Dando prosseguimento à série de clipes oficiais da Plebe Rude, passaremos para o próximo disco, o III ou sem nome. Só para deixar claro, os relatos dizem respeito somente aos clipes patrocinados pelas gravadoras e vinculadas em mais de uma emissora. Por tanto, o clipe de Minha Renda e A Ida, que foram feitas para o Fantástico não tiveram a história de suas filmagens descritas aqui. Todos os clipes que consigo achar no You Tube, posto aqui, como embasamento visual ao texto.
Voltando ao III, sinto dizer, não houve clipe oficial. Para o Fantástico, sim, o Boninho dirigiu um clipe para A Serra. Foi vinculado uma vez e pronto. Essa é a razão que estou pulando esses. Foram legais, mas é um esforço muito grande, recursos gastos para mostrar somente uma vez e arquivar. Nossa relação com a EMI estava pior que a situação EUA/Irã. Eles nem sequer cogitaram bancar um clipe, que seria, acho eu, de Valor ou Plebescito.
Quando a gravadora não tem interesse em divulgar um produto recém lançado, você saca que tem algo de errado. A gente sacou e os próximos anos foram de reinventar ou, se preferir, redescobrir a Plebe.
Semana que vem, mais histórias de nossos clipes.
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
A Filmagem do Clipe Nunca Fomos Tão Brasileiros
1987 e a Plebe está de disco novo, Nunca Fomos Tão Brasileiros. Apesar da primeira música de trabalho ter sido A Ida, a EMI acabou bancando o clipe de Nunca Fomos Tão Brasileiros, a faixa título do disco. Na verdade, A Ida tinha ganho um clipe meio que patético no Fantástico, mas essa série de relatos refere-se somente aos clipes oficiais, aqueles bancados pela gravadora e usados como ferramenta de divulgação em mais de uma emissora.
Infelizmente, não achei o clipe no You Tube, quebrando o paradigma que diz que “o You Tube tem tudo.” Não tem. Se alguém tiver esse clipe, por favor façam o upload para o You Tube para compartilhar com todos. E me avisem para eu postar no blog!
Assim que terminamos de gravar o disco, Philippe e eu fomos para Nova York comprar instrumentos com o adiantamento que a EMI nos concedeu em cima das expectativas de vendagem do Nunca Fomos. Um conselho para jovens músicos: nunca peguem adiantamentos polpudos, serão para sempre escravos da gravadora, eternos devedores. Voltei com três baixos (um Fender Precission, que vendi para o Negrette, um GL marrom, que vendi para o Neto do Finis Africae, e um Vox branco que dei para o nosso engenheiro de som). Além dos instrumentos, na bagagem um monte de roupas de roqueiro, inspirado na fase roqueira do Cult e do Zodiac Mindwarp and the Love Reaction, grupos que ouvia sem parar.
O clipe também é bem nessa linha. A gente no palco dando uma de roqueiro. Calças de couro, lencinhos no pescoço, fumaça, óculos escuros, botas de caubói. E a música, cá entre nós, é um hardrock de primeira, casou bem com esse visual. Que pena que não tem no You Tube para vocês darem boas risadas!
Infelizmente, não achei o clipe no You Tube, quebrando o paradigma que diz que “o You Tube tem tudo.” Não tem. Se alguém tiver esse clipe, por favor façam o upload para o You Tube para compartilhar com todos. E me avisem para eu postar no blog!
Assim que terminamos de gravar o disco, Philippe e eu fomos para Nova York comprar instrumentos com o adiantamento que a EMI nos concedeu em cima das expectativas de vendagem do Nunca Fomos. Um conselho para jovens músicos: nunca peguem adiantamentos polpudos, serão para sempre escravos da gravadora, eternos devedores. Voltei com três baixos (um Fender Precission, que vendi para o Negrette, um GL marrom, que vendi para o Neto do Finis Africae, e um Vox branco que dei para o nosso engenheiro de som). Além dos instrumentos, na bagagem um monte de roupas de roqueiro, inspirado na fase roqueira do Cult e do Zodiac Mindwarp and the Love Reaction, grupos que ouvia sem parar.
O clipe também é bem nessa linha. A gente no palco dando uma de roqueiro. Calças de couro, lencinhos no pescoço, fumaça, óculos escuros, botas de caubói. E a música, cá entre nós, é um hardrock de primeira, casou bem com esse visual. Que pena que não tem no You Tube para vocês darem boas risadas!
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
A Filmagem do Clipe de Proteção
Até Quando Esperar alavancou o Concreto, que se tornou campeão de vendas na EMI, chegando a ouro. A Plebe Rude saiu à estrada, dando shows de quinta a domingo toda semana. Foi uma época louca, da qual minha memória guarda poucos detalhes. Outro clipe foi encomendado pela gravadora e nos preparamos para gravar.
Philippe e eu compartilhamos um sonho de fazer um vídeo baseado no velho-oeste, onde seríamos caubóis matando pistoleiros malvados. Era para ser o de Proteção, mas o orçamento não permitiu. Então eu bolei outro, mais simples. A idéia era a gente tocando e, ao fundo, um pano branco. Sombras de objetos a ver com a letra da música seriam projetadas sobre o pano.
O local de gravação foi um depósito abandonado no porto do Rio. Gravamos tudo de madrugada. Deixei um bigodinho de malandro crescer especialmente para o clipe e vesti uma roupa muito doida. Nem sei o porquê desse visual. No mais, foi uma filmagem tranqüila, do qual me recordo muito pouco.
O resultado final não ficou exatamente como prevíamos. As sombras quase não davam para notar. Mas não ficou ruim. Sei que, nem amanheceu, e já estávamos na estrada novamente. Reparem os (d)efeitos especiais que o diretor usou, como dividir a tela em quadros e outro aparecer no meio. Isso era moderno na época, mas ficou datado, confesso. Outro detalhe, a arrumada de gola do Philippe, ficou hilária, he he he. Outra coisa muito boa foi a inserção das cenas da polícia atuando. O Jander de casaco de couro é outra raridade. Algum tempo depois, ele já se recusava a ter esse visual.
Até Quando Esperar alavancou o Concreto, que se tornou campeão de vendas na EMI, chegando a ouro. A Plebe Rude saiu à estrada, dando shows de quinta a domingo toda semana. Foi uma época louca, da qual minha memória guarda poucos detalhes. Outro clipe foi encomendado pela gravadora e nos preparamos para gravar.
Philippe e eu compartilhamos um sonho de fazer um vídeo baseado no velho-oeste, onde seríamos caubóis matando pistoleiros malvados. Era para ser o de Proteção, mas o orçamento não permitiu. Então eu bolei outro, mais simples. A idéia era a gente tocando e, ao fundo, um pano branco. Sombras de objetos a ver com a letra da música seriam projetadas sobre o pano.
O local de gravação foi um depósito abandonado no porto do Rio. Gravamos tudo de madrugada. Deixei um bigodinho de malandro crescer especialmente para o clipe e vesti uma roupa muito doida. Nem sei o porquê desse visual. No mais, foi uma filmagem tranqüila, do qual me recordo muito pouco.
O resultado final não ficou exatamente como prevíamos. As sombras quase não davam para notar. Mas não ficou ruim. Sei que, nem amanheceu, e já estávamos na estrada novamente. Reparem os (d)efeitos especiais que o diretor usou, como dividir a tela em quadros e outro aparecer no meio. Isso era moderno na época, mas ficou datado, confesso. Outro detalhe, a arrumada de gola do Philippe, ficou hilária, he he he. Outra coisa muito boa foi a inserção das cenas da polícia atuando. O Jander de casaco de couro é outra raridade. Algum tempo depois, ele já se recusava a ter esse visual.
terça-feira, fevereiro 06, 2007
Filmagem do Clipe Até Quando Esperar
Ah, os anos 80s! Como éramos inocentes. Na verdade não, éramos a Plebe Rude, há há há, e tínhamos acabado de gravar nosso primeiro LP, O Concreto Já Rachou. Além do rock-Br, estava crescendo também o vídeo clipe. Toda música de trabalho ganhava uma versão visual para a televisão e para Até Quando Esperar não foi diferente. Onde gravar? A resposta foi imediata e um dos poucos consensos entre os músicos: no mesmo local onde foi tirada a foto da capa!
Sobre a capa, queria fazer um adendo para contar como foi. O Gutje vinha insistindo para a sua esposa, na época, fazer parte da banda. Queria inclusive que ela assinasse o contrato, pois assim poderia ficar no hotel bancada pela EMI. Claro que a gente recusou! Mas o cara insistia, insistia e insistia em dar alguma função para ela. Para ele parar de encher o saco, pusemos ela para coordenar a capa. Acabou não coordenando nada e ainda deu a mancada de deixar sair no encarte “Fernandinha da Blitz” ao invés de Fernanda Abreu, que fez a participação em Sexo e Karatê. Bom, quem escolheu a locação foi o Flávio Colker, fez a foto e a capa e a finalização.
Voltando ao clipe, o local era uma casarona antiga, abandonada e caindo aos pedaços em Santa Teresa, Rio de Janeiro. Tinha tudo a ver com a capa e, pelo abandono, com a música. Não vou me lembrar do nome do diretor, mas a coisa foi feita muito rápida, em uma tarde gravamos tudo. Cenas em grupo, cenas individuais, tudo. O resultado não nos surpreendeu, pois ficou igualzinho como tínhamos imaginado. Acho um excelente clipe de estréia da banda e tem uma ligação visual fortíssima com a capa.
Vale dizer que não foi nossa primeira experiência à frente das câmeras. Já tínhamos feito o curta metragem “Ascensão e Queda de Quatro Rude Plebeus” e um clipe da demo de Censura. Essa última foi feita por um pessoal de São Paulo, à época em que tocávamos pelos Napalms, Madames Satãs e Roses da vida. Lembro-me com saudades dessa época e de como éramos bem recebidos na capital paulista. Tenho que descolar uma cópia desse clipe, pois é muito bom, psicodélico, lisérgico e, claro, anos 80s.
Ah, os anos 80s! Como éramos inocentes. Na verdade não, éramos a Plebe Rude, há há há, e tínhamos acabado de gravar nosso primeiro LP, O Concreto Já Rachou. Além do rock-Br, estava crescendo também o vídeo clipe. Toda música de trabalho ganhava uma versão visual para a televisão e para Até Quando Esperar não foi diferente. Onde gravar? A resposta foi imediata e um dos poucos consensos entre os músicos: no mesmo local onde foi tirada a foto da capa!
Sobre a capa, queria fazer um adendo para contar como foi. O Gutje vinha insistindo para a sua esposa, na época, fazer parte da banda. Queria inclusive que ela assinasse o contrato, pois assim poderia ficar no hotel bancada pela EMI. Claro que a gente recusou! Mas o cara insistia, insistia e insistia em dar alguma função para ela. Para ele parar de encher o saco, pusemos ela para coordenar a capa. Acabou não coordenando nada e ainda deu a mancada de deixar sair no encarte “Fernandinha da Blitz” ao invés de Fernanda Abreu, que fez a participação em Sexo e Karatê. Bom, quem escolheu a locação foi o Flávio Colker, fez a foto e a capa e a finalização.
Voltando ao clipe, o local era uma casarona antiga, abandonada e caindo aos pedaços em Santa Teresa, Rio de Janeiro. Tinha tudo a ver com a capa e, pelo abandono, com a música. Não vou me lembrar do nome do diretor, mas a coisa foi feita muito rápida, em uma tarde gravamos tudo. Cenas em grupo, cenas individuais, tudo. O resultado não nos surpreendeu, pois ficou igualzinho como tínhamos imaginado. Acho um excelente clipe de estréia da banda e tem uma ligação visual fortíssima com a capa.
Vale dizer que não foi nossa primeira experiência à frente das câmeras. Já tínhamos feito o curta metragem “Ascensão e Queda de Quatro Rude Plebeus” e um clipe da demo de Censura. Essa última foi feita por um pessoal de São Paulo, à época em que tocávamos pelos Napalms, Madames Satãs e Roses da vida. Lembro-me com saudades dessa época e de como éramos bem recebidos na capital paulista. Tenho que descolar uma cópia desse clipe, pois é muito bom, psicodélico, lisérgico e, claro, anos 80s.
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
Vá ao Teatro, Mas Não me Convide!
Sábado, estou brincando com minhas filhas quando toca o telefone. Era do Correio Brasiliense e queriam que participasse de um grupo que iria debater o seguinte tema: “o porque das pessoas passarem horas numa fila para ver a peça Renato Russo.” Para quem não está a par, fizeram uma peça de teatro onde o ator Bruce Gomlevsky faz um monólogo personificando o Renato Russo. Por incrível que pareça, a peça é campeã de bilheteria do CCBB, nunca tanta gente foi ao teatro.
Muito gentilmente, respondi que eu não era a pessoa certa para participar desse debate. Primeiro, porque o cara que eu conheci era o Renato Manfredini, não o Russo. Quando o Manfredo virou o Russo, já tinha se isolado da gente socialmente. Nossos contatos no Rio foram poucos, porém sempre agradáveis. Mas ele era outra pessoa. Segundo, porque eu nunca ficaria dez minutos numa fila para ver essa peça. Sei que ela toca ao coração de uma galera sedenta pelo ídolo, pessoas com fome do passado, dificuldade de entender a constante evolução do presente e com medo do imprevisível futuro. Só que não sou uma dessas pessoas. Me inclua fora! Terceiro, porque prefiro manter minhas lembranças do amigo Renato purificadas, não contagiadas pelo mito que estão criando.
Essa peça me lembra aqueles dublês do Elvis que ficam fazendo showzinhos para jogadores em Las Vegas. Já virou até piada, ninguém leva a sério, nem os fãs do Rei. Acho que os que estão gerindo o legado do Renato Russo deveriam ter esse cuidado. Uma superexposição de um ídolo pode dar-lhe pés de barro.
Poderiam se mirar no gerenciamento que as famílias do Elvis e do Hendrix estão fazendo no exterior. Lá, dificilmente um produto é aprovado sem que passe por uma avaliação muito criteriosa do que tal e tal lançamento poderia fazer a imagem do ex- roqueiro. Tudo bem que agora vai ser lançado um refrigerante chamado “Are You Experienced”, mas, pela avaliação dos detentores dos direitos do Jimi Hendrix, é um passo válido. Só existe um remix oficial de uma canção do Elvis, todos os outros pedidos foram negados.
O recente show em homenagem ao Renato, do qual participamos, foi um exemplo de como não fazer a coisa. A Plebe, que convivia com ele, quase foi barrada, enquanto outros artistas que certamente teriam a desaprovação do Russo foram tratadas como reis. Não vou mencionar nomes, mas vocês sabem do que estou falando.
Por isso, podem ir ao teatro, fiquem na fila, relembrem o que eles querem que você relembre. Uns serão carneiros, outros lobos, eu prefiro observar tudo das alturas como uma águia, talvez do mesmo ponto-de-vista do Renato.
Muito gentilmente, respondi que eu não era a pessoa certa para participar desse debate. Primeiro, porque o cara que eu conheci era o Renato Manfredini, não o Russo. Quando o Manfredo virou o Russo, já tinha se isolado da gente socialmente. Nossos contatos no Rio foram poucos, porém sempre agradáveis. Mas ele era outra pessoa. Segundo, porque eu nunca ficaria dez minutos numa fila para ver essa peça. Sei que ela toca ao coração de uma galera sedenta pelo ídolo, pessoas com fome do passado, dificuldade de entender a constante evolução do presente e com medo do imprevisível futuro. Só que não sou uma dessas pessoas. Me inclua fora! Terceiro, porque prefiro manter minhas lembranças do amigo Renato purificadas, não contagiadas pelo mito que estão criando.
Essa peça me lembra aqueles dublês do Elvis que ficam fazendo showzinhos para jogadores em Las Vegas. Já virou até piada, ninguém leva a sério, nem os fãs do Rei. Acho que os que estão gerindo o legado do Renato Russo deveriam ter esse cuidado. Uma superexposição de um ídolo pode dar-lhe pés de barro.
Poderiam se mirar no gerenciamento que as famílias do Elvis e do Hendrix estão fazendo no exterior. Lá, dificilmente um produto é aprovado sem que passe por uma avaliação muito criteriosa do que tal e tal lançamento poderia fazer a imagem do ex- roqueiro. Tudo bem que agora vai ser lançado um refrigerante chamado “Are You Experienced”, mas, pela avaliação dos detentores dos direitos do Jimi Hendrix, é um passo válido. Só existe um remix oficial de uma canção do Elvis, todos os outros pedidos foram negados.
O recente show em homenagem ao Renato, do qual participamos, foi um exemplo de como não fazer a coisa. A Plebe, que convivia com ele, quase foi barrada, enquanto outros artistas que certamente teriam a desaprovação do Russo foram tratadas como reis. Não vou mencionar nomes, mas vocês sabem do que estou falando.
Por isso, podem ir ao teatro, fiquem na fila, relembrem o que eles querem que você relembre. Uns serão carneiros, outros lobos, eu prefiro observar tudo das alturas como uma águia, talvez do mesmo ponto-de-vista do Renato.
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