sexta-feira, fevereiro 17, 2006

O Dia em que Expulsamos o U2 da sala.

Ano 2000, último do século XX. Estava a trabalho no Rio, pelo Banco Central, que organizava um seminário de estabilidade econômica no Hotel Copacabana Palace. Como estava trabalhando na produção do evento – que é muito grande, comparativo a um Rock in Rio, só que com economistas e representantes de outros bancos centrais ao invés de músicos – ficava de dia no local para receber os convidados, cuidar da logística, etc. O BCB tinha alugado o mezanino todo, inclusive salas e auditórios.

Quem também estava no hotel era a banda U2. Não tinham vindo fazer shows, mas sim divulgar o mais novo disco, na época, que me esqueci qual era. (Na verdade, depois de Boy, não conheço nada do U2). Estávamos inspecionando o local, quando entramos numa sala e lá estavam os músicos do U2 sendo entrevistados. Íamos sair, quando um segurança, extremamente grosso, fisicamente nos expulsou do lugar.

Meu chefe se revoltou, pois aquela sala estava alugada para a gente e não aos irlandeses. Chamamos os seguranças do hotel, explicamos a situação e eles expulsaram o Bono e cia., mais o segurança babaca e a repórter, que ainda tentou explicar para a gente: “mas são o U2”. “Quem?”, respondi, rindo por dentro enquanto a pequit-comitiva tentava filar outro local para a entrevista.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Stones on Fire.

Lembram, em 1998, quando os Stones estiveram em solo tupiniquim pela última vez? Vão se recordar que os guitarristas estavam passeando com as respectivas famílias nas águas paradisíacas de Angra dos Reis, quando o barco que os transportava pegou fogo. Foram momentos de pânico até que apareceu outro iate para salvar os coroas roqueiros. Na época, foi divulgado que fora um curto-circuito que provocou as chamas, destruindo a embarcação.

Passado quase uma década, esse blog vai trazer à tona a "verdadeira verdade" sobre o incidente. Leiam e pasmem.

Todos sabem que o Ron Wood acha que é o Keith Richards. Igual ao velho Keith, Ron toca guitarra, se veste com o mesmo estilo, tem cabelo idêntico, fuma, bebe Jack Daniels como se fosse água, tem a pele enrugada e, no palco, faz os mesmos movimentos. Já o Keith Richards sabe que é o Keith Richards, mas não tem muita certeza, já que o Ron Wood afirma ser o verdadeiro Keith Richards. Durante o show, o Keith olha para o Ron e pensa: “esse cara toca igual a mim, se movimenta igual a mim, se parece comigo, será que ele sou eu?” Pois é, anos de substâncias ilícitas no sangue fazem um velho delirar desse jeito.

Pois bem, Ron Wood, acompanhado de sua esposa Josephine e de seu filho Toy (isso é nome?), estavam hospedados na ilha do cirurgião plástico Ivo Pitanguy. Keith Richards também estava lá, apesar do convite ter sido só para a família Wood. Como o Ron acha que é o Keith, e o Keith não tem certeza quem seja, pelo sim, pelo não, também foi. Estavam todos na piscina, eram dez da manhã, o Keith tinha acabado a primeira garrafa de Jack Daniels do dia, o Ron já abria sua terceira carteira de cigarro, quando aparece o filho do Ivo, o Helcius (caramba, ninguém dá nome normal aos filhos hoje em dia?), junto com sua nova lancha. “Vamos passear, Keith?”, pergunta. “Vamos”, responde o Ron, e lá se vão todos.

Em alto mar, na cabine apertada, Ron encara o Keith. “Hey man, vamos acabar logo com essa dúvida que está me matando: quem é o verdadeiro Keith Richards? Eu tenho que saber antes de lançar meu disco solo, pois não sei como assinar a produção, Ron ou Richards?” Aliviado por finalmente saber a verdade, Keith aceita o desafio. Combinam o seguinte: como o verdadeiro Keith é fogo, decidem acender dois fósforos, um cada, e ficar segurando. O primeiro que largar, é o falso Keith. (Nota da redação: antes, o desafio era quem bebia mais Jack Daniels, mas como só havia quatro caixas a bordo, decidiram que era muito pouco).

É óbvio o que aconteceu, né? Os dois queimaram os dedos, jogaram os fósforos acessos no chão, a lancha pegou fogo e tiveram que ser resgatados pelo barco cheio de repórteres que os seguia. A dúvida ainda persiste, mas ambos agora tem fobia de lanchas.

Mais uma informação que só esse blog dá (e essa é verdadeira!): Keith Richards, o original, tem uma lancha chamda Mandrix, nome de um remédio. Por quê? Porque acalma ele tanto quanto a droga. Depois desse incidente, ele vendeu o barco e comprou uma moto que, dizem as más línguas, se chama Cocaine.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Diversão, sim!


Rock é diversão! Isso que os leitores do blog foram unânimes em afirmar. Positivo, acato a voz de todos. Ainda por cima, porque me divirto muito tocando e ouvindo rock. Divirto-me dançando rock. Mas, inegavelmente o rock é muito mais um fator de mudanças do que diversão. Ainda que, a mudança pode ser divertida!

As grandes gravadoras tentam desde Elvis Presley e Chuck Berry neutralizarem esse lado do rock. Em vão. O público logo saca quem é armação, quem é banda-aspirina (aquela que não provoca dor-de-cabeça) e quem é banda-anfetamina (aquela que agita, faz o sangue borbulhar). Aliais, não só o rock, a música eletrônica também. Ou vocês acham que as raves originais não tinham um forte viés de mudança social? Agora ela foi capturada pelos Lucianos Hucks e Aciólis da vida, ficou pasteurizada. Mas o jovem sempre acha o caminho certo e consegue diferenciar a aspirina da anfetamina.

Por falar em diversão, umas dicas de DVDs que podem ser conseguidos no grande hiper-espaço que é a internet:
· Instrument – documentário sobre o Fugazi
· In God We Trust – a gravação desse EP do Dead Kennedys foi filmado. Para fã.
· Surplus – documentário sobre consumismo, muito bem editado.
· The Corporation – outro documentário, esse sobre como as corporações estão tomando conta do mundo.

Pois é, dance com os pés, pense com a cabeça e divirta-se!

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Cães velhos não mordem!


Num almoço, no último sábado, o Balé fez a seguinte afirmação: não existe nada que mais faz uma afirmação do que uma banda de rock. Concordei, afinal, bandas novas têm um visual que influencia milhões. Não é a toa que estilistas correm atrás das recém celebridades para que vistam suas criações, vide o Franz Ferdinand e o Gucci. Roqueiros são, por natureza, quebradores de paradigmas, trazem uma atitude nova à geração que os ouve.

Assim sendo, qual a função das bandas velhas? Existe razão de ser para quarentões subirem no palco, se vestirem de adolescentes e tentar ser os porta-vozes dos mais jovens? Penso, por exemplo, no Capital Inicial, ou, cortando na carne, a Plebe Rude. Será que um Dinho ou um Philippe tem credibilidade para pregar aos adolescentes. Será que a opinião deles ainda é válida para a nova geração? De que entendem eles quanto aos problemas que afligem os jovens? Não tenho resposta para essas questões, é uma dúvida com a qual debato diariamente.

Vejo os Stones e acho deprimente. Tudo bem, a mídia em massa consegue fazer com que sejam idolatrados, mas o que têm eles a dizer? Quando tinha uns vinte anos, queria ouvir pessoas da minha idade, não a experiência dos velhos. Radical? Talvez. Qual a razão de ser de um Lulu Santos pregando para as massas? De uma geriátrica Paula Toller cantando bobagens de amor? O que ela entende de como funciona o relacionamento de jovens nesse início de século? Nada! Para falar a verdade, nem nos anos 80s ela tinha o que dizer, imagine balzaquiana como agora.

Vi o Dado ontem na MTV, na praia, entrevistado pelo Edgar. Junto, o ex-baixista do Charlie Brown Jr., um tal de Champignon (?). O garoto não só falava melhor, como tinha o que dizer. O quarentão ex-legionário se esforçava para dizer algo que os jovens ouvintes pudessem se identificar. Não conseguiu. Ficou falando de ficar em casa, parecerias com amigos, nada palpável para um adolescente.

Então como é que é? Nós roqueiros de meia-idade, temos razão de ser? Ou vamos deixar cães velhos dormirem e os novos latirem?