quinta-feira, dezembro 08, 2005

Não pergunte, então, se os sinos dobrarão.

Commodities são, por definição, produtos padronizados e não diferenciados, nos quais o produtor não tem poder de fixação de preços e cujo mercado é caracterizado pela arbitragem nos mercados. Ou seja, bens comuns, negociados no mercado, cujo valor de troca não está sob o controle de quem os fez/fabricou/criou, mas sim quanto as pessoas estão dispostas a pagar por eles. Dizem que o grande commodity do final do século XX foi a cultura. Música, pintura, literatura alcançaram preços incríveis, muito superiores às matérias primas usadas para as criar. No meado do século, informação era um commodity. Quem tinha informação guardava para si, era ferramenta de poder. Um dos grandes motivadores das movimentações parisienses de 1968 foi a angústia que os jovens sentiam em não ter informação.

No início deste século, os dois deixam de ser commodities. Com a popularização da internet, cultura e informações estão á disposição de todos. Quer uma pintura do Picasso? Certamente, algum lugar lá no cyber-espaço tem uma escaneada para você download e imprimir. Quer ouvir Plebe Rude antes do CD estar oficialmente nas lojas, algum lugar, entre os 0’s e 1’s que formam o mar digital, você encontra. Cultura e informação são bens livres, como o ar e a água (por enquanto).

Informação e cultura também são os alicerces que movem o teenager. Digito a palavra em inglês, pois ser teenager é mais do que ser um adolescente, é um estado de espírito, uma fase da nossa vida onde estamos ávidos por saber o porquê e, interferindo, mudando o status quo. Quando as armas são os livros, a música e a literatura. Um alimentando a outra, a cultura produzindo informação que é utilizada para formar mais cultura.

Não sou muito de teorias de conspiração, mas ouçam essa. Cansados de ter que guardar as informações importantes e se sentindo incapaz de conter os teenagers, conforme contextualizado, acima, decidem abrir as comportas. “Vamos inundá-los com informações, tornar todas disponíveis de uma vez só. Eles vão se enjoar e retrair, se tornando doces cordeirinhos.” E foi o que aconteceu. Internet, TV a cabo, revistas especializadas, celular, cadernos dirigidos em jornais. As comportas foram abertas! E o que fazem os teens? Ficam nos chats, ignorando os milhares de milhares de sites que podem induzir veias criativas ou, até, revolucionárias. Ficam no Orkut, deixando mofar todos os livros contendo munição suficiente para derrubar governos e organizações. Teclam no celular ao invés de imprimir as suas idéias, entrar em debates e torcer as mentes dos burgueses. Foi um golpe de mestre, acabaram com o teenager. O transformaram num bicho consumista e imediatista.

Deram aos jovens todas as opções possíveis. Nesse cenário, é muito difícil, dá muito trabalho, decidir o que fazer num mundo de infinitas possibilidades. A opção mais escolhida é não fazer nada. É fazer igual aos outros. É fazer o que exige menos esforço.

O futuro não existe, o passado também não. Podemos ler sobre isso, mas daí vamos perder o último comentário sem sentido no MSN. Vamos fazer música? Sim, mas seguindo o padrão ditado pela MTV. Existem outros, mas dá muito trabalho descobrir e assimilar. Queremos tudo agora, hoje não, já! É assim que pensa a nova geração. Escrever? Ler? Qual o benefício imediato? Não estou interessado, vou alugar outro DVD de alguma adaptação de quadrinhos ou remake de filme antigo.

Dizem que quando os teens descobriram a sua força – fim dos 60s – o establishment se arrependeu de ter criado o termo. Eram coesos na luta pela transformação. O último grande movimento teen foi o punk, qualquer outro que vier agora vai ser empacotado, carimbado, despachado e vendido antes que possa causar qualquer impacto. Bem vindo ao bravo mundo novo. Os sinos não dobram por você.

5 comentários:

Anônimo disse...

"Vejo aqui os homens mais fortes e inteligentes que já existiram. Vejo todo esse potencial sendo desperdiçado.

Droga. Toda uma geração enchendo tanques, servindo mesas, ou escravos de colarinho branco. A propaganda nos faz correr atrás de coisas, trabalhos que odiamos, para acabar comprando o que não precisamos.

Somos todos levados pela televisão a acreditar que um dia seremos milionários ou deuses do cinema ou astros do rock, mas não seremos. E estamos aos poucos percebendo isso. E estamos muito, muito zangados."

Ainda vou ler esse livro, "Clube da Luta". O filme até que é legalzinho, mas acredito que muita coisa foi alterada na adaptação à película. Mesmo assim, apesar de parecer um filme sobre violência gratuita, tem uma mensagem legal embutida.

André Mueller disse...

Tem tudo a ver com o que escrevi acima. Sim, hoje é um dia cinzo e não vejo uma luz no final do túnel!

Anônimo disse...

certissimo grande andre...bem louca a teoria...mas faz sentido;..
po,eu queria ir muito no show da fundiçao so que porra...no dia seguinte eu tenho prova(mais 1)ae nem vai dar...mas desejo boa sorte para voces e invejo os que vao...
ah,eu sei que é improvavel,mas eu vi que o nando reis vai tocar lá...logo o jander deve estar também...sera que nao rola reuniao??hehehe sonhando alto...mas ia ser legal...
abraços sr.x

Anônimo disse...

A Plebe vai se encontrar com o Jander??? kra, como vai ser isso?

CA®I0CA disse...

A GERAÇÃO JOVEM ATUAL POR TER ACESSO A TUDO COM FACILIDADE PREFERE CONSULTAR A INTERNET E TER UM BREVE RESUMO DA INFORMAÇÃO,UMA MISTURA DE PREGUIÇA COM ACOMODAÇÃO EMBORA MUITOS MESMO COM TANTA FACILIDADE NÃO TIRAM CONCLUSÕES SENSATAS DO ASSUNTO QUE LHE INTERESSAM.