quinta-feira, novembro 10, 2005
Plebe and the Banshees
O ano era 1987 ou 1988? O passado está encoberto pela neblina do esquecimento, mas a precisão não importa. O que vale é que a Plebe Rude foi convidado para abrir os shows em São Paulo da Siouxsie & the Banshees. Hoje em dia isso pode parecer corriqueiro, uma banda nacional abrir para uma gringa, mas na época era coisa raríssima tanto uma banda estrangeira tocar no Brasil, como, ainda, ter abertura de uma nacional. NINGUÉM tocava no Brasil! Ainda mais uma banda tão popular lá fora como a Siouxsie que poderia ter ficado nos EUA ou Europa. Mas vieram. E nós fomos.
Foi muito estranho. Nos dois shows no teatro do Ibirapuera, recebemos a ordem de que teríamos que ficar confinados ao nosso camarim. Não era para sair nos corredores, nem passear pelo teatro. Isso tudo para evitar atrapalhar a morcegona e seus lacaios. Tudo bem, ficamos trancados ouvindo eles irem e virem. Durante a montagem do palco, quando os músicos não estavam presentes, pudemos admirar o profissionalismo dos roadies da Siouxsie. Eles botavam uma fita K7, sempre a mesma, que servia de marcador de tempo. Até a música do Iggy Pop a bateria tinha que estar montada e assim por diante. Tinha um loiro que a gente apelidou de Querele que era um babaca. No último dia, nosso roadie Freddy quase saiu na porrada com ele.
Os dois shows de São Paulo foram legais. Demos o melhor que tínhamos e o público reagiu bem, mas estavam lá para ver mesmo os Banhsees. Mas em Santos a história foi outra. Santos é a cidade onde, na época, tínhamos os fãs mais leais. Sempre falávamos que os melhores shows eram em Santos e que se um dia fossemos gravar um ao vivo, seria lá. Não deu outra, os santistas foram em massa para ver a Plebe. Nosso show foi excelente. Quando a Siouxsie entrou, não paravam de gritar PLEBE! o tempo todo. Isso impressionou a darkosa, que nos convidou – finalmente! – para conhecê-los após o show. A foto acima foi tirada no camarim deles, onde nos encontramos de igual para igual, afinal, em Santos, ganhamos de goleada!
Reparem no lado direito da foto, tão vendo aquela garrafa de conhaque de champanhe? Eu e o Severin, baixista Banshee, esvaziamos ele todinha. Resultado, fiquei muito louco. Saí tocando o terror no lobby do hotel, azucrinando os turistas que se dirigiam aos seus quartos. Quis até contratar o Querele como roadie nosso! Foi um porre histórico do qual prefiro não falar mais, mas pelo menos posso me gabar que bebi todas com o Severino, he he he.
Outra, aquela camisa Doritos era um xodó! Consegui-a em Belo Horizonte, pois no hotel que a gente dormiu estava sendo sediado o lançamento nacional do salgadinho. Eu adoro Doritos e foi uma batalha conseguir essa camisa. Que sumiu! Se alguém a achar, recompensas serão distribuídas.
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20 comentários:
PÔ ANDRÉ EU IA TE PEDIR PARA COLOCAR ESSA FOTO CARA !!!
HOJE EM DIA ME DISSERAM QUE A MORCEGONA ESTÁ GORDONA
Ops!!! Eu não só estava lá e bebí daquelas garrafas, como ainda fiz a foto em questão!!!
Realmente, as fotos são do Nicolau que viajou com a gente. Inclusive, ele tem umas ótimas do André X bebum no lobby do hotel - mas essas vão ficar nas suas imaginações, são impublicáveis! Detalhe, as fotos do Nunca Fomos, aquelas PB do encarte também é do Nicolau. Ainda: as do novo CD também!
hahaha
Gostei da camisa e do Cabelo! hehehe
Por falar em cd, onde está o tal!??
Abraço!
Não foi 1986? André, arranjaste um ótimo companheiro de bebida, o Severin era um grande baixista. Quem é aquele cara agachado entre a Siouxsie e o Gutje? Nicolau El-Moor, esse nome eu já vi em muitos encartes dos discos da Plebe. Viva Santos!
O ANDRÉ X. TEVE VÁRIAS FASES DE CABELO RS,RS,RS
Aquele, agachado e escondido, é o Naldo, o nosso empresário na primeira fase. Sim, é o "amigo Naldo" que o Jander canta em Segunda é Feriado.
O Gutje é aquele, com cara de rato, à esquerda.
Outra: reparem na pichação na parede, feita pelo Renato Russo em outra ocasião.
Quem fica parado é poste! Cabelos e idéias mudam constantemente!
Os cortes de cabelo do André falam muito da história da Plebe. Por exemplo, no disco ao vivo, o André tava com um cabelo muito "Banco Central", e a idéia que me passou é que ele não tava muito concentrado na Plebe, e mais no seu trabalho. Toda grande banda de rock tem um integrante poser. O da Plebe sempre foi e é o André. Então esse é o Naldo que botou a banda naquele furada da turnê do Nunca Fomos. Se cruzar com ele na rua, vai apanhar. Gostei da declaração de amizade direcionada ao Gutje.
Como é que alguém que usa camisa Doritos para encontrar com os Banhsees pode ser considerado poser?!??!
Quando disse quegostei do cbelo e da camisanão me referique tu é poser Mr. André!
Eu também gosto de Doritos!
hehehe
Abraço!
HOJE COMO HÁ MUITO, O ANDRÉ ESTÁ O
"EL DIABLO"
APROVEITANDO QUE VC ESTÁ RESPONDENDO TUDO, GOSTARIA DE SABER SE O MAIS RAIVA DO QUE MEDO SAIU EM VINIL??? POIS EU NUNCA VÍ EM LUGAR NENHUM
Não há incompatibilidade entre ser poser e vestir a camisa do Doritos. E o poser aí vai no bom sentido. Toda banda legal e que se preze tem que ter um. As fotos de cada disco confirmam isso, menos aquela do ao vivo. E aqui vai um pedido: continue poser, André.
Ah, bom, poser no bom sentido, então tudo bem. Até que eu achava meu cabelo bonitinho no ao vivo, he he he....
Vou comentar sobre o Mais Raiva em breve. E, sim, ele foi lançado em vinil primeiro. Tem em qualquer sebo que se preze.
Eu tenho esse disco em vinil, aliás, tenho os quatro em vinil, e em cd ficou faltando o concreto já rachou. Esse disco me causou raiva, realmente.
Putz... Que legal tá o blog !
To simplesmente maravilhado com as historias da Plebe...E tambem acho muito legal a sua disposicao pra responder aos comentarios.
Como um fã da Plebe que conheceu a Plebe por aquelas musicas famosas e depois fui atras dos outros cds, etc... é muiiito legal saber ainda mais. Comprei o livro, "diario da turma" e isso ta me ajudando de certa forma a entender mais ainda sobre Plebe, putz... legal mesmo. Continue assim!!
Abracos !
Minha curiosidade é outra: vc morou lá fora, na inglaterra, no incrível final dos 70 e chegou a ver alguns shows. Vc conversou sobre isso com os Banshees? Chegou a vê-los quando estava lá?
Acredito que os Banshees devam ter ficados surpresos com isso e depois de conhecê-los o respeito se tornou até maior.
Sim, o Gutje também morou lá + ou -na mesma época e também viu shows.
Como foi esse papo? (antes da bebedeira)
è, atras do Philippe tem um escrito na parede que acho que è o que aparecia nos discos da Legiao. Quem era o guitarrista nesta formacao dos Banshees?
Desculpem a modéstia, mas sou uma enciclopédia ambulante para o pós-punk (inclua aí góticos, new wave, punk 77, etc etc.). Quando a gente entrou no camarim, fui direto para o John Valentine Carruthers, o guitarrista, e falei para ele: cara, já tinha te visto em 1979 em Sheffield, Inglaterra, tocando no Clock DVA. Ainda, mencionei quais músicas do Clock DVA que eu gostava. O John não acreditou, no Brasil, alguém falando de uma banda que até na Inglaterra era desconhecida! Mas daí o Severin abriu aquele conhaque e não me lembro de mais nada......
Nunca tinha visto os Banshees na Inglaterrra, eles eram meio ariscos a shows, tocavam raramente. Na cidade na qual morava, Sheffield, nunca tocaram. Mas falei para a Siouxsie que considerava os Creatures, banda só dela e do marido baterista Budgie muito bom, especialmente as percussões havaianas. E também mencionei ao Budgie que a bateria dele no disco das Slits estava espetacular, que não sabia que ele tocava reggae tão bem.
Curiosidade: a Siouxsie falou que era vegetariana, não gostava de beber, mas se apaixonou pela caipirinha (coisa típica de inglês).
No Rio, quem abriu o show foi o Ira. A Siouxsie chegou a falar para a imprensa que achou que imitavam o The Jam.
Valeu, André. Dei uma olhada no allmusic.com e vi que os Banshees tiveram vários guitarristas, desde Marco Perroni, passando por Bob Smith até Jonh McGeoch e John Carruthers.
O McGeoch era o melhor. Se tiver que escolher um guitarrista favorito, esse seria o nome. Tocou, além nos Banhsees, também no PiL, no Magazine (não, nada a ver com o Kid Vinil) e o Armoury Show. Cara criativo, talentoso, porém sem ser burocrático.
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