quinta-feira, agosto 18, 2005

Dirija a sua vida, não um carro

Hoje, tomava café e observava o transito pela janela da cozinha. Um rio de carros passava, todos apresados para chegar ao seu destino. Daí que me dei conta, a maioria dos automóveis continha somente uma pessoa, o motorista. A rua logo ficou congestionada, dando para observar as emissões poluentes dos motores distorcer a luz do sol. Fiquei pensando, que desperdício de espaço urbano, que falta de planejamento.

Não sei qual esse poder que carros têm sobre as pessoas. Ficam possessas, cada um querendo um mais potente, mais novo, maior. Na direção, esquecem toda civilidade, xingam quando são ultrapassados, ficam ofendidas quando são cortadas e podem até matar por uma batidinha qualquer. O pedestre é visto como o inimigo, as vias públicas pertencem aos automóveis, incluindo as calçadas. O motorista é um egocêntrico, se tranca no seu mundinho de metal e vidro, se isola do resto da humanidade e ai de quem estiver no seu caminho.

Carros isolam as pessoas, quebram canais de comunicação, poluem, matam, ocupam espaços públicos, gastam gasolina, entre outras coisas negativas. Sou muito a favor de um sistema de transporte público que fosse bom, atendesse a todos, a qualquer hora, abrangente e eficiente. Se fosse governador de Brasília, nos eixinhos iram circular somente ônibus elétricos. E muitos. E confortáveis. No meio do eixão, um trem de superfície. Metrô, de Planaltina até Samambaia. Mas nunca esperem isso de nossos políticos, eles já estão capturados pela indústria automobilística e petroleira.

Não entendo como Brasília foi projetada sem levar em conta o transporte público. Nem ciclovias passaram pela cabeça do Lúcio Costa! A capital federal é, proporcionalmente, a cidade mais perigosa para ciclistas no Brasil! Morrem mais ciclista por número de habitantes aqui do que no resto do país. Um absurdo. Ainda bem que o preço do petróleo está disparando. Há sempre um ignorante atrás do volante.

15 comentários:

Anônimo disse...

Grande André, tudo em paz com você?

Não podia deixar de comentar esse texto, é algo admirável a sua percepção das coisas.
Como é interessante o cotidiano, as vezes de uma simples observação surgem idéias que nos levam a grandes reflexões...

Parabéns! pelo texto.

abraço

Anônimo disse...

Nos países desenvolvidos e civilizados as pessoas sentem vergonha de possuir e dirigir carros pelas cidades (para não poluírem o ar), elas utilizam então bicicletas. Mas é claro, por lá existem redes de ciclovias.
Já nos países subdesenvolvidos é tudo ao contrário. Por aqui, quem não tem carro é um extraterrestre, quem anda de bicicleta é um maluco, e quem depende de transporte público é paciente!!

Anônimo disse...

Se o negócio anda brabo aí em BSB, imagina aqui em SP!!! Há 4 anos vendi meu carro. Desisti. Você já chega podre no trabalho só de pegar trânsito. Agora de ônibus e metrô, eu só ponho meu diskman e o motorista faz o trabalho sujo... hehehe.
Meu pai sempre dizia sobre os apressados: "tá com pressa por quê, se já tá de carro?"
Todo mundo, antes de tirar carteira, deveria ser obrigado a andar de ônibus por, no mínimo, 1 mês.
Uma vez assisti uma entrevista no Jô, logo no início ainda no SBT, quando ele entrevistou um antropólogo especialista em trânsito. Genial essa conversa. O cara disse o óbvio, mas que ninguém enxerga: no trânsito você conhece o caráter e o perfil da pessoa. E a masioria delas é, realmente, muito egoísta.

PS: vc que gosta de garimpar boas bandas, vá atrás de ART BRUT. Quinteto inglês maravilhoso! Acabou de lançar o 1° "Bang Bang Rock'n'Roll".
abs. Fui.

André Mueller disse...

Muito boa a receptividade do texto! Obrigado, gente. Pensei que um apaixonado por carro iria me xingar (afinal, como diz a propaganda, todo brasileiro adora seu carro). Tenho certeza que se o governo agisse (espere sentado!), fazendo um transporte público bom, vias somente para ônibus, etc, as montadoras teriam muito problemas para empurrar as suas carroças.

Eduardo Raggi disse...

Apoio vc 100%, apesar de ser proprietario de caminhonete que, obviamente, gasta mais que a media dos carros no Brasil. Justamente por isso tentei ser usuario do nosso metro brasiliense. Ele eh limpo, seguro, rapido, barato, nao polui, etc. O problema: chegava no escritorio suadao logo de manha cedo, depois de uma caminhada de 20 minutos, depois de atravessar uma rodoviaria pestilenta.

Nada disso justifica a caminhonete nesses dias de petroleo caro. Apenas o metro nao me atende plenamente. Vivi em Nova Iorque 6 anos, onde o metro eh rei. O daqui parece ter surgido de uma agenda politica fraudulenta, como toda obra publica local. Os nossos filmes de ficcao vislumbram o cenario que vc propoe, com uma ocupadissima rede de transporte suspensa: star wars, sin city, minority report entre ourtos.

Por enquanto, sonho apenas com o fim dos pneus, o que ja seria um grande avanco frente a devastadora ameaca ambiental que estes representam. Ter uma caminhonete voadora nao seria nada mal.

Anônimo disse...

Li recentemente um livro do Eduardo Bueno (?) Enciclopédia Brasil e lá se explica essa zona que é o transporte público no Brasil. Todos estavam felizes com os bondes e eis que se falou num tal de ônibus. Mas o que aconteceu? Os empresários donos de Bondes tentaram e conseguiram retardar o máximo a entrada do ônibus nas cidades. Com isso, houve atraso no progresso (aí começou um efeito dominó). Quando os ônibus chegaram já havia mais gente do que o n° de ônibus. Aí alguém falou num tal de metrô (em Londres ele existe desde 1880). A história se repetiu: os empresários donos de ônibus tentaram e conseguiram retardar o máximo a chegada do metrô e quando chegou já havia muito mais gente do que os poucos vagões que haviam na época.
Por isso, em Sp, tem coisas que não dá pra entender: pra eu me deslocar pelo mesmo bairro, preciso pegar 2 ônibus(!?!).
Levantaram a Av. Berrini, hoje a mais moderna de SP, com cabos opticos embaixo da terra e outras frescuras, mas é num local onde só existe um lugar pra chegar e o mesmo pra sair. Há poucas linhas que chegam lá sem fazer baldeação e metrîo então nem se fala.
Aliás, vamos falar de futebol...

Anônimo disse...

Você é demais André, como você faz umas constatações tão legais...

André Mueller disse...

Com certeza, o que temos hoje nas grandes cidades não é um transporte público voltado ao cidadão, mas, sim, ao empresariado do setor. Não há estudo de viabilidade, de logística e de facilidade de uso. Então, para quem pode, o carro é a melhor opção. Enquanto isso, o Wagner Canhedo leva a Vasp à falência, mas, em Brasília, os seus ônibus continuam faturando alto (e andar de ônibus no DF, especialmente entre cidades, é um sacrifício penoso).

Anônimo disse...

No Japão o plano é que em breve 25% da frota de carros sejam elétricos. Pior lugar no mundo de serviço de ônibus é em Brasília, além de ser o mais caro. O Lula aceitou que pneus usados fossem importados para o Brasil para que fossem recondicionados e vendidos por aqui mesmo. Sin City é legal, Frank Miller também. O homônimo aí de cima acho que na verdade é o anônimo (do islã e do zezé). Nâo tenho rádio no carro e o único lugar em que poderia escutar rádio seria no carro, daí que não tenho chance de escutar Mil Gatos no Telhado. Se PSDB e PFL estão loucos para lançar a campanha Impeachment Já!, eu quero lançar a campanha CD da Plebe Já!.

Anônimo disse...

Impeachment Já não adiantaria nada ao meu ver...
O certo seria Gerais Já!

Anônimo disse...

Esse problema de transporte nas ruas e dificil mesmo de resolver
Moro em Niterói e dependo de dir para o Rio de Janeiro todos os dias, e olha, e horrivel vc ficar horas e horas em engarrafamentos interminaveis dentro do onibus enquanto tem um monte de apressadinho sozinho pelas ruas.O que e mais engraçado eh que na cidade que moro, o prefeito diz que
e a cidade com mais qualidade de vida do meu estado e umas das q tem maior indice do brasil, mas se qualidade de vida for ficar mofando morrendo de calor em um onibus lotado no meio de engarrafamentos nao sei o q deve ser nao ter essa qualidade. So uso o carro em momentos de extrema necessidade, mas nunca para ir ao trabalho, faculdade, porque sei que vou sofrer no transito e colaborar com esses engarrafamentos terriveis.
Andre otimo comentario
e estou esperando o cd novo
Abracos cara

Anônimo disse...

Adorei esse texto, perfeito!
Não gosto de dirigir exatamente por isso, por ficar extremamente estressada pela pressa e egoísmo das pessoas, q parecem dominadas pelo poder do carro, o q, devo confessar, acaba me "contaminando" em determinados momentos. Esse texto me fez refletir sobre isso...
Moro no Rio e trabalho na Baixada, de modo q, se eu não fosse de carro, levando 50 min em média, levaria no mínimo 2h entre metrô/ônibus e trem...Infelizmente, no meu caso, o carro acaba sendo a melhor opção, embora não a minha preferida, ainda mais tendo q dirigir na Av. Brasil diariamente...
Mudando de assunto, tô doida pra ouvir essa música nova, mas como as rádios aqui do Rio são uma droga, só me resta esperar o lançamento do disco (disco?!?! álbum é melhor)...
Mudando mais ainda de assunto, uma dúvida: o clipe de "Até Quando Esperar" foi gravado no Parque das Ruínas? A foto da capa do "Concreto" foi tirada lá?
Grande beijo da sempre fã,
Cris Organa

Anônimo disse...

Adorei esse texto, perfeito!
Não gosto de dirigir exatamente por isso, por ficar extremamente estressada pela pressa e egoísmo das pessoas, q parecem dominadas pelo poder do carro, o q, devo confessar, acaba me "contaminando" em determinados momentos. Esse texto me fez refletir sobre isso...
Moro no Rio e trabalho na Baixada, de modo q, se eu não fosse de carro, levando 50 min em média, levaria no mínimo 2h entre metrô/ônibus e trem...Infelizmente, no meu caso, o carro acaba sendo a melhor opção, embora não a minha preferida, ainda mais tendo q dirigir na Av. Brasil diariamente...
Mudando de assunto, tô doida pra ouvir essa música nova, mas como as rádios aqui do Rio são uma droga, só me resta esperar o lançamento do disco (disco?!?! álbum é melhor)...
Mudando mais ainda de assunto, uma dúvida: o clipe de "Até Quando Esperar" foi gravado no Parque das Ruínas? A foto da capa do "Concreto" foi tirada lá?
Grande beijo da sempre fã,
Cris Organa

Anônimo disse...

Sou de São Gonçalo...
Fanático por Plebe...

André Mueller disse...

Sim, o clipe e a foto do Concreto são dessa ruinas, que hoje é um parque. quando a gente lançou o ao vivo, em 2000, a Bizz fez uma matéria com a gente lá.