quinta-feira, janeiro 12, 2006

O Gosto da Banda


Vocês vão achar isso estranho, mas vou dedicar o espaço seguinte para falar um pouco de um disco do Deep Purple. Mais especificamente o considerado pela crítica o pior, o desprezado pelos fãs da banda, o que marcou a saída do guitarrista Ritchie Blackmore, mas que para mim é o melhor e – hoje – o único que ainda me dou ao trabalho de ouvir: Come Taste the Band, de meados dos anos 1970s.

Porque gosto tanto desse disco? Bom, a saída do Blackmore significa que a banda tem que trabalhar sem o mestre criador de riffs que ele era. Cá entre nós, riffs são a manifestação egocêntrica onanística de guitarristas. Musicalmente, é um engessamento para todos os outros instrumentos. Uma banda que tem guitarrista que só usa riffs é igual ao Vasco desse início de 2006, que tem ordem de deixar todos os gols para o Romário fazer. Divaguei...... sai o Blackmore e entra o Tommy Bolin, um músico muito mais afinado com outros tipos de música tirando o hard rock.

Mas o mais importante é que volta à banda o Glenn Huges, que tinha sido expulso pelo Blackmore por estar “querendo impor música negra ao Deep Purple.” O Glenn Huges, como todo baixista, se apaixonou pelos grooves vindo dos EUA naquela década: War, James Brown, Parliment, Clinton, entre outros. Quando tentou implementar isso na banda, foi despedido, pois não combinava com os riffs do Blackmore.

Em Come Taste the Band eu identifico a (talvez) única mistura de hard rock com o groove do funk. As linhas de baixo são fantásticas, se pudesse isolá-las, iria samplear todas. O Ian Paice consegue sair do arroz-com-feijão do antigo Purple e faz umas batidas que dá até para tocar em pista de dança. Não tendo que mais simular guitarra base nos seus teclados, Jon Lord se solta mais, tirando aquele som irritante de hammond distorcido do repertório, e mostrando o quão bom tecladista ele é. E tem a voz do Coverdale, o único ponto que relembra o velho Purple, mas querer mudar isso é demais.

Uma boa dica para os que garimpam o passado e querem descobrir boas novas.

18 comentários:

Anônimo disse...

Com voz do Cid Moreira:
-"Vou correndo adquirir o meu."

André Mueller disse...

Com a voz do Chacrinha:
"baixe primeiro, você pode não gostar."

F3rnando disse...

This Time Around quebra geral nesse disco.

André Mueller disse...

F3rnando,

Por quebrar geral, você quer dizer que tem groove, né? Desculpe a ignorância... :?

Anônimo disse...

o cicero desistiu de perguntar sobre a radio fluminense?

André Mueller disse...

Cícero,

O progroma que tinha com o Tom Leão era o Hell Radio, o inferno do seu dial. Toda segunda às 8 da noite, após a voz do brasil, junto à novela da globo. Era uma oportunidade da gente trocar idéias no ar. Depois escrevo um pouco mais sobre esse tema.

Anônimo disse...

VALEU ANDRÉ !!!
QUERIA SABER O QUE ROLAVA DE SOM, SE VC COLOCAVA O SEU ACERVO A DISPOSIÇÃO DA RÁDIO etc ..

Anônimo disse...

Grande André,

Curiosamente, em uma das minhas primeiras bandas, eu tocava uma versão de "Gettin' Tighter".

E o Glenn Hughes era mesmo um baixista com uma pegada forte de soul, tocava bem em cima da batida.

Muito legal a sua lembrança.
Grande abraço.
Txotxa

Anônimo disse...

Ô O TXOTXA AÍ GENTE, VALEU PELA VISITA

Anônimo disse...

e aí, Cícero? beleza?
o blog do André está sempre nos meus Favoritos.
abs

Schroder-EUA disse...

Oi Andre,
Falando em fundo do Bau, esses tempos eu acordei e liguei a TV. E acho que era a HBO ou talvez Showtime aqui nos USA, nao lembro, tava passando um filme/documentario de uma banda. Era show e entrevistas. Peguei pelo meio mas fiquei de boca aberta com a qualidade. Parecia antigo e nao reconhecia a banda, mas era de alta qualidade. Ai finalmente descobri que era o filme "Last Waltz" do Martin Scorsese documentando o ultimo show do "The Band". Simplesmente sensacional. Considerado um dos melhores filmes de Rock de todos os tempo. Talvez voce ja tenha visto a MUITO tempo...eu so fui descobrir o ano passado.

PS: Acabo de escutar pela primeira vez "Mil Gatos". Achei legal, o riff e outras coisinhas instrumentais sao bem interesante. A unica coisa talvez que ela precise e' editar ela para ficar um pouquinho mais curta, "tighter".

Louis Schroder
USA

F3rnando disse...

É bem por aí, André! :)

André Mueller disse...

The Last Watlz é um documentário e tanto. Scorcese fez outro com o Dylan que tmb está passando na tv a cabo esse mês. Adoraria fazer um documentário da Plebe com um diretor de visão assim. Aliáis, quem procurar na internet consegue baixar o show inteiro do last waltz, dá uns dois cds.
Txotxa, mais uma vez me surpreendeu! Legal mesmo vcs tocarem uma música desse disco do purple, quase todos odeiam e preferem ficar no smoke on the water.
A versão de mil gatos no site ainda não é a definitiva. No disco estará mais tight.

Anônimo disse...

Isso quer dizer que mudaram a música de ultima hora?

Anônimo disse...

He, he, he!!!

Ai André...o guardinha florestal dos States se identificou com seu blog...que situação, ein?

Tirado do blog dele no dia que ele prendeu garotos bebendo no parque:

"I am only 28 years old, I am not too far off from these guys, but when I was their age, I didn't do stuff like this, I had fun yes, but I didn't need to break the law to do it."

Trash, ein?!!?!?!?

André Mueller disse...

Eu odeio esses sequestradores de blogs.
E o Black ainda vai e entra no blog do cara (no bom sentido, é claro.
Vou entrar lá e deixar um monte de impropérios.

Anônimo disse...

Caro André falou e disse sobre o Purple, concordo contigo quase em tudo. Excelente argumentação. Mudando de assunto vc conhece o som de um banda chamada Capitain Beyond, se conhecer gostaria de ler seus comentários, caso não conheça se quiser posso lhe enviar alguns MP3.
Saudações

Anônimo disse...

Um dos destaques desse disco é o Tommy Bolin, que era muito melhor do que o Blackmore.

Tambem acho que esse o melhor disco do Purple.