Cada vez que alguém me chama para um evento “democrático”, invento todas as desculpas plausíveis e não plausíveis para me livrar do convite. Há tempos, andam usurpando a palavra democracia para camuflar acontecimentos e fatos na esperança de torná-los mais digestivos à opinião pública. Um exemplo: a atual Copa do Brasil, descrita como a “mais democrática das competições futebolísticas”. Democrática porquê? Porquê participam um monte de timinhos que ninguém nunca ouviu falar. Quem ou o quê são Corinthias de Alagoas, o gaúcho Ulbra, o pernambucano Treze, CFZ do Distrito Federal, Hermann Aichinger de Santa Catarina, Ituano, São Raimundo, junto com outros desconhecidíssimos, para competir com times como Flamengo, Fluminense e Corinthias (este, o de São Paulo)? A impressão que dá é de tratar-se de um torneio montado para time grande ganhar. Uma grande armação para ajudar cartola falido. Já que não conseguem no ponto corrido, inventa-se um campeonato mambembe e seja o quê Deus quiser!
Democrático, como usado no Brasil, significa “nivelar por baixo”. Vide o mais recente carnaval aqui no DF. Antigamente, o GDF gastava uma nota enfeitando a cidade, preparando o desfile das escolas pelo eixão e preparando pontos de lazer para os foliões poderem pular. Esse ano faltou dinheiro. A solução? Fazer um carnaval democrático na Ceilândia (!?!?!). Tiraram o luxo da festa, deixaram só o lixo. Nivelaram por baixo.
Nas últimas eleições, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Sepúlveda Pertence, convocou os eleitores brasileiros a participar do que chamou de "imensa festa democrática". O quê há de democrático em uma população ser obrigada a votar? Tudo que se faz obrigado, se faz sem obrigação, nas coxas. Mais democrático seria deixar votar quem tem interesse em tal ato. Quem tem candidato, quem acredita.
Lembram da Democracia Corinthiana, iniciada pelo Sócrates e Casa Grande? Veja que merda que deu, o timão não ganha mais nada (talvez na democrática Copa do Brasil 2005 tenha alguma chance!). Nivelaram por baixo.
Democracia, na concepção grega, nunca significou o esquecimento do mérito, do potencial de cada um. Pelo contrário, eles, os antigos gregos, que também tinham um Sócrates (que não jogava futebol), nivelavam por cima. Por exemplo, votava quem tinha condição, sabedoria e raciocínio para tal ato. Escravos e leigos estavam fora. Havia um discernimento, um filtro para o bem comum de todos. Do jeito que estamos indo, democracia está se tornando o governo do diabo, uma demo-cracia.
quarta-feira, fevereiro 09, 2005
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Um comentário:
Democracy, we deliver!
O problema da democracia moderna é a maioria. Num pais onde a maioria é semi analfabeta e hipnotizada pelas cascatas da TV e seu consumismo barato, onde a lei de Gerson predomina, essa maioria então é um grande perigo. É por isso que temos esses politicos pilantras.
Por exemplo, as leis tiranicas que as maiorias marrentas sancionam, isso pode vir a criar injustiças lamentáveis.
Por exemplo, se a maioria não gosta de cachorro, então proibem a minoria de ter cachorro. Isso afetaria a vida e jogaria na desgraça milhares de cães, que seriam "destruidos" em camaras de gas da zoonose.
Hoje em dia, nos parques, já obrigam os cães a andar com fucinheira e guia, chegam a proibir a presença de cães. Dizem que os cães mordem.
Porém, são poucos os cães que mordem, mas, mesmo assim, todos os cães mansos são penalizados com a lei. Nem se preocupam em criar parques ou areas especificas para os cães mansos.
Então, isso seria como obrigar todos os humanos, porque alguns estupraram e mataram alguem, a andar algemados no parque.
Deste modo, a democracia, caso a maioria seja estupida e fuinha, isso pode se tornar um autoritarismo terrivel. Com a benção da maioria, podem cometer arbitrariedades escabrosas.
Uma democracia pode chegar a ficar pior do que o fascismo. Veja como o Bush hoje faz coisas que nem Hitler teve coragem de fazer.
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