quinta-feira, agosto 03, 2006

Curadores da Alma

Enquanto a mordaça não me permite divulgar mais nada sobre a Plebe – são boas as notícias! – vamos falar um pouco sobre de música.

Havia um época, no começo dos anos 90s, quando o selo mais badalado do underground era o inglês Too Pure. Os tempos eram esquisitos, a abundância criativa do pos-punk havia secado lá pelo ano 1985, quando as gravadoras acordaram e pararam de investir em talentos experimentais, passando a direcionar seus investimentos para artistas mais acessíveis, por meio de sua nova arma, a MTV. Bem quando a gente estava se acostumando a comprar discos reeditados do passado para suprir a sede de coisas legais, a Too Pure lança de uma só vez Stereolab, PJ Harvey e Th’ Faith Healers. Foi como um sopro de ar fresco após anos dentro de uma mina de carvão.

Quero falar sobre o menos conhecido e, na minha opinião, melhor desses três, Th’ Faith Healers. Imaginem uma guitarra seca, com o mínimo de distorção, se é que tem, fazendo o esporo melódico mais barulhento e harmônico que já ouviu. A voz, mixada lá no fundo, quase imperceptível, cantando harmonias lindas, naquele estilo afinado/desafinado. Cada música, uma viagem. Literalmente O grupo para se curtir sob o efeito de substâncias que fazem o cérebro focar nas emoções subliminares das músicas, aquelas emoções que só são percebidas quando há expansão da mente, foco no desconhecido.

Lançaram somente três discos, que valem a pena correr atrás. O Lido, disco de estréia, que trás o clássico Hippy Hole, além de um cover da banda Can, que deveria ter sido o Velvet Underground da geração de 90s, mas não foi. O segundo, Imaginary Friend, com solos barulhentos e viajantes. Arriscam até umas baladas que, claro, viram uma cacofonia maravilhosamente bela. Depois disso a banda acabou, cada um seguindo para seu lado. A Too Pure ainda lançou um CD com todos os compactos que não saíram nos LPs, chamado simplesmente L.

Porque a banda não estourou? Minha teoria é que a imprensa toda focou no grunge de Seattle, um “movimento” falso, fabricado e compactuado pela MTV e outros meios de comunicação. Com isso, o holofote saiu do underground londrino/nova iorquino e fixou exclusivamente naqueles flanelinhas querendo pousar de punk, mas atingindo mais o heavy metal (com exceções, claro). Uma pena, mas uma benção, pois os três discos que deixaram são pérolas que devemos guardar escondidas e mostrar só para aquelas pessoas que mereçam.

12 comentários:

Anônimo disse...

TIRE A MORDAÇA, ERGA A SUA TAÇA, MAS A DUVIDA AINDA É...

Anônimo disse...

Respeito sua opinião quanto ao melhor dos três...mas Polly Jean tem um "algo mais" na minha opinião...

Anônimo disse...

Abre o jogo André. Desse jeito só com prozac pra anguentar a ansiedade....

Anônimo disse...

Enquanto a mordaça não me permite divulgar mais nada sobre a Plebe – são boas as notícias

que saco , isto nao tem mais graça

F3rnando disse...

Falando em mordaça, que estorinha tronxa essa do Fidel Castro. Vão fazer que nem o Tancredo, segurar o defunto até quando não der mais. Nunca mais os janotas dos DCEs gritarão "Viva Cuba, Viva Fidel" hahaha. Pense nas milhares de universitários profissionais aspirantes a politicos de esquerda, orfãos pelo Brasil...Sem falar nos cubanos que querem voltar pra ilha, Bush já sentiu a catastrofe no bolso :D

André Mueller disse...

Não tem jeito, o comunismo não vingou. Estou me referindo ao socialismo marxista, totalmente contrário ao comportamento humano. Fidel morrendo, com certeza Cuba voltará a fazer parte do mundo globalisado. Não acho isso ruim, desejo tudo de bom para o povo cubano, tão sofredor.

Esse negócio dos estudantes brasileiros de esquerda é gozado. Sabia que o PCB não acreditava que o Stalin havia assassinado milhões de camponeses russo? Achavam que era propaganda falsa e continuaram com o apoio. Só quando o bigodudo caiu e o povo russo respirou aliviado é que se tocaram que estavam apoiando um monstro. Com Fidel ocorre a mesma cegueira ideológica.

Anônimo disse...

Já tinha ouvido falar do Faith Healers, mas passe batido. Agora vou baixar os discos pra ouvir com atenção.

André Mueller disse...

João, Lido, o primeiro LP/Cd, é muito difícil de encontrar, até no SoulSeek. O meu foi roubado (acho que pelo Loro!). Se achar, me avise!

F3rnando disse...

Não deixa de ser irônico. Depois de anos fugindo pra 'liberdade' nos states, os cubanos expatriados vão fazer o caminho de volta e o Bush está em pânico pq vai perder mão-de-obra barata e um contingente de consumo absurdo. Pense aí numa Miami sem cubanos...Aproveito pra deixar uma dica pra galera que gosta de ler: PEDRO JUAN GUTIERREZ , o Bukowski cubano.

André Mueller disse...

F3rnando, o Gutierrez é um crítico do fidelismo, assim como a maioria silenciosa dos cubanos. Muito bom os livros dele.

Pior que uma Miami sem cubanos é uma Cuba cheia de miamenses!

Anônimo disse...

"Trilogia Suja de Havana" é muito bom. Dá até vontade de conhecer Havana e Varadero.

Anônimo disse...

Tds esses cds que vc citou aí André, vc encontra no eMule, inclusive uma coletânia das 3 bandas juntas do selo too pure "VA - the peel sessions - too pure (th' faith healers - stereolab - pj harvey).rar
".

Se alguém quiser o link pro arquivo no emule é só pedir !!!
SoulSeek não é pálio para o eMule, heheheheh ...

Abç a tds ...