Perdemos o vôo do Rio para São Paulo. Estávamos vindo de João Pessoa e o próximo show era Santos, uma de nossas praças favoritas. Não foi culpa dos controladores, pois em 1987 eles ainda baixavam a cabeça e obedeciam cegamente a hierarquia militar imposta sobre a profissão. Foi por causa de uma incompatibilidade de horários do nosso vôo que ia nos deixar no Galeão e o próximo que iria sair para São Paulo.
Solução: sair correndo para o balcão das empresas e tentar marcar outro vôo. Todos lotados, o máximo que conseguimos foram três lugares. Mandamos o Gutje e o Gregório, o técnico de som, na frente, eles seriam os primeiros a reclamar mesmo e não poderíamos deixar a moral da equipe baixar, junto com o Philippe, o front-man da banda, que, qualquer coisa teria que subir no palco e tocar violão para os santistas.
Certo, agora éramos o Jander, eu, os roadies Chris e Freddie, e o empresário Pedro Ribeiro, junto com uma tonelada de equipamento. O que fazer? Táxi aéreo é muito caro. O contratante não quer nem saber, pagou pelas passagens de avião e não vai colocar mais nenhum centavo. Solução, alugar duas Kombi e seguir pela Rio-Santos, torcendo chegar a tempo.
Só não contávamos com a disposição dos motoristas em apostar corrida até Santos. Sabe aquela música do Roberto Carlos, Curvas da Estrada de Santos? Foi muito pior. Calor fudido, pneus rasgando em cada curva, a gente jogado de um lado para o outro dentro do veículo e o sol já no horizonte, indicando que tínhamos pouco tempo para chegar lá.
Lá pelas tantas, o vidro de trás de uma das Kombi sai voando. Tudo bem, ventila um pouco. O pior foi quando o enjôo começou. Daí era só torcer para manter a comida no estômago. Não adiantava nem ficar de olho no horizonte, pois já estava escuro lá fora.
Finalmente chegamos, quase meia-noite. O público ensandecido exige a Plebe no palco já. O Philippe não sabe o que fazer. Em tempo recorde, os roadies montam o palco, a gente sobe e faz um dos shows mais memoráveis da história de Plebe. Santos sempre trás boas lembranças para a Plebe.
No próximo dia, o contratante satisfeito e grato pelo sacrifício que fizemos, nos banca uma mega-refeição numa churrascaria de luxo e ainda nos leva para São Paulo ver os Ramones de camarote. Foi um fim-de-semana legal.
quarta-feira, dezembro 06, 2006
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5 comentários:
Ilário, pq vc nao poe uma secao com os casos da plebe. Ja tem um monte q vc contou aki, seria bacana, iria enriquecer o site mais ainda.
Ilário, pq vc nao poe uma secao com os casos da plebe no site. Ja tem um monte q vc contou aki, seria bacana, iria enriquecer o site mais ainda, que por sinal ta 10 !
Porra. Esses shows são os mais massa que tem. Depois de tanta merda que rolou no final todo mundo ri da desgraça alheia e comemora bem mais do que em show normal, ocm um ar de "We got it!".
Eu tô começando agora. Só tocamos uma vez, e foi no meu colégio. Nós abríamos com 4 músicas depois tocava uma banda de pagode, aí tocávamos mais 4. Na 1ª as crianças ficavam sentadas bem longe e algumas nos cantos pulando e me imitando. Quando terminou o coordenador da pastoral (que furou n vezes por causa desse show) veio dizer "NOSSA! Vocês tocam muito bem! Pena que a platéia não gosta" KKKKKK. Depois a banda de pagode enrolou pra terminar de tocar. Quando chegou nossa vez de novo TODO MUNDO ralou peito! Só ficaram a banda, técnicos de som, pastoral e 1 pessoa que veio nos prestigiar. Num video (sem som) filmado de trás mostra a frente desértica e a gente botando pra quebrar. Foi hilário quando vi isso.
Agora tá difícil tocar. Eu sou muito mais esses shows produzidos pela própria galera, sem auê nem nada. Chama 4 bandinhas, empresta 1 batera, chama quem quizer ouvir e pronto. Nessas horas penso na época da Turma. Como devia ser bom...
Vida na estrada é rock and roll!!!!!
Daniel - Plebe na Pele
E ae André!
Muito boa a história cara.
87 eu tava nascendo, 6 de dezembro/2006, exatamente quando você tá postando essa história é meu aniversário.
Que Sufoco cara pra chegar até aqui, adorei a história mesmo!
um abraço
Doug
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