segunda-feira, abril 17, 2006

Nazaré das Farinhas

Quando Txotxa, Philippe e eu chegamos no aeroporto Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, a equipe do Rio já estava lá nos esperando. Uma notinha sobre o nome desse aeroporto: tenho certeza que, quando o ACM falecer, os soteropolitanos irão tirar essa homenagem ao filho do cacique e reverter para o nome antigo: 2 de julho. Dois acarajés depois, chega o Clemente, vindo de SP, e partimos de van para Nazaré das Farinhas. O motorista nos informa que a cidade fica a duas horas, se formos de balsa, e três, se pela rodovia. Decidimos pela primeira.

A balsa que atravessa a Baia de Todos os Santos é um espetáculo à parte. Não só pela vista que proporciona ao viajante, mas também pelas figuras que estão a bordo. Do andar que fica no nível do mar, são mais três para cima, e um para baixo. Esse que fica abaixo, nem nos arriscamos a entrar, parecia algo como o trailer do filme O Albergue misturado com aqueles quadros dos navios negreiros que víamos na escola. O que nos chamou a atenção foi que tudo que era consumido a bordo e gerava resíduo, o lixo era jogado no mar. Latas, garrafas, paus de picolés, papel, etc, todo acaba na baia. O Clemente chupou um picolé e ficamos procurando uma lata de lixo. Como não tinha (!!) ele jogou no chão, num cantinho. Logo veio um sujeito e falou: porra, pára de sujar o barco, e tacou tudo na água! Temos muito que evoluir ainda.

Durante a travessia, nos animamos ao encontrarmos uns plebeus indo à Nazaré exclusivamente para ver a Plebe. Muito legal isso, estar viajando junto com o público.

Uma hora depois estávamos na praça pública da cidade, onde está acontecendo a Festa do Caxixis. Um palco montado numa ponta da praça, na outra, uma antiga ferroviária. Decidimos dar uma volta e encontrar o cinema do Vampeta. É o cinema mais antigo da América Latina em funcionamento. No caminho, mais plebeus, que nos acompanharam até o edifício, que estava fechado.

Sei que é clichê, mas quando a gente viaja por esse país reparamos que existem vários Brasis. A realidade de Nazaré das Farinhas é completamente diferente das grandes cidades. O rio que corta a cidade é onde vai parar todo o esgoto e a maioria do lixo. O poder público não se faz notar. Típico. O único contato com o mundo moderno é patrocinado pelo Paraguai e a China na forma de produtos pirateados: Cds, DVDs, óculos e relógios. Incrível como os contraventores são mais organizados que o Estado!

Como não havia hotel ou pousada disponível, ficamos hospedados numa fazenda. A proprietária, Dona Lurdes, nos recebeu muito bem. A sede, com mais de trezentos anos, é típica da época, com casa grande, senzala e engenho. Até fabricam a própria cachaça, chamada Mulata Boa. Dona Lurdes fez questão de fazer sala para quem quisesse ouvir as suas histórias e proporcionou um lanche reforçado de 50 pães, queijo, café, batata doce, bolo de aipim, etc. Valeu!

O show deve ter sido bem diferente dos outros do festival. Primeiro, não éramos axé, nem pop. Segundo, na frente, plebeus estavam dando um show à parte, dançando, fazendo mosh, gritando. Agradecemos a todos pelo incentivo. As centenas restantes de pessoas ficavam olhando como se fossemos uma aberração. Durante Voto em Branco até que se tocaram que a mensagem que tínhamos para transmitir era positiva. O prefeito que não gostou muito, he he he. Acho que ele quer se reeleger.

Terminando o show, direto para a van para enfrentar três horas de viagem até o aeroporto de Salvador. 24 horas depois de sair de Brasília, estávamos em casa novamente. Rock n roll!

PS – Fotos serão postadas ao longo da semana.

22 comentários:

CA®I0CA disse...

ANDRÉ EXISTEM VÁRIOS "BRASILS" DIFERENTES, VCS ÍDOLOS NÃO TEM NOÇÃO O QUANTO INFLUEM NA VIDA DOS FÃS,ACHO QUE NÃO TEM EMOÇÃO MAIOR DO QUE VER O UM PLEBEU SEGURANDO UM VINILZÃO DA PLEBE NUM LUGAR DESSES ...

Anônimo disse...

Agora...

Que sacanagem o Clemente ficar sujando o barco do cara!!!!!!

Anônimo disse...

Notícias do front: em junho o Capital lançará seu novo clipe. A música escolhida é 'Anúncios de Refrigerante'. O diretor do clipe é Didiu Rio Branco e será todo em animação. Tenho ajudado Didiu e o clipe se passa em Brasília, claro, e terá a participação de várias pessoas, entre elas MR. Mueller, Bi, Loro, Geruza... mas tudo de passagem, tipo onde está wally?
Tem o Food's, a Colina, a Roconha e outras coisas.
O clipe é bem divertido e mistura vários tipos de animação...

André Mueller disse...

Que legal, gosto muito do trabalho do Didiu! Ainda vamos trabalhar com ele.

Anônimo disse...

Aê André,

Aqui em São Paulo, a rede Giraffas já disponibilizou nas toalhas das bandejas onde servem as refeições, a propaganda do show comerativo de 6 de maio. O chato é saber que o evento só irá acontecer em Brasília.

Anônimo disse...

Andre, por favor, passe o set list desse show...

Anônimo disse...

As luzes ainda piscam com a mesma intensidade!

Um show perfeito, até nos erros(se é q ouve algum)! Cheio de surpresas, energia do começo ao fim, um repertório cheio de clássicos e recheado de novidades.
É imprecionante como os caras conseguiram fazer tudo que eu imaginava e mais um pouco.
valeu a pena ir de Salvador até Nazaré em uma aventura e além de ver o show, encontrar com a Plebe no meio da rua e ainda tirar foto junto com eles, inclusive, André, não deixa de postar a foto do cinema, tá?

CA®I0CA disse...

É ANDRÉ POE O SEST LIST DO SHOW PRÁ GENTE PREPARAR O ESPIRITO !!!

Anônimo disse...

Esse é o típico exemplo de um momento da banda em que deveria ter alguém de fora filmando essa jornada de 24 horas até Nazaré das Farinhas, mostrando inclusive os fãs que saíram de Salvador pra acompanhar o show. Muito legal. 6 de maio é o dia.

CA®I0CA disse...

PODE CRER, DO TIPO (A BANDA VAI AONDE SEU PUBLICO ESTÁ)SE O ANDRÉ FOI LIGEIRO DEVE TER FOTOGRAFADO TUDO ...

Anônimo disse...

Aproveitando a opounidade que Paulo Marchetti posta por aqui também, gostaria de elogiá-lo por ter nos presenteado com o Livro " O diário da turma 1976-1986: a história do Rock de Brasília". Realmente ele tenta nos mostrar como rolava as armações da turma, seu cotidiano e momento histórico.
Fera!
E assim vai perpetuando as influências daquela época nas nossas vidas até hoje.
Assim como o amigo Plebeu supracitou, realmente não temos noção o quanto a Plebe Rude influência a vidas das pessoas!!!

Há um mês estava na Bahia, em Ilhéus mais especificamente, na praia, lendo um livro e tomando uma cerveja e chegou um artista ambulante que fazia pinturas em azulejos. Eu perguntei se ele poderia fazer um desenho para mim e ele disse que sim. Então desenhei para ele, como exemplo, o Congressinho da Plebe com uma frase da mesma que me amarro... PASMEM, o cara pirou, surtou... nem acreditou que eu estava pedindo para fazer aquele desenho pois assim como eu, ele é Fã incondicional da Plebe... o artista me relatou quais foram as mundanças de postura e atitudes influenciadas pelas letras da Plebe. A primeira apresentação que o atrista viu da Plebe foi em um Festival em Patos de Minas - MG, juntamente com a Legião. A partir daí, o cara nunca mais foi o mesmo!

Zezão Plebeu, vulgo José de Arimathéa

André Mueller disse...

O André esqueceu a máquina em Brasília! Mas o Txotxa fotografou de montão. E, se alguém que viu o show tiver fotos, mandem para o meu e-mail.

André Mueller disse...

Que fera essa história do artista do azulejo! E ele ainda viu a gente ser preso em Patos, he he he...

CA®I0CA disse...

PÔ ANDRÉ VC ESQUECEU A MÁQUINA !!!!!
- POR PUNIÇÃO VAI TER QUE RESPONDER TODA AS PERGUNTAS DA GALERA O BLOG, SEM TIRAR O CORPO FORA...
RSSSSSSSSSSSSSSS

Anônimo disse...

Já que tem q responder...
Se um prefeito, que a prefeitura esteje pagando pelo show de vcs, pede pra vcs nao tocarem essa Vote em branco. Vcs topariam ???

F3rnando disse...

Mr.X, se v achou a travessia de ferryboat show, imagina Itaparica, que vcs não tiveram tempo de conhecer. Leve a família nas próximas férias, vale a pena. E aí, vai ter tópico de culinária baiana?

Anônimo disse...

Gostaria de falar doi erros, um é o nome do aeroporto que oficialmente é o Luís ( e não Carlos) Eduardo Magalhães e só é chamado pelo antigo nome o 2 de JULHO ( e não de junho).
Sobre o show parbéns fui e adorei

André Mueller disse...

Resposta à pergunta: se o cara contratou a gente, é porque sabe que essa música e outras do gênero estarão no repertório. Não acataria o pedido do prefeito. E tem mais: a Plebe não faz show político.

Pedro, você está corretíssimo. Valeu pela dica, vou corrigir agora! Herrar é Umano.

Anônimo disse...

O show foi muito bom! Nós somos os plebeus que viajaram no mesmo ferry boat com a Plebe. Digo nós, Nelsinho, Raquel , Gal e Letícia. Descobri o Philippe no ferry e o cara ficou honrado e surpreso com a nossa ida. Logo depois, encontramos o X e fui logo fazendo a cobrança das cervejas pela impressão da pagina do blog. Os caras foram super astral com a gente. Philippe até ofereceu carona em uma das vans, que estava vazia. Gal respondeu: “não é nossa culpa...mas já temos uma condução”. Valeu Philippe!
Na saída, ficamos esperando as vans passarem pra seguí-las, só que o motorista foi pé fundo e ficou difícil acompanhar os carros.Queríamos nos fazer ser ouvidos com o aquecimento para o show. Estávamos ouvindo o cd “Enquanto a trégua não vem” ao vivo.
Chegamos juntos com a Plebe na cidade.
Se para a Plebe não tinha hotel disponível, imagina para os plebeus... Só conseguimos um local pra ficar às 10 da noite. Um pousada em local super estratégico: em frente ao palco e o quarto com janela de frente para tudo. No quarto, só isso de bom. É que o local ... deixa pra lá!!! Mas pelo show valeu toda a viagem. Logo depois de instalados, fomos fazer um rango e esperar o inicio do show (antes da Plebe tinha algumas bandas). Como rolou uma troca na ordem das bandas, inesperadamente, bem na hora em que estávamos comendo, ouvimos uma musica da Plebe. Saímos correndo no meio da multidão. Empurra daqui, de lá e chegamos bem em frente ao palco na segunda ou terceira musica.
O show foi muito bom! Como disse o X, tinha plebeus na frente do palco curtindo muito e o restante da turma assistindo e começando a curtir a Plebe, ouvindo as letras politizadas. Depois do show, fui conversar com algumas pessoas que não conheciam a Plebe e a recepção foi superpositiva. Acho que ganharam mais fãs. Pra mim, esse foi o lado positivo de a Plebe ter aceitado o convite e levado o seu som a locais em que poucas pessoas conheciam a proposta da banda.
Falando do show... Os caras voltaram em grande estilo. A entrada do Clemente, com certeza, só veio ajudar a Plebe. Apesar de que o vozeirão do Jander vai ser difícil de substituir. Mas o cara toca muito e trouxe mais sangue rock pra banda. Aliás, muito sangue rock, porque Clemente – digo... Inocentes – tem espaço reservado na historia do rock nacional. Outro lance muito legal foi ver o X cantando voto em branco. Segurou bem os vocais e aí vai uma dica pra vc fazer a leitura dos artigos em “Códigos”.
No final do show, X saiu com um monte de cervejas (Schin... arg!!!) enroladas em uma toalha, pagando a promessa para quem tivesse levado um pagina impressa do blog. Ele disse que quem levasse o papel ganharia cervejas...Valeu X!
Outra coisa: não esqueça sobre a dica de Letícia em relação à musica Voto branco. O voto branco não representa muita coisa, o lance é o voto nulo. Entendemos sua explicação sobre a rima, mas aí o importante não é a rima!!! Vale a pena tentar. Outra dica: não vamos esperar o velho cabeça branca (ACM) morrer pra mudar o nome do aeroporto. A nossa luta já existe e vamos continuar. Já tem até o projeto no Congresso pra retomar o antigo nome do Aeroporto “2 de Julho”. Apesar de que no Congresso vc sabe... A coisa lá é difícil também.
Valeu Plebe! Estamos esperando vcs aqui em Salvador. Até ao R (ao contrário)!

Anônimo disse...

PARABÉNS PELO SHOW!!!!
TEM PREVISÃO DE QUANDO TOCARÃO EM SALVADOR??? JÁ FAZ MUITO TEMPO, HENN??? ABRAÇO.

Anônimo disse...

QUANDO FOR TOCAR EM SALVADOR LEMBREM-SE DE DAR UM PULINHO AUI EM ARACAJU/ESPAÇO EMES É MUITO BOM.

Anônimo disse...

É verdade que existem vários Brasis. Também, é verdade que há pessoas sujando espaços públicos, em qualquer lugar do mundo. Porém há algo a ser dito.
Primeiro, que Nazaré não é "um lugar desses". Segundo, que vocês são bastante mal-informados, por não entender a diversidade cultural em um país tão grande quanto o Brasil.
Por último, não somos nós baianos quem andamos tocando fogo em índio e espancando garçon até à morte.
Vocês que parecem tão preocupados com as causas da "plebe", deveriam demonstrar isso aí nesse antro de "gentes boas" que é Brasília. Me poupem de seus discursos de elitezinha drogada.