No crepúsculo dos anos de chumbo, lá pelo início dos anos 80s, uma entrequadra comercial diferente foi inaugurada na 205/206 norte. Parecia um castelo árabe construído por uma criança. Não tinha janelas. Era para ser um conceito novo de comercial para o Plano Piloto, mas não deu certo. Tanto é que ninguém quis alugar as lojas e salas disponíveis.
Ninguém não, uma pessoa ousou: Marcão alugou uma sala, pintou ela de cor-de-rosa choque, pendurou uma foto do Iggy Pop na parede, construiu um pequeno balcão e chamou o seu bar de Adrenalina. Quem começou a freqüentar lá foi o pessoal da tchurma, que consistia nos membros do Blitx 64, da Plebe Rude e do Aborto Elétrico, mais os agregados. À noite, sem mais nada para fazer em Brasília, íamos para lá ficar ouvindo música – o Marcão tocava tudo que a gente gostava – e bebendo. Foi lá que teve a noitada histórica quando o Philippe bolachou o Loro Jones.
Como a gente não tinha carro e os ônibus em Brasília paravam às 20 horas, o Marcão enchia o seu carro com esses punks bêbados e levava um a um para casa. Não tinha lugar melhor, além de divertido, era carona garantida para casa!
Obviamente o lugar faliu – durou pouco mais de dois meses, mas se tornou histórico. Tanto é que no clipe de Luzes, fazemos uma homenagem à Adrenalina mostrando a entrequadra. E o dono ganhou o apelido que o seguiu até o fim: Marcão Adrenalina.
Fui encontrar o Marcão em Goiânia, na turnê do Concreto. Tinha aberto outro lugar, uma boate diferente, onde tomei um porre de vodca com Toddy. Até hoje não sei como ele me convenceu a beber aquela porra! De volta à Brasília, encontrava esporadicamente o Marcão, mas sempre era de um papo agradabilíssimo e centrado no velho rock n roll.
Ele teve meu voto nas eleições de 2002, quando se candidatou à Deputado Distrital pelo PV. Seu solgan era: Mandando V! Pena que não foi eleito, sua figura assustou até os mais radicas verdes.
Marcão Adrenalina faleceu no último sábado. Não fui ao enterro, pois estava em Pirinópolis e só soube na segunda. Quero deixar aqui meus profundos sentimentos à família, aos amigos e ao rock de Brasília, que perdeu um dos seus grandes patrocinadores. Tomara que esteja lá no céu, com seus heróis Hendrix, Brian Jones e os três Ramones.
terça-feira, dezembro 12, 2006
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8 comentários:
André,
tem alguma citação ao Marcão Adrenalina no livro do Paulo Marchetti, "O DIARIO DA TURMA 1976 1986 HIST.DO ROCK DE BRASILIA"?? Eu não lembro, mas ele parece ser uma figura singular nesses tempos...
Abraços
Daniel - Plebe na pele
Grande perda mesmo, aqui em Goiânia ele marcou época com a Avalon e o Bar Honky Tonk.
Certamente no livro do Marchetti deve ter alguma citação. Grande perda.
Lembro dele na propaganda eleitoral, não sabia que ele era do rock e muito menos desse bar. Agora entendi a passagem do clip naquela quadra que é horrosa. Mick Jones tá vivo, eu acho. Deve ser o Joe Strummer.
João, certo, não é Mick Jones, é o Brian Jones que eu queria me referir, aquele que era dos Stones e o Marcão adorava.
que dizer q o loro tomou porrada do phillipe?
At 3:23 PM, Anonymous said...
que dizer q o loro tomou porrada do phillipe?
Conta essa aí pra gente André. o porque e como aconteceu...deve ser uma boa história... Abraços !!!
Poxa, estava fora do país e só agora soube da morte do Marcão. Cara super gente boa. Inteligente. Sacava de música muito. Ótimo papo. Correto. Ficávamos horas conversando. Fiquei muito triste. Tomara que ele esteja conversando com o Phill Linnot, do Tinn Lyzzy,que ele adorava.
DESCANXE EM PAZ, GRANDE MARCÃO
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