sexta-feira, março 03, 2006
Dicas sonoras para o fim-de-semana
Buzzcocks: Flat Back Philosophy
Recém lançado lá fora, o novo CD dos Buzzcocks, o oitavo de uma carreira de mais de 30 anos, impressiona. Os old-punks conseguem manter o nível de adrenalina borbulhando. Guitarras características fazem o cérebro reverberar de alegria. Pete Shelly com suas letras de amor continua imbatível.
Punk-not-punk, disco-not-disco, ska, regae, esses são os ingredientes do caldeirão musical dos Dead 60s. Tempere ainda com doses fortes de política urbana e tem-se uma das bandas mais dancantes e rebeldes dos últimos tempos. Diria, até, o Gang of Four desse início de século.
Radio 4 segue a linha dos Dead 60s, só que com um sotaque nova-iorquino. Muito bom para dançar enquato joga-se coctéis molotovs em Mc Donalds. Na terceira ouvida, a coisa fica melhor e só sai do player à força.
Decepção do ano: o Gang of Four lança um CD duplo, Return the Gift. No primeiro disco, regrava suas melhores músicas. Para quê? As originais eram excelentes e dão de dez nessas reinterpretações! No segundo, bandinhas e produtores do momento remixam clássicos do Gof4. Nenhuma acerta o taco. Fiquem longe, comprem os originais.
quinta-feira, março 02, 2006
Pistols recusam Hall of Fame!!!
Tem uma instituição americana que se chama Rock n’ Roll Hall of Fame. É um engodo, servindo para domesticar roqueiros velhos. Infelizmente todos que foram convidados a fazer parte, aceitaram. Até o Clash. Mas agora, uma voz se levanta e manda essa corporação bancada pelas gravadoras à merda! Das cinzas, surge o John Lydon e rejeita o convite da insituição para que os Sex Pistols façam parte do elenco do museu. Acima, a cartinha escrita à mão (ele nem se deu ao trabalho de digitar, excelente!) do mestre Lydon. Abaixo, uma tradução livre do texto. Sensacional! Caramuru! Caramuru!
“Comparado aos Sex Pistols, rock n’ roll e essa galeria da fama não passam de uma mancha de urina. Seu museu, urina com vinho. Não vamos comparecer. Não somos seus micos amestrados, e daí? Fama por US$ 25 mil por uma mesa (na cerimônia) ou US$ 15 mil para ficar de pé no corredor – tudo indo para organizações sem fins lucrativos vendendo um monte de velhos famosos. Congratulações. Se você votou na gente, entenda as nossas razões. Vocês são anônimos como parte do júri, mas ainda assim fazem parte da indústria da música. Não vamos comparecer. Vocês não estão prestando atenção! Fora do sistema, existem verdadeiros Sex Pistols.”
quarta-feira, março 01, 2006
Roubada 5: Shows organizados pela prefeitura do Rio.
Reproduzo o texto, abaixo, como foi publicado. Não sei onde tiraram que era fã de heavy metal, mas tudo bem...
As agruras de três plebeus pelos subúrbios cariocas
O Globo - 22/12/1991
Por André Mueller - André Mueller é baixista da Plebe Rude e fã de metal, quadrinhos e filmes de terror.
Sábado, 07 de dezembro. A Plebe Rude se reúne para mais um show, desta vez em Jacarepaguá, ao ar livre, no estacionamento de um shopping. Expectativas altas. Oba! Que legal! Um show grátis pros fãs!!
Chegando perto do local do show notamos um certo movimento no estacionamento, mas não na frente do palco e sim atrás!!! Gente correndo, arrancando os cabelos, andando pra lá e pra cá... saímos do carro – Olha , o show vai demorar um pouco pois tentamos puxar a eletricidade através de um “gato” de rua por um fio muito fino... e, bem... não deu muito certo. Aguardem alguns minutos que vocês já vão tocar – dizem.
No dia seguinte demos o show. Meia música, pois choveu e como o palco não tinnha cobertura o público debandou. Mas tudo bem. Domingo que vem tem show na Cidade de Deus, bancado pela prefeitura.
Chega domingo, dia 15. O asfalto derrete sob as botas enquanto aguardamos nossa condução para a Cidade de Deus. Chega a kombi e alguém diz:
- Bem, o show foi transferido para Inhaúma.
- O quê!!!? – brada a Plebe em uníssono.
- É que a última banda que tocou por lá foi assaltada quando terminou a apresentação – nos explicam – e o chefão do crime local não gosta de movimento de fora para não atrapalhar os “negócios”, por isso mudamos de última hora. Vocês não querem perder os instrumentos, né? Mas fiquem tranqüilos. Vocês vão tocar com Dona Ivone Lara.
- O QUE!?!
E lá vamos nós discutindo sobre o Fla x Flu até Inhaúma derretendo aos poucos dentro dos jeans pretos. Chegamos. Nos avisam que o show começará em quinze minutos. Primeiro Ivone Lara, depois nós.
Oito chopes e duas horas depois Ivone Lara entra no palco, que não era bem um palco e sim um caminhão. Mas pelo menos era coberto. E lá vai o samba! O povo animado balançando a praça e a gente pensa: “Pô, vão nos odiar”.
A Plebe entra em cena. De repente, do nada, o espaço na frente reservado aos VIPs (não tinha nenhum) é invadido por punks ! Sim, legítimos punks gritando “Hardcore! Hardcore!!”. No meio deles, Tatu, vocalista do Coquetel Molotov.
A gente ataca com “Proteção”. Um sucesso! A praça balança. Pausa. Os punks gritam “Hardcore!! Hardcore!!”. Tudo bem, tocamos “Sexo e Karatê”. É a revolução na praça. Os três seguranças tentam fazer uma barreira humana (de três!?!) para afastar o público ensandecido. Philippe ri tanto que erra a entrada.
Termina o show, bis e tribis. Somos cercados pelos nativos. “Me dá uma palheta?”, “Me dá um autógrafo?”. Um garoto me enconsta na parede e diz:
- Me dá sua camisa!?
- Não! – Digo.
- Pôxa, você é rico! Me dá a camisa! – Insiste.
E começa a arrancar minha camisa Harley Davidson. Grito por socorro.
- Me dá! Te dou 500 cruzeiros, mil, dois mil, três mil...
- Não! Não!!
Chega o nosso empresário, Ivan e sai no tapa com o sujeito. Saio fora. Enquanto isso Gutje está no palco para jogar uma baqueta (a única que sobrou) para a multidão. Joga. Um sujeito pega. Os outros ficam revoltados e resolvem atacar o sortudo. A zona recomeça:
- Vamo catá o cara! Quem mandou pegar a baqueta?! Pau nele!!!
Voltamos para o Rio satisfeitos. Tocamos bem e, apesar de atípico, é compensador fazer shows assim.
- Só que tem um problema – nos diz o representante da prefeitura.
- Qual? – perguntamos.
- O cachê só vai ser liberado em 20 a 30 dias.
As agruras de três plebeus pelos subúrbios cariocas
O Globo - 22/12/1991
Por André Mueller - André Mueller é baixista da Plebe Rude e fã de metal, quadrinhos e filmes de terror.
Sábado, 07 de dezembro. A Plebe Rude se reúne para mais um show, desta vez em Jacarepaguá, ao ar livre, no estacionamento de um shopping. Expectativas altas. Oba! Que legal! Um show grátis pros fãs!!
Chegando perto do local do show notamos um certo movimento no estacionamento, mas não na frente do palco e sim atrás!!! Gente correndo, arrancando os cabelos, andando pra lá e pra cá... saímos do carro – Olha , o show vai demorar um pouco pois tentamos puxar a eletricidade através de um “gato” de rua por um fio muito fino... e, bem... não deu muito certo. Aguardem alguns minutos que vocês já vão tocar – dizem.
No dia seguinte demos o show. Meia música, pois choveu e como o palco não tinnha cobertura o público debandou. Mas tudo bem. Domingo que vem tem show na Cidade de Deus, bancado pela prefeitura.
Chega domingo, dia 15. O asfalto derrete sob as botas enquanto aguardamos nossa condução para a Cidade de Deus. Chega a kombi e alguém diz:
- Bem, o show foi transferido para Inhaúma.
- O quê!!!? – brada a Plebe em uníssono.
- É que a última banda que tocou por lá foi assaltada quando terminou a apresentação – nos explicam – e o chefão do crime local não gosta de movimento de fora para não atrapalhar os “negócios”, por isso mudamos de última hora. Vocês não querem perder os instrumentos, né? Mas fiquem tranqüilos. Vocês vão tocar com Dona Ivone Lara.
- O QUE!?!
E lá vamos nós discutindo sobre o Fla x Flu até Inhaúma derretendo aos poucos dentro dos jeans pretos. Chegamos. Nos avisam que o show começará em quinze minutos. Primeiro Ivone Lara, depois nós.
Oito chopes e duas horas depois Ivone Lara entra no palco, que não era bem um palco e sim um caminhão. Mas pelo menos era coberto. E lá vai o samba! O povo animado balançando a praça e a gente pensa: “Pô, vão nos odiar”.
A Plebe entra em cena. De repente, do nada, o espaço na frente reservado aos VIPs (não tinha nenhum) é invadido por punks ! Sim, legítimos punks gritando “Hardcore! Hardcore!!”. No meio deles, Tatu, vocalista do Coquetel Molotov.
A gente ataca com “Proteção”. Um sucesso! A praça balança. Pausa. Os punks gritam “Hardcore!! Hardcore!!”. Tudo bem, tocamos “Sexo e Karatê”. É a revolução na praça. Os três seguranças tentam fazer uma barreira humana (de três!?!) para afastar o público ensandecido. Philippe ri tanto que erra a entrada.
Termina o show, bis e tribis. Somos cercados pelos nativos. “Me dá uma palheta?”, “Me dá um autógrafo?”. Um garoto me enconsta na parede e diz:
- Me dá sua camisa!?
- Não! – Digo.
- Pôxa, você é rico! Me dá a camisa! – Insiste.
E começa a arrancar minha camisa Harley Davidson. Grito por socorro.
- Me dá! Te dou 500 cruzeiros, mil, dois mil, três mil...
- Não! Não!!
Chega o nosso empresário, Ivan e sai no tapa com o sujeito. Saio fora. Enquanto isso Gutje está no palco para jogar uma baqueta (a única que sobrou) para a multidão. Joga. Um sujeito pega. Os outros ficam revoltados e resolvem atacar o sortudo. A zona recomeça:
- Vamo catá o cara! Quem mandou pegar a baqueta?! Pau nele!!!
Voltamos para o Rio satisfeitos. Tocamos bem e, apesar de atípico, é compensador fazer shows assim.
- Só que tem um problema – nos diz o representante da prefeitura.
- Qual? – perguntamos.
- O cachê só vai ser liberado em 20 a 30 dias.
segunda-feira, fevereiro 27, 2006
Roubada 4: Carnaval
O país pára. O povo se ilude. O rock morre. Levam o Bono para cantar com a Ivete. Preciso dizer mais? Sorte do Mick Jagger que chegou atrasado no ensaio da escola de samba. Me diz uma coisa, esses sambistas vão tanto à escola, porque nunca aprendem nada? Mas tudo pelos dólares dos turistas!
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