sexta-feira, dezembro 09, 2005
Paraíso frustrante.
Tédio está no ar, não há para onde ir. Achamos conforto nas nossas rotinas e nos sentimos seguros com a repetição dos programas. Mesmas caras, mesmas músicas, mesmo bar, mesmo cenário, mesma cena, mesmas piadas. O cobertor da mesmice nos mantém aquecidos, mas também preguiçosos, lentos e gordos. Pior, a vida está estruturada de tal forma que as apostas em qualquer mudança estão além de nossa capacidade de bancar o cacife. Mas o cérebro sabe, mesmo com o corpo e alma sentindo-se seguros, que o tédio envenena, torna o humor amargo, a vida cinza. John Lydon declarou mil vezes que o tédio que o levou a fazer os Pistols. Também falou que foi o tédio que o fez sair da banda. Monotonia, calmaria, mesmice, chatice – são o vírus que estão nos contaminando. Cadê a centelha mágica que irá colocar tudo em combustão, nos forçar a pular, agir, criar? A vida é isso – esperar e esperar e esperar. Frustração disfarçada de sucesso. Burocracia do espírito. Devemos agradecer pelo o que temos, mas porque não exigir mais? Temos fome, não queremos bolo, queremos coissants! Guilhotina neles todos!
quinta-feira, dezembro 08, 2005
Não pergunte, então, se os sinos dobrarão.
Commodities são, por definição, produtos padronizados e não diferenciados, nos quais o produtor não tem poder de fixação de preços e cujo mercado é caracterizado pela arbitragem nos mercados. Ou seja, bens comuns, negociados no mercado, cujo valor de troca não está sob o controle de quem os fez/fabricou/criou, mas sim quanto as pessoas estão dispostas a pagar por eles. Dizem que o grande commodity do final do século XX foi a cultura. Música, pintura, literatura alcançaram preços incríveis, muito superiores às matérias primas usadas para as criar. No meado do século, informação era um commodity. Quem tinha informação guardava para si, era ferramenta de poder. Um dos grandes motivadores das movimentações parisienses de 1968 foi a angústia que os jovens sentiam em não ter informação.
No início deste século, os dois deixam de ser commodities. Com a popularização da internet, cultura e informações estão á disposição de todos. Quer uma pintura do Picasso? Certamente, algum lugar lá no cyber-espaço tem uma escaneada para você download e imprimir. Quer ouvir Plebe Rude antes do CD estar oficialmente nas lojas, algum lugar, entre os 0’s e 1’s que formam o mar digital, você encontra. Cultura e informação são bens livres, como o ar e a água (por enquanto).
Informação e cultura também são os alicerces que movem o teenager. Digito a palavra em inglês, pois ser teenager é mais do que ser um adolescente, é um estado de espírito, uma fase da nossa vida onde estamos ávidos por saber o porquê e, interferindo, mudando o status quo. Quando as armas são os livros, a música e a literatura. Um alimentando a outra, a cultura produzindo informação que é utilizada para formar mais cultura.
Não sou muito de teorias de conspiração, mas ouçam essa. Cansados de ter que guardar as informações importantes e se sentindo incapaz de conter os teenagers, conforme contextualizado, acima, decidem abrir as comportas. “Vamos inundá-los com informações, tornar todas disponíveis de uma vez só. Eles vão se enjoar e retrair, se tornando doces cordeirinhos.” E foi o que aconteceu. Internet, TV a cabo, revistas especializadas, celular, cadernos dirigidos em jornais. As comportas foram abertas! E o que fazem os teens? Ficam nos chats, ignorando os milhares de milhares de sites que podem induzir veias criativas ou, até, revolucionárias. Ficam no Orkut, deixando mofar todos os livros contendo munição suficiente para derrubar governos e organizações. Teclam no celular ao invés de imprimir as suas idéias, entrar em debates e torcer as mentes dos burgueses. Foi um golpe de mestre, acabaram com o teenager. O transformaram num bicho consumista e imediatista.
Deram aos jovens todas as opções possíveis. Nesse cenário, é muito difícil, dá muito trabalho, decidir o que fazer num mundo de infinitas possibilidades. A opção mais escolhida é não fazer nada. É fazer igual aos outros. É fazer o que exige menos esforço.
O futuro não existe, o passado também não. Podemos ler sobre isso, mas daí vamos perder o último comentário sem sentido no MSN. Vamos fazer música? Sim, mas seguindo o padrão ditado pela MTV. Existem outros, mas dá muito trabalho descobrir e assimilar. Queremos tudo agora, hoje não, já! É assim que pensa a nova geração. Escrever? Ler? Qual o benefício imediato? Não estou interessado, vou alugar outro DVD de alguma adaptação de quadrinhos ou remake de filme antigo.
Dizem que quando os teens descobriram a sua força – fim dos 60s – o establishment se arrependeu de ter criado o termo. Eram coesos na luta pela transformação. O último grande movimento teen foi o punk, qualquer outro que vier agora vai ser empacotado, carimbado, despachado e vendido antes que possa causar qualquer impacto. Bem vindo ao bravo mundo novo. Os sinos não dobram por você.
No início deste século, os dois deixam de ser commodities. Com a popularização da internet, cultura e informações estão á disposição de todos. Quer uma pintura do Picasso? Certamente, algum lugar lá no cyber-espaço tem uma escaneada para você download e imprimir. Quer ouvir Plebe Rude antes do CD estar oficialmente nas lojas, algum lugar, entre os 0’s e 1’s que formam o mar digital, você encontra. Cultura e informação são bens livres, como o ar e a água (por enquanto).
Informação e cultura também são os alicerces que movem o teenager. Digito a palavra em inglês, pois ser teenager é mais do que ser um adolescente, é um estado de espírito, uma fase da nossa vida onde estamos ávidos por saber o porquê e, interferindo, mudando o status quo. Quando as armas são os livros, a música e a literatura. Um alimentando a outra, a cultura produzindo informação que é utilizada para formar mais cultura.
Não sou muito de teorias de conspiração, mas ouçam essa. Cansados de ter que guardar as informações importantes e se sentindo incapaz de conter os teenagers, conforme contextualizado, acima, decidem abrir as comportas. “Vamos inundá-los com informações, tornar todas disponíveis de uma vez só. Eles vão se enjoar e retrair, se tornando doces cordeirinhos.” E foi o que aconteceu. Internet, TV a cabo, revistas especializadas, celular, cadernos dirigidos em jornais. As comportas foram abertas! E o que fazem os teens? Ficam nos chats, ignorando os milhares de milhares de sites que podem induzir veias criativas ou, até, revolucionárias. Ficam no Orkut, deixando mofar todos os livros contendo munição suficiente para derrubar governos e organizações. Teclam no celular ao invés de imprimir as suas idéias, entrar em debates e torcer as mentes dos burgueses. Foi um golpe de mestre, acabaram com o teenager. O transformaram num bicho consumista e imediatista.
Deram aos jovens todas as opções possíveis. Nesse cenário, é muito difícil, dá muito trabalho, decidir o que fazer num mundo de infinitas possibilidades. A opção mais escolhida é não fazer nada. É fazer igual aos outros. É fazer o que exige menos esforço.
O futuro não existe, o passado também não. Podemos ler sobre isso, mas daí vamos perder o último comentário sem sentido no MSN. Vamos fazer música? Sim, mas seguindo o padrão ditado pela MTV. Existem outros, mas dá muito trabalho descobrir e assimilar. Queremos tudo agora, hoje não, já! É assim que pensa a nova geração. Escrever? Ler? Qual o benefício imediato? Não estou interessado, vou alugar outro DVD de alguma adaptação de quadrinhos ou remake de filme antigo.
Dizem que quando os teens descobriram a sua força – fim dos 60s – o establishment se arrependeu de ter criado o termo. Eram coesos na luta pela transformação. O último grande movimento teen foi o punk, qualquer outro que vier agora vai ser empacotado, carimbado, despachado e vendido antes que possa causar qualquer impacto. Bem vindo ao bravo mundo novo. Os sinos não dobram por você.
Malhação
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Fim de Semana em Itaquera
Gravamos, ontem, um show para a TV Senac, no Sesc Itaquera, chamado Berço do Rock. Mais uma vez ficamos admirados com a organização e seriedade do Sesc, tanto no seu programa, quanto no seu clube. Gravaram também para o mesmo programa o Tijuana, Pepeu Gomes, Coyote, Tutti Frutti. Momento mágico: Philippe encontra o Luiz Carlini, do Tutti Frutti, de quem ele tirou, nos anos de pré-adolescente, o seu primeiro solo de guitarra (da música Ovelha Negra). Tocamos 5 músicas (Proteção, O Que Se Faz, Censura, Este Ano e Até Quando, essa última com a participação do Fernando Magalhães, do Barão Vermelho e fã incondicional do Damned e Eddie & Hot Rods. O programa vai ao ar dia 1º de janeiro.
As fotos do evento serão bloggadas em breve.
As fotos do evento serão bloggadas em breve.
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