As notícias não são boas. Lembram daquele pau que o computador do Philippe deu? Bom, perdemos todas as baterias gravadas pelo Txotxa e todos os baixos gravados por mim. Foram para o espaço!
Sem lágrimas, nobres plebeus! Perdemos a batalha, mas estamos ganhando a guerra. A regravação vai ser muito mais fácil, provavelmente num fim-de-semana estaremos de volta ao ponto de vozes e guitarras.
Mas a lição fica: façam back-up para não dar um fuck-up!
quinta-feira, março 03, 2005
quarta-feira, março 02, 2005
QUEM PEIDOU NA SAUNA?
Sábado pré-páscoa, exprimido entre a Sexta-Feira Santa e o Domingo. Caí uma chuvinha fina, daquelas que as gotas ficam suspensas no ar. Nada de bom na programação da tarde na TV, os amigos que puderam viajar já estão longe de Brasília. Aliais, aqui tem um ditado: “quando você passar pelo Conjunto Nacional e achar a fachada bonita, está na hora de sair de Brasília”. Tenho medo de dar uma volta de carro e achar lindo aqueles anúncios iluminados. Tédio total!
De repente, lembro da sauna na cobertura coletiva do prédio. Santa solução, Batman! Ligo para o porteiro, que confirma: está ligada desde a manhã. Beleza! Deve estar quentinha! Visto uma sunga, agarro uma toalha e corro escada acima até a laje superior do bloco, onde ficam as churrasqueiras, a piscina (na verdade um tanque disfarçado) e, meu objetivo, a sauna. Ficar deitado, suando, nos degraus de azulejo vai salvar o dia. Depois, talvez, saia para rehidratar e tomar uns chopes.
Chegando lá, vejo os sinais indicando que tudo não vai ser tão perfeito assim. No pé da porta metálica que dá acesso à sauna, uma coleção de sandálias, chinelos, tamancos e tênis. Na parede, algumas toalhas penduradas. Mais toalhas, dobradas, empilhadas em cima do muro. Putz, outros estão lá dentro, nem todos abandonaram Brasília! Não faz mal, tento me animar, vai ser legal ter alguém com quem conversar. Chuto minhas havaianas do Atlético Paranaense para longe, jogo a toalha em cima da pilha e adentro a sala quente.
O bafo quente força os olhos a piscarem, enquanto fecho a porta o mais rápido possível, para evitar a perda de calor. Quando me viro, e o foco de visão se acostuma à meia-luz, percebo que todos os outros moradores do bloco tiveram a mesma idéia, o lugar está lotado! Nos três degraus da sauna tem gente empilhada, sentados, seminus, espremidas, lado a lado. Ameaço ir embora, achando melhor ir direto ao chope. Quando estou dando meia volta, a gorda do andar debaixo vomita o velho clichê:
- Sempre cabe mais um para quem usa Rexona. Saí pro lado, Wilson (que é seu marido, um magricela), vamos lá, gente, vamos fazer espaço para o vizinho.
Todos mexem as bundas, movendo um pouco para a direita, com sorrisos forçados nos lábios. Logo, uma brecha se abre entre os corpos suados. Bem ao lado da gorda. Sou obrigado a aceitar, tendo em vista o esforço que fizeram. Agradeço e sento no pequeno espaço, tentando abstrair o pensamento da troca de suores quando minha pele esbarra na dos meus vizinhos de banco. E assim ficamos, calados, como galinhas no poleiro, transpirando coletivamente.
Um trovão soa, quebrando a meditação grupal. Um peido! Daqueles bem dados, altos, que animam reuniões de velhos geriátricos. Esse devia entrar para o Guiness, pois, além da sonoridade, longa e grave, enche o pequeno quarto azulejado com um fedor horroroso. É a fetidez das entranhas podre do ser humano alimentado de bacalhau, ovos de chocolate e outras coisas típicas da Semana Santa. A sauna vira uma câmera de gás. Entre gemidos de reclamação e nojo, alguns ameaçam abandonar o barco. Daí eu grito, meio por instinto:
- O primeiro a sair é quem peidou!
Os dissidentes levam isso a sério e voltam para seus lugares. Outros, que também queriam ir embora, desistem. Ninguém quer ficar com fama de peidão perante o condomínio e, assim, permanecemos no calor, que está beirando ficar insuportável. Depois de uns quinze minutos, a gatinha do 412, ainda com os dedos segurando o nariz para evitar cheirar o ar, reclama:
- Não agüento mais, tá muito quente, véio! Vamos acabar com isso. Já passou. Vou embora, falou?
A galera ri, dando a entender que se ela realmente se retirar, vai ficar subentendido que ela que é a flatulenta. Bonita, mas podre por dentro. A menina desiste e fica onde está. Melhor derreter, pegar uma insolação do que ser taxada de peidolenta. A gorda tem outra idéia:
- Vamos pelo menos diminuir o calor. Vamos deixar a porta aberta, daí o vapor sai e a gente fica mais à vontade.
Ninguém aceita a idéia. Falam todos de uma vez, argumentando que, se as condições ficarem propícias, o culpado nunca vai se revelar. Temos que sofrer, até que o peidão não agüente mais e assuma sua condição de porco anti-social. O calor aumenta, já estou tonto, transpiro rios de suor, a visão começa a falhar. Assim não dá, decido. Resolvo admitir tudo, me levantando e confessando timidamente, enquanto caminho em direção à saída:
- Tá bom, tá bom, fui eu. Tô fora, tchau!
Meus companheiros de bloco me olham como se fosse um criminoso, afinal, a idéia de todos ficarem na sauna até o criminoso se identificar foi minha. Quando estou saindo, um senhor, sentado bem ao lado da porta, reclama:
- Não sabe segurar não, rapaz?
- Eu não, o senhor sabe?
- Sei sim, filho.
- Então segura essa! – digo, soltando outro peido fedorento em sua cara e me mandando do lugar.
De repente, lembro da sauna na cobertura coletiva do prédio. Santa solução, Batman! Ligo para o porteiro, que confirma: está ligada desde a manhã. Beleza! Deve estar quentinha! Visto uma sunga, agarro uma toalha e corro escada acima até a laje superior do bloco, onde ficam as churrasqueiras, a piscina (na verdade um tanque disfarçado) e, meu objetivo, a sauna. Ficar deitado, suando, nos degraus de azulejo vai salvar o dia. Depois, talvez, saia para rehidratar e tomar uns chopes.
Chegando lá, vejo os sinais indicando que tudo não vai ser tão perfeito assim. No pé da porta metálica que dá acesso à sauna, uma coleção de sandálias, chinelos, tamancos e tênis. Na parede, algumas toalhas penduradas. Mais toalhas, dobradas, empilhadas em cima do muro. Putz, outros estão lá dentro, nem todos abandonaram Brasília! Não faz mal, tento me animar, vai ser legal ter alguém com quem conversar. Chuto minhas havaianas do Atlético Paranaense para longe, jogo a toalha em cima da pilha e adentro a sala quente.
O bafo quente força os olhos a piscarem, enquanto fecho a porta o mais rápido possível, para evitar a perda de calor. Quando me viro, e o foco de visão se acostuma à meia-luz, percebo que todos os outros moradores do bloco tiveram a mesma idéia, o lugar está lotado! Nos três degraus da sauna tem gente empilhada, sentados, seminus, espremidas, lado a lado. Ameaço ir embora, achando melhor ir direto ao chope. Quando estou dando meia volta, a gorda do andar debaixo vomita o velho clichê:
- Sempre cabe mais um para quem usa Rexona. Saí pro lado, Wilson (que é seu marido, um magricela), vamos lá, gente, vamos fazer espaço para o vizinho.
Todos mexem as bundas, movendo um pouco para a direita, com sorrisos forçados nos lábios. Logo, uma brecha se abre entre os corpos suados. Bem ao lado da gorda. Sou obrigado a aceitar, tendo em vista o esforço que fizeram. Agradeço e sento no pequeno espaço, tentando abstrair o pensamento da troca de suores quando minha pele esbarra na dos meus vizinhos de banco. E assim ficamos, calados, como galinhas no poleiro, transpirando coletivamente.
Um trovão soa, quebrando a meditação grupal. Um peido! Daqueles bem dados, altos, que animam reuniões de velhos geriátricos. Esse devia entrar para o Guiness, pois, além da sonoridade, longa e grave, enche o pequeno quarto azulejado com um fedor horroroso. É a fetidez das entranhas podre do ser humano alimentado de bacalhau, ovos de chocolate e outras coisas típicas da Semana Santa. A sauna vira uma câmera de gás. Entre gemidos de reclamação e nojo, alguns ameaçam abandonar o barco. Daí eu grito, meio por instinto:
- O primeiro a sair é quem peidou!
Os dissidentes levam isso a sério e voltam para seus lugares. Outros, que também queriam ir embora, desistem. Ninguém quer ficar com fama de peidão perante o condomínio e, assim, permanecemos no calor, que está beirando ficar insuportável. Depois de uns quinze minutos, a gatinha do 412, ainda com os dedos segurando o nariz para evitar cheirar o ar, reclama:
- Não agüento mais, tá muito quente, véio! Vamos acabar com isso. Já passou. Vou embora, falou?
A galera ri, dando a entender que se ela realmente se retirar, vai ficar subentendido que ela que é a flatulenta. Bonita, mas podre por dentro. A menina desiste e fica onde está. Melhor derreter, pegar uma insolação do que ser taxada de peidolenta. A gorda tem outra idéia:
- Vamos pelo menos diminuir o calor. Vamos deixar a porta aberta, daí o vapor sai e a gente fica mais à vontade.
Ninguém aceita a idéia. Falam todos de uma vez, argumentando que, se as condições ficarem propícias, o culpado nunca vai se revelar. Temos que sofrer, até que o peidão não agüente mais e assuma sua condição de porco anti-social. O calor aumenta, já estou tonto, transpiro rios de suor, a visão começa a falhar. Assim não dá, decido. Resolvo admitir tudo, me levantando e confessando timidamente, enquanto caminho em direção à saída:
- Tá bom, tá bom, fui eu. Tô fora, tchau!
Meus companheiros de bloco me olham como se fosse um criminoso, afinal, a idéia de todos ficarem na sauna até o criminoso se identificar foi minha. Quando estou saindo, um senhor, sentado bem ao lado da porta, reclama:
- Não sabe segurar não, rapaz?
- Eu não, o senhor sabe?
- Sei sim, filho.
- Então segura essa! – digo, soltando outro peido fedorento em sua cara e me mandando do lugar.
terça-feira, março 01, 2005
LONDON CALLING FAZ 25 ANOS
No último dia 25 de fevereiro, saiu um artigo no Correio Braziliense sobre os 25 anos do disco London Calling, do Clash. A pedidos, escrevi um complemento ao texto, que incluo abaixo.
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Imagine o cenário: Sheffield, cidade industrial no norte da Inglaterra, vizinha de Manchester, só que mais escura, mais sombria e suja. 1979, dois brasileiros, meu irmão Bernardo e eu, entramos numa loja de discos, depositamos nossas mesadas no balcão e saímos para enfrentar uma caminhada gélida com uma cópia do LP duplo London Calling do Clash debaixo de nossos braços. Assim que entramos em casa, o lado um do primeiro disco vai para a vitrola, antes de acender o aquecedor, antes de tirar as luvas e os cachecóis. Ouvimos consecutivamente os quatro lados até a hora de dormir. Um clássico instantâneo, um divisor de águas. O melhor disco de rock de todos os tempos? Sem dúvida, à época, nos pareceu que sim.
O quarteto Clash já era nosso herói punk desde a saída do Brasil, um ano antes. O primeiro disco, de 1977, trazia o ante-projeto do que seriam os anos 1980, o London Calling, cristalizou o conceito. Era um disco duplo que foi vendido, a pedidos da banda, por o preço de um. Eles abriram mão dos próprios rendimentos, isso tocava nossos corações. As músicas eram todas perfeitas e tiveram a coragem de fugir da camisa de força que o movimento punk estava forçando quanto a criatividade das bandas. Nos dois discos, tínhamos jazz, folk, funk, rock'a'billy e rock, tudo interpretado sob o ponto de vista do punk. A mensagem era que não tínhamos que ficar parados no tempo, que o movimento não era só um espasmo iconoclasta, mas sim uma reconstrução do rock n roll.
A faixa título, Brand New Cadillac, Jimmy Jazz, Lost in the Supermarket, nossa, só de escrever o nome dessas músicas consigo imaginar cada acorde, cada letra na minha cabeça. Sem o London Calling, talvez fossemos obrigados a ouvir GBH e Exploited durante o resto da vida, gritando clichês vazios em fórums sociais. O Clash nos ensinou a pensar e a lição principal está em London Calling.
Outro grande feito do disco foi ter aberto o mercado americano, e conseqüentemente mundial, ao punk e new wave. Não que seja necessário invadir a América, mas, sem isso, a banda estaria até hoje rezando para os convertidos, igual ao Fall, conjunto tão importante quanto o Clash, mas que não conseguiu produzir o seu London Calling (o quê? não conhece The Fall? tá esperando o que, a MTV te apresentar?).
E claro, sem o Clash, não haveria Plebe Rude. 25 anos depois, o disco ainda soa tão sensacional tanto. Só que agora, ligo o ar condicionado para ouvir.
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Imagine o cenário: Sheffield, cidade industrial no norte da Inglaterra, vizinha de Manchester, só que mais escura, mais sombria e suja. 1979, dois brasileiros, meu irmão Bernardo e eu, entramos numa loja de discos, depositamos nossas mesadas no balcão e saímos para enfrentar uma caminhada gélida com uma cópia do LP duplo London Calling do Clash debaixo de nossos braços. Assim que entramos em casa, o lado um do primeiro disco vai para a vitrola, antes de acender o aquecedor, antes de tirar as luvas e os cachecóis. Ouvimos consecutivamente os quatro lados até a hora de dormir. Um clássico instantâneo, um divisor de águas. O melhor disco de rock de todos os tempos? Sem dúvida, à época, nos pareceu que sim.
O quarteto Clash já era nosso herói punk desde a saída do Brasil, um ano antes. O primeiro disco, de 1977, trazia o ante-projeto do que seriam os anos 1980, o London Calling, cristalizou o conceito. Era um disco duplo que foi vendido, a pedidos da banda, por o preço de um. Eles abriram mão dos próprios rendimentos, isso tocava nossos corações. As músicas eram todas perfeitas e tiveram a coragem de fugir da camisa de força que o movimento punk estava forçando quanto a criatividade das bandas. Nos dois discos, tínhamos jazz, folk, funk, rock'a'billy e rock, tudo interpretado sob o ponto de vista do punk. A mensagem era que não tínhamos que ficar parados no tempo, que o movimento não era só um espasmo iconoclasta, mas sim uma reconstrução do rock n roll.
A faixa título, Brand New Cadillac, Jimmy Jazz, Lost in the Supermarket, nossa, só de escrever o nome dessas músicas consigo imaginar cada acorde, cada letra na minha cabeça. Sem o London Calling, talvez fossemos obrigados a ouvir GBH e Exploited durante o resto da vida, gritando clichês vazios em fórums sociais. O Clash nos ensinou a pensar e a lição principal está em London Calling.
Outro grande feito do disco foi ter aberto o mercado americano, e conseqüentemente mundial, ao punk e new wave. Não que seja necessário invadir a América, mas, sem isso, a banda estaria até hoje rezando para os convertidos, igual ao Fall, conjunto tão importante quanto o Clash, mas que não conseguiu produzir o seu London Calling (o quê? não conhece The Fall? tá esperando o que, a MTV te apresentar?).
E claro, sem o Clash, não haveria Plebe Rude. 25 anos depois, o disco ainda soa tão sensacional tanto. Só que agora, ligo o ar condicionado para ouvir.
BOBOS-DA-CORTE
Hoje o Uruguai está em festa. A posse de Tabaré Vázquez leva o povo à rua para comemorar a quebra de alternância no poder entre os Colorados e os Blancos, após longos 180 anos. Detalhe: nunca, na curta história democrática do Uruguai, houve manifestação popular na posse de um presidente eleito.
Como em toda festa que se preze, foram convidados os bobos-da-corte. Um, o Presidente Chaves, da Venezuela, aceitou, claro. Ele não perde uma boca-livre e a oportunidade de dar o fora do clima hostil que está seu país. Outro, o Fidel Castro, está doente, não vai poder visitar o mundo livre. Reparem que essas duas figurinhas carimbadas dão o toque em todas as festas públicas com cunho político realizado na América Latina. E porquê bobos-da-corte? Leiam abaixo.
Certamente vocês já viram filmes ou leram livros sobre as festas dos reis medievais. Sabem aquela figura, com o chapéu de três pontas, fazendo gracinhas o tempo todo? Pois é, esse é o bobo-da-corte. Sua origem é islâmica e sua missão era fazer imitações grotescas dos nobres para que todos refletissem sobre a incongruência, a subjetividade, do ser humano. De um site: “suas atitudes contrárias, que numa hora o levam a uma direção, noutra o conduzem a uma direção totalmente diferente, muitas vezes até em sentido contrário. Essa é a finalidade essencial, primitiva, dos ensinamentos do bobo da corte. Levar uma sabedoria psicológica por meio do riso, das alegorias subjetivas, das pantomimas, do hilário”.
Fidel e Chaves são assim. Não é que os líderes latino-americanos gostem deles ou se identificam com suas trapalhadas políticas. É que, estando presente nas ocasiões importantes, servem para que eles reflitam sobre as bobagens que os dois fizeram nos respectivos países e não cometam as mesmas atrocidades durante seus mandatos.
Os reis caíram e os bobos-da-corte foram substituídos por figuras históricas contemporâneas, porém o objetivo permanece o mesmo: fazer refletir. Na França, após a queda da Bastilha, os ricos poderosos chamavam vagabundos imundos para participar de suas festas. Na década de 1960, membros dos Black Panthers eram convidados a freqüentar – e iam! – festas da alta sociedade. No início do movimento punk, alguns também freqüentaram como convidados especiais festas desse porte.
Aqui, onde a festança com o dinheiro público nunca tem fim, o mestre-de-cerimônias do momento, Severino Cavalcanti, quer porque quer ministérios para seu pseudo-partido, o PP. Até o governo palestino, cercado por fundamentalistas radicais, de um lado, e israelenses vingativos, de outro, ao montar seu ministério, optou pela escolha de pessoas técnicas, capazes de administrar com perfeição a pasta, mais de metade com doutorado. Aqui, no Brasil, não. O perfil técnico pouco importa, o político vale tudo.
A festa continua, e adivinha! O bobo-da-corte é você! Só não espere reflexão por parte dos nossos políticos, eles estão muito ocupados se divertindo, enchendo a pança e os bolsos para tomar conhecimento da falta de saúde e de segurança, educação precária, infra-estrutura decrépita, desemprego e outros detalhes que estão além de sua área de atuação.
Como em toda festa que se preze, foram convidados os bobos-da-corte. Um, o Presidente Chaves, da Venezuela, aceitou, claro. Ele não perde uma boca-livre e a oportunidade de dar o fora do clima hostil que está seu país. Outro, o Fidel Castro, está doente, não vai poder visitar o mundo livre. Reparem que essas duas figurinhas carimbadas dão o toque em todas as festas públicas com cunho político realizado na América Latina. E porquê bobos-da-corte? Leiam abaixo.
Certamente vocês já viram filmes ou leram livros sobre as festas dos reis medievais. Sabem aquela figura, com o chapéu de três pontas, fazendo gracinhas o tempo todo? Pois é, esse é o bobo-da-corte. Sua origem é islâmica e sua missão era fazer imitações grotescas dos nobres para que todos refletissem sobre a incongruência, a subjetividade, do ser humano. De um site: “suas atitudes contrárias, que numa hora o levam a uma direção, noutra o conduzem a uma direção totalmente diferente, muitas vezes até em sentido contrário. Essa é a finalidade essencial, primitiva, dos ensinamentos do bobo da corte. Levar uma sabedoria psicológica por meio do riso, das alegorias subjetivas, das pantomimas, do hilário”.
Fidel e Chaves são assim. Não é que os líderes latino-americanos gostem deles ou se identificam com suas trapalhadas políticas. É que, estando presente nas ocasiões importantes, servem para que eles reflitam sobre as bobagens que os dois fizeram nos respectivos países e não cometam as mesmas atrocidades durante seus mandatos.
Os reis caíram e os bobos-da-corte foram substituídos por figuras históricas contemporâneas, porém o objetivo permanece o mesmo: fazer refletir. Na França, após a queda da Bastilha, os ricos poderosos chamavam vagabundos imundos para participar de suas festas. Na década de 1960, membros dos Black Panthers eram convidados a freqüentar – e iam! – festas da alta sociedade. No início do movimento punk, alguns também freqüentaram como convidados especiais festas desse porte.
Aqui, onde a festança com o dinheiro público nunca tem fim, o mestre-de-cerimônias do momento, Severino Cavalcanti, quer porque quer ministérios para seu pseudo-partido, o PP. Até o governo palestino, cercado por fundamentalistas radicais, de um lado, e israelenses vingativos, de outro, ao montar seu ministério, optou pela escolha de pessoas técnicas, capazes de administrar com perfeição a pasta, mais de metade com doutorado. Aqui, no Brasil, não. O perfil técnico pouco importa, o político vale tudo.
A festa continua, e adivinha! O bobo-da-corte é você! Só não espere reflexão por parte dos nossos políticos, eles estão muito ocupados se divertindo, enchendo a pança e os bolsos para tomar conhecimento da falta de saúde e de segurança, educação precária, infra-estrutura decrépita, desemprego e outros detalhes que estão além de sua área de atuação.
segunda-feira, fevereiro 28, 2005
Feijão e Arroz
Outro dia, me lembrei de um fato bem antigo: a Plebe estava em São Paulo, todos no ônibus, e na rádio começou a tocar Eduardo e Mônica, da Legião. Daí vem aquela frase: "E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa que nem feijão com arroz", e nosso roadie, o Fred, grita lá de trás: "nada combina mais do quê arroz com feijão!!!!!!"
Daí pensei, será mesmo? Ou será outro mito urbano tipicamente brasileiro? Recentemente, fiz uma lista de combinações, que na minha humilde opinião, estão muito acima da dupla arroz e feijão:
1. strogonoff & batata palha
2. grão de bico & cerveja
3. brócolis & alho frito
4. caviar & umbigo de modelo (a gente come só o caviar, o umbigo é recipiente!)
5. kassler & chucrute
6. misto quente & mostarda
7. peixe frito & limão
8. pão fresco & manteiga
9. domingo de manhã & jornal & café recém passado
10. língua & purê de batata.
Daí pensei, será mesmo? Ou será outro mito urbano tipicamente brasileiro? Recentemente, fiz uma lista de combinações, que na minha humilde opinião, estão muito acima da dupla arroz e feijão:
1. strogonoff & batata palha
2. grão de bico & cerveja
3. brócolis & alho frito
4. caviar & umbigo de modelo (a gente come só o caviar, o umbigo é recipiente!)
5. kassler & chucrute
6. misto quente & mostarda
7. peixe frito & limão
8. pão fresco & manteiga
9. domingo de manhã & jornal & café recém passado
10. língua & purê de batata.
RESUMO DA SEMANA
Música: Dragnet e Live at the Witch Trials, CDs do Fall. Human After All, novo CD do Daft Punk.
Literatura: Ressureição, de Machado de Assis. As matérias sobre Hunter S. Thompson publicadas nos jornais por ocasião de sua morte.
Comida: Risoto de bacalhau.
Programa noturno: minha festa de casamento.
TV: mais uma vez, nada que prestasse foi transmitido durante a semana.
Piada da semana: www.gordinho.cjb.net. Vejam isso!
Literatura: Ressureição, de Machado de Assis. As matérias sobre Hunter S. Thompson publicadas nos jornais por ocasião de sua morte.
Comida: Risoto de bacalhau.
Programa noturno: minha festa de casamento.
TV: mais uma vez, nada que prestasse foi transmitido durante a semana.
Piada da semana: www.gordinho.cjb.net. Vejam isso!
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