O Cure estava tocando no Maracanãzinho, a Plebe não tinha show naquela data e eu estava no Rio de Janeiro sem ingresso! O ano era 1987, a primeira vinda do grupo ao Brasil. Mas eu ainda tinha um trunfo na mão: a Manchete ia filmar o show e o Gregório, nosso técnico de som, estava encarregado da gravação do áudio. Com poucos telefonemas resolvi a questão, o Greg colocaria meu nome e do roadie Freddy na lista de convidados da TV Manchete.
Amigos de Brasília alugaram um ônibus e vieram em peso. Chegaram aqui com mais álcool do que hemoglobina no sangue e saíram piores ainda, mas isso é outra história. De última hora, o Freddy fura, mas o Nicolau El-moor, grande amigo e fotógrafo (as fotos no novo CD são dele, assim como as do Nunca Fomos), aparece do nada e decidimos ir juntos.
No portão de fundo do estádio, conseguimos chamar a atenção do encarregado e solicitamos entrar, pois estamos na lista. Nomes?, pergunta o homem. André Mueller e....er....Freddy, respondo. Freddy de quê?, quer saber. Caralho, não consegui lembrar o sobrenome do Freddy para que o Nicolau pudesse entrar fingindo ser ele! Silva!, responde o Nicolau. Não, é Fonseca, diz o segurança. Gaguejamos, inventamos qualquer coisa e, finalmente, o cara cede e entramos, pelos fundos.
Boca-livre, assistimos o show de lugar privilegiado, sempre com um copo na mão, na lateral do palco. Bebida vai, bebida vem, termina o show, hora de ir embora. O Maracanãzinho tem um labirinto dentro dele, não conseguimos achar a saída. A bebida no cérebro não ajuda. Depois de uns quinze minutos rodando entre corredores, cabos, pessoas e escuridão, achamos uma porta e saímos. Nos damos de frente com torcedores do Vasco, que havia perdido, saindo putos do Maracanã. Derepente, aparece um ônibus e dentro dele: o Cure! A gente aponta para o Robert Smith que começa a dar tchauzinho com ambas as mão e balançar a cabeça, lateralmente, como um ursinho de pelúcia. A gente, pra lá de Bagdá, levantamos nossas mãos, dedo do meio para cima e mandamos um fuck-off para ele. Por alguma razão, os vascaínos compraram nossa briga e começam a xingar o Bob Smith, que se assusta com o tumulto, gente batendo na sua janela e gritando ofensas incompreensíveis, fecha as cortinas e apaga as luzes. O ônibus sai e a gente fica rindo, sem saber o porquê de tudo aquilo.
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
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10 comentários:
Sim, isso mesmo, esse final de semana foi demais!!!
The Cure, no Maracanãzinho, sábado. E, Plebe Rude, na Manhattan (Freguesia - Jacarepaguá), no domingo.
Três lembranças:
- O Jander chegando com um fusquinha branco lotado, bem velhinho, placa de Brasília.
- Vcs no meio da galera, trocando idéias.
- Show do Concreto, acrescido de Consumo e Bravo Mundo Novo. A galera pediu a Dança do Semáforo, que rolava na Flu FM, mas vc retrucou dizendo que não estava ensaiada.
Ah! o jogo!?!? Vasco x Bangu. Tínhamos que ficar revoltados com a derrota, não é verdade? Apesar do Bangu, naquela época, ser o time do Castor de Andrade e ter jogadores como Mauro Galvão, Marinho, Paulinho Criciúma,...
Abs.
Fala, Marcelo! Pois é, grande memória a sua, heim? Mas, como vascaíno, porra, foram de Castor de Andrade para Eurico Miranda, como é que pode?
Coitado do Bob Smith, até hoje não sabe porque foi tão xingado.
Pô André, Censuraram o "Post" anterior? De ond vem essa Censura?
José de Arimathéa
Éporque deletou o post anterior?
o que comentaram lá?
ow andré, vc torce pro vasco ou pro atlético-pr?
bom, eu tb notei a ausencia do post anterior, sobre a gravadora que a plebe ainda nao encontrou, inclusive tinha feito um comentario sobre selos independentes como uma opção antes do provavel "DIY completo"...
Gente, por favor entendam, o post posterior foi retirado para não atrapalhar algumas conversas que o Ivan está tendo. Parece que alguns mandachuvas de gravadoras estão lendo o blog e o post prejudicava o andamento das negociações.
Pô, André! O Castor era o Presidente/Patrono do Bangu. E o Vascão, naquela época, era dirigido pela dupla Calçada/Eurico.
Vc lembra da Manhattan? na descida da serra Grajaú-Jacarepaguá?
bom, pelo visto a banda ainda prefere ter uma gravadora grande
o que nao deixa de ser certo, afinal a banda é grande, e nao podem querer andar pra trás em certas comodidades e a exposicao que uma grande gravadora propicia, e que a plebe sabe muito bem como é há mais de 20 anos
mas nao se pode deixar de citar que atualmente as grandas bandas e iniciativas do rock brasileiro estao nas parcerias entre as bandas e selos, gerando um bom crescimento a cada ano, tanto pras bandas quanto pros selos, novos festivais e etc
a chamada cena independente tá fervendo há anos, e eu nao fico esperando gravadora apontar o dedo pra certa banda e dizer que "essa banda tá pronta", vai vender, vai pro radio e mtv (é claro que aqui nao estou falando da plebe rude, to falando de como as coisas parecem ser)
alguem concorda com algo que falei?
Agora eu sei pq o Cure não volta pro Brasil!
Culpa desse André!
Msm assim, ainda curto muito a Plebe!
hehehe
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