriscamos a entrar, parecia algo como o trailer do filme O Albergue misturado com aqueles quadros dos navios negreiros que víamos na escola. O que nos chamou a atenção foi que tudo que era consumido a bordo e gerava resíduo, o lixo era jogado no mar. Latas, garrafas, paus de picolés, papel, etc, todo acaba na baia. O Clemente chupou um picolé e ficamos procurando uma lata de lixo. Como não tinha (!!) ele jogou no chão, num cantinho. Logo veio um sujeito e falou: porra, pára de sujar o barco, e tacou tudo na água! Temos muito que evoluir ainda.

Durante a travessia, nos animamos ao encontrarmos uns plebeus indo à Nazaré exclusivamente para ver a Plebe. Muito legal isso, estar viajando junto com o público.

Uma hora depois estávamos na praça pública da cidade, onde está acontecendo a Festa do Caxixis. Um palco montado numa ponta da praça, na outra, uma antiga ferroviária. Decidimos dar uma volta e encontrar o cinema do Vampeta. É o cinema mais antigo da América Latina em funcionamento. No caminho, mais plebeus, que nos acompanharam até o edifício, que estava fechado.

Sei que é clichê, mas quando a gente viaja por esse país reparamos que existem vários Brasis. A realidade de Nazaré das Farinhas é completamente diferente das grandes cidades. O rio que corta a cidade é onde vai parar todo o esgoto e a maioria do lixo. O poder público não se faz notar. Típico. O único contato com o mundo moderno é patrocinado pelo Paraguai e a China na forma de produtos pirateados: Cds, DVDs, óculos e relógios. Incrível como os contraventores são mais organizados que o Estado!

Como não havia hotel ou pousada disponível, ficamos hospedados numa fazenda. A proprietária, Dona Lurdes, nos recebeu muito bem. A sede, com mais de trezentos anos, é típica da época, com casa grande, senzala e engenho. Até fabricam a própria cachaça, chamada Mulata Boa. Dona Lurdes fez questão de fazer sala para quem quisesse ouvir as suas histórias e proporcionou um lanche reforçado de 50 pães, queijo, café, batata doce, bolo de aipim, etc. Valeu!

O show deve ter sido bem diferente dos outros do festival. Primeiro, não éramos axé, nem pop. Segundo, na frente, plebeus estavam dando um show à parte, dançando, fazendo mosh, gritando. Agradecemos a todos pelo incentivo. As centenas restantes de pessoas ficavam olhando como se fossemos uma aberração. Durante Voto em Branco até que se tocaram que a mensagem que tínhamos para transmitir era positiva. O prefeito que não gostou muito, he he he. Acho que ele quer se reeleger.

Terminando o show, direto para a van para enfrentar três horas de viagem até o aeroporto de Salvador. 24 horas depois de sair de Brasília, estávamos em casa novamente. Rock n roll!

PS – Fotos serão postadas ao longo da semana.