terça-feira, fevereiro 12, 2008

Plebê en TV

Tem uma equipe francesa aqui em Brasília fazendo um documentário sobre os moradores da cidade. O resultado final vai passar na TV, lá na França. O trabalho dos caras é bem bacana, não querem trilhar o caminho já percorrido por outros documentários sobre Brasília. O foco do seu esforço é saber como vivem as pessoas e como a cidade influenciou o jeito deles serem.

Partem de uma tese até mencionada num dos comentários do último post, ou seja, Brasília foi uma experiência modernista que, pelo modo que foi construída e habitada, mexe muito com as pessoas. Daí tentam partir para a produção cultural da cidade, os relacionamentos, o jeito de pensar, etc.

No domingo, fizeram um churrasco para os músicos da cidade comentarem sobre o acima. Philippe e eu fomos e fomos os que mais contribuíram para o debate. Acho que viver aqui durante a ditadura, mercado fechado, falta de informação e distante de todas as capitais forjou nosso jeito de ser. O pessoal dos anos 90s e além, apesar de também serem afetados pela cidade, não foram de forma tão significativa quanto nós.

Fiquei feliz em saber que o Zeca, baixista do Suculent Fly (ou será que já está noutra banda?) tem uma tese de mestrado sobre o mesmo assunto e o título é “Muitos Porteiros e Pessoas Normais”, que sintetiza bem a cidade.

Foi bacana o domingão, churrasco, músicos, discussão e diversão. E a equipe ainda vai filmar um ensaio da Plebe em breve. Quando estrear na TV, consigo uma cópia e posto aqui.

7 comentários:

Elizabete disse...

Nossa essa eu quero ver...

Anônimo disse...

queria ver cantar Ate Quando em francês

Anônimo disse...

Partem de uma tese até mencionada num dos comentários do último post, ou seja, Brasília foi uma experiência modernista que, pelo modo que foi construída e habitada, mexe muito com as pessoas. Daí tentam partir para a produção cultural da cidade, os relacionamentos, o jeito de pensar, etc.

Eu diria que Brasilia hoje é muito diferente do que foi nos anos 60 e 70. A Brasilia de hoje, se comparada com as outras cidades, pode até ser boa. O Rio de Janeiro hoje é refem das favelas, enfrenta uma guerra civil. São Paulo é um cidade brutal, uma selva de pedra espremida e saturada. O resto é uma bosta. Pelo menos em Brasilia tem concurso publico.

O problema que eu vejo hoje em Brasilia é o tombamento que impede o desenvolvimento, a reforma e a melhoria da cidade. Todo engessamento cria uma atrofia. É preciso mexer em muita coisa. O plano original precisa ser mudado e adaptado de acordo com a realidade de hoje.

Quanto a Brasilia dos anos 60 e 70, essa sim criou um impacto profundo e mexeu muito com as pessoas. O resultado disso foi muito sexo, drogas e rock n' roll. A cidade criava depressão, revolta e muito suicidio. Aconteceu isso tambem no leste europeu e em cidades modernistas inglesas.

Para mim, o que salvou foi a arborização, coisa que não estava prevista no projeto original. Ao mesmo tempo que as distancias e espaços dificultam a vida de quem não tem carro, isso, por outro lado, permitiu a criação de areas arborizadas.

Porém, grande parte não deu certo. Olhe a situação da W3. Observe o caos de carros e puxadinhos nas comerciais. Veja como os ambulantes, camelos, invasões e condominios se fixam em nichos desprezados e esquecidos pelo projeto original.

Brasilia é ruim de andar a pé, o desenho da cidade, que na verdade tem a forma de uma foice e um martelo, isso dificulta a criação de uma boa rede de transporte publico. Não existem ciclovias. Ou seja, não pensaram nas pessoas, só pensaram nos carros, sendo que, ainda assim, esqueceram de fazer estacionamentos que pudessem absorver essa filosofia.

Outro ponto importante é a distancia e o isolamento do resto do Brasil. A industria do entertenimento não se transferiu para Brasilia. As coisas só acontecem no Rio e SP. Nos anos 60 e 70, então, Brasilia era o cú do mundo. Não chegava nada. Assim, as pessoas tinham que praticar o "do it yourself". Há males que vem para o bem. Teve muita merda, mas teve coisa legal tambem.

Anônimo disse...

Continuando:

Acredito que o grande erro do modernismo é a idéia artificial da setorização. O arqueteto/urbanista chega lá é faz um desenho bonitinho, com setor disso e daquilo, mas a coisa acaba que não funciona. Por que?

Bem, as cidades normais crescem em torno de nichos. Começa perto de um recurso hidrico. Então as coisas vão se formando de acordo com as necessidades. A industria se instala perto dos operarios e vice vesa. O comercio se forma no caminho das pessoas, as areas de lazer seguem as belezas naturais e assim por diante.

Já em Brasilia, isso tudo foi setorizado de acordo com a filosofia estetica do arquiteto. É setor disso e daquilo. Se o habitante quer comprar um saco de feijão, tem que viajar até o setor de alimentos. Se precisa regular o carro, tem que se deslocar para o outro lado da cidade, para o setor de oficinas. É assim para tudo. Te até setor de favelas. Portanto, assim fica muito dificil criar uma boa rede de transporte publico.

Já em cidades normais isso não acontece ou acontece em menor escala. Por exemplo, no Rio, para quem na zona sul, a pessoa desce e no proprio quarteirão encontra de tudo. Tem padaria, restaurante, boite, mercado, banca de jornal. Mesmo na zona norte, basta andar um pouco e ali vai encontrar uma feira, um bar, uma quitanda, uma barbearia e etc. A Barra já é outro modelo, porém muito melhor que Brasilia.

Também, uma coisa muito importante que faz Brasilia ser um tédio, é a uniformização, massificação e mesmice nos projetos dos blocos de apartamentos das superquadras. São todos pombais retangulares e iguais, de seis ou tres andares. É uma criatividade comunista muito monotona e escrota. Essa padronização excessiva faz as pessoas se sentirem numa prisão.

Outra burrice terrivel foi o total desprezo e esquecimento da orla do lago. O projeto original não tem nenhum parque, nenhuma area decente de lazer. A orla do lago poderia ser o coração da cidade, onde as pessoas poderia andar e se divertir. Poderia ter até piscinão. Porém, essa orla hoje é todo cercada, dominada por invasores, clubes particulares e etc. O resto é barro e capim navalha.

Concluindo, o problema é esse: a setorização demasiada, desprezo ao lazer e falta de criatividade nas moradias. Claro que isso é culpa do arquiteto/urbanista que só pensou na estética comunista cafona da época dele. O desenho é bonitinho, mas na pratica não funciona.

Anônimo disse...

Andre
tambem quero assistir a Plebe na TV
Paulo
[]'s

Anônimo disse...

André da para adiantar as músicas desse ENSAIO?
CARLOS RATO

Anônimo disse...

Digo que, se o documentário possuir a chancela do Fernando R. , promete!

Sou fã do cara há uns oito anos, sei que o "F" mexe com a américa latina com o que há de melhor no indie (veja festivalzão grito do rock, que salvou o carnaval de muita gente!), e vai mostrar trabalho na França, Bélgica...

babei!!!!!