sexta-feira, julho 31, 2009

Baixistas

O NME era um jornal musical sério. Referência para quem gostava de música. Hoje ele até tenta transmitir um ar de seriedade, mas não passa de uma Contigo indie. Que saudades daquele tablóide que fazia uma crítica de disco de uma página, estabelecendo a relação da música no contexto político/cultural atual.

O NME está fazendo uma enquete sobre baixistas. Entrem aqui e votem no seu favorito. Eu já fiz e estou decepcionado com o resultado. Tem gente que tá dando 4 pontos, de 10, para o Jaco Pastorius! E dez pontos para o Sid Vicious!!! Tudo bem, cada um dentro do seu estilo, o Dee Dee era o melhor naquilo que fazia, mas tudo tem um limite!

E pior, está à frente da votação dos leitores do NME um tal de Chris Wolstenholme, da banda toco-progressivo-mas-fingo-que-sou-indie Muse. A frente do John Entwistle!!! Vejam a parada aqui.

Amanhã tem Plebe em Presidente Prudente!!!!

E para terminar bem a semana, uma foto do Obama após consulta com o médico do Wacko-Jacko (Miguel Jackson).

quinta-feira, julho 30, 2009

Pós-New abre o baú!!!

A tchurma de Brasília nos anos 80s não era composta somente por músicos. Tínhamos artistas, escritores, bailarinos e fotógrafos. Muitos fotógrafos. Dois deles, Nicolau El-Mor e Bolinha (aka Ricardo Junqueira), formaram o Pós-New, que era definido assim:
“Nos anos 80, todos no mundo do Rock eram pós ou new alguma coisa. O Rock Brasília tão diverso e profícuo não era muito diferente do resto do Mundo. Dentro desse turbilhão criativo os fotógrafos Nicolau El-moor e Ricardo Junqueira fundaram a Pós-New Fotografia, agência que registrou a cena musical da cidade e fez um retrato da cultura de Brasília. Nos 50 anos da cidade, Junqueira e El-moor irão publicar suas imagens em livro e exposição.”
Eles lançaram um blog como aperitivo da exposição. Aqui está o link: PÓS NEW. Deliciem-se!

terça-feira, julho 28, 2009

Runaways


Já que estamos na sessão naftalina e eu estou meio saudosista depois de ler o livro do Carlos Marcelo, trago à tona outro vinil que mudou a minha vida. O ano era 1976, tinha 14 anos e fui ao Carrefour fazer compras com meus pais numa noite da semana (detalhe para os curiosos: eu adoro ir ao supermercado – fui voluntariado, meu irmão ficou em casa). Uma das coisa que gostava era que o supermercado tinha uma sessão de discos e, enquanto meus pais enchiam os vários carrinhos com compras para o mês, prática comum na época da inflação, eu ficava vendo as capas.
Dois discos atraíram a minha atenção. O primeiro foi o disco de estréia do Boston. Já tinha lido algumas boas notas sobre ele. Outro foi de um grupo de meninas bem jovens chamadas Runaways. Achei diferente, nunca tinha ouvido falar. Joguei os dois LPs num dos carrinhos e, como sempre, passaram pelo caixa sem que percebessem. Assim, economizava minha mesada e voltava para casa com dois novos discos!
Noitinha, no meu quarto, com fone de ouvidos e o disco do Boston no meu 3 em 1, começo a conhecer minhas novas aquisições. Bastante decepcionado com a masturbação musical do Boston (que Boston!), coloco o LP das Runaways. Primeira música: Cherry Bomb. Simples, empolgante. A letra me é estranha, estava acostumado com os baby baby push push, do Led Zeppelin, os she’s a highway stars, do Deep Purple, os songs from the woods, do Jethro Tull. Essa falava de pais bêbados, fugir de casa, ficar a noite toda aprontando. E é cantado por meninas com 16 anos! Quase minha idade!
Na verdade, o disco me fascinou, mas me assustou também. Músicas sobre ficar doidão e perder a noção. Ficar preso em prisões de delinqüentes juvenis. Quebrar a lei. Muita informação diferente para um adolescente de 14 anos, numa época em que a gente era blindado desse tipo de coisa.
As Runaways foi um projeto do produtor, empresário e músico Kim Fowley que queria fabricar um sucesso. Já havia trabalhado com o Slade, o Soft Machine e o Ritchei Blackmore. Achou esse grupo de meninas, que contava com uma jovem Joan Jett e Rita Ford. Se baseou numa performance dos New York Dolls em Hollywood e resolveu investir. Esse primeiro disco é foda, com F maiúsculo. Só depois, ganhou rótulo de punk. Considerando a idade delas, acho genial o resultado final.
O problema foi a partir do segundo disco, quando o Kim Fowley tentou meter o dedo dele nas músicas, levando mais para o heavy blues metal e dar um ar sexy às garotas, que eram na verdade umas adolescentes rebeldes. A Joan Jett foi a primeira a se rebelar, inclusive processando a revista Playboy que publicou uma foto sua com alguns comentários sexistas. Não estava no sangue delas serem vendidas desse jeito. Mais um ponto, na minha visão!
Eu mostrava para alguns conhecidos da Colina, muito mais velhos que eu, que torciam o nariz e voltavam a ouvir seus Yes e ELP da vida. Eu insistia: “elas só têm 16 anos!!!”, nem me ouviam. No colégio, foi a mesma coisa, o pessoal só querendo Kiss e Lynard Skynard. Ainda bem que tinha amigos como o Pretorious e o Fê Lemos que entenderam de primeira sobre o que se tratava.
Ninguém estava preparado para ouvir garotas adolescentes com atitude no anos 70s. A banda acabou em 1979. Gosto de bandas assim: carreiras rápidas e contundentes. Alguém agüenta ouvir outro disco do Oasis?

PS – Descobri que querem fazer um filme sobre elas, leiam aqui.