sexta-feira, junho 27, 2008

Inauguração do Radicaos - 1984


Um presentinho visual para o fim de semana: fotos da Plebe e do Capital na inauguração do Radicaos, em 1984. Fotos tiradas pelo insubstituível Ric Novaes.

Em 1984, a tchurma já era um fato cultural e antropológico em Brasília. As bandas estavam a pleno vapor, sendo o núcleo desse grupo. Fazíamos nossas próprias camisetas e roupas, cartazes e até instrumentos, no caso do Geruza. Trocávamos idéias de filmes e livros, tendo como cenário a capital federal e como trilha sonora o punk e o pós-punk.

Naquela época, tudo era novidade, as informações não vinham fáceis, mas éramos brindados por ter entre nós vários filhos de diplomatas e professores universitários que vinham de fora cheio de coisas novas. Eis que bandas que nunca nem estouraram em seus próprios países tinham hits nas festas da tchurma, como grupos da África do Sul e Iugoslávia, assim como bandas bem independente inglesas como Spizz Energi.

Éramos tachados de punks, o que causou muita confusão quando fomos para São Paulo, forçando os punks de lá a quererem competir conosco sobre quem eram os primeiros. Nunca entramos nessa, pois o que Brasília tinha era único e singular. Nos chamavam de punks por absoluta falta de outro adjetivo. Na verdade éramos a tchurma (expressão cunhada pelo Renato Russo).

E o Radicaos foi feito por gente da tchurma, para a tchurma. Lá, a gente ouvia o que gostávamos, ninguém se importava como a gente se vestia, não tinha treta, estávamos em nosso ambiente. Pena que durou tão pouco – talvez tenha a ver com o fato dos donos preferirem se divertir com os clientes (nós) ao invés de gerir o lugar, há há há.

17 comentários:

Anônimo disse...

essas fotos sempre são demais, uarapumbara rou mesmo! abs

Anônimo disse...

Excelentes essas fotos do Ric. Otimo arquivo histórico. Obrigado pela postagem.

Sobre a nomenclatura e rotulagem, realmente não dava para chamar o pessoal da tchurma de punk. Eram muito diferentes dos paulistas.

Tambem não sei dizer se os paulistas eram realmente punks. Os verdadeiros punks viviam em Londres e faziam compras na butique do Malcoln McLaren.

O punk paulista tinha uma conotação mais social de periferia, enquanto em Brasilia era mais uma forma de expressão musical de classe media, ligada as modernidades que chegavam da Europa.

Tambem, acho que não dava para separar entre "punks" e playboys. Haviam os tons de cinza, como os playboys punks e os punks playboys.

Os playboys ouviam disco Travolta, frequentavam as discotecas. Os mais radicais eram os "bico finos", que usavam corrente de ouro, roupas de grife e sapatos caros.

Os playboys punks se vestiam como playboys (calça jeans, tenis adidas e camisa de surfista), mas gostavam de punk rock. Já os punks playboys eram aqueles com visual punk, mas que na verdade eram playboys (adoravam correr de carro).

Havia tambem a turma "pode crê". Eram os cabeludos maconheiros que gostavam de Led Zeppelin e Pink Floyd. Tinham as bandas deles, a principal era o Mel da Terra. Eu gostava do Tellah.

Um lugar que misturava tudo isso era o Só Kana, no Gilberto Salomão. O Radicaos já era bem seleto, era exclusivo dos "punks".

Contudo, na minha opinião, o verdadeiro embrião punk de Brasilia foram os showzinhos na Arena da UnB. Certa vez, vi um otimo show com os Metralhas, XXX, Aborto Eletrico e etc. Acho que foi em 79, nessa época o CapIn e a Plebe ainda não existiam.

Anônimo disse...

no livro 'o diário da turma', obra de referência do cenário brasiliense de rock da época escrita pelo jornalista p. marchetti, há uma citação do primeiro vocalista do finis africae na qual ele se afirma o criador do bordão "uarapumbara rou", eternizado por nando lambari. por isso pergunto a vcs que viveram intensamente o período: procede? abs

Anônimo disse...

"há uma citação do primeiro vocalista do finis africae na qual ele se afirma o criador do bordão "uarapumbara rou", eternizado por nando lambari."

Caro anonimo,

Eu acho que não. O Rodrigo Leitão, o primeiro vocalista do Finis, esse se dizia dono do "papa pari papa" (um refrão da musica "Ética", que foi escrita pelo Neto Pavanelli).

Isso aconteceu quando o pessoal do Finis, por questões de politica interna, resolveu tirar da banda o Rodrigo e o Alexandre (segundo guistarrista).

Então, o Rodrigo falou: -"tá bom, eu saio, mas o "papa pari papa" é meu!"

Nisso o pessoal caiu na gargalhada. Por causa disso, zoam com o Rodrigo até hoje.

Posso afirmar isso porque eu estava lá e vi. Isso aconteceu na sala de ensaio deles, no Radio Center.

Nessa mesma sala ensaiavam Escola de Escandalo, Arte no Escuro e, antes, a Legião Urbana. Numa outra sala vizinha ensaiavam a Plebe e o Diamante Cor de Rosa.

Anônimo disse...

ah, mas que decepção!
depois de queimar meus discos dos beatles, agora farei o mesmo com meu vinil da coletânea "Rumores"...

outro lance: vcs levam essas coisas bem a sério, hein! heheh
uarapumbara, poxa!
abs

Anônimo disse...

Já que vai queimar o disco, aproveita e queima a rosca tambem.
hehehe

Anônimo disse...

Não entendi a(s) piada(s)

André Mueller disse...

Olha, foi mesmo o Rodrigo que criou esse bordão e outros usados pelo Dinho. Todo crédito a ele!
E a Plebe ensaiva na mesma sala que a Legião e o Escola de Escândalo. Durante um tempo, também o Diamante Cor de Rosa e o Fusão.

Anônimo disse...

Essa eu não sabia.
Mudando de assunto, parece que o X sempre teve um estriado ventral muito ativo.
hehehe

Anônimo disse...

então anônimo2, com todo respeito às minorias, entube sua intolerância no meio de teu rabo com toda incandescência necessária para lhe saciar seu furor invagianal. beijos

Anônimo disse...

fala andré!
acho que, em virtude do comentários de idiotas anônimos e covardes, de repente vale a pena pensar em moderar os comentários. eu mesmo, que já escrevi algumas vezes anonimamente, passarei a assinar todos os meus comentários, haja vista que sempre vai aparecer algum idiota escrevendo coisas ofensivas gratuitamente.

qto ao lance do uarapumbara, legal saber isso de vcs. é uma coisa bem boba alguém reivindicar a autoria de um mero uarapumbara, mas é uma parada muito marcante para a histografia do rock no brasil. portanto, o meu sincero uarapumbara rou a rodrigo leitão e a todos os camaradas aqui do blog.

valeu x
abs

Anônimo disse...

Poxa anônimo, vc leva essas coisas muito a sério. Qual é o problema de queimar a rosca

Anônimo disse...

Caro André,

Obrigado pelo esclarecimento.

Anônimo disse...

Bem, o fato é que o Radicaos foi maravilhoso, como disse X com tempo de vida curto, porém me atrevo a dizer que foi o Madame Satã de Brasília.
Foi intenso tudo o que aconteceu por lá.
Acho que nunca paguei nada lá... hehe

Anônimo disse...

Lembro desses shows de inauguração como se fosse ontem, inclusive da passagem de som.
Apesar de muito amigo de André e fã da Plebe, aqui só entro anônimo, pois tem alguns idiotas com sérios problemas sexuais que gostam de postar comentários de baixo nível.

Unknown disse...

soh pra fazer um adendo esse bar era do meu pai o que me orgulha mto!
e eh legal ver que as pessoas ainda se lembram dele...esse blog definitivamente ganho credito comigo...um grande abraço

Marcelo Coutinho disse...

Eu fui um dos sócios do Radicaos. Junto com os irmãos Mário e Marcelo Baptista, O Joâozinho dentista, as radicaletes Bia e Márcia e os investidores Marcelo Coutinho (Tchelo de SP) e Marcos Araújo (bsb) e Alberto. Era considerado o útero das bandas de BSB. Nossa promoter na época era a Margô.Eu ainda tenho um convite original da inauguração. O Marcos Araújo ficou com espelho da entrada que tinha a silhoueta da Guilhermina, uma paunk sentada numa privada. Em ´84 o Radicaos fez 20 anos e eu mandei confeccionar algumas camisetas comemorativas e sobrou algumas. Se alguém quiser, entre em contato.
Abs
Tchelo