sexta-feira, outubro 10, 2008

Espírito Coletivo da Tchurma

Antes de viajar, o Carlos Marcelo me passou duas fotos antigas, da época da tchurma. Chamaram a minha atenção para um fato que já havia esquecido: como a gente agia como equipe, como grupo, mesmo sem ter um chefe ou líder. Nas duas fotos, dois momentos diferentes onde toda a turma se mobilizava e ajudava: na preparação, montagem, desmontagem e divulgação dos shows na ABO e no Foods. Desde confeccionar os cartazes, ir atrás de patrocínio, carregar equipamento, arrumar caminhão, todos se envolviam. E o interessante é ver como os mais expostos, se envolviam menos. Havia uma urgência no ar, sabíamos que estávamos marcando presença, fazendo história, e todos queriam fazer sua parte, deixar a sua marca. Isso que tornou esse movimento único. As circunstâncias eram completamente desfavoráveis, ditadura, isolamento cultural, censura, mas mesmo assim, ou até por causa disso, a gente se unia e fazia nossa parte. Vejam as fotos aqui.

18 comentários:

Anônimo disse...

Lembro que, na inauguração do Food's, houve uma guerra generalizada de sandalias havaianas. Foi o comportamento de massa mais louco que eu já vi: a garotada alucinada produziu uma verdadeira chuva de sandalias havainas.

Na época, era moda usar sandalia havaiana com a sola virada para cima. Era um dia ensolarado e quente, todos estavam de sandalia havaina.

Depois que começou, alguém subiu no palco para pedir calma, mas logo levou uma chinelada na cara e desce rolando.

O campeonato de skate foi interrompido e cancelado. Não lembro se as bandas conseguiram tocar até o fim.

André Mueller disse...

Na inauguração do Foods a tchurma não existia ainda. Não da forma como está nas fotos. Me lembro desse dia, tinha também um lance de motoqueiros vs. surfistas (na verdade, skatistas). Foi divertido.

Anônimo disse...

Acho que não houve treta nenhuma entre os surfistas e motoqueiros.

Eu era da turma dos surfistas (na verdade, skatistas). Lembro que ouvia Led Zeppelin, Grand Funk, Blue Oyster Cult, Sweet Fanny Addams, Suzie Quatro... Enfim, nesse dia não vi nenhuma hostilidade ou violencia.

A garotada, as gargalhadas, simplesmente resolveu fazer uma homérica guerra de sandalias havaianas. Suspeito de terem colocado acido na coca-cola do Food's.

Por diversas vezes, todos jogaram os chinelos para o alto. Isso durou por volta de meia hora. Havia uma boa multidão no local. Deste modo, a chuva de chinelos foi severa. Fiquei perplexo.

Houve correria, gritaria, mas tudo com muita risada e bom humor. Afinal, aquilo não passava de uma grande palhaçada coletiva.

Com isso, parou o campeonato de skate, o show de rock... Foi tudo cancelado. Só faltou chegar a policia para sentar a porrada, coisa que costumava acontecer.

Anônimo disse...

CADÊ AS MÚSICAS NOVAS DA PLEBE RUDE, POURRAS?
abs

Anônimo disse...

falem, queridos!
abs

Anônimo disse...

Tinha uma foto no antigo site da Plebe, da epoca do disco ao vivo, que era bem legal, muito melhor que essas: esse caminhão tava chegando no Foods e o André vinha em pé apontando para o horizonte, parecia o comadante da tropa, bem no espírito "vamos mudar o mundo", misturando aventura com ingenuidade.

Será que esse lance dos chinelos não foi na hora do show do Capital Inicial?

Anônimo disse...

No "Diário" vi + algumas fotos do caminhão de equipamentos, alguns shows na lanchonete, plebetes, ascensão e queda ... metralhas...
quanta história...
o gutje era vocal na SLU?
adoro o livro do marchetti.
vcs gostaram?

André Mueller disse...

O SLU era formado pelo Toty, Bonfá e eu. Algumas participações especiais vieram do André Pretorious, Chris Brenner e Henrique RT.
A música mais famosa foi Vote em Branco, mas eu preferia uma chamada Metralhadora que tinha uma letra assim: Asa Norte/Asa Sul, metralhadora vai te pegar/ Asa Morte/Asa Sul, metralhadora vai te matar. Bem idiota, mas combinava muito com o som......

Anônimo disse...

Às vezes eu imagino q problemas q tornam as pessoas mais fortes na verdade ñ são problemas, são impessílios necessários. Gosto desse tipo d coisa.

Houve época em q eu invadia ensaio d estúdio sozinho pq não as pessoas se enfurnavam dentro d casa pra ficar no orkut. Bons tempos aqueles...

Anônimo disse...

É preciso lembrar que nessa época o rock era altamente maldito. Rock era coisa de "maconheiro", "xincheiro" e/ou "transviado". Metal era considerado parada satânica.

Até mesmo o skate era proibido e perseguido. Cansei de fugir de velhos caretas e policiais trogloditas que tentavam tomar o meu skate.

Foi por isso que a policia entrou de sola na rockonha. Para a caretice da ditadura, o rock se relacionava as drogas. O combate era realmente sério e violento.

Até mesmo as pequenas aglomerações de jovens, que escutavam rock em volta dos carros dos playboys, isso era dispersado no cacete.

Antes, no lugar do Food's havia o Chaplin. Lembro que numa tarde de sabado ou domingo, quando a garotada se reunia em frente a lanchonete, com os motoqueiros e playboys ouvindo rock, a policia chegou do nada para sentar a porrada e prender todo mundo.

Lembro tambem da estréia no cinema do filme Rock é Rock Mesmo, do Led Zeppelin. Os rockeiros da cidade cabiam todos num cinema (cine Marcia). Então, quando o filme começou, o som estava uma merda, muito baixo.

O pessoal começou a pedir: "aumenta o som!". Porem, o peão da projeção, no lugar de aumentar, baixou o som mais ainda.

Houve muita revolta. Então, logo no começo do filme a garotada destruiu o cinema. Durante meses o caso foi debatido nos jornais. A midia dizia: " rock n' roll é sinonimo de desajuste, violencia, marginalidade e vandalismo". Falavam até em proibir o rock.

Nesse tempo, na radio só tocava MPB xarope açucarada, mela cueca romantica americana e disco pentelha. Rock era totalmente banido.

Foi somente depois do Rock in Rio I, durante a fase de abertura, é que a perseguição acabou.

É por isso que eu digo: a "tchurma" foi uma renascença, pois desenterrou essa cultura das trevas. O terreno era muito árido e maldito.

De qualquer modo, apesar da repressão ter atrapalhado, foi essa caretice medieval da ditadura o que mais estimulou a gente. O tiro dos milicos saiu pela culatra.

Anônimo disse...

A tchurma fez escola em dois momentos: a turma do porão do rock e a turma grunge de seattle... hehe. querendo ou não os 'grunge' tinham esse mesmo espírito.

Anônimo disse...

A tchurma fez escola em dois momentos: a turma do porão do rock e a turma grunge de seattle... hehe. querendo ou não os 'grunge' tinham esse mesmo espírito.

Anônimo disse...

Queria saber de André e dos participantes do x se já conhecem esse blog:
http://www.rockbrasiliadesde64.blogspot.com/

Fiquei sabndo dele ontem e achei muito legal...

Anônimo disse...

Modismo grunge e porão do rock é coisa recente, anos 90. Eles estão falando da metade final dos anos 70, a proto Tchurma".

A Tchurma mesmo se formou e se consolidou a partir do começo dos anos 80.

Dez anos depois de formada, meio que se dispersou. Houve uma séria crise de depressão fonografica. As gravadoras despediram todo mundo. Junto a isso, muitos casaram, mudaram de profissão, mudaram de cidade, de país...

Do meio dos anos 90 em diante, houve outra bolha, impulsionada pela MTV Brasil, época de grunge e porão de rock, onde contrataram novas bandas e trouxeram outras antigas de volta.

A bolha dos anos 80, no Rio, isso surgiu apartir da Radio Fluminense e Circo Voador. Em SP tambem houveram casas de show e radios que passaram a tocar novidades do rock, inclusive bandas nacionais.

Anônimo disse...

alguem me ensina a instalar softwares de audio no linux?
o futuro do rock nacional, quiçá galático, depende disso.

Sandro Plebeu disse...

André, legal as fotos... imagino que a nostalgia que se passa em vossa mente deve ser surreal. Quanto a viagem a terra da rainha, fiquei com pena do seu bolso em meio a crise.

No começo de 2009, janeiro ou fevereiro estou indo à Brasilia só para documentar e conhecer os locais que a Thurma vivia, todos os cantinhos... da Torre de TV até a sala funart.

gostaria de saber se nesses meses haverá algum show da Plebe ae.

Viva a Plebe!

Sandro Plebeu disse...

ae X, dá uma conferida nas minhas reflexões presente em meu blog

valeu!

http://www.cantodosplebeus.blogspot.com/

Anônimo disse...

esse espírito saudosista ridículo e auto-indulgente de vcs tá mais pras "comemoracoes dos 90 anos da jovem guarda". QUE DECEPÇÃO!
abs