Sou um leitor compulsivo. Ler me distrai e acalma. É quase um vício. Sabe aquele clichê, do cara que gosta tanto de ler que lê até bula de remédio? Pois bem, outro dia estava no banheiro, sentando no trono, liberando o Nelson Mandela, falando com o Rambo (entre outras metáforas), quando me dei conta que não tinha nada para ler. Não tive dúvidas, passei a mão em algumas bulas e comecei a decifrar as escritas.
Quem escreve essas coisas? Aliais, a pergunta deveria ser: para que escrevem? Certamente não é para um leigo entender. Querem um exemplo: “O efeito terapêutico do Papuless na acne vulgar parece envolver principalmente a inibição da 3’-5’-fosfodiesterase e a transformação do linfócito antígeno induzido, o que inibe a proliferação epitelial da unidade pilo-sebácea, fator primário no desenvolvimento das lesões acneias.” Entendeu? Tradução: esse remédio seca as espinhas.
Vocês acham que um adolescente punheteiro, com a cara cheia de espinhas, iria aplicar o remédio na cara após ler essa bula? Não ia entender patavina, colocaria o remédio na gaveta e aplicaria a velha e boa pasta de dente na pele.
Outra: sempre tem um capítulo sobre contra-indicações, onde sempre está escrito: “em pacientes com antecedentes de hipersensibilidade aos componentes da formulação.” Oras, isso até minha filha recém-nascida sabe. É o óbvio tucanês, como diria o Macaco Simão.
Todas também trazem vários avisos como não interromper o tratamento sem autorização do médico (isso para você usar tudo até o fim e, com certeza, comprar outra caixa) ou para manter fora do alcance de crianças (que também não entenderiam a bula).
Conclusão, não é uma leitura agradável, não ajuda o paciente a entender o que está tomando e confere todo o poder aos médicos e farmacêuticos que cobram fortunas para interpretar as recomendações e informações. Minha recomendação: levem uma vida saudável, evitem ficar doentes – ou serão expostos à bula!
sexta-feira, abril 22, 2005
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Um comentário:
É por isso que evito ao máximo tomar remédios tradicionais e apelo para as receitas caseiras da minha vó. Afinal quase noventona, foi criado longe da evolução da medicina, e com sua horta ainda está inteira. Quantas pessoas voces conhecem com 88 anos? Nem Médico, né, então acho que ela tem mais credibilidade.
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