Quando você for a um show da Ana Carolina ou do Caetano Veloso, podem pedir para entrar de graça, afinal das contas, você é um sócio deles nas respectivas turnês. Como assim? Oras, você paga impostos, não paga? Então, acredite se quiser, eles e outros artistas renomados estão utilizando dinheiro público para que suas convalescidas carreiras não afundem mais ainda. Para tanto, pedem ajuda das leis de incentivo cultural para arrecadar quantias volumosas de recursos públicos no intuito de realizarem turnês.
Para vocês terem um idéia, vejam os números. Ana Carolina conseguiu R$ 700 mil para realizar uma turnê pelo Rio e por São Paulo. Caetano pediu e está só aguardando o final dos trâmites burocráticos R$ 1,3 milhões para que seu show passe por cinco cidades brasileiras. Daniela Mercury deu uma facada no fisco na quantia de R$ 814 mil para uma turnê de 12 datas. Até Carlinhos Brown, com toda consciência social que faz questão de exibir, desviou R$ 768 de dinheiro dos impostos para seu Camarote Andante.
Como? Tem a Lei Rouanet que permite que uma empresa (ou uma pessoa comum) invista dinheiro em projetos culturais e artísticos, e depois possa ressarcir esse investimento na hora de fazer sua declaração de Imposto de Renda. Ou seja: o dinheiro investido é aquele que iria para os cofres do governo federal. Indo para os cofres do governo federal, deveria ser gasto nas lacunas sociais, como educação, segurança, saúde e infra-estrutura. Como não vai, é gasto para que o Caetano voe de primeira classe, para que a Ana Carolina tenha um champanhe em seu camarim e para que o Carlinhos Brown possa comprar um figurino prateado desenhado pelo Gucci.
Tem mais, uma das pré-condições para o investimento do Estado em espetáculos culturais é o critério de democratização do acesso - os ingressos deveriam ser mais baratos. Não é o que acontece. Quanto que Caetano cobra para alguém vê-lo no palco? Não fica por menos de R$100. Sua irmã, Maria Betânia, também agraciada pelos subsídio cultural, cobrou R$ 140 em show recente. Ou seja, é claramente um caso de desapropriação de recursos público, punível em lei.
De acordo com a Wikipedia, do qual sou fã, subsídio é o fornecimento de fundos monetários a certas pessoas. Subsídios governamentais fornecidos a empresas (comércio e indústrias) possuem o intuito de abaixar o preço final dos produtos vendidos por tais companhias, para que estes produtos possam competir com os produzidos em outros países a preços menores (entre outras razões, por causa dos menores custos de mão-de-obra e de diferenças de taxas cambiais). Se pegarmos essa definição, que é aceita mundialmente, vemos o quão distorcido está o emprego dos subsídios culturais no Brasil. Nem conseguem abaixar o preço do ingresso, nem do disco, nem do DVD. Não permitem o acesso dos menos favorecidos à cultura nacional, nem fomentam a produção artística popular. Uma aberração sob qualquer ponto de vista.
Li recentemente nos jornais que artistas menos conhecidos não tem a mesma sorte. Um tocador de pífanos de 86 anos do interior da Paraíba, tenta a anos conseguir algum incentivo do governo, pela mesma lei, para gravar um CD. Nunca conseguiu um centavo! Claramente há descriminação e favorecimento no Ministério da Cultura. Imaginem a turnê que a Plebe faria com o “incentivo” de R$ 700 mil dada à Ana Carolina! Com essa grana, ela fez só cinco shows, a gente faria o Brasil todo, com ingressos muito baratos ou, até, de graça. Só um detalhe que todos estão esquecendo: ela ainda fica com o dinheiro da bilheteria! Quer dizer, turnê para esses megaestrelas da MPB é um investimento sem risco, com retorno garantido, quer tenham casa cheia ou não.
Analisando assim, vemos que os subsídios fazem exatamente o contrário de sua concepção de fomentar a cultura. Dando esse dinheiro para esses artistas já consolidados, impedem o acesso de outros artistas aos holofotes públicos. Criam uma reserva de mercado, com a qual estão muito felizes, pois são um dos poucos agraciados.
Hoje em dia criatividade musical não é um bem escasso. Analisando assim, os produtos gerados – música, shows, discos, dvds – não deveriam ser caros, pois a competitividade é acirrada e a oferta é muito maior que a procura. Não há mais motivo para existirem músicos milionários, ricos, espécie a parte dos outros humanos. Só continuam com seus status quo por causa de forças que distorcem o mercado, como jabás e subsídios desse tipo.
Portanto, no próximo show do Caê, mostre seu comprovante de contribuinte e entre de graça. Aproveite também para ir ao camarim da Ana Carolina e beba um copinho de uísque, pois afinal, você já pagou por isso. Segundo relatório da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), no primeiro semestre de 2006 as vendas de CDs caíram 6,74% em valores totais (e 52% dos discos vendidos são piratas), porquê será?
quarta-feira, janeiro 31, 2007
terça-feira, janeiro 30, 2007
A Gravação de R ao Contrário
Podemos dividir a gravação de R ao Contrário em várias fases, cada uma com seus altos e baixos. Adiantando, acho o disco um dos melhores que já fizemos. Mesmo com as condições adversas – ou vai ver que por causa delas – as composições ganharam força, o núcleo central da Plebe se uniu e o resultado é um disco de primeira, 100% Plebe, mas com uma visão de futuro. Vamos às fases:
Fase 1
Poucos sabem, mas o R ao Contrário quase foi gravado pela formação original da Plebe, Gutje, Jander, Philippe e André. A turnê do disco ao vivo estava já na rapa do tacho, com poucos shows acontecendo. As músicas já haviam sido escolhidas: tinham umas que vinham da época do Daybreak Gentelmen, banda do Philippe em NY, outras de idéias saídas de jams no estúdio do Philippe, em Brasília. Tudo armado, Philippe e André em Brasília, passagens compradas para o Gutje vir colocar as bases, data marcada, as gravações começariam num sábado. O plano era gravar tudo, depois o Jander viria para fazer a sua parte. Coisas de banda cujos membros moram em cidades distantes um da outra.
Gutje fura. Pega as passagens e vai andar de windsurfe em Recife ou algo inexplicável dessa natureza. Morremos numa nota, pois tinham equipamentos alugados especialmente para a gravação. Quando falamos com o Gutje, ele dá umas desculpas furadas do gênero “não tinha entendido isso”. Não tinha entendido que parte? A de que as gravações do novo disco iam começar ou de que a gente ia colocar as bases primeiro? Foi um balde de água fria, a Plebe acabou, pela segunda vez, a menos de 24 horas de começarem as gravações do primeiro disco de estúdio em mais de dez anos.
Fase 2
Chamo essa segunda fase de Philippe Seabra solo. Durante esse período, duas coisas aconteciam. Primeiro, o Philippe não ficou parado e começou a gravar as músicas como sendo seu disco solo. Dei a maior força para ele fazer isso, pois eu estava completamente decepcionado com o acontecimento da Fase 1. O Jander, que já estava com um pé atrás com o projeto, com a desistência do Gutje, também pulou fora. Sobrou o Philippe, que estava ainda com alguma força para seguir adiante. A segunda coisa é que a Plebe ainda dava shows esporádicos, pois os pedidos continuavam a chegar ao escritório do Ivan.
Abro um parágrafo para tirar o chapéu para o Ivan, que mesmo no meio desse tumulto todo, nunca perdeu a fé na banda e continuou empurrando a gente aos trancos e barrancos.
A Fase 2 termina com uma conversa entre o Philippe e eu em seu estúdio. Ele tinha me chamado para ouvir as gravações das músicas e fazer uma proposta: voltar com a Plebe. Acha que as músicas têm a cara da banda, muito mais do que Philippe Seabra solo. Penso um pouco e recuso.
Fase 3
A Alice vem passar um feriado aqui em Brasília e me leva para assistir um filme chamado Escola de Rock. Parece bobo, mais foi esse filme que reacendeu a chama roqueira dentro de mim. Saí de lá com uma vontade incontrolável de voltar a tocar, subir nos palcos, sentir a pressão do baixo sacudir meu esqueleto. Liguei imediatamente para o Philippe e voltei atrás, sim vamos seguir com a Plebe!
A Fase 3 foi marcada pelos trabalhos meus e do Philippe em cima do disco. Retocamos algumas músicas já gravadas e, principalmente, compusemos outras juntos, para marcar bem a volta com canções novas. Dessas, destaco O Que Se Faz. As gravações aconteciam aos poucos em seu estúdio no Lago Norte. Mas sabíamos que teríamos que definir a banda. Ia ser um trio, com baterista convidado, tipo na época do Mais Raiva, ou iríamos partir para um quarteto, com duo de vozes de guitarras? Optamos por essa segunda formação.
O resto vocês mais ou menos conhecem: convidamos o Clemente, que aceitou prontamente com a famosa frase/brincadeira: tem cachê, tô dentro. O Txotxa foi o escolhido por ser o melhor batera com o qual já tocamos no período sem Gutje. Outro cotadíssimo foi o Uri, que chegou a gravar várias faixas do disco, mas como não mora em Brasília, inviabilizaria ensaios regulares.
Fase 4
Com o Clemente e o Txotxa, ajustes finais são dadas ao disco. O Clemente coloca suas guitarras e vocais com uma facilidade imensa. Em duas vindas para Brasília, está tudo no lugar e bem feito. O Txotxa contribuí bastante. Destaco a recauchutada que dá à bateria de Katarina, Mil Gatos e, especialmente, R ao Contrário.
O Philippe foi o grande produtor desse disco. Não teve muito trabalho, acho, pois as gravações ocorreram de forma diluída, sendo ele o ator principal. Fez um excelente trabalho também de técnico, basta ouvir as gravações. Repito, são coisas diferentes, mas que muita vezes confundimos. O técnico é quem capta os sons, o produtor é o diretor, o que entende o conceito do disco. È a figura mais importante no estúdio. Está nas mãos dele transformar as músicas brutas em um disco coeso.
Fase 5
Fase que parecia interminável: a negociação do lançamento do disco. O Ivan foi o grande player dessa fase, que vocês acompanharam dia-a-dia nesse blog. Devido à demora, o disco foi até apelidado de “Chinese Democracy”, numa alusão ao disco do Guns n Roses que até hoje está sem lançamento. Mas saiu e estamos satisfeito. Um pequeno passo para a Plebe, um grande passo para nosso futuro.
Fase 1
Poucos sabem, mas o R ao Contrário quase foi gravado pela formação original da Plebe, Gutje, Jander, Philippe e André. A turnê do disco ao vivo estava já na rapa do tacho, com poucos shows acontecendo. As músicas já haviam sido escolhidas: tinham umas que vinham da época do Daybreak Gentelmen, banda do Philippe em NY, outras de idéias saídas de jams no estúdio do Philippe, em Brasília. Tudo armado, Philippe e André em Brasília, passagens compradas para o Gutje vir colocar as bases, data marcada, as gravações começariam num sábado. O plano era gravar tudo, depois o Jander viria para fazer a sua parte. Coisas de banda cujos membros moram em cidades distantes um da outra.
Gutje fura. Pega as passagens e vai andar de windsurfe em Recife ou algo inexplicável dessa natureza. Morremos numa nota, pois tinham equipamentos alugados especialmente para a gravação. Quando falamos com o Gutje, ele dá umas desculpas furadas do gênero “não tinha entendido isso”. Não tinha entendido que parte? A de que as gravações do novo disco iam começar ou de que a gente ia colocar as bases primeiro? Foi um balde de água fria, a Plebe acabou, pela segunda vez, a menos de 24 horas de começarem as gravações do primeiro disco de estúdio em mais de dez anos.
Fase 2
Chamo essa segunda fase de Philippe Seabra solo. Durante esse período, duas coisas aconteciam. Primeiro, o Philippe não ficou parado e começou a gravar as músicas como sendo seu disco solo. Dei a maior força para ele fazer isso, pois eu estava completamente decepcionado com o acontecimento da Fase 1. O Jander, que já estava com um pé atrás com o projeto, com a desistência do Gutje, também pulou fora. Sobrou o Philippe, que estava ainda com alguma força para seguir adiante. A segunda coisa é que a Plebe ainda dava shows esporádicos, pois os pedidos continuavam a chegar ao escritório do Ivan.
Abro um parágrafo para tirar o chapéu para o Ivan, que mesmo no meio desse tumulto todo, nunca perdeu a fé na banda e continuou empurrando a gente aos trancos e barrancos.
A Fase 2 termina com uma conversa entre o Philippe e eu em seu estúdio. Ele tinha me chamado para ouvir as gravações das músicas e fazer uma proposta: voltar com a Plebe. Acha que as músicas têm a cara da banda, muito mais do que Philippe Seabra solo. Penso um pouco e recuso.
Fase 3
A Alice vem passar um feriado aqui em Brasília e me leva para assistir um filme chamado Escola de Rock. Parece bobo, mais foi esse filme que reacendeu a chama roqueira dentro de mim. Saí de lá com uma vontade incontrolável de voltar a tocar, subir nos palcos, sentir a pressão do baixo sacudir meu esqueleto. Liguei imediatamente para o Philippe e voltei atrás, sim vamos seguir com a Plebe!
A Fase 3 foi marcada pelos trabalhos meus e do Philippe em cima do disco. Retocamos algumas músicas já gravadas e, principalmente, compusemos outras juntos, para marcar bem a volta com canções novas. Dessas, destaco O Que Se Faz. As gravações aconteciam aos poucos em seu estúdio no Lago Norte. Mas sabíamos que teríamos que definir a banda. Ia ser um trio, com baterista convidado, tipo na época do Mais Raiva, ou iríamos partir para um quarteto, com duo de vozes de guitarras? Optamos por essa segunda formação.
O resto vocês mais ou menos conhecem: convidamos o Clemente, que aceitou prontamente com a famosa frase/brincadeira: tem cachê, tô dentro. O Txotxa foi o escolhido por ser o melhor batera com o qual já tocamos no período sem Gutje. Outro cotadíssimo foi o Uri, que chegou a gravar várias faixas do disco, mas como não mora em Brasília, inviabilizaria ensaios regulares.
Fase 4
Com o Clemente e o Txotxa, ajustes finais são dadas ao disco. O Clemente coloca suas guitarras e vocais com uma facilidade imensa. Em duas vindas para Brasília, está tudo no lugar e bem feito. O Txotxa contribuí bastante. Destaco a recauchutada que dá à bateria de Katarina, Mil Gatos e, especialmente, R ao Contrário.
O Philippe foi o grande produtor desse disco. Não teve muito trabalho, acho, pois as gravações ocorreram de forma diluída, sendo ele o ator principal. Fez um excelente trabalho também de técnico, basta ouvir as gravações. Repito, são coisas diferentes, mas que muita vezes confundimos. O técnico é quem capta os sons, o produtor é o diretor, o que entende o conceito do disco. È a figura mais importante no estúdio. Está nas mãos dele transformar as músicas brutas em um disco coeso.
Fase 5
Fase que parecia interminável: a negociação do lançamento do disco. O Ivan foi o grande player dessa fase, que vocês acompanharam dia-a-dia nesse blog. Devido à demora, o disco foi até apelidado de “Chinese Democracy”, numa alusão ao disco do Guns n Roses que até hoje está sem lançamento. Mas saiu e estamos satisfeito. Um pequeno passo para a Plebe, um grande passo para nosso futuro.
segunda-feira, janeiro 29, 2007
A Gravação de Enquanto a Trégua Não Vem
Cena 1: Gutje, André e Philippe ensaiam novamente. É o ano de 2000, último do século XX, e os três músicos estão em Brasília, tocando pela primeira vez juntos em mais de 8 anos. Philippe veio dos EUA especialmente para a ocasião. O objetivo, fazer uma aparição no Porão do Rock com a formação original da Plebe. Falta o Jander. Nos descansos do ensaio tentamos entrar em contato com ele, que está na estrada trabalhando para o Lulu Santos. Não sabe se vai dar para aparecer. Está duro, quer grana. O pessoal do Porão concorda em pagar a sua vinda e um cachêzinho. Ele vem, mas só vai chegar no dia do show! Os ensaios continuam.
Cena 2: No camarim de um show dos Paralamas em Brasília, o Hebert diz ao André e Philippe que está querendo produzir um disco ao vivo da Plebe e que a EMI topa.
Cena 3: Dia do show, expectativas em alta, Jander chega atrasado para o ensaio final, o primeiro da formação original da Plebe em mais de dez anos. Não vem com uma guitarra, mas sim com uma viola elétrica de dez cordas. Não há tempo para conversarmos, para quebrar o gelo. Passamos algumas músicas e vamos para o show, que é um sucesso.
Cena 4: Reunião da banda na casa do André, dias depois. Digo que não estou interessado na volta. O clima não está bom, há muitos rancores no ar, hostilidades veladas deixam o ambiente pesado. Penso no meu emprego e se vale a pena largá-lo por uma situação incerta dessas. Me convencem que dá para levar as duas coisas. Concordamos em gravar o disco pela EMI.
Cena 5: Um mês de ensaios no estúdio Floresta no Rio de Janeiro, bancado pela EMI. A gravadora quer músicas inéditas, os músicos não conseguem nivelar as expectativas, não conseguem pensar como banda. Gutje atrasa todos os dias. Philippe vai para SP com uma namorada, não volta para o ensaio. Jander não consegue um som satisfatório para sua viola. André preocupado com seu emprego. Não há líder, não há direcionamento.
Cena 6: Hebert visita a banda no estúdio. Quase desiste quando sente o clima. Chegou numa hora em que quase saíamos na porrada. Decide tomar conta da situação, dá boas sugestões, age como um verdadeiro produtor. Conversa com todos sobre tudo. Acalma os ânimos.
Cena 7: Hora da gravação. Hebert arranja amplificadores excelentes emprestados. Eu usei um Ampeg valvulado. O cuidado que tem para ajustar todos os timbres é notável no produto final. Ensaiamos no palco, ele dá recomendações finais.
Cena 8: Duas noites de shows são gravadas no Estúdio A da EMI. Nem quando o disco é ao vivo conseguimos fugir desse lugar! O público é excelente, um dos mais cativos que já tocamos. O Hebert, antes de cada show, sobe no palco, fala com o público. Direciona esse como se comportar. Até na performance do público ele se preocupa.
Curiosidade 1: Como não conseguimos compor coisas novas, gravamos Luzes do Escola de Escândalo e Medo do Cólera, duas músicas que já estavam em nossos planos há muito tempo. Ressuscitamos Voz do Brasil e, ainda, Roda Brasil, uma música rejeitada à época do Mais Raiva.
Curiosidade 2: Para a gravação de Medo, a idéia era ter uma base em loop, tipo Ministry, e a gente tocando em cima. Philippe foi à casa do produtor Chico Neves, a sugestão do Hebert, para compor o loop. Acabou não dando certo – mais por impaciência do Hebert de trabalhar com base eletrônica do que pelo resultado. O Rafael, nosso empresário e, também, do Sheik Tosado, convence a gente de usar o trio de percussão do grupo pernambucano na música. Usamos e quase que a faixa não entra no disco de tanto que erraram e atravessaram o tempo!
Cena 9: Plebe e produtor se desentendem nas mixagens. O primeiro resultado havia ficado muito ruim. Philippe e Gutje entram no estúdio e remixam o show inteiro, o disco cresce, o resultado vocês conhecem.
Cena 10: Vamos para estrada fazer os show! Tudo começa tão bem, que a gente resolve compor um disco de estúdio. Chegamos até a conceber algumas idéias que viriam a se tornar Remota Possibilidade e R ao Contrário.
Cena 11: Jander volta à estrada para trabalhar com o Nando Reis. Declara não estar interessado em rock n roll. Gutje apronta as suas. Plebe termina horas antes de gravar o novo disco.
Lição: Aprenda com o Capital Inicial. Antes de oficializarem a volta, sentaram juntos e lavaram as roupas sujas. Se xingaram, se ofenderam, fizeram terapia em grupo. Focados e com objetivos em comum, gravam novo disco e estouram. A gente se reuniu, após dez anos separados sem um ver a cara do outro, e horas depois já estávamos no palco. Dois meses depois já estávamos gravando. Três meses depois, na estrada e divulgando o disco. Um ano depois não agüentávamos mais nos ver.
Notas finais: É um excelente disco! Capturou com precisão a Plebe ao vivo, com toda a energia e força. Melhor, capturou a sinergia que a Plebe tem com seu público. Que diferença faz um bom produtor! Mesmo com as diferenças de visão e de personalidades, aquela formação da Plebe funcionava muito bem. Os problemas que ocorreram foram de outra natureza, não existindo 100% culpados ou 100% inocentes. O mais importante é que marcou que uhá, uhú, a Plebe está de volta!
Cena 2: No camarim de um show dos Paralamas em Brasília, o Hebert diz ao André e Philippe que está querendo produzir um disco ao vivo da Plebe e que a EMI topa.
Cena 3: Dia do show, expectativas em alta, Jander chega atrasado para o ensaio final, o primeiro da formação original da Plebe em mais de dez anos. Não vem com uma guitarra, mas sim com uma viola elétrica de dez cordas. Não há tempo para conversarmos, para quebrar o gelo. Passamos algumas músicas e vamos para o show, que é um sucesso.
Cena 4: Reunião da banda na casa do André, dias depois. Digo que não estou interessado na volta. O clima não está bom, há muitos rancores no ar, hostilidades veladas deixam o ambiente pesado. Penso no meu emprego e se vale a pena largá-lo por uma situação incerta dessas. Me convencem que dá para levar as duas coisas. Concordamos em gravar o disco pela EMI.
Cena 5: Um mês de ensaios no estúdio Floresta no Rio de Janeiro, bancado pela EMI. A gravadora quer músicas inéditas, os músicos não conseguem nivelar as expectativas, não conseguem pensar como banda. Gutje atrasa todos os dias. Philippe vai para SP com uma namorada, não volta para o ensaio. Jander não consegue um som satisfatório para sua viola. André preocupado com seu emprego. Não há líder, não há direcionamento.
Cena 6: Hebert visita a banda no estúdio. Quase desiste quando sente o clima. Chegou numa hora em que quase saíamos na porrada. Decide tomar conta da situação, dá boas sugestões, age como um verdadeiro produtor. Conversa com todos sobre tudo. Acalma os ânimos.
Cena 7: Hora da gravação. Hebert arranja amplificadores excelentes emprestados. Eu usei um Ampeg valvulado. O cuidado que tem para ajustar todos os timbres é notável no produto final. Ensaiamos no palco, ele dá recomendações finais.
Cena 8: Duas noites de shows são gravadas no Estúdio A da EMI. Nem quando o disco é ao vivo conseguimos fugir desse lugar! O público é excelente, um dos mais cativos que já tocamos. O Hebert, antes de cada show, sobe no palco, fala com o público. Direciona esse como se comportar. Até na performance do público ele se preocupa.
Curiosidade 1: Como não conseguimos compor coisas novas, gravamos Luzes do Escola de Escândalo e Medo do Cólera, duas músicas que já estavam em nossos planos há muito tempo. Ressuscitamos Voz do Brasil e, ainda, Roda Brasil, uma música rejeitada à época do Mais Raiva.
Curiosidade 2: Para a gravação de Medo, a idéia era ter uma base em loop, tipo Ministry, e a gente tocando em cima. Philippe foi à casa do produtor Chico Neves, a sugestão do Hebert, para compor o loop. Acabou não dando certo – mais por impaciência do Hebert de trabalhar com base eletrônica do que pelo resultado. O Rafael, nosso empresário e, também, do Sheik Tosado, convence a gente de usar o trio de percussão do grupo pernambucano na música. Usamos e quase que a faixa não entra no disco de tanto que erraram e atravessaram o tempo!
Cena 9: Plebe e produtor se desentendem nas mixagens. O primeiro resultado havia ficado muito ruim. Philippe e Gutje entram no estúdio e remixam o show inteiro, o disco cresce, o resultado vocês conhecem.
Cena 10: Vamos para estrada fazer os show! Tudo começa tão bem, que a gente resolve compor um disco de estúdio. Chegamos até a conceber algumas idéias que viriam a se tornar Remota Possibilidade e R ao Contrário.
Cena 11: Jander volta à estrada para trabalhar com o Nando Reis. Declara não estar interessado em rock n roll. Gutje apronta as suas. Plebe termina horas antes de gravar o novo disco.
Lição: Aprenda com o Capital Inicial. Antes de oficializarem a volta, sentaram juntos e lavaram as roupas sujas. Se xingaram, se ofenderam, fizeram terapia em grupo. Focados e com objetivos em comum, gravam novo disco e estouram. A gente se reuniu, após dez anos separados sem um ver a cara do outro, e horas depois já estávamos no palco. Dois meses depois já estávamos gravando. Três meses depois, na estrada e divulgando o disco. Um ano depois não agüentávamos mais nos ver.
Notas finais: É um excelente disco! Capturou com precisão a Plebe ao vivo, com toda a energia e força. Melhor, capturou a sinergia que a Plebe tem com seu público. Que diferença faz um bom produtor! Mesmo com as diferenças de visão e de personalidades, aquela formação da Plebe funcionava muito bem. Os problemas que ocorreram foram de outra natureza, não existindo 100% culpados ou 100% inocentes. O mais importante é que marcou que uhá, uhú, a Plebe está de volta!
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