quarta-feira, setembro 21, 2005

1983 - Plebe no Napalm.


Naquele dia, matei as aulas de arquitetura na UnB, pois a ansiedade não me deixava concentrar em mais nada. Sei lá se o Philippe e o Gutje foram para suas respectivas escolas. Tenho certeza que o Jander não foi, pois ele já tinha abandonado definitivamente os estudos. O ano era 1983 e, naquela noite, a Plebe ia enfrentar uma viajem de 12 horas de ônibus até São Paulo para tocar uma noite no Napalm e outra no Rose Bom Bom.

Quem tinha armado o show foi a Fernanda, que havia começado um namorico com o Dado, da Legião. Estão casados até hoje. Ela tinha acertado tudo com a Astride, que era auxiliar de nossa empresária, a Camila. Até hoje não sei porque a necessidade de ter uma assistente, já que o trabalho era pouco, mas tudo bem. Não que a Astride fizesse grandes coisas. Logo se enroscou com o Nasi e desapareceu, nos deixando para resolver as coisas sozinhos.

O show no Napalm foi histórico. Era a última noite da boate, que ia fechar. Estava lotado. Conhecemos o Clemente, o João Gordo, entre outras figuras. O Philippe estava inspiradíssimo, com seu topete até o queixo. Até que o garoto tocava bem quando bebia! Deixou que o público tocasse sua guitarra enquanto ele segurava os acordes no braço. O Jander, na época careca e forte, chamava muita atenção. No meio do show, deixo a palheta cair perto dos meus pés. Vejo uma mão se estender para pegá-la. Quando toca na palheta, dou um pisão, esmagando os dedos do ladrão. Era o Branco, dos Titãs! He he he, lembro a cara de dor do maluco até hoje!

Depois foi uma socialização nota dez com a nata do punk e new wave de São Paulo. Nem precisávamos de bebida, pois a excitação de encontrar outros como nós era suficiente para nos deixar altos. Até perdi minha correia de baixo, que tinha feito na aula de artes no último ano do colégio. Era de couro e tinha umas caveiras pintadas. Anos depois, vejo ela nos ombros de alguém do Ultraje.

A noite terminou em tom trágico, com os metaleiros invadindo o Napalm para dar porrada nos punks. Nos refugiamos no camarim, que tinha as paredes de madeira e tremiam com a porrada que rolava no lado de fora. Quem se esconde lá com a gente? O João Gordo. Chegamos para ele e perguntamos: você gosta de ska? Ele nos prensa contra a parede e responde: gosto, mas se espalhar, dou porrada. Vi uma cadeira ser quebrada em cima de um cara. Não era igual nos Trapalhões, onde a cadeira quebra e o cara fica legal. A cadeira ficou inteira, o cara desmaiado no chão. Foi barra, mas, na retrospectiva, foi excitante, legal, quebrou a monotonia do planalto central.

Ficamos na casa de um oriental, amigo do indiano Hefter, que veio de Brasília com a gente. Apelidamos ele de Vietcong. Ele ficava fora o dia todo, e a gente dormindo nos sofás, no banheiro, no colchão. Quando ele chegava, a gente ia para a rua. Para o Carbono 14, assistir vídeos do Pil, dos Cramps. Chegávamos em casa quando o Vietcong estava saindo para o trabalho. Depois do show do Rose Bom Bom, tomei um porre de Gim com limonada. Quase morri. Tomando banho na casa do Vietcong, fiz uma lambança, xampu para tudo quanto é lado. A Astride aparece para pegar o ônibus de volta, dá-lhe Nasi!

Isso foi pré-MTV, quando o DDD era caríssimo! Era destino a gente encontrar esse pessoal de São Paulo. Depois tiveram outros shows, outras aventuras. Mas essa foi a melhor.

18 comentários:

Anônimo disse...

hehe...doideira...
imagina so,o phelippe com topetao e bebado tocando(hauhaua).
e o jander pisando na mao do branco,maneiro...queria ter nascido antes pra poder ir...(hehe)
deve ter sido um puta show!!

andre,me diz uma coisa,uma amiga minha me disse que voces vao tocar aqui no rio,é verdade???como nao acreditei,pergunto direto a fonte...

vlw andre!!!

Anônimo disse...

Opa, outro show da plebe? Tomara q seja verdade...
Bons tempos os anos 80, tb queria ser uns 10 anos mais velho p. ter curtido essa epoca, eu teria a idade do phillipe,haha...

Anônimo disse...

Meninos, eu vi! Não peguei desde o começo, como desses antológicos shows antes mesmo de ter disco. Mas durante a carreira fonográfica da Plebe assisti a alguns shows e acompanhei o lançamento de cada disco. Presenciar isso lá naqueles esquisitos anos 80 foi muito bom. Agora, além da campanha "CD novo já", também vou lançar a campanha "Cerveja pro Philippe".

André Mueller disse...

Um segredo da banda: o Philippe tomava porres de Keep Cooler de morango! Acreditem, ele toca bem sob efeito dessa porcaria!

Pamela disse...

Gabrielzinho,
Outro show da Plebe no Rio,assim logo? Num viaja,não,moleque !!!
Heheheh

Napalm!!!Eu já conhecia mais ou menos essa história,mas ñ com ese detalhes.Aí eu fico achando q nasci no tempo errado,droga!
Mas...sei lá..Se os '90 foram horríveis musical e políticamente,os '00 prometem ser um pouco melhores.

Anônimo disse...

É isso aí moçada, os anos 80 foram legais, bandas como a Plebe detonando muito som e atitude nos ouvidos da galera (minha vida de rockeiro intinerante data de 88/89 em shows da L.U. e dos Titãs).
Os anos 90 faram um pouco mais caidos, mas tivemos coisas legais (vide Raimundos).
Eu acho que deveriamos parar de nos lamentar de ter nascido em decada ou ano errado galera, vamos buscar o que existe de bom agora, sem esqucer o passado claro, mas buscar a música de qualidade que existe hoje ok !!

Anônimo disse...

acredito que essa foi a última noite do napalm. depois disso ele fechou. tenho quase certeza. pergunte ao clemente.

André Mueller disse...

Cada década tem seus pontos bons e ruins. Os 80s tiveram várias coisas chatas sobre eles, não diria que foi a melhor década de minha vida. Aproveitem cada ano aquilo que tem de melhor. Lembrem-se que a história é escrita pelos vencedores, que distorcem os fatos para melhorar suas imagens (não que esse seja o caso, he he he).
Sim, Mr. Bronca, essa foi a última noite do Napalm, escolhida a dedo pelos metaleiros para detonar os punks e new waves(naquela época, metaeiros andavam de motos e eram maus. Hoje eles usam creme rinse nos cabelos e acham Massacration o máximo.)

Anônimo disse...

Boa André!
Mas essa de pisar no dedo do Branco Mello foi a melhor!
E sobre Keep Cooler de morango ...
putz, sou fraco pra bebida, tomo 2 daquele troço já fico vendo 3 garrafas ! hahahahaha!
Grande abraço!

André Mueller disse...

O problema do Keep Cooler é que a pessoa que bebe fica com uns arrotos com cheiro de morango artificial. É insuportável - mas vale a pena aguentar para ver o Philippe solto no palco, he he he.

Anônimo disse...

André, ouvi esses dias mil gatos no telhado tocando na Brasil 2000, aqui de sampa!

André Mueller disse...

E aí? Gostou?

Anônimo disse...

Muito legal! Excelente a música, parabéns, não vejo a hora de ouvir o cd inteiro.
Gostei mais ainda de ter ouvido na rádio, espero que toque bastante.

Anônimo disse...

Quando o blog para é hora de colocar novos posts! hehehe

Anônimo disse...

pqm q historia hein!!! anos 80!! os caras tocavam com amor e com álcool!! como é msm...tá, keep cooler, nc ouvi... não é do meu tempo, hehehe, tô c/18 e ñ bebo...... ah, esses dias tá tocando com certa frequencia aqui no Rio classicos da PLeBe q eu nc tinha escutado na radio, nos fantasmas do arquivo, já foi Brasilia, Minha Renda.....

Anônimo disse...

Midian, q radio do rio ta tocando as musicas da plebe?

Anônimo disse...

Muito legal essas histórias! Imagino quantas vcs ainda têm guardadas...
Beijão

Anônimo disse...

Muito legal essas histórias! Imagino quantas vcs ainda têm guardadas...
Beijão