segunda-feira, fevereiro 06, 2006

O dia que esbarrei no Robert Smith

O Cure estava tocando no Maracanãzinho, a Plebe não tinha show naquela data e eu estava no Rio de Janeiro sem ingresso! O ano era 1987, a primeira vinda do grupo ao Brasil. Mas eu ainda tinha um trunfo na mão: a Manchete ia filmar o show e o Gregório, nosso técnico de som, estava encarregado da gravação do áudio. Com poucos telefonemas resolvi a questão, o Greg colocaria meu nome e do roadie Freddy na lista de convidados da TV Manchete.

Amigos de Brasília alugaram um ônibus e vieram em peso. Chegaram aqui com mais álcool do que hemoglobina no sangue e saíram piores ainda, mas isso é outra história. De última hora, o Freddy fura, mas o Nicolau El-moor, grande amigo e fotógrafo (as fotos no novo CD são dele, assim como as do Nunca Fomos), aparece do nada e decidimos ir juntos.

No portão de fundo do estádio, conseguimos chamar a atenção do encarregado e solicitamos entrar, pois estamos na lista. Nomes?, pergunta o homem. André Mueller e....er....Freddy, respondo. Freddy de quê?, quer saber. Caralho, não consegui lembrar o sobrenome do Freddy para que o Nicolau pudesse entrar fingindo ser ele! Silva!, responde o Nicolau. Não, é Fonseca, diz o segurança. Gaguejamos, inventamos qualquer coisa e, finalmente, o cara cede e entramos, pelos fundos.

Boca-livre, assistimos o show de lugar privilegiado, sempre com um copo na mão, na lateral do palco. Bebida vai, bebida vem, termina o show, hora de ir embora. O Maracanãzinho tem um labirinto dentro dele, não conseguimos achar a saída. A bebida no cérebro não ajuda. Depois de uns quinze minutos rodando entre corredores, cabos, pessoas e escuridão, achamos uma porta e saímos. Nos damos de frente com torcedores do Vasco, que havia perdido, saindo putos do Maracanã. Derepente, aparece um ônibus e dentro dele: o Cure! A gente aponta para o Robert Smith que começa a dar tchauzinho com ambas as mão e balançar a cabeça, lateralmente, como um ursinho de pelúcia. A gente, pra lá de Bagdá, levantamos nossas mãos, dedo do meio para cima e mandamos um fuck-off para ele. Por alguma razão, os vascaínos compraram nossa briga e começam a xingar o Bob Smith, que se assusta com o tumulto, gente batendo na sua janela e gritando ofensas incompreensíveis, fecha as cortinas e apaga as luzes. O ônibus sai e a gente fica rindo, sem saber o porquê de tudo aquilo.

10 comentários:

Anônimo disse...

Sim, isso mesmo, esse final de semana foi demais!!!
The Cure, no Maracanãzinho, sábado. E, Plebe Rude, na Manhattan (Freguesia - Jacarepaguá), no domingo.
Três lembranças:
- O Jander chegando com um fusquinha branco lotado, bem velhinho, placa de Brasília.
- Vcs no meio da galera, trocando idéias.
- Show do Concreto, acrescido de Consumo e Bravo Mundo Novo. A galera pediu a Dança do Semáforo, que rolava na Flu FM, mas vc retrucou dizendo que não estava ensaiada.
Ah! o jogo!?!? Vasco x Bangu. Tínhamos que ficar revoltados com a derrota, não é verdade? Apesar do Bangu, naquela época, ser o time do Castor de Andrade e ter jogadores como Mauro Galvão, Marinho, Paulinho Criciúma,...
Abs.

André Mueller disse...

Fala, Marcelo! Pois é, grande memória a sua, heim? Mas, como vascaíno, porra, foram de Castor de Andrade para Eurico Miranda, como é que pode?

Coitado do Bob Smith, até hoje não sabe porque foi tão xingado.

Anônimo disse...

Pô André, Censuraram o "Post" anterior? De ond vem essa Censura?

José de Arimathéa

Anônimo disse...

Éporque deletou o post anterior?

o que comentaram lá?

Anônimo disse...

ow andré, vc torce pro vasco ou pro atlético-pr?

bom, eu tb notei a ausencia do post anterior, sobre a gravadora que a plebe ainda nao encontrou, inclusive tinha feito um comentario sobre selos independentes como uma opção antes do provavel "DIY completo"...

André Mueller disse...

Gente, por favor entendam, o post posterior foi retirado para não atrapalhar algumas conversas que o Ivan está tendo. Parece que alguns mandachuvas de gravadoras estão lendo o blog e o post prejudicava o andamento das negociações.

Anônimo disse...

Pô, André! O Castor era o Presidente/Patrono do Bangu. E o Vascão, naquela época, era dirigido pela dupla Calçada/Eurico.
Vc lembra da Manhattan? na descida da serra Grajaú-Jacarepaguá?

Anônimo disse...

bom, pelo visto a banda ainda prefere ter uma gravadora grande

o que nao deixa de ser certo, afinal a banda é grande, e nao podem querer andar pra trás em certas comodidades e a exposicao que uma grande gravadora propicia, e que a plebe sabe muito bem como é há mais de 20 anos

mas nao se pode deixar de citar que atualmente as grandas bandas e iniciativas do rock brasileiro estao nas parcerias entre as bandas e selos, gerando um bom crescimento a cada ano, tanto pras bandas quanto pros selos, novos festivais e etc

a chamada cena independente tá fervendo há anos, e eu nao fico esperando gravadora apontar o dedo pra certa banda e dizer que "essa banda tá pronta", vai vender, vai pro radio e mtv (é claro que aqui nao estou falando da plebe rude, to falando de como as coisas parecem ser)

alguem concorda com algo que falei?

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Agora eu sei pq o Cure não volta pro Brasil!
Culpa desse André!

Msm assim, ainda curto muito a Plebe!
hehehe