quarta-feira, abril 27, 2005

Consideraçoes sobre os Juros

Assim como o tomate foi o vilão da inflação no governo Sarney, os juros Selic, determinados pelo Banco Central, são os malvados do cenário econômico do governo Lula. Tanto que o presidente chamou a classe media de frouxa por não procurar bancos que ofereçam juros mais baixos. Quem já leu 1984, de George Orwell, sabe que um vilão, falso ou não, é sempre necessário para desviar a atenção do povo dos problemas mais graves. Algumas considerações sobre os juros:
- conforme Celso Ming brilhantemente expôs em sua coluna, os juros do cartão de credito estão em 218% ao ano; do cheque especial em 159%, do empréstimo pessoal em 93%; e de compras parceladas em 103%. Compare isso com a Selic, que esta em 19,5%.
- de onde os bancos tiram esses números exorbitantes? Eles simplesmente cobram o que conseguem passar para o consumidor de credito. Assim como você gosta de trabalhar pelo melhor salário e o padeiro da esquina vende seu pão pelo melhor preço que permite que esvazie o seu estoque diário, os bancos também querem o melhor para eles.
- e conseguem por que o governo remunera muito muito (e põe muito nisso) a aplicação em títulos. Para que abaixar os juros e buscar um mercado ávido por credito acessível, quando se pode comprar títulos públicos e ganhar uma nota? E a lei do menor esforço. Lula e Alencar não entenderam ainda.

Jose Alencar, empresário e vice-presidente, quer que o Copom tenha membros do empresariado. Lembram quando era assim? Durante o governo Sarney, o CMN tinha ate o Abílio Diniz, do Pão de Açúcar. Lembram como era a inflação? 80% ao mês! Eles, os empresários, tinham como se defender, aplicavam no over-night. Os pobres, não.

Inflação também se combate cortando os gastos, gastando menos o dinheiro público. Não estamos vendo Lula nem Alencar tocar nesse ponto. Preferem desviar a atenção para os juros. Inflação também se combate com um sistema simples e justo de impostos. Também não vemos o governo tocar nesse ponto.

Tudo isso para dizer: não caiam nessa armadilha! Tudo bem que o Banco Central poderia ser mais imaginativo no combate a inflação, mas essa é necessária. Quando a Plebe gravou o Concreto, recebíamos da gravadora a cada trimestre, 45 dias depois do fechamento - sem correção. Eram centavos por milhares de discos vendidos. A inflação corroia tudo. Assim como o ganha-pão dos assalariados. Hoje, não esta perfeito, mas esta melhor. Vamos para frente, não para trás.

Alencar e Lula, obviamente, nunca jogaram Banco Imobiliário. Pois, se sim, dariam muito mais valor as suas palavras levianas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Realmente André, em relação ao José Alencar. Ele nunca jogou banco imobiliario, mas sim, dominó! Sempre derrubando os outros e sem escrupulos, para ser um dos grandes empresarios daki de Minas.

Oh foda, q ele convence o interior das Gerais td!

Anônimo disse...

Olha, o que eu vejo é o José Alencar combatendo essa insanidade dos fundamentalistas da escola de economia da PUC-RJ. Esses que estão aí hoje seguem a linha do Gustavo Franco, que no desespero de uma só vez elevou a taxa Selic pra 49%.